Caderno Suplementar

 

 

 

 

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(INFORMAÇÕES DO CADERNO SUPLEMENTAR)

(Capa – Quadrinhos)

Instituto Goethe/ICBA
Caderno Suplementar

CÉU E TERRA, ÁGUA E AR

Ar Envenenado! Iiiiih!!!!
Água Envenenada! UGH?!
Fruta Envenenada! Ai, Iai, Iai !!!
Animais Doentes! Quem Pode Ajudar?

(Página 01)

Objetivos Deste Caderno

A partir da peça Céu e Terra, Água e Ar, Tudo Fede Sem Parar, de autoria de Reiner Lücker e Stefan Reisner, do Grips Theater de Berlim, que esteve em cartaz em Porto Alegre em 1979 e 1980, o Instituto Goethe/Instituto Cultural Brasileiro Alemão elaborou este caderno, tomando por base um outro semelhante editado pelo Grips, por ocasião da encenação da peça na República Federal da Alemanha.

Visando abordar o tema Ecologia de maneira simplificada e didática, o presente caderno pretende que os jovens, motivados pela peça, reflitam sobre o assunto e, quem sabe, também tomem consciência dos problemas ocasionados pela destruição do ambiente natural que coloca em dúvida a sobrevivência da própria espécie humana.

Águas contaminadas, regiões desertificadas, superpopulação, terras tomadas pela erosão, lixo atômico, escassez dos recursos naturais são apenas alguns dos problemas legados aos jovens por uma geração que se deixou levar pelo consumismo e que, amparada pela tecnologia, se encarregou da destruição do meio ambiente.

(Páginas 02, 03 e 04)

Resumo da Peça e Caracterização dos Personagens

Após estudarem um prospecto de viagens, o Sr. Martin e seu filho Tom resolvem passar suas férias no Vale do Arroio, onde pretendem gozar o ar puro do campo, fazer grandes pescarias, tomar banho no rio e comer frutas e verduras frescas.

Os dois se hospedam em casa do Sr. Gomes, proprietário de um pequeno sítio, e de D. Júlia, sua esposa. O casal tem um filho, Piqui, que logo se torna amigo e companheiro de travessuras de Tom. Mas a vida no campo não corresponde às expectativas do Sr. Martim e de seu filho. No rio, contaminado por uma grande indústria, não existem mais peixes. O Sr. Gomes é obrigado a trabalhar na fábrica porque não consegue se manter com a produção do sítio. Os porcos de sua propriedade são criados ao som de música, para que engordem mais ligeiro; recebem pílulas, tintas e injeções para que a carne fique mais tenra e rosada. O chiqueiro é vaporizado com spray aromático. Os banhos no rio fedorento e contaminado prejudicam a saúde, provocando erupções na pele e até febre. As pescarias do Sr. Martim têm como resultado apenas algumas latas de conserva enferrujadas e, para conseguir iscas, que sacrifício! Os vermes estão todos mortos ou não existem mais, já que as maçãs são pulverizadas com venenos. E quando o Sr. Gomes, impressionado com a contaminação da água, sugere a seu superior, o químico da fábrica, que deveriam ser tomadas providências a respeito, este encontra uma brilhante solução: manda colocar uma placa com os dizeres “Proibido tomar banho”.

Inconformados com a sujeira e a poluição em Vale do Arroio, Tom e Piqui decidem telefonar para Sujinho e Bonequinha, proprietários da fábrica que está provocando a morte dos peixes do rio. Confortavelmente instalados em Angra dos Reis, estes não demonstram o mínimo interesse pelas reclamações dos dois meninos e mandam falar com o diretor da fábrica.

Ao final da peça, o Sr. Martim comunica à assustada D. Júlia a sua decisão de ir embora do Vale do Arroio, e esta, irritada por perder seus hóspedes, descarrega sua raiva em Piqui.

Todos os personagens da peça, os animais e mesmo os objetos inanimados falam, e, segundo o apresentador que aparece após cada cena para dar explicações ao público, “os animais falam a língua dos animais: os porcos a língua dos porcos, e assim por diante”. Um dos diálogos interessantes é o que se trava entre a traíra e o filé de peixe. A traíra entra em cena numa cadeira de rodas e conta ao filé de peixe que tem vontade de ir para o mar, o que este, por sua vez, desaconselha, já que a água do mar está tão suja quanto a do rio. Outro diálogo que se trava entre o rio e a cloaca, terminando numa luta de ringue, onde o rio leva o pior.

O epílogo da peça é o velório do rio que entra em cena carregado numa maca, mas, após esforços de Tom e Piqui, ressuscita. Para que isto aconteça, os meninos fazem respiração boca-a-boca, e, como ele precisa de oxigênio, ar, eles ventilam com uma bomba de ar, depois põe-se a limpá-lo, retirando os detritos de sua roupa e, por fim, colocam em suas mãos um peixe e uma planta aquática. Após acordar, o rio impõe suas condições: proíbe envenenar a água e exige acabar com a fábrica de sujeira. O rio sai de cena carregado pelos outros personagens. Entra o apresentador para transmitir a mensagem final: “Nossa Terra está em maus lençóis, e muitos fazem de conta que nada pode ser mudado. Precisamos salvar nossa terra, pois o Vale do Arroio está em toda parte”.

Os Personagens

Tom – menino de cidade grande, cujas expectativas em relação à vida do campo não se confirmam, pois seus conhecimentos, pois seus conhecimentos são adquiridos por livros. Na prática ele não tem a vivência de Piqui.

Sr. Martim – pai de Tom, igualmente espera encontrar no campo aquilo que não tem na cidade: um rio límpido onde possa pescar traíras; saborear maçãs colhidas no pomar; vida calma e sossegada.

Sr. Gomes – proprietário do pequeno sítio, ex-agricultor, agora operário de uma fábrica de papel, já que não consegue se manter com o que seu sítio produz. Para aumentar a produtividade deste, ele emprega técnicas modernas que prejudicam a saúde das pessoas.

D. Júlia – esposa do Sr. Gomes. Trabalha no sítio.

Vovó – mora com a família Gomes. Ela tem saudade dos tempos em que os porcos podiam focinhar na lama e se alimentarem de detritos ao invés de receberem pílulas, injeções e de estarem presos num chiqueiro aromatizado e esterilizado. Vovó sempre viveu no campo, sem jamais ter tido contato com técnicas sofisticadas e, por isso, ela parece ser a única a dar-se conta do absurdo da situação. Pessoa pura e ingênua, autêntico produto do campo, ela possui especial habilidade e sensibilidade para lidar com os animais.

Químico da fábrica – homem acomodado, habituado à situação existente em Vale do Arroio, a tal ponto que ele nem questiona mais. Ele aprendeu a conviver com o rio contaminado e sujo.

Marcante na peça parece ser o detalhe de que os adultos, com exceção da vovó, são pessoas que não questionam mais as condições existentes, mas simplesmente as aceitam. As crianças, no entanto, em sua lógica infantil, muitas vezes fazem perguntas que os adultos não conseguem responder e, através de suas perguntas, o público que assiste à peça é levado a questionar. Igualmente as soluções encontradas pelos adultos não satisfazem às crianças já que não são realmente soluções para os problemas, mas simples paliativos.

Bonequinha e Sujinho – proprietários da fábrica de papel de Vale do Arroio, só se preocupam com seu próprio bem-estar, ainda que este seja obtido às custas da saúde da população de Vale do Arroio. Quando Tom e Piqui pedem aos dois que tomem uma providência em relação à poluição do rio, eles se esquivam e transferem suas responsabilidades ao diretor da fábrica.

Outros personagens – apresentador, galo, quatro porcos, traíra, filé de peixe, carregador de maca, macieira, médico, o boi Balduíno, quatro lenhadores, floresta, rio, cloaca.

(Páginas 05 e 06)

Adaptação e Transformação

Dois conceitos são muito importantes para a compreensão da peça: a adaptação e a transformação.

A adaptação se realiza em duas direções: por um lado, o agricultor se adapta às exigências de seu freguês e de seus consumidores da cidade – ele cria os porcos com pouca banha e mais costeletas, cria gado que não fede e cresce depressa, cultiva e colhe frutas que não têm vermes e que parecem saídas de um livro ilustrado. O agricultor se adapta às condições do mercado, o freguês é rei e o mercado abastece seu reino. Por outro lado, o agricultor se adapta às necessidades de sua nova forma de produção: emprega produtos químicos ao invés do pasto natural e, apesar de utilizá-los com aparente naturalidade, ele tem medo desses produtos e não deixa o gado chegar perto do rio envenenado. O agricultor se adapta às consequências nocivas dos produtos químicos sobre sua própria vida e trabalho, ele não é mais um agricultor livre, mas se tornou escravo da química.

A transformação também se realiza em duas direções. Por um lado, ocorre uma transformação na paisagem que, para as crianças, os personagens Beto e Piqui, se torna evidente, pois elas constatam o desaparecimento de árvores, observam as consequências da morte do rio e assistem à luta deste contra a cloaca. No teatro, para as crianças que não têm o mesmo horizonte de experiência de Beto e Piqui, a transformação é esclarecida através de cenários que se desenrolam durante a peça. Por outro lado, as pessoas na peça também se transformam: os veranistas diminuem suas exigências, os agricultores fecham os olhos para não ter que ver as transformações em seu maio. As pessoas prosseguem com seu trabalho, cada um cumprindo o seu dever, tudo está certo, tudo está em ordem.

Tudo está em ordem? Para as crianças, naturalmente não é assim, elas querem ir ao fundo das coisas. Todavia, esbarram em dificuldades. Tom e Piqui ainda tentam persuadir os aproveitadores, Sujinho e Bonequinha, que se dirigem para a Riviera em seu avião particular, enquanto, para o público já está claro que estes dois últimos só calculam, no caminho, os lucros de suas fábricas, mas de resto não querem sujar as mãos, enfrentar a poluição do ar, dos rios, a derrubada das florestas. Isto absolutamente não os atinge. O fracasso das crianças em seu trabalho de persuasão indica o caminho para a ópera ou para a resignação. A ópera, como conclusão da aventura de Beto e Piqui, desempenha, como final da peça, uma parte de sua função histórica: representar aquilo que é indizível, cantar aquilo que é desejado. Na ópera a proteção do meio-ambiente tem êxito, as iniciativas civis e as áreas verdes são preservadas, o rio é salvo e cuidado, as pessoas se identificam novamente com a natureza.

Wolfgang Heckmann    

(Página 07)

Observações Dramatúrgicas dos Autores

Forma Aberta

Ao realizarmos a peça, nos defrontamos com inúmeras dificuldades. A nós interessava a forma aberta: a sequência e ordenação de certas cenas em torno do motivo principal, do tema. A forma aberta foi escolhida, pois, durante nosso trabalho em teatro, chegamos à conclusão de que a forma realista rigorosa pode tornar-se um andaime muito estreito. O Realismo tende a degenerar para o Naturalismo e a introduzir uma psicologização cada vez mais acentuada. O que deveria ser razoável torna-se arbitrário, a forma cresce, perturbando o conteúdo. Vimos nisto um caminho errado.

Alegoria

Para tornar mais claros determinados processos complicados da Economia, aqui, da Ecologia, desenterramos a forma da alegoria. Às vezes, as próprias coisas falam, isto simplifica nossa estória.

Isto não significa que acreditamos numa visão mágica do mundo e, sim, aproveitamos a principal ação, que devia ser mostrada pelo teatro popular: damos fala às coisas mudas.

Conto de Fadas

No conto de fadas, assim nos parece, foi construído um mundo do superego para a criança. O conto de fadas, como foi anotado no século XIX, servia de força ordenadora. Nós, para ajudar, fizemos as coisas falarem, para dar expressão à desordem. Recentemente, o psicólogo Charles Bettelheim formulou a teoria de que as crianças precisam de contos de fadas, a fim de que possam desenvolver suas próprias agressões e medos secretos. Ele calculou quantos crimes e acontecimentos sangrentos aparecem em nossos contos de fadas corriqueiros. No teatro infantil, no entanto, nenhum dedo foi cortado, tudo foi transformado em “água com açúcar” e, em lugar do dedo cortado se fez um dedo indicador gigantesco.

(Páginas 08 e 09)

Objetivo Pedagógico

Naturalmente, temos um objetivo pedagógico. Nós não queremos dizer às crianças que o mundo está em ordem ou que, além de nós, haja gente que o conserve em ordem. O que queremos mostrar às crianças é que os acontecimentos do nosso mundo são realizados pelos homens e também por nós mesmos. As crianças não devem considerar sua vida como destino inalterável e, sim, como história feita pelo homem. Mostramos como os interesses atuam um em relação ao outro. E queremos dizer que se pode, e até se deve, contrariar autoridades.

O Fim da Peça

O fim da peça não precisaria exigir que as crianças juntassem papel. Visto de forma real, isto não modifica nosso mundo. Mostramos muito mais e, na verdade, numa visão utópica, a coisa mais simples e que, ao mesmo tempo, parece ser a coisa mais impossível: as pessoas, impressionadas pela catástrofe, se unem e mudam a situação. Elas defendem seu interesse, que tem mais valor do que o do fabricante que quer ganhar dinheiro. Mostramos o quadro da iniciativa civil. Achamos que se pode expandir a utopia realista, apresentando e discutindo os diversos modelos e sugestões para melhorar nosso mundo, sejam elas novas formas de produção de energia ou as diversas soluções para a conservação do ar, água e terra.

Capacidade Receptiva das Crianças

Existe farta bibliografia sobre a capacidade receptiva das crianças. Nós observamos seguidamente que as crianças são menosprezadas, que nem sempre se dá atenção a sua inteligência. Nossas peças continuam nos surpreendendo por seu efeito prolongado. Através da nova forma, queremos oferecer às crianças, sobretudo, muito estímulo e vontade de tomar iniciativas. Assim pode se escolher e desenvolver certos aspectos, já que a estória em si não fica em primeiro plano.

Palco Como Oficina do Ator

A mudança de cenário ao vivo, a produção visível de cenário e música, pertencem ao princípio da peça. O aparelho do ator está ali perto e é utilizado quando necessário. Enquanto isso, o decurso da peça se desenvolve claramente; distingue-se o palco como oficina do ator, no que se refere ao fato de que a própria realidade deve ser igualmente representada de forma contínua e clara. O teatro é uma representação distanciada da realidade, não se torna ela própria. Os atores representam uma estória, manifestam uma opinião e um conceito didático. Isto quer dizer que eles representam crianças, adultos, animais e figuras alegóricas, sem sê-los. Não entra em cogitação interiorizar uma criança ou uma vaca e, sim, fazer gestos da criança ou da vaca. As pessoas não são representadas psicologicamente, mas como personagens sociais. As ações dos personagens são mostradas em sua objetividade. Pode-se distinguir seu comportamento social. Isto determina que o ator deva escolher precisamente os gestos distintos das figuras. Falta, intencionalmente, o desenvolvimento psicológico dos personagens. A técnica de corte e montagem da sequência da cena exige isto, tornando-o difícil para o ator, que está acostumado a montar seu papel psicologicamente, ou seja, de forma individualista.

Atitude Básica do Ator

A atitude básica do ator deveria ser antes a do acrobata onde a acrobacia não é uma intenção própria, porém está ligada à realidade da estória. A necessidade de contar a estória, o processo social que temos como tema, possibilita aproveitar os recursos da alegoria, todos os meios de expressão teatral, tais como, a paródia, a opereta, etc. O processo é regulado pela necessidade da narrativa, e não pela estrutura interna ou pela psicologia dos personagens.

O teatro deve ser sempre classificado como teatro. Se se deseja classificar literariamente, a peça, provavelmente, está mais próxima do teatro Barroco do que do Realismo. Isto já se torna evidente através da ruptura do espaço e da composição e/ou transformação constante dos personagens.

Fantasia

A fantasia que é desenvolvida tem feições inteiramente utópicas. Não deve ser apresentado um espelho às crianças, onde está reunido tudo aquilo que elas fazem e dizem e, sim, uma projeção deste, se possível. Não mostramos que as crianças têm fantasias, mas fazemos sugestões e apresentamos inovações.

(Página 10)

Surpresa

Além disso, falando em termos táticos, pode-se romper o princípio da produção visível para mostrar que o efeito surpresa também faz parte do teatro, mas este efeito não deve ser só impressionante e se conservar misterioso, mas deve ser explicado e solucionado.

Linguagem

A linguagem da peça é artificial e deve ser encarada como um elemento dramático. Por isso é irrelevante se as crianças ou adultos falam como nossos personagens. As figuras de linguagem do texto querem mostrar, antes de tudo, a realidade dos personagens em seu contexto.

Teatro que Mostra

Isto não quer dizer que daqui por diante predominará o princípio da arte pela arte, mas o recurso está subordinado ao objetivo didático, à intenção de nosso depoimento. Deve-se sempre destacar que aqui será defendida uma opinião, será dado um esclarecimento. Este é um teatro que mostra. É claro que não podemos representar todos os aspectos de nosso problema. Ele foi, conscientemente, simplificado, conservando-se o essencial.

Objetivo e Finalidade

A forma aberta corresponde à nossa intenção política. Torna-se claro que, na nossa ordem social, os homens chegam ao ponto de destruir suas próprias bases vitais. Eles têm de agir contra seus próprios interesses. Eles agem como adultos contra os interesses das crianças, que não são interesses menores e, sim, de importância vital. O fato de assim ser não é considerado como obra do destino, mas como um círculo vicioso de pressões que pode ser interrompido. Não é necessário levá-lo adiante. Preocupamo-nos principalmente em tornar o problema consciente, apresentá-lo. Criamos a inquietação que leva a outras perguntas. Isto significa que nós não queremos responder a todas as perguntas em nome do nosso público, não queremos tutelar, mas pedimos o esforço conjunto de todos.

(Páginas 11, 12 e 13)

O que é Grips e sua Sistemática de Trabalho

A palavra Grips provém da linguagem corrente no Norte e no Centro da Alemanha e significa algo como “compreensão rápida”, “capacidade de assimilação”, “raciocínio”, “juízo”. Grips é juízo com humor; um modo de pensar que traz satisfação. Grips também significa um teatro infantil localizado em: 1000 Berlim 21, Altonaer Str. 22 República Federal da Alemanha.

Como surgiu o Grips

Das Theater für Kinder ( O Teatro para Crianças), desde 1972 chamado Grips, foi fundado em junho de 1966 no Berliner Reichskabarett. É o mais antigo teatro infantil que funciona o ano todo, criado numa época em que o repertório de 98% dos teatros infantis da República Federal da Alemanha consistia de contos de Natal. Desde o início escreveu suas próprias peças e o estilo, o ritmo e a música de suas encenações levavam o cunho do teatro de variedades. A partir de Locomoc e Milipili (maio de 1969), passou a desenvolver-se o atual teatro infanto-juvenil emancipatório, partindo das apresentações do então teatro de variedades, que encerrou seu trabalho em junho de 1971 para, a partir dali, dedicar-se exclusivamente ao Teatro para Crianças. Com a mudança para o palco do Berliner Forum Theater , em maio de 1972, adotou sua nova denominação (programatizada): GRIPS THEATER. Em setembro de 19745, pôde instalar-se em sua própria casa, no Hansaplatz. Das Halste ja im Kopf Nichts aus (A Cuca Não Aguenta Isso) marcou, em setembro de 1975, a estreia da primeira peça juvenil.

Sistemática de Trabalho

O Grips Theater tem uma sistemática de trabalho interessante e sui generis. Procurando adaptar suas peças às necessidades das crianças, seus anseios e problemas que enfrentam no mundo dos adultos, o Grips traz as crianças para assistirem os ensaios, depois elas discutem com os professores que, por sua vez, levam os resultados destas discussões ao Grips, que então faz as alterações e adaptações no espetáculo. O grupo costuma trabalhar junto por algum tempo, o que é necessário para que os atores possam sintonizar melhor entre si e para que consigam enriquecer-se das experiências uns dos outros, dando mais consistência ao espetáculo.

De 600 a 800 crianças assistem anualmente aos ensaios e as modificações são feitas com suas sugestões, dadas até a estreia da peça. Depois os professores as levam ao teatro e discutem a peça em aula, voltando em seguida para contar ao Grips as conclusões a que chegaram as crianças.

Os ensaios para as diversas peças duram de 8 a 12 semanas e quando o grupo começa a ensaiar, só existem 3 ou quatro cenas escritas, ficando o resto por conta do grupo integrado por autor, cenógrafo, músicos, diretor e atores, que, em conjunto completam o enredo do espetáculo.

A preservação da vida em nosso planeta

O homem é o inimigo número um do próprio homem. Através dos séculos, conseguiu ele, por sua inteligência e perspicácia, dominar a Natureza; hoje possui os meios para destruí-la. Esqueceu que é apenas um dos componentes de um todo, do qual depende sua própria vida.

A Natureza, esse todo do qual fazemos parte, tem suas leis particulares, independentes de nossa vontade. Que a humanidade aprenda a respeitá-las, ou destruir-se-á a si mesma! Uma terceira alternativa não existe.

A ciência que estuda as inter-relações e as interdependências dos organismos e de seu meio-ambiente é a Ecologia. A palavra significa estudo de nossa casa, o lugar onde é possível realizar a vida.

Toda a Natureza é organizada em sistemas próprios, ecossistemas, e foi a partir do estudo desses sistemas que a Ecologia estabeleceu seus quatro princípios básicos:

1. Em espaço finito, não pode haver crescimento ad-infinitum. Dispomos tão somente de um pequeno astro, uma nave espacial restrita, com recursos limitados e uma capacidade de absorção de poluentes também limitada. A humanidade levou cerca de 2 milhões de anos para chegar ao seu número atual. Para dobrar esse número, levaremos apenas 32 anos. Crescemos desenfreadamente, mas nossa casa não tem possibilidade de aumentar. E essa multiplicação vertiginosa ainda acarreta uma explosão industrial cuja poluição está destruindo nossos suportes de vida. As áreas verdes, árvores e florestas que absorvem o gás carbônico nocivo ao homem e que nos retribuem com o oxigênio, condição primeira para nossa vida, estão sendo criminosamente industrializadas e convertidas em bens de consumo supérfluos que esbanjamos todos os dias, como por exemplo, o papel. A segunda fonte geradora do oxigênio é o plancto marítimo, conjunto complexo de pequenos organismos na superfície do mar, cuja vida depende da incidência dos raios solares nas águas.

Ora, o petróleo despejado no mar, os resíduos químicos dos produtos agrícolas, dos efluentes industriais, dos detergentes domésticos, dos cosméticos femininos, todos eles levados pelos esgotos ou pelas águas das chuvas aos rios, vão acabar em nossos mares, onde não só envenenam os peixes, precioso alimento para as pessoas, mas ainda destroem o plancto marítimo responsável por 80% do oxigênio. Não sabemos até que ponto os danos causados já são irreversíveis. Mas as experiências demonstraram que o DDT, por exemplo, existe em todos os continentes e, em todos os mares, tanto no tecido adiposo dos pinguins da Antártida, como no leite materno das mulheres norte americanas. Até que ponto o DDT pode ser causador de doenças de nossa civilização, como o câncer e a leucemia, ainda não pôde ser detectado.

2. Tudo está ligado a tudo. É o segundo princípio básico. Dentro dos sistemas naturais, cada organismo, por menor que seja, tem sua função específica e a extinção de uma só espécie põe em perigo a sobrevivência de um todo, como num relógio, onde uma peça avariada faz parar o mecanismo todo.

De um sistema natural, por exemplo, de um campo de pastagem fazem parte determinadas gramíneas, determinada constituição do solo, determinada quantidade de água e sol e mais uma infinidade de pequenos organismos como aranhas e insetos, indispensáveis ao equilíbrio total.

As aranhas são predadoras dos insetos. Se o homem empregar fertilizantes, letais para as aranhas, o desaparecimento delas ocasionará uma tal multiplicação de insetos que o gado não terá mais condições para se alimentar devidamente.

3. Todos os sistemas naturais vivem em equilíbrio, – isto é, por si mesmos, eles se renovam e se re generam. São complexos, estáveis e autorregulados. Espécie alguma pode multiplicar-se infinitamente, pois, dentro de cada sistema, há sempre o predador natural.

4. Na natureza não existe lixo. Os detritos e cadáveres de uns constituirão a matéria prima dos outros. O fruto apodrecido fertiliza o solo, dando melhores condições para a germinação da próxima planta. O urubu, ao alimentar-se da carne de animais mortos, deixa a carcaça absolutamente limpa e inócua; a carcaça, por sua vez, ao se decompor, enriquecerá de cálcio a terra que a absorve.

(Páginas 14 e 15)

Até 30 anos atrás, a Ecologia limitava-se praticamente a ser uma ciência apenas descritiva. Urge, no entanto, que seus princípios sejam respeitados na vida atual. Cientistas, tecnólogos, pais, religiosos, educadores e sobretudo estadistas e governantes, os maiores responsáveis pelo bem estar das coletividades têm hoje a obrigação de conhecer em profundidade os perigos que já ameaçam nossa geração, comprometendo seriamente a sobrevivência de nossos filhos e netos.

Os danos ainda podem não ser irreversíveis e é a própria tecnologia que nos ensina o caminho a seguir.

Existem órgãos supranacionais e regionais que se dedicam exclusivamente ao estudo de soluções para tão grave problema, como por exemplo, a União Mundial para a Proteção da Vida (Áustria, Alemanha, Suiça, França e Luxemburgo) ou o Clube de Roma (Itália) e, em nosso Estado, além de outros, a AGAPAN – Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural.

Todo esse esforço, no entanto, de nada adiantará se cada um de nós, individualmente, não tomar consciência da urgente necessidade de uma reformulação total em nossa maneira de viver como condição imprescindível à preservação da vida.

Não foi o uso indiscriminado de uma preciosa e limitada reserva natural que ocasionou a crise do petróleo?

Não basta, porém, só conscientizar: é preciso agir. Começando-se agora, com pequenos passos, que somados, repetidos e, sobretudo propagados, seguramente suscitarão os resultados almejados.

Existem algumas regras básicas de conduta que poderão ser seguidas por todos os membros da comunidade sem provocar grandes esforços ou privações, mas que, no conjunto poderão, pelo menos, diminuir os danos causados ao meio ambiente.

– Vamos ensinar e propagar aos amigos, colegas e, no futuro a nossos filhos, o amor e o respeito pela Natureza.

– Demos preferência aos alimentos naturais, mas se usarmos conservas e enlatados prestemos atenção aos aditivos.

– Não usemos papel higiênico colorido: o papel se decompõe, mas a tinta é nociva aos peixes.

– Não desperdicemos água, ela também pode acabar.

– Usemos, sempre que possível, o sabão comum, ou flocos de sabão que se decomponham na água.

– Vamos evitar o uso de detergentes à base de fosfatos e de enzimas.

– Controlemos o consumo de energia; qualquer esbanjamento de iluminação determina poluição indireta.

– Usemos o automóvel só quando estritamente necessário, pois ele é agente responsável por 60% da poluição do ar.

– Poupemos o papel – que é feito de árvores; as árvores são geradores de oxigênio, condição primeira para nossa sobrevivência.

Cada folha de papel é algo precioso. Propaguemos essa ideia. Alertemos as lojas onde se esbanja papel. Levemos cestos ou sacolas para as compras nos supermercados. Compremos apenas as revistas e jornais que realmente são lidos; não os joguemos no lixo; podemos enviá-los a entidades que os vendam para serem novamente aproveitados.

– Evitemos o consumo exagerado do material plástico. A matéria plástica leva anos para se decompor e não pode ser queimada porque desprende gases venenosos, algumas vezes letais.

O mundo corre o risco de ser sufocado numa montanha de material plástico.

Evitemos a aquisição de produtos em atomizadores. A embalagem geralmente é mais cara do que o seu conteúdo e, quando vazio, o atomizador ainda oferece perigo de explosão.

– Restrinjamos o uso de cosméticos.

É nosso dever darmos nossa parcela de contribuição à luta por um mundo melhor, pois, somos todos passageiros da mesma nave e a cada um de nós cabe uma parcela de responsabilidade pela sua manutenção.

(Páginas 16 e 17)

O Senhor Ninguém que é tão Inteligente e Poderoso

André vivia numa cidade onde o sol aparecia cada dia mais triste, nem sobra não existia mais. O ar fedia a farmácia o dia inteiro e, quando chovia, as janelas ficavam sujas.

“Ninguém pode fazer nada contra isso”, diziam seus pais. A polícia tinha proibido os banhos de rio. “O banho de rio é perigoso, pois o rio está envenenado”, esclareceu um homem. “Ninguém sabe exatamente como isto aconteceu e quem é o responsável”.

Quando André quis morder uma maçã caída, o jardineiro disse: “É melhor não comer frutas do pomar. Mas se a gente quiser, tem que lavar muito bem”.

“Ninguém se preocupa em fazer algo contra o veneno no ar”, reclamou a mulher do jardineiro.

Na periferia da cidade, André viu os camponeses despejarem em fossas baldes de leite de suas vacas. Um homem, com um grande guarda-pó branco, disse: “O leite deve ser jogado fora! Não pode ser tomado mesmo que seja fervido, pois está com alto teor de chumbo. Isto faz mal à saúde”.

“As vacas não podem comer a grama e o feno deve ser queimado!” gritavam os camponeses.

“Ninguém sabe como isso vai acabar”, suspiravam as pessoas que viam tudo. “Ninguém pode fazer algo contra tudo isso”, diziam também os fabricantes. “Antes sim, aqui trinavam os passarinhos, mas hoje…” e todas as pessoas abanavam a cabeça, pensativamente.

André conversou com muitas pessoas e tomou nota das respostas a suas perguntas. Como era um menino de boa fé, pensou: “Ninguém deve ser uma pessoa muito inteligente e poderosa, uma pessoa que pode tudo o que as outras pessoas não conseguem”.

E André pensou: “Se o Senhor Ninguém é tão inteligente e poderoso, que todas as pessoas têm esperança nele, então a gente tem que ir buscá-lo! Ninguém, afinal não pode fazer isso: buscar a si próprio! Não, isso não funciona. Uma das pessoas tem que fazer isso. Alguém tem que dizer ao senhor Ninguém que ele tem que se apressar e que ele tem que vir logo dar uma olhada aqui, pois a coisa está feia”.

Mas quando André ouviu as queixas das pessoas e viu seu desânimo, não quis mais perguntar-lhes. Com certeza eles iriam deixar que o senhor Ninguém buscasse a si próprio e diriam: “Ninguém pode buscar o senhor Ninguém”.

Pensando assim, André perdeu a paciência, sentou-se à mesa e escreveu a seguinte carta:

Prezado Sr. Ninguém!

Aqui na nossa zona o ar está tão enfumaçado, que o céu está sujo e o sol só tem luz cinzenta. As crianças não podem tomar banho no rio, pois podem engolir água e então ficar com veneno na barriga. Além disso, pode dar doenças na pele. O mesmo acontece com as maçãs, cerejas, ameixas, peras, morangos e com tudo que cresce na horta.

Até o leite das vacas do campo já foram obrigados a jogar fora, porque a grama estava envenenada e as vacas deram leite envenenado. Faz tempo que não há mais passarinhos por aqui. Provavelmente porque a vida não lhes agradava aqui.

As pessoas dizem: ”Ninguém pode fazer alguma coisa”.

Até meus pais falam assim. Portanto, como pode ver, Sr. Ninguém, todos falam no senhor e têm esperança no senhor. Eu sei que o senhor tem muito a ver com isso. Muitas pessoas já ficam muito tristes quando falam no senhor. Por isso eu lhe peço que venha logo para cá e nos ajude para que a vida seja agradável de novo. Não sei o seu endereço. Mas, como todo mundo o conhece e, em toda parte se fala do senhor quando há algo difícil, tenho certeza que o carteiro vai saber onde deverá entregar esta carta.

Com os cumprimentos de

André

Retirado do manuscrito do livro Niemand und AndreasNinguém e André, autoria de W.L.

Perguntas

1. O que André viu?

2. O que as pessoas lhe contaram?

3. O que André deveria conseguir com sua carta?

4. Por que André perdeu a paciência e escreveu uma carta?

5. Onde é que André se enganou?

6. Para quem você escreveria?

7. O que você faria para que a vida de André e das outras pessoas fosse novamente agradável?

8. Você já teve experiência semelhante?

9. Com quem você falou sobre o assunto?

(Página 18)

De Ccmo o Governo chinês foi obrigado a decretar o amor aos pássaros

Na década de 50, os órgãos responsáveis na China verificaram através de uma pesquisa que, de cada dez dos grãos de arroz, um era comido pelos pássaros. Naquele imenso país, onde a fome era uma constante, este fato significava que 10% de todas as colheitas eram perdidas para a população. Em vista disso, o governo decretou guerra total aos passarinhos e deu conhecimento de suas ordens a todos os recantos do país.

Como era difícil caçá-los individualmente, o “homo sapiens” imaginou uma maneira astuciosa para matar os pequenos cantores. Os camponeses saíram aos campos, armados de tambores e vasilhames, a rufar e bater. Durante horas a fio, as orquestras da morte ficaram em atividade. Os pássaros espantados levantavam voo em bandos e voavam, voavam… até finalmente, exaustos, tombarem mortos nos campos.

E os homens se vangloriaram: “Agora teremos mais alimentos para nós”. E assim chegou uma primavera silenciosa. E com ela, as nuvens negras de insetos que puderam multiplicar-se desenfreadamente, pois os pássaros, seus predadores naturais, que deles se alimentavam, não mais existiam. Livres de qualquer perigo lançaram-se os insetos sobre as lavouras dos homens. Perdeu-se, desta vez, não a décima parte, mas a metade da colheita.

E muitos homens morreram de fome.

Os órgãos responsáveis decretaram então o amor aos pássaros; como amá-los, porém, se eles não mais existiam? Foi necessário gastar dinheiro na importação de novos pássaros e na propaganda para convencer o povo a amá-los e protege-los.

Com o passar do tempo, terminou o pesadelo da primavera silenciosa.

Toda vez que o homem por ignorância, comodismo, ou curta visão, extingue uma espécie viva, está trabalhando para sua própria destruição. Este é um dos ensinamentos básicos da Ecologia, a ciência da sobrevivência. Ao cidadão responsável e esclarecido, cabe hoje o dever inadiável de conhecer as leis que regem a totalidade da vida em nosso planeta, para divulga-las, alertando a coletividade e auxiliando a criar uma consciência ecológica.

A luta pela qualidade de vida é um imperativo para a sobrevivência da espécie. O que suceder com a Terra sucederá com os filhos da Terra.

(Página 19)

Perguntas

1. Com que lei da Ecologia, anteriormente exposta, poderias relacionar esta estória?

2. Do ponto de vista econômico, qual foi a atitude mais interessante: decretar a morte dos pássaros ou o amor aos pássaros?

3. Conheces algum caso semelhante que tenha ocorrido aqui no Brasil ou em outro lugar?

4. Achas que é verdadeira a afirmação: “Nem só de pão vive o homem”? Então responde: porque aquela “primavera silenciosa” foi considerada um pesadelo?

(Páginas 20 e 21)

Sugestões práticas para a aula

Só uma Terra

E só um oceano, com desertos que têm muitos nomes

Só uma atmosfera que não tem limites

Só uma camada fininha de húmus,

De vida e de víveres

Só um planeta minúsculo

E não podemos dispensá-lo, pois:

Só existe uma Terra.

Nota Prévia

O trabalho sobre a proteção do meio-ambiente pressupõe perplexidade por parte dos alunos. Principalmente numa cidade grande como S.Paulo, os alunos percebem constantemente a poluição do ar, da água, o barulho, etc., sem tomarem consciência sobre os perigos que destroem o homem e o meio-ambiente, aceitando estas condições como fatos inalteráveis, quase naturais. Como ponto de partida para uma unidade sobre o tema poluição/proteção do meio-ambiente a peça Céu e Terra, Água e Ar, Tudo Fede Sem Parar, cria esta perplexidade.

Acrescentamos a opinião de uma aluna da sexta série de uma escola de Berlim: “Através da peça é que a gente nota como isto está mal”.

A peça comunica aos alunos uma série de importantes informações sobre causas e efeitos da destruição do meio-ambiente, que posteriormente podem ser aproveitadas em aula, aprofundadas por meio de exemplificações ou sistematizações.

Ao final da peça, apresenta-se o problema de como a experiência e a perplexidade produzida nos alunos, que se dá principalmente pelos sentidos, ou seja, esteticamente, podem ser integradas, sem ruptura (em geral ligada à forte motivação) no decurso normal da aula. Para este fim, a nosso ver, são oferecidas formas de aprendizado estético, que são orientadas para a produção e que oferecem aos alunos bastante possibilidade para a atividade pessoal.

Uma aula orientada de acordo com um projeto, e que resulta de uma problemática que abrange o tema proteção do meioambiente, deve ser aliada à realidade empírica dos alunos. Para isto é necessário unir a perplexidade que a peça causa nos alunos à suas experiências diárias e concretas com fenômenos poluidores e torná-los conscientes. Para tal, servem como exemplo as restrições notadas no espaço vital das crianças com relação a andar de bicicleta, brincar na rua, tomar banho, e efeitos da poluição do ar em forma de mal-estar e doenças como coriza, catarro, etc.

A tentativa de, numa primeira aula sobre a peça Céu e Terra, Água e Ar, Tudo Fede Sem Parar, recorrer às experiências pessoais dos alunos, possivelmente, ativará neles a reflexão sobre suas férias fora da cidade grande. Assim, numa aula de comentários posteriores, os alunos discutiram espontaneamente uma pergunta referente a isto, dizendo que nunca tinham visto tal tipo de poluição do meio-ambiente no lugar onde passam suas férias; todavia, depois de pensarem um pouco, lembraram-se de outros fatos concretos, como, por exemplo, montes de breu na areia, peixes mortos na praia, etc. e só então se deram conta do que significavam estes fenômenos. Evidentemente, os alunos não são muito diferentes de seus pais (veja-se o pai de Beto), mas estão dispostos a aprender algo sobre a dura realidade.

1. Prospecto de Poluição Ambiental Numa Cidade Grande

Com base nas discrepâncias entre o que é esperado (férias agradáveis) e o encontrado (envenenamento do rio, proibição dos banhos), apresentados na peça, pode-se partir de diversos prospectos de férias e de propaganda de empresas de turismo, para mostrar aos alunos a contradição entre o que é prometido (mundo sadio e bonito) e as condições reais (areias sujas de óleo, rios poluídos pelas indústrias, mau cheiro e barulho no tráfego).

Pode-se também partir do meio-ambiente onde vivem os alunos, para exemplificar, tomando a cidade como centro turístico. Para isso, propor-se-ia a procura de diversos prospectos oficiais da cidade e também de diferentes cartões postais (propaganda direta) que seriam confrontados com os conhecimentos adquiridos e também com as experiências pessoais dos alunos, em relação à bela aparência da cidade.

Objetivo

Os alunos reconhecem que os prospectos de viagem representam o meio-ambiente sempre limpo, claro, sem perigos e, que, com isso, as pessoas são enganadas sobre as condições reais e as causas da progressiva destruição do meio-ambiente.

(Página 22)

Conteúdo

Análise de um prospecto de viagem ou cartão postal, de qualquer lugar, ou análise de um prospecto de viagem da cidade em que vivem os alunos.

– Produção de um prospecto de poluição ambiental, fazendo as alterações numa fotografia ou quadro, postal ou prospecto, utilizando colagem, ou pintando com tinta ou lápis de cor.

– Comparação e avaliação dos resultados.

– Produção de um jornal mural ou um jornal sobre poluição ambiental, utilizando as colagens, textos, fotos.

1ª Etapa

Descrição e Análise de um Prospecto

Alunos descrevem: Projeção com episódios. Círculo de Debates.

Alunos enumeram as peças e os objetos representados: Imagens na tela. Conteúdo da Imagem.

Alunos manifestam sua impressão subjetiva: Impressão da imagem.

O professor esclarece com os alunos o conceito “prospecto” e sua função: Imagens na tela.

Alunos enumeram o que não está representado, reúnem “fatos ocultos”: Imagens na tela.

Alunos com o auxílio do professor ordenam os fatos de acordo com o tipo de poluição ambiental: ar, água, lixo, solo, barulho, mato.

(Páginas 23 e 24)

2ª Etapa

Produção de um prospecto de Poluição Ambiental

Tarefa: fazer um prospecto de poluição ambiental, que saliente especialmente um tipo de poluição, por exemplo, praias com esgotos de hotel, ou manchas de breu e manchas de óleo: prospecto/cartões postais, tesoura, cola, tinta, figuras de revistas (de preferência já escolhidas previamente).

Alunos trabalham sozinhos ou, em prospectos maiores, em grupos ou duplas: apresentar primeira tentativa de solução das dificuldades que surgem para toda a classe ou grupos isolados, para dar estímulo.

Professor auxilia as duplas e grupos de alunos.

3ª Etapa

Comparação e Avaliação dos Resultados

Prof. lembra a tarefa.

Prof. dá um critério de avaliação: nitidez e clareza das afirmações.

Apresentar os trabalhos de maneira bem visível, entre outros empregar exemplos escolhidos.

Alunos expõem e, se possível, fazem sugestões para o melhoramento: Círculo de Debates.

4ª Etapa

Aprofundamento dos Conhecimentos e Produção de um Jornal Mural

Prof. fornece material de informação complementar aos alunos: artigos de jornais ou revistas, fotos, mas também canções, ou poesias que tenham relação com a natureza.

Alunos continuam trabalhando nos mesmos grupos, leem os textos e observam as fotos: trabalhos de grupo com o material.

Debate subsequente.

Prof. auxilia os grupos. Alternativa: dividi-los em grupos com diferentes tipos de poluição ambiental.

Alunos organizam o novo material em seus prospectos e fazem sugestões para a confecção do jornal mural: folha grande de papelão ou cartolina grande.

Confecção do jornal mural.

Tarefa: organizar as figuras e textos, relacioná-los entre si por meio de setas, molduras, etc.

Achar e desenhar títulos, se possível, com tintas coloridas.

Os alunos trabalham juntos, em grupo, na confecção de jornal mural: trabalho em grupo com tesouras, cola, percevejos, tintas.

Grupos de alunos apresentam seus resultados: apresentar os trabalhos de maneira bem visível, entre outros exemplos escolhidos.

Avaliação de acordo com os critérios acima citados: Círculo de Debates.

O trabalho com o jornal mural não deve parar por aqui. Como jornais murais podem ser ampliados e modificados indefinidamente, os alunos têm a possibilidade de acrescentar outras informações, recortes de jornais, fotos, etc. Também pode se transmitir a experiência do jornal mural aos alunos de outras turmas que por sua vez, podem reunir e acrescentar informações.

(Página 25)

Um Caso Brasileiro

Numa cidadezinha perdida no nordeste brasileiro, onde os homens viviam humildemente dos frutos da terra, um dia chegaram dois senhores franceses. Interessaram-se por tudo o que havia naquele lugar, olharam as plantações, inspecionaram os arredores, conversaram com as pessoas e fizeram uma observação: fazia parte da fauna autóctone (nativa) da região um determinado tipo de rã muito apreciada pelos franceses , conhecidos por seu refinado paladar. Resolveram então instalar uma indústria alimentícia, preparando e enlatando coxinhas de rã para exportação. Todos ficaram encantados com o projeto que significava progresso, empregos, dinheiro, e mais impostos para a região. Instalou-se a indústria e, em breve, crianças e mulheres saíam à procura das rãs, enquanto uma parte dos homens trabalhava na fábrica.

A natureza fornecia grátis a matéria prima para todo o ganho.

Passou-se o primeiro ano e o segundo, já no terceiro a cata das rãs se tornava mais penosa, porque havia menos nos arredores e era preciso ir cada vez mais longe para encontrá-las. Ao mesmo tempo tornavam-se mais numerosos os insetos que atacavam as lavouras de subsistência.

Mas os homens, em sua ignorância das leis que regem a natureza, não se deram conta do que estava acontecendo. Até que um dia, todos os frutos da terra foram devorados por nuvens de insetos de toda ordem. Todos sofreram, mas os mais atingidos foram aqueles que não tinham conseguido emprego na indústria de enlatados e dependiam totalmente da lavoura.

O fato chamou a atenção do governo e os técnicos enviados ao lugar constataram o que havia acontecido: nos arredores da cidadezinha e das plantações praticamente não havia mais uma só rã. Acontece que o sapo é um dos controladores das populações de insetos. Consegue comer em uma só noite até 300 insetos de diversos tipos e tamanhos, desde grandes besouros até minúsculos mosquitos, evitando assim a multiplicação desenfreada destes insetos. Esta é sua função dentro de um ecossistema.

A lição da Natureza que o homem precisa aprender é que não pode simplesmente exterminar uma espécie, sob pena de ameaçar sua própria sobrevivência.

Outro controlador de populações de insetos é o pássaro. No Ceará, por exemplo, cada vez mais seguido aparecem grandes nuvens de gafanhotos, já que os pássaros estão morrendo envenenados pelos pesticidas.

Os gafanhotos são uma praga que já aparece na Bíblia e que mesmo os venenos modernos não conseguem eliminar. Eles surgiram sempre onde o homem aniquilou os seus predadores naturais, os controladores das populações.

Esta cena mostra o encontro da Traíra, inválida, e do Filé de Peixe, de muletas, em que ambos se queixam da vida horrível que levam.

(Página 26 – Foto)

(Página 27)

As grandes florestas precedem as civilizações e os desertos se sucedem

A Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, foi o berço de grandes civilizações. Nesta área nasceram, cresceram e se desenvolveram as famosas cidades de Assur, Nínive e Babel. Hoje, no silêncio do deserto e da morte, lá encontramos tristes ruínas a atestar esplendores passados.

Após mais de três mil anos, o homem constatou cientificamente que a destruição da flora e da fauna significa condenar sua obra ao desaparecimento e a si próprio à morte. No entanto, para desgraça de todos, não só continua na derrubada e na queimada das florestas, como, modernamente inventou máquinas que centuplicaram sua força de trabalho, e ainda aprendeu a fabricar milhares de produtos estranhos à Natureza, que hoje interferem perigosamente em todos os níveis de vida, desde os micro-organismos do solo até na saúde do próprio homem.

Máquinas potentes arrasam em poucas horas o que a Natureza fez crescer em centenas ou milhares de anos, e com as florestas morrem inúmeras espécies animais e o habitante nativo a ela adaptado.

Aterram-se baías e lagoas, transferem-se cursos de rios, drenam-se banhados, sempre na corrida por algum lucro imediato e na total ignorância ou irresponsabilidade pelas consequências a médio ou longo prazo.

Mas a resposta da Natureza, ultrajada, é infalível.

Tudo tem o seu lugar determinado e sua função específica para assegurar a continuidade da vida como um todo. A transformação indiscriminada de paisagens inteiras destrói os nascedouros e os habitats de milhares de organismos e seres vivos.

As florestas são as grandes protetoras dos solos e das águas, reguladoras dos climas, geradoras de oxigênio, habitat de inúmeras espécies, bancos genéticos de flora e fauna. Sem as florestas não haveria vida humana em nosso planeta.

Ao homem fornecem alimentos e sementes para suas culturas, abrigo contra intempéries e material para construção, para utensílios, para aquecer-se, para cozinhar seus alimentos. Protegem o solo contra a erosão, o impacto da chuva e dos raios solares. Propiciam a penetração da água no solo, de maneira a ser conservada a umidade para as épocas de seca e a ser assegurada a continuidade do lençol freático. Protegem as fontes para que elas não sequem, os rios e as lagoas contra assoreamento e, durante épocas de chuva, absorvem imensas quantidades de água, minimizando inundações.

(Página 28)

Pequeno Dicionário Ecológico

Erosão: este fenômeno é ocasionado por desmatamentos já que as árvores, além de conservarem a umidade natural da terra, também regulam as precipitações, e fixam a terra fértil. Ela se apresenta sob a forma de rachaduras, solo endurecido, fendas, onde não vingam mais as plantações.

Lençóis Freáticos: córregos ou veios d’água que correm por baixo da terra e formam as nascentes de rios, lagos, etc.

Ecossistema: é a unidade funcional básica com a qual lidamos, pois inclui tanto os organismos como o ambiente não vivente, cada qual influenciando as propriedades do outro, ambos necessários para a manutenção da vida tal como a temos no mundo.

Predadores Naturais: na Natureza cada espécie tem o seu predador natural que dela se alimenta, evitando que haja uma proliferação exagerada de uma só espécie.

Habitat: lugar de vida de um organismo. Total de características ecológicas do lugar específico, habitado por um organismo ou população.

Monoculturas: cada região da Terra possui suas características específicas, isto é, em cada região existe uma chamada vegetação nativa, que sem a interferência do homem se mantém em equilíbrio. No momento em que o homem derruba a vegetação nativa, formada por espécies vegetais variadas, e passa a plantar só um determinado tipo de vegetação, sejam árvores, soja, milho ou arroz, então estas plantações são chamadas de monoculturas.

(Página 29)

Tarefas

Discutir as Seguintes Afirmações:

“Se planejas para um ano, planta arroz. Se planejas para dez anos, planta árvores e, se planejas para 100 anos, educa o povo e conserva a natureza de sua pátria”.

“A riqueza de uma nação e seu grau de desenvolvimento não se medem pelo seu produto nacional bruto, mas pelo nível de vida do povo e pela capacidade que demonstra em conservar a Natureza”.

“Qualquer moleque sabe matar um escaravelho, mas todos os cientistas do mundo reunidos não sabem recriá-lo”. (provérbio chinês).

“Ciência e tecnologia são armas de dois gumes. Seu uso indiscriminado, desprezando a realidade ecológica do planeta e as leis da moral, são a mais grave ameaça ao homem e a toda a sua obra”.

(Páginas 30, 31 e 32)

Tragédias Ecológicas

À lista das tragédias ambientais junta-se a 10 de julho de 1976, um desastre fulminante: em Seveso, uma pequena cidade no norte da Itália, num sábado de manhã se registra uma explosão na indústria química ICMESA, pertencente à fábrica suíça de cosméticos Girauden,  filiada à Hoffmann-La Roche. Uma nuvem de fumaça se espalha pelas redondezas e envolve casas e ruas e tudo o que se encontra ao ar livre. No dia seguinte, a população é avisada para que não consuma produtos hortifrutigranjeiros, provenientes da região atingida, por mera medida de precaução. No 5º dia morreram os primeiros animais e as crianças são acometidas de eczemas e erupções na pele.

As primeiras consequências: 50.000 animais sacrificados, centenas de casos de doenças de pele, duplicação do número de abortos, crianças e adultos acometidos de acne incurável, nascimento de crianças deformadas.

A médio e longo prazo: doenças do fígado e câncer.

As maiores vítimas são as crianças, cobertas totalmente de eczemas, com as unhas das mãos e pés pretas. A doença do TCDD, abreviação de Tetra-cloro dibenzo-p-dioxina, a substância que atingiu a população de Seveso, é uma doença cruel e praticamente incurável. Uma vítima de envenenamento por TCDD, ocorrido há 25 anos na indústria química alemã BASF (Badische Anilin und Soda Fabrik), após inúmeras operações para extrair os nódulos em todas as partes do corpo, continua semeada de infecções de odores penetrantes.

Estas são as expectativas das Crianças de Seveso

Qual o seguro que poderá ressarci-las?

É de se esperar que as redondezas da ICMESO continuem envenenadas ainda durante muitos anos, pois o TCDD é extremamente persistente e, para eliminá-lo, seriam necessários processos sofisticados e temperaturas acima de mil graus Celsius.

Segundo palavras de Magda Renner, presidente da ADGF (Ação Democrática Feminina Gaúcha), entidade que há 5 anos vem, entre outras atividades, lutando pela defesa do meio-ambiente, “O TCDD não está limitado a Seveso. Vale aqui lembrar que a dioxina é o conhecido agente laranja, empregado pelos americanos na Guerra do Vietnã para destruir as matas que escondiam os guerrilheiros. Terminada essa guerra, parte do excedente foi vendido a países do Terceiro Mundo, como Brasil, para “limpar” a Amazônia, pois ele mata indiscriminadamente flora e fauna. Cogitou-se de queimar o restante em alto mar, onde os gases tóxicos se disseminariam mais facilmente. Mas nunca se ouviu a confirmação desse projeto. Quando aconteceu o fenômeno do Hermenegildo nas costas do Atlântico Sul, que correu mundo devido à sua magnitude,  um jornal de Pittsbourgh nos EUA, denunciou a deposição de toneladas de dioxina no fundo do mar, justamente no Atlântico Sul.

O Escândalo dos Venenos Stolzenberg

Na cidade de Hamburgo, na República Federal da Alemanha, houve um incidente com a fábrica de produtos químicos Stolzenberg , que pela sua gravidade e amplitude movimentou não só a opinião pública, mas também se transformou num dos maiores escândalos políticos dos últimos anos.

Durante meses, uma Comissão Parlamentar de Inquérito analisou o caso, chegando à seguinte conclusão: quase todos fracassaram, quase todos aqueles que lidaram ou estiveram envolvidos com o explosivo depósito de venenos, localizado ao lado do estádio hamburguês, onde havia desde Stricnina até o gás que age sobre o sistema nervoso chamado Tabun. Funcionários dos órgãos responsáveis pela fiscalização, sobretudo das Secretarias do Trabalho, Ação Social, da Saúde e da Construção, durante anos, toleraram aquela indústria, seja por desleixo, cumplicidade ou por falta de qualificações para seus postos. A Comissão Parlamentar de Inquérito constatou “um elevado grau de responsabilidade e bom senso” nos funcionários de baixa remuneração, entretanto “a CPI, no período em que esteve examinando teve a impressão de que os fatos que indicavam pontos fracos ou procedimentos incorretos, não só eram ignorados pela Administração como também, em alguns casos, colocavam em dificuldades o funcionário que advertia para irregularidades ou não cumprimento de normas”.

Para ilustrar este caso, pode-se mencionar a reação dos órgãos responsáveis pela fiscalização, quando da distribuição dos panfletos aéreos nos anos 70, protestando contra a fabricação de um produto chamado Lost, que apenas trouxe uma multa de 40 marcos à firma Stolzenberg por poluição de áreas verdes e de lazer, sem que tivesse havido uma fiscalização mais minuciosa que poderia resultar na possível paralisação da fábrica.

Mais de 600 visitas, aparentemente para fiscalizar, foram feitas à firma, mas em todas elas os visitantes apenas torciam o nariz por causa da imundície e se retiravam sem que fosse tomada providência alguma. Em todo o caso, as infrações da firma Stolzenberg (onde durante estes anos já se registraram 25 princípios de incêndio), constam agora de um extenso relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito. Este documento é um documento do maior escândalo no que se refere à área do meio ambiente e que teve como consequências a morte de um menino de doze anos.

Three Mile: Uma Boa Advertência

(transcrito da Folha da Tarde de 19.08.80)

Foi uma séria advertência para os defensores da energia nuclear o acidente ocorrido com o reator nº 2 de 960 megawatts, da usina de Three Mile Island, localizada perto do aeroporto internacional de Harrisburg, 16 km a sudeste da cidade, junto ao rio Susquehanna. Às 4 horas da madrugada ele parou automaticamente, liberando certa quantidade de radiação na atmosfera.

A ocorrência foi tão grave que já haviam deixado a área, no dia 2 de abril de 1979, 200 mil dos 600 mil habitantes de um raio de 32 km da usina, com prejuízos incalculáveis para 15 mil pessoas que viviam a oito quilômetros da distância onde também estavam instaladas 15 granjas leiteiras. Foram construídos dez abrigos de emergência, inclusive num estádio de hóquei, em Hershey, para receber as mulheres grávidas e crianças, e as autoridades estaduais entraram em estado de alerta para a necessidade de uma retirada geral.

Uma semana após, a companhia de seguros da usina havia pago 291 mil dólares, mais de Cr$ 15 milhões, em indenização às pessoas que tiveram de deixar suas casas, afora os 11 milhões de dólares, quase Cr$ 60 milhões,  por dia para a compra de energia destinada ao consumo da região, abastecida por Three Mile Island.

Tudo porque houve um vazamento no sistema de refrigeração do reator. E, apesar do sistema ter passado pela manutenção 2 semanas antes, foram constatados três tipos de falhas: equipamento mal projetado, falha de equipamento e ação imprópria dos operadores do reator. Com isso a usina correu o risco de derretimento, o mais grave tipo de catástrofe nuclear.

É que se formou uma bolha de vapor dentro do reator que aumentou de tamanho à medida que as pressões foram relaxando, deixando o núcleo sem água vital para o resfriamento. Quando este fenômeno acontece à temperatura elevada, devido ao combustível de urânio, pode até derreter o núcleo e, pior ainda, fazer o mesmo com a couraça de concreto protetora do prédio.

Este tipo de acidente não aconteceu até agora, mas a Comissão de Controle Nuclear dos Estados Unidos admite uma catástrofe sem precedentes, caso venha a ocorrer.

(Página 33)

Posso me apresentar?

Eu sou a Minhoca de Plutônio!

Eu sou a minhoca que mata a humanidade.

Agradeço minha existência às usinas nucleares.

Lá nascem constantemente Minhocas de Plutônio.

Meus excrementos são o veneno radioativo mais perigoso para os homens.

Tem um efeito venenoso que dura 480.000 anos.

10 milionésimos de grama nos pulmões são suficientes para provocar, com certeza, um caso de câncer no pulmão.

Posso transitar por centenas de organismos, voltar para o húmus e novamente passar, através das plantas e animais, para os homens – e cada vez meu efeito mortal se desdobra novamente.

Eu comerei todas as vidas, até que não exista mais partido, religião ou ciência.

Ninguém mais pode me exterminar, só se os partidos se tornarem inteligentes, as religiões acordarem e a ciência mudar de atitude para desenvolver formas de energia não poluentes.

Mas enquanto não se compreender o que os especialistas afirmam, que a energia nuclear é desnecessária, enquanto isso eu, como Minhoca de Plutônio, vou aniquilando pouco a pouco toda a vida sobre a Terra.

(Página 34)

Plutônio – Câncer Pulmonar

O Plutônio é um elemento que não existe sob forma natural na crosta terrestre. No início da década de 40, foi pela primeira vez isolado e produzido pelo Dr. Seaborg e seus colegas. O Dr. Seaborg é atualmente o presidente da Comissão Americana de Energia Nuclear.

O plutônio 239 tem, por isso, um interesse especial, pois, devido à sua desintegrabilidade e fácil produção, é o melhor dos três combustíveis nucleares. O plutônio tem, além do isótopo 239 (maior quantidade), os isótopos mais altos 240, 241 e 242.

Todas as propriedades do plutônio são altamente perigosas. O Plutônio 239 irradia principalmente partículas alfa. Cada partícula alfa tem a energia cinética de cerca de 5 milhões de eletro-Volts. O plutônio é extremamente agressivo, destrói todos os recipientes e, devido à sua volatilidade, é difícil de produzir. Tem uma meia-vida de 24.300 anos e, quando dispersado na biosfera, produz, para as próximas milhares de gerações um grande risco de câncer.

Sob diversas condições, o plutônio é apropriado para a produção de aerossóis, que se depositam principalmente nos tecidos pulmonares. Um aerossol é fisicamente semelhante à fumaça de cigarros, névoa ou pó de cimento. Devido ao seu tamanho diminuto, as partículas de plutônio num aerossol permanecem, por longo tempo, pairando no ar. O plutônio micro pulverizado na atmosfera só é detectável através de instrumentos especiais, caríssimos. O plutônio não é solúvel e pode permanecer inerte nos pulmões por centenas de dias, antes de se espalhar pela laringe ou pelos gânglios linfáticos em volta dos pulmões. Uma pessoa que absorve uma dose mortal de plutônio pode não notar nada por semanas ou até anos.

Existem vários compostos de plutônio que são absorvidos por inalação: o bióxido de plutônio PuO2, o nitrato de plutônio Pu (NO3) 4, etc. Além disto, existem outros tipos de monóxido de plutônio que suportam uma temperatura de 1000ºC e têm uma estabilidade maior no corpo.

A maior parte das partículas inaladas de monóxido de plutônio 239 deposita-se nos pulmões, penetra nas paredes dos alvéolos (Alvéolos são as unidades básicas do tecido pulmonar. Assemelham-se a grãos de uva ocos, de 0,3 mm de diâmetro. Suas paredes são finas, alguns milésimos de milímetro e apresentam um tecido conjuntivo com vários tipos de células). O plutônio constitui um sério veneno para as células. Uma vez no corpo, o plutônio absorvido dificilmente é removido.

(Página 35)

A radiação intensiva em tecidos localizados por meio de partículas radiativas é chamado “problema das partículas quentes”. Sobre isso escreve Maurice E. Andre, de Lièges: “Uma única partícula de plutônio, com um diâmetro de aproximadamente 1 mícron (1/1000 mm), pode facilmente ter um efeito letal, quando entra nos pulmões. Esta partícula irradia em um ano, mais de 1.000.000 Rad. (abreviação de Radiation Absorbed Dose) em uma região do pulmão uma minúscula região circular de cerca de 1/10 mm de diâmetro com a partícula no centro”.

Uma radiação local, mas constantemente repetida, provoca câncer. O câncer se espalha do local para todo o organismo, quando a região, por menor que seja é exposta por longo tempo a uma radiação intensa.

Magno e outros calcularam que o plutônio inalado alcança o sangue 250 vezes mais facilmente do que o ingerido pelos alimentos. J.E. Ballon provou que o plutônio ingerido com a comida, por ratos de um dia, foi absorvido 85 vezes mais do que nos animais adultos. Este fato indica um efeito especialmente forte do plutônio nas crianças, além do que as doses corporais permitidas são muito perigosas quando a gente já as absorveu anteriormente.

A quantidade de plutônio que provoca o câncer pulmonar, conforme diz a própria AEC (Comissão Americana de Energia Nuclear), é tão pequena que não se pode determiná-la. Micropulverizado, apenas meio quilo de plutônio tem o potencial para provocar câncer pulmonar em nove bilhões de pessoas.

Numa economia completamente desenvolvida a plutônio, seriam produzidas anualmente mais de 100 t de plutônio-239, ou seja, 100.000 kg. Se ½ kg já representa um risco insuportável, pode-se calcular facilmente que mesmo uma segurança de 99,9% nos reatores não seria suficiente para proteger a humanidade contra uma catástrofe.

Um gerador rápido (GR) produz energia elétrica, como a usina nuclear. Mas sua principal tarefa é a de produzir o plutônio passível de fissão, à partir do urânio-238 que não é apropriado para a usina nuclear. Este plutônio “incubado” é passível de fissão, isto é, pode ser transformado novamente em combustível nuclear em usinas nucleares ou em geradores rápidos. Como as reservas de urânio serão esgotadas em tempo determinado, existe a alternativa da utilização do plutônio como combustível nuclear, que é de importância decisiva para a indústria nuclear.

Todavia, repetimos: o plutônio é um dos venenos mais perigosos. Meio quilo de plutônio seria suficiente para envenenar toda a população da Terra.

(Página 36)

Do gerador rápido “Super Phoenix”, em Melville, França, devem resultar 4,6 t.

Através do emprego do plutônio como combustível, os geradores rápidos alcançam tal grau de periculosidade para o qual, em toda a tecnologia, não existe um exemplo comparável.

Pede-se divulgação!

(Página 37)

O Perigo dos Inseticidas Químicos

Originalmente se acreditava que, com inseticidas químicos, seria possível exterminar completamente certos tipos de insetos daninhos. Todavia, esta opinião provou ser uma especulação errônea. Muitos insetos e também ratos e certos inços desenvolveram uma nova geração que herdou a resistência a tal veneno. Por exemplo: 10.000 moscas são borrifadas com DDT. Morrem 9.998 delas e duas permanecem vivas. Estas duas moscas, um macho e uma fêmea, sobrevivem à ação do inseticida, pois são resistentes ao veneno. As duas moscas se reproduzem. Após algumas gerações, serão novamente 10.000 moscas. Todas elas são resistentes ao veneno, pois esta propriedade lhes foi transmitida por seus pais. Uma utilização de DDT na mesma quantidade e concentração não resultará em efeito algum.

Até hoje, 180 tipos de insetos se tornaram resistentes aos diversos meios de extermínio, destes, principalmente os insetos daninhos perigosos. (Extraído da publicação Umwelt, Meio Ambiente, Editora Waldemar Kramer, Frankfurt/M, 1971).

(Página 38)

O extermínio das matas pode transformar a paisagem mais fértil num cemitério de pedras

                                                                                                                                                                                             R. Demoll

A mata é a proteção eficaz contra a erosão, é o melhor equilibrador do nível de água, pois ela aumenta o teor de água infiltrada e, com isso, eleva o nível de água subterrânea, diminui o perigo de inundações e é responsável pelo aumento da umidade do ar e da precipitação pluvial. Onde a mata é derrubada, diminui o nível da água subterrânea, a terra fica gretada e, cada vez que chove, é uma perda dolorosa para o terreno, pois seu melhor solo é levado embora. A erosão se espalha.

Por exemplo: se a Floresta Negra fosse derrubada, grande parte da Europa Central teria de suportar um calor seco, invernos frios e secos e um rápido devastamento. Quem derruba vastas regiões florestais, destrói, com o tempo, também a lavoura e com isso a base da alimentação do homem.

Os homens transformam anualmente 1 bilhão de metros de madeira em papel. Uma única edição de domingo do New York Times devora 62 ha de florestas.

Na República Federal da Alemanha, desde 1949, perde-se anualmente 7.000 ha de áreas florestais com a derrubada de árvores e a construção. A erosão do solo e, com isso, a perda de solo fértil, aumenta devido à utilização imprópria do solo, à terraplenagem e eliminação de matas esparsas. Cerca de 10% das áreas utilizadas pela agricultura na RFA correm o perigo da erosão.

Caso a floresta amazônica, maior extensão florestal do mundo, for destruída, poderá haver alterações na camada de ozônio que envolve a Terra.

A humanidade precisou de muitos anos para reconhecer que um aproveitamento rápido da natureza só constitui uma demorada bancarrota.

Há cerca de 3 ou 4 mil anos, ainda existiam bosques na parte ocidental do Saara. Os homens os derrubaram e aquela região se tornou desértica. Há somente 2 mil anos, o atual deserto da Líbia ainda tinha lavouras férteis, que eram o celeiro do império romano.

A perda diária da terra cultivada nos EUA chega a 4.000 acres que escorregam para o mar ou para o fundo dos vales. Esta perda de terra é uma consequência da intervenção inconsciente na paisagem natural.

Se vastas áreas do México não forem reflorestadas, aquele país se tornará um deserto em, no máximo, 100 anos.

Mas também a Europa é devastada lentamente. O Reno leva para o mar anualmente 4,6 milhões de toneladas de lama, húmus precioso.

(Página 39)

Árvores

Os alunos de uma escola de 2º grau de Ravensburg, na República Federal da Alemanha, fizeram na aula de Geografia, uma pesquisa sobre a quantidade de árvores e áreas verdes de sua cidade e apresentaram sugestões de melhorias às autoridades municipais. Seu trabalho foi todo documentado no livro: Frey, Stottele, Weichert: Baume, Sterben Leise. Schüler Kampfen Gegen Baumtod (As Árvores Morrem em Silêncio. Alunos Lutam Contra a Morte das Árvores). Beltz Verlag, Weinheim und Basel, 1976.

Trechos deste Livro

Para viver, uma árvore precisa de solo fértil, água, ar e luz. Se uma estrada é construída, cava-se o solo, despeja-se aí cascalho e areia, são instalados canos de drenagem, e finalmente tudo é asfaltado. Nas vias urbanas se faz a mesma coisa. As casas têm pequenos jardins, mas a maior parte da água corre em canos de drenagem. Assim, com o passar do tempo, o nível da água subterrânea diminui bastante. As raízes não podem crescer nele e ficam, portanto no seco. Neste meio tempo, devido às máquinas de construção, aos carros estacionados, aos pedestres e aos abalos e trepidações causadas pelo trânsito, o pouco solo que resta fica tão compacto que as raízes praticamente não conseguem extrair a pouca água, menos ainda as substâncias nutritivas.

A oxigenação é muito importante para a sobrevivência de seres vivos do solo (bactérias do solo, fungos, algas). Em uma Gr. de terra, existem bilhões deles. São eles que laboram as substâncias nutritivas. Se eles são mortos devido à condensação do solo, escavações, resíduos de óleo ou gasolina que são depositados em torno das árvores nas ruas, então a árvore morre de fome. Os sais em pó, dissolvidos na água da chuva dão-lhe o resto. A poluição do ar também pode ser a causa importante da morte das árvores. Nas cidades grandes ou em regiões industriais, nós, homens, precisamos lavar os cabelos frequentemente. Se fosse possível, as árvores também deveriam poder lavar suas folhas regularmente. Normalmente, as folhas limpas não absorvem os raios infravermelhos. Com isso se evita um superaquecimento. Mas, se as folhas estão sujas de pó, ao invés de luz, que fornece energia, elas absorvem mais infravermelho. A poeira também diminui a secreção de água das folhas. Sem este resfriamento, frequentemente as folhas são aquecidas a uma temperatura superior a 45 graus centígrados e queimam.

Consequentemente, diminui o trabalho de fotossíntese e, por conseguinte, leva à morte.

 (Páginas 40 e 41)

Fotossíntese, também Assimilação

Fotossíntese, também Assimilação: em plantas verdes, é a formação de carboidratos (glicose, energia) a partir de dióxido de carbono e água, com a ajuda da luz do sol sob a forma de energia.

Além destes danos indiretos às árvores, frequentemente ocorrem também lesões diretas, principalmente em construções. As raízes são cortadas, a terra é escavada ou os ramos são desfolhados, os galhos são cortados ou a casca é ferida ou, ainda, asfalta-se o pé da árvore.

As árvores também têm outras tarefas, cujo efeito, entretanto, só é alcançado efetivamente quando se fazem plantações grandes, com uma extensão mínima de 50 a 100m. No ar se encontra enorme quantidade de elementos sólidos, que chamamos em geral de poeira. No campo há cerca de 8.000 e na cidade cerca de 200.000 partículas por cm3. Estas partículas se constituem de substâncias físico-químicas nocivas e venenosas (p.ex. escapamento de motores, chumbo, substâncias radiativas e dióxido de enxofre, etc.). A poluição do ar com elementos sólidos provoca doenças pulmonares, bronquite, catarro, câncer pulmonar e alergias. As partículas com diâmetro menor de 1/5000mm entram diretamente na corrente sanguínea e lá causam seus danos.

Esta árvore mede aproximadamente 25 metros de altura e sua copa tem um diâmetro de mais ou menos 15 metros, cobrindo uma área de 160m2. Com suas cerca de 800.000 folhas, ela multiplica por 10 a área coberta pelas suas folhas, perfazendo 1600 m2. Através de seus milhões de estômatos (aberturas pela quais as folhas respiram) o dióxido de carbono do ar chega às células onde, com o auxílio da fotossíntese, reação química que utiliza a energia solar e a água, transforma-se em carboidratos (açúcares que fornecerão energia à planta) e libera oxigênio. Nesta árvore a superfície

das células chega a 160.000m2. Por outro lado, sabe-se que uma árvore com 150m2 de folhas fornece, durante sua fase de assimilação, o oxigênio necessário a um homem, deduzindo-se então que a árvore do exemplo ao lado fornece oxigênio para onze pessoas. Para isso ela gasta diariamente o bióxido de carbono expelido por duas casas e meia, com uma família cada. Naturalmente a árvore também utiliza oxigênio e expele dióxido de carbono, porém em quantidades desprezíveis. Se esta árvore fosse derrubada por qualquer motivo e se quiséssemos substituí-la pelo seu valor integral, seria necessário plantarmos cerca de 2.500 árvores novas, com um volume de copa de 1m3 cada uma. Os custos deste plantio seriam elevadíssimos.

As áreas verdes densamente plantadas com árvores não produzem poeira, com raras exceções (pólen). Pelo contrário, a poeira é absorvida pelas plantas. Medições exatas provaram que o número de partículas de sujeira é seis vezes maior no centro da cidade do que num parque.

Existe maior quantidade de bióxido de carbono nas cidades devido às fontes de calor das residências e indústrias. Na realidade, o bióxido de carbono é inofensivo, mas em grandes concentrações (mais de 4%) pode tornar-se perigoso (sufocamento por falta de oxigênio). Há também certos gases venenosos, monóxido de carbono, por exemplo, que são encontrados em grande quantidade e podem se tornar prejudiciais à saúde. As áreas verdes contribuem para o desenvenenamento, através da assimilação e filtração do ar. Os gases venenosos e prejudiciais aos homens são soprados para longe pelas correntes de ar que saem das áreas verdes e árvores.

Quando há falta de áreas verdes, surgem nuvens de fuligem, como se pode observar sobre quase todas as cidades grandes. Estas engolem cerca de 20% dos raios solares e quase toda a radiação ultravioleta. A radiação ultravioleta influi na formação de vitaminas e hormônios, mata bactérias, produz a vitamina D, na pele, que age sobre certas doenças. Além disso, as nuvens de fuligem impedem a irradiação do calor e, portanto aumentam a temperatura (mormaço). Em dias quentes e sem vento, forma-se sobre a cidade uma nuvem espessa. A poluição do ar e a temperatura aumentam em direção ao centro da cidade.

Devido às diferenças de temperatura entre as áreas construídas e as áreas verdes ou ruas arborizadas, forma-se um movimento constante de ar. O ar aquecido e sujo sobe e um ar mais frio e relativamente mais limpo desce. Este processo é também um meio eficaz contra o forte superaquecimento das cidades.

(Páginas 42 e 43)

O que é uma iniciativa civil?

As iniciativas civis, na forma que nós conhecemos, já existem há alguns anos na Alemanha. Elas tiveram a sua origem nos movimentos estudantis, pois sempre foi claro que questões sócio-políticas, que dizem respeito a todos (construção de estradas, usinas, etc.) não são decididas no interesse da população atingida. Existem verdadeiras calamidades nos planejamentos errados e nos não planejamentos (organização, falhas de necessidade geral em áreas sociais e educacionais).

Ao invés de falar de planejamentos errados, pode-se também dizer que alguns interesses (indústria, lucro) são imediatamente atendidos, enquanto outros ficam esperando – seria então o caso das pessoas atingidas se lançarem à luta.

 

As experiências na Alemanha revelam que esse “lançar-se à luta” pode ter êxito e que, portanto, não se deve simplesmente aceitar tudo. Tais êxitos, todavia, só são alcançados através de trabalhos demorados e persistentes. É necessário o apoio da população, deve-se estar em condições de apresentar alternativas (não também é uma alternativa) e realizar tarefas que devem sensibilizar as autoridades e as instituições políticas e, para isso, se precisa também de um porta-voz.

Este pode ser algum meio de comunicação (jornal, rádio, Tv, etc., ou uma publicação oposicionista, folheto ou jornal alternativo): Representantes de meios de comunicação estabelecidos infelizmente, muitas vezes, estão mais interessados em vendagem de jornais do que na iniciativa em si. Além dessas, há muitas outras possibilidades para o reconhecimento e realização dos próprios objetivos (assembleia, encontro, passeata, seminário, entre outros).

Para que tudo funcione é necessário também organizar-se democraticamente. Existem modelos contrários à democracia representativa. São, por exemplo: cada pessoa é passível de eleição; ser eleito não significa ser escolhido e, sim, encarregado, o grupo é sempre manejado pelo representante eleito, etc.

Uma iniciativa civil não pretende ser representante de outros (como de um partido); seus membros são sempre as próprias pessoas atingidas, mesmo quando a iniciativa parte, às vezes, de outros.

Quanto mais êxito tiver uma iniciativa civil, tanto maior é o perigo de vir a ser usada por um partido ou grupo político e, com isso, torna-se dependente deles. No entanto, a independência financeira e de política partidarista são imprescindíveis. Uma iniciativa civil deveria estar em condições de pensar além dos estreitos horizontes de interesses individuais, por exemplo: “ o importante é que a auto estrada não atravesse o meu jardim, se o parque do vizinho tiver que sofrer as consequências , pra mim tanto faz”.

Todas estas afirmações sobre organização, forma de ação e objetivos teóricos não devem impedir ninguém de simplesmente denunciar uma calamidade, tomar a iniciativa de fazer algo, mesmo se ainda não se tem um escritório, uma máquina impressora ou uma sala de reuniões.

Na Alemanha iniciativas civis se unem

 Cada vez mais, as iniciativas civis detêm calamidades que não se restringem a um beco ou a uma parte da cidade.

Para tornar claro que uma autoestrada não deve atravessar Berlim transversalmente é um planejamento errado, ou para impedir a construção de uma usina nuclear, pela qual serão atingidas muitas pessoas em todas as partes da cidade, é necessário que muitas pessoas se defendam, é necessário que as iniciativas civis existentes e os grupos de bairro se unam.

Um primeiro passo já foi dado. Foi fundada, na Alemanha Ocidental, a União Nacional de Iniciativas Civis para a Proteção do Meio Ambiente (Landesverband Bürgeinitiativen Umweltschutz), à qual pertencem, diversas outras iniciativas que se preocupam com energia nuclear e outros problemas do meio ambiente.

Nos estatutos da LBU consta:

“A união tem a tarefa da reunião geral de seus membros no plano estadual e federal, além da melhor informação e coordenação das atividades entre os membros.

A união defende a proteção do meio ambiente, especialmente a proteção da natureza, das reservas, o cuidado da saúde e o restabelecimento de um meio ambiente humano e ecologicamente intacto.(…)”

Pedimos a todas as iniciativas civis e grupos de bairros existentes, que se ocupam da energia, planejamento urbano, tráfego, problemas de moradias, praças e outras coisas referentes ao meio ambiente que entrem em contato com a LBU ou com um dos endereços abaixo, a fim de trocar experiências e, eventualmente, consultar sobre um trabalho de cooperação. – Este é o apelo que a LBU lança a todos os alemães que se preocupam com o meio ambiente.

(Página 44)

Entidades Gaúchas que Trabalham pelo Meio Ambiente

1. Clube de Observadores de Ares, COA
Rua Cel. Vicente, 281, 6º andar, P/A

2. AGAPAN Leopoldense C.P. 189, S. Leopoldo
Presidente: Atos Raimundo Benvenutti

3. AGAPAN Porto Alegre
Caixa Postal, 1996
Presidente: Engº.José Lutzenberger

4. Associação Injuiense de Proteção ao Ambiente Natural
AIPAN, C.P. 462, 98.700, Ijuí, RS

5. Sociedade Botânica de Passo Fundo
Rua Capitão Eleutério, 463, 99.100, Passo Fundo, RS
Presidente: Dr. Paulo Fragomeni

6. Círculo dos Orquidófilos
Voluntários da Pátria, 28, 2º andar, P/A, RS
A/C Sr. Jorge Harrie Oliveira

7. Associação dos Naturalistas do Rio Grande do Sul
Museu de Ciências Naturais
C.P. 230, P.A.

(Última Capa – Quadrinhos)

Tudo Fede Sem Parar