Crítica publicada no Jornal do Brasil – Caderno B
Por Eliana Yunes – Rio de Janeiro – 20.09.1986
Levar brincadeiras para o palco
O espetáculo que está em cartaz no Planetário – Puxa, que Bruxa! É definido pelo diretor Beto Crispun como um show teatral, baseado num roteiro de Sonia Prazeres com canções de seu disco O que é que tem dentro?
A temática gira em torno de brincadeiras de crianças num espetáculo que mistura personagens do folclore brasileiro com outras da tradução dos contos de fada. Como idéia, não é má, desde que brincadeira de criança não tem limites ou parâmetros. Como espetáculo, fica no entanto devendo certa costura de justifique a seleção dos jogos e o próprio aproveitamento musical no corpo do texto. Assim, o encontro do Jabuti e do sapo com, as bruxas é aleatório – poderiam ser quaisquer outras personagens, do mesmo modo que o título optou por um dos jogos levados à cena.
Mas o bonito do trabalho de um grupo praticamente amador em sua primeira experiência de palco está no partido que a direção tira destas alterações muito características do brinquedo infantil, fazendo as transformações no palco e explorando o bom humor das situações.
Também a programação visual, os figurinos e os cenários é bastante feliz na exigüidade de espaço e de recursos à disposição de uma peça infantil qie divide o palco com outros espetáculos.
A experiência de levar brincadeiras para o palco não é nova e no semestre passado Um Dois Três e Já, protagonizou a recordação de brincadeiras em torno da vida escolar, com apuro e sensibilidade. A dificuldade fica por conta de buscar uma linguagem também lúdica e os “ganhos” que estabelecem a sequência para amarrar o texto. Daí a opção que a direção de Beto Crispun faz para marcar o Puxa, que Bruxa! como show onde as variedades são as próprias brincadeiras infantis. Sem ser uma peça teatral nem um show musical, o trabalho não chega a comprometer mas tem curta decolagem para o imaginário infantil.