Crítica publicada em O Globo – Rio Show
Por Luciana Sandroni – Rio de Janeiro – 17.11.1992
Mergulho em um conto de Andersen
Diretor Miguel Falabella mescla humor e sofrimento no musical A Sereiazinha
Não é por acaso que Hans Christian Andersen se tornou o patrono mundial da literatura infantil. Afinal, sua obra continua encantando crianças do mundo inteiro. A Sereiazinha, um dos seus contos, foi adaptado e musicado por Marcelo Saback e chega ao palco com direção geral de Miguel Falabella.
A adaptação alcança bom ritmo, com diálogos engraçados, principalmente entre as irmãs e a mãe da Sereiazinha que ao fazer aniversário ganha uma permissão para ir à tona e conhecer as praias. Lá ela se apaixona por um príncipe, mas ele nem a vê. A bruxa Cila lhe oferece pernas em troca de sua bela voz para que ela possa conquistar o príncipe. È uma história triste que Saback consegue amenizar com um fim menos trágico para a Sereiazinha.
As músicas, também de Saback, são divertidas. A bruxa (Angela Rabello) conquista o público mesmo fazendo a vilã da história. A emoção é garantida na voz da Sereiazinha vivida pela atriz e dançarina Marianne Ebert, que transmite toda dor e desespero de sua personagem. A direção de Falabella equilibra bem o bom humor com o sofrimento da protagonista. O cenário de Carlos Augusto Lefévre é rico e tem ótimas soluções, como a espuma do final. O figurino de Lessa de Lacerda, vivo e exuberante, colabora com a alegria do musical.
As irmãs da Sereiazinha (Vânia de Brito, Ana Luiza Folly e Élida L’Astorina) e a mãe (Alice Borges) formam o grupo mais divertido da peça. Kiko Mascarenhas como Bobo e Sapo também contribui para o alto astral deste belo musical infantil.