Crítica publicada no Jornal O Globo
Por Rita Kauffman – Rio de Janeiro – 10.10.1985

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O Grupo Tapa no auge

Com O Noviço (Martins Pena) e Caiu o Ministério (França Júnior), o Grupo Tapa conseguiu a unanimidade dos júris (de teatro infantil e adulto) do Prêmio Mambembe, com sua indicação na categoria grupo, movimento ou personalidade cujo trabalho em prol do teatro foi o mais expressivo no primeiro semestre de 85. As duas peças integram o Festival de Teatro Brasileiro que o Tapa está realizando no Teatro Ipanema e cuja programação deste ano se encerra com Casa de Orates, de Artur e Aluízio de Azevedo, recém-estreado. Se O Noviço e Caiu o Ministério foram boas realizações, é em Casa de Orates que o Tapa alcança seu melhor rendimento em todos os itens da ficha técnica.

Talvez a constatação dos bons resultados de sua iniciativa, ambiciosa e única, de trazer os jovens para um contato mais intimo no comportamento mais solto do diretor Eduardo Tolentino nesta montagem, bem mais audaciosa que as anteriores, rigorosamente didáticas. Em Casa de Orates levou-se a brincadeira às últimas consequências, com o elenco, afinadíssimo, (inclusive ao cantar), fazendo um duelo de interpretação.

E muitas questões podem ser levantadas. Sobre o tão comentado “culto ao corpo”, sobre a insanidade mental e sobre os comportamentos em família. E ainda sobre o teatro, uma questão sempre em aberto.

A linguagem mais ousada adotada por Tolentino encontrou reflexos inspirados em seus colaboradores. Da direção musical de José Lourenço, que deu uma volta das modinhas ao rock, as roupas de Lola Tolentino, divisor de águas entre o século passado e o presente, passando pelo cenário de Ricardo Ferrreira e Olinto Mendes de Sá, cada vez mais criativos e requintados (a sucessão de portas, os camarins do início, o quadro do “malhador” do século passado, a versatilidade da casa/hospício). A coreografia de Cláudio Gaya faz o público vibrar e o elenco, mais uma vez, demonstra sua versatilidade.