Professora Muito Maluquinha: montagem precária põe a perder pelo texto assinado por Ziraldo


Crítica publicada no Jornal do Brasil
por Carlos Augusto Nazareth – Rio de Janeiro – 30.07.2006

 

 

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Maluquice no pior dos sentidos 

Professora Muito Maluquinha em cartaz no Teatro Ziembinski, na Tijuca, serve de exemplo de como pais e professores têm que estar atentos na hora de escolher a peça à qual levarão os filhos ou alunos. O espetáculo é baseado no consagrado texto de Ziraldo. No entanto, esta montagem, com adaptação de Sérgio Abrita, dirigida por Luiz Roberto Pinheiro e com supervisão de Sônia de Paula e Rodrigo Correa, não conduz bem a obra do autor.

Numa visão equivocada, do que seja teatro para crianças, a direção faz do espetáculo uma animação de festa de aniversário. A história é relegada a segundo plano, para que o elenco jogue bola com a plateia e promova brincadeiras, a partir de cantigas de roda. O jogo forçado toma a frente do texto, e do espetáculo que deixa de ser teatro e passa a ser um mero jogo.

No elenco estão quatro crianças com idade em torno de 12 anos e uma adolescente um pouco mais velha, todos sem preparo para o trabalho. O cenário é um plástico branco estendido ao fundo, com um precário desenho de uma cidade, em tinta preta. O palco nu, sem nenhum cenário, recebe como elementos cenográficos cadeiras de plástico, um quadro negro, e apenas a mesa da professora parece um elemento construído com alguma intenção teatral.

A luz, de Rodrigo Correa, é branca, frontal, com 16 refletores de contraluz, que colorem a cena simploriamente. Há algumas canções sobre o tema do espetáculo, gravadas sem nenhuma qualidade técnica e músicas clássicas, que são utilizadas sem nenhuma razão, a não ser talvez pelo fato de já serem de domínio público.