Crítica publicada em O Globo – Rio Show
Por Luciana Sandroni – Rio de Janeiro – 21.08.1992
Palhaços que não fazem rir
Palhaços no Planalto, de Dinho Valadares, volta ao palco, em curta temporada, no Teatro Posto Seis. A peça tem como pano de fundo os problemas econômicos de um país, seus ministros e o presidente. Todos fantasiados de palhaços,tentando achar uma solução para pagar ao “cobrador”, fazendo um plano econômico que dê certo para derrotar o candidato do povo nas eleições que estão chegando . Mas o que tudo isso tem a ver com criança ou teatro infantil? Nada. A não ser o fato de os atores estarem vestidos de palhaços. Só. Porque nem palhaçadas de circo eles fazem.
A história de Dinho Valadares não tem pé nem cabeça. A única situação que existe de fato é a procura de um plano econômico (se fosse usado o termo pacote, seria mais explorável cenicamente e mais conhecido do público alvo). Não há enredo, nem o que se espera de palhaços: non sense. Não há o que fazer, parece que tudo é apenas repetição das primeiras cenas.
No final, o público é que fica com cara de palhaço. A direção, que poderia salvar a peça com boas brincadeiras, colocando um clima circense no espetáculo, não faz isso. Os atores colocam as roupas, mas não entram no espírito do circo. Apenas acompanham com seus movimentos o ritmo da música de Verdi – e fazem aí os momentos mais engraçados da peça.