(INFORMAÇÕES PROGRAMA 1ª ETAPA)
(Capa)
Grupo Sobrevento
apresenta
SUBMUNDO
Sobrevento explora novos caminhos no Teatro de Animação
Veja o editorial
No dia 11 de setembro de 1973, Salvador Allende faz seu último discurso na Rádio Magallanes: “A história é nossa e é o povo quem a faz.”
Veja a cena 11
Antônio Conselheiro faz profecias para o fim do século
Veja a cena 7
Jonathan Swift apresenta modesta proposta para acabar com a miséria, com abortos e para transformar crianças sem futuro em membros úteis à sociedade
Veja a cena 8
Olho por olho, dente por dente… Será essa a única via?
Veja a cena 7
Programa de Fomento leva Sobrevento à Zona Leste de São Paulo
Veja a cena 3
“Memento homo quia pulvis es et in pulverem reverteris”
“Lembra-te, homem, que és pó e em pó te hás de converter”
(Verso da Capa)
Sobrevento explora novos caminhos no Teatro de Animação
Submundo é um espetáculo do Grupo Sobrevento, destinado ao público adulto, que caminha nas fronteiras entre o Teatro, a Dança, as Artes Plásticas, a Música, a Literatura e a História, buscando construir um discurso sobre um Terceiro Mundo que se vê cada vez mais isolado e com perspectivas cada vez mais reduzidas.
Submundo é fruto de um esforço de pesquisa, do engajamento e da parceria de muitos profissionais maduros que têm em comum a coragem e o desejo de correr riscos e trilhar caminhos desconhecidos. Surpreendente, Submundo revela um Teatro de Animação moderno, que emprega técnicas inovadoras e dá nova roupagem ao Teatro de Bonecos tradicional.
Nesta nova experiência, o Sobrevento procura apresentar e estimular o espectador a montar um painel, a partir de diferentes peças, que reflita a sua própria condição e a percepção de que não só as agruras e decepções, mas também a esperança e a resistência, que nascem da miséria, da pobreza e da exploração de uns por outros estão espalhados por todas as épocas e lugares.
No segundo semestre de 2003, a Petrobrás leva SUBMUNDO a Recife (PE), Fortaleza (CE), Salvador (BA), Campo Grande (MS), Campinas (SP), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), através do Programa Petrobrás Artes Cênicas, pela Lei de Incentivo à Cultura do MinC.
O espetáculo participa, ainda em 2003, do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (SP) e da Mostra Latinidades do SESC São Paulo (SP).
Graças ao Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo, da Prefeitura Municipal de São Paulo, Submundo cumpre temporada na cidade, oferecendo ingressos a preços populares.
O Teatro do Bem do Mal
Eduardo Galeano
Terroristas mataram trabalhadores de 50 países, em Nova Iorque e Washington, em nome do Bem contra o Mal. E em nome do Bem contra o Mal, o presidente Bush jura vingança: “Vamos eliminar o Mal deste mundo”, anuncia. Eliminar o Mal? O que seria do Bem sem o Mal? Não são apenas os fanáticos religiosos que necessitam de inimigos para justificar sua loucura. Também necessitam de inimigos, para justificar sua existência, a indústria bélica e o gigantesco aparato militar dos Estados Unidos. Bons e maus, maus e bons, os atores trocam de máscaras, os heróis passam a ser monstros e os monstros heróis, conforme a vontade dos que escrevem o drama.
Isso não tem nada de novo. O cientista alemão Werner Von Braun era mau quando inventou os foguetes V-2, que Hitler despejou sobre Londres, porém virou bom quando pôs seu talento a serviço dos Estados Unidos. Stalin era bom durante a Segunda Guerra e mau depois, quando passou a dirigir o Império do Mal. Nos anos da guerra fria, John Steinbeck escreveu: “Talvez todo o mundo precise de russos. Aposto que também na Rússia se precise de russos. Talvez lá os chamem de americanos.” Mais tarde, os russos ficaram bons. Agora, até Putin diz: “O Mal deve ser castigado.”
Sadam Hussesin era bom, assim como eram boas as armas químicas que usou contra os iranianos e os curdos. Depois, tornou-se mau. Já era chamado de Satã Hussein quando os Estados Unidos, que tinham acabado de invadir o Panamá, invadiram o Iraque porque o Iraque tinha invadido o Kuwait. Bush Pai encarregou-se dessa guerra contra o Mal. Com o espírito humanitário e compreensivo que caracteriza sua família, matou mais de 100.000 iraquianos, civis em sua grande maioria. Satã Hussein continua onde estava, porém este inimigo número um da humanidade foi rebaixado para a categoria de inimigo número dois. O flagelo do mundo agora se chama Osama Bin Laden. A Agência Central de inteligência – CIA – ensinou a ele tudo o que sabe em matéria de terrorismo: Bin Laden, amado e armado pelo governo dos Estados Unidos, era um dos principais “guerreiros da liberdade” contra o comunismo no Afeganistão. Bush Pai ocupava a vice-presidência quando o presidente Reagan disse que esses heróis eram “o equivalente moral dos Pais Fundadores da América”. Hollywood estava de acordo com a Casa Branca. Naqueles tempos foi filmado Rambo 3: os afegãos muçulmanos eram os bons. Agora são maus, malíssimos, nos tempos de Bush Filho, treze anos depois.
Henry Kissinger foi um dos primeiros a reagir a recente tragédia. “Tão culpados quanto os terroristas são aqueles que lhes dão apoio, financiamento e inspiração”, sentenciou, com palavras que o presidente Bush repetiu horas depois. Se for assim, o primeiro a ser bombardeado teria que ser o próprio Kissinger. Ele poderia ser acusado de um número muito maior de crimes que os cometidos por Bin Laden e por todos os terroristas do mundo. E em um número maior de países: agindo a serviço de vários governos americanos, deu “apoio, financiamento e inspiração” ao terrorismo de Estado na Indonésia, Camboja, Chipre, Irã, África do Sul, Bangladesh e nos países sul-americanos que sofreram a guerra suja da Operação Condor.
Em 11 de setembro de 1973, exatamente 28 anos antes dos atuais incêndios, o palácio presidencial do Chile ardeu em chamas. Kissinger tinha antecipado o epitáfio de Salvador Allende e da democracia chilena, ao comentar o resultado das eleições: “Não temos por que aceitar que um país se torne marxista pela irresponsabilidade de seu povo.”
(Pagina 01)
Renomado professor inglês da Faculdade de Hartwick analisa a “Modesta Proposta” de J.Swift
David Cody
As razões de Jonathan Swift para escrever “Modesta Proposta”, em 1729, eram complexas. Ele sentia, por si mesmo, que fora exilado para a Irlanda quando preferia ter permanecido na Inglaterra, e seu conhecimento pessoal das injustiças cometidas pelos ingleses apenas intensificaram seu sentimento de inconformidade com o modo como a Irlanda era tratada pelos ingleses. Embora fosse comprometido com os interesses de sua própria classe social, os relativamente prósperos anglo-irlandeses que faziam parte da Igreja da Irlanda, mais do que os presbiterianos irlandeses do Ulster ou do que os católicos, que compunham o maior, e o mais pobre, segmento da população irlandesa, escrevia para o país como um todo. Swift viveu numa Irlanda que era uma colônia – politicamente, militarmente e economicamente dependente da Inglaterra. Convinha manifestamente à Inglaterra manter as coisas como eram: uma Irlanda fraca não poderia ameaçar a Inglaterra, e as medidas que assim a mantivessem eram lucrativas para os ingleses. Assim, a Irlanda era um pais desesperadamente pobre, superpopuloso, cheio – como Swift escreveu – de mendigos, sacrificado pela escassez, sobrecarregado por impostos e sem autoridade sobre seus próprios assuntos. A Inglaterra controlava as leis inglesas. Lordes ausentes possuíam a maior parte das terras. As indústrias irlandesas eram deliberadamente sucateadas para não poder competir com as inglesas. Swift estava revoltado com a passividade dos irlandeses, que se habituaram a esta situação e pareciam incapazes de qualquer esforço para mudá-la. O Parlamento irlandês ignorou numerosas propostas sérias que Swift apresentou para taxar os senhorios ausentes, incentivar as indústrias irlandesas, desenvolver a agricultura, as técnicas agrícolas e a qualidade dos bens manufaturados – as quais poderiam ter começado a mudar a situação.
“Modesta Proposta”, então, é uma paródia irônica das propostas sérias de Swift e uma denúncia indignada contra a exploração dos irlandeses pelos ingleses. Do ponto de vista da retórica, é enormemente sofisticada, requerendo que aceitemos e rejeitemos sua premissa central ao mesmo tempo. Isso Swift deve ao “The Shortest Way with the Dissenters” de Daniel Defoe, de onde inspirou-se para, por de trás de uma aparente razoabilidade e realismo tranqüilo, dirigir uma profunda indignação contra o explorador, ao mesmo tempo que expressa compaixão pelos explorados. Assim, por trás da “Modesta Proposta” está um enfurecido e irônico Swift, perguntando para ambos os lados se o problema não é apenas uma questão de intensidade; uma questão de até que ponto um ser humano – o manipulador ou o manipulado – pode ser desumanizado. Uma vez que o processo de desumanização chega a tal ponto, como é óbvio, em um país no qual nem os mais desafortunados parecem notar ou contestar o fato de que dezenas de milhares de seres humanos passam fome, e onde qualquer um pode, calmamente, tranquilamente e logicamente, como fingir que tudo se passa num lugar distante? “Modesta Proposta” é uma manifestação da indignação e frustração de Swift, e como tal é o mais eloqüente e irônico dos textos por ele produzidos no início do século XVIII com o propósito de envergonhar a Inglaterra e tirar a Irlanda de seu estado letárgico. É uma obra-prima, horrivelmente plausível, tortuosamente manipulativa: deixa ao leitor julgar os seus termos, compreendê-la e determinar até que ponto, estranhamente próximo, poderia ser pertinente em nosso próprio mundo.
Presidente recusa-se a renunciar
Santiago do Chile – O Presidente Salvador Allende acaba de declarar que não irá renunciar ao cargo e prepara-se para enfrentar, corpo a corpo, a tentativa de tomada de poder pelos militares. O discurso, transmitido ao vivo diretamente do palácio de la Moneda, sede do Governo, pela Rádio Magallanes, acontece exatamente depois do bombardeio das torres das Rádios Portales e Corporación, que estão fora do ar. Há rumores de que se encontram aportados barcos da marinha norte-americanos no porto de Valparaíso, dando apoio militar ao golpe de Estado. Mensagens de rádio dão conta de que os militares ofereceram um avião para garantir a fuga do presidente do país. Diante da recusa do Presidente Allende em renunciar ao cargo, os militares golpistas já preparam o bombardeio do Palácio presidencial, que deverá acontecer em poucos minutos.
Diversas pontes do país foram explodidas e oleodutos e gasodutos foram cortados, criando uma situação de isolamento e desabastecimento na capital do pais. Continuam os boicotes promovidos pelos empresários, que esvaziaram as prateleiras dos mercados e provocaram um clima de apreensão e instabilidade que já dura vários dias. O estado de sítio foi declarado e os militares deixaram vazar a informação de que qualquer civil que for surpreendido portando qualquer tipo de arma será sumária e imediatamente executado.
Programa de Fomento leva Sobrevento à Zona Leste de São Paulo
O Sobrevento é um dos Grupos selecionados pelo Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo no ano de 2003. Seu Projeto, consolidando a produção do Grupo Sobrevento, compreende um grande número de ações na Zona Leste a serem desenvolvidas entre 2003 e 2004. Com doze meses de atividades em quatorze meses corridos, o Projeto prevê a reestruturação de recursos humano e material do Grupo, a reorganização de seu acervo, a realização de uma exposição, de uma temporada do espetáculo Submundo a preços populares (nunca maiores que R$5,00), de oficinas de introdução e de aprofundamento, a formação de novos marionetistas, a revitalização de praças da Zona Leste da cidade através da apresentação de espetáculos de fantoches, apresentações gratuitas dos espetáculos do repertório do Grupo em Casas de Cultura da cidade, além de muitas outras atividades. Através do Projeto, o Sobrevento pretende consolidar sua estrutura artística e sua ação na Zona Leste de São Paulo.
(Paginas 02 e 03 – Foto de Cena)
Submundo
Um espetáculo do Grupo Sobrevento
Cenas:
1 – Valsa Branca
(prólogo)
2 – Pedinte
(a partir de texto de Anderson Gangla)
3 – Homem de Areia
4 – Retirantes
(a partir de texto de Eduardo Raffanti)
5 – Pai
6 – Modesta Proposta
(texto de Jonathan Swift, publicado na Irlanda, em 1729)
7 – Santos
(textos de São Mateus e São Pedro, na primeira figura, e de Luiz André Cherubini e Mauricio Santana, a partir de Antônio Conselheiro, na segunda figura)
8 – Guerrilheiro
9 – Matrimônio (Dança dos Lenços)
10 – Homem da Pasta
11 – Últimas Palavras
(Último discurso de Salvador Allende, transmitido ao vivo pela Rádio Magallanes, em 11 de setembro de 1973)
12 – Mamulengo
(a partir do Teatro de Bonecos popular nordestino e inglês)
13 – Valsa Final
(epílogo)
(Página 04)
“Há muitos anos, remexemos tudo aquilo que os bonecos têm feito por todas as épocas e em todos os cantos do mundo. Da longa tradição do Teatro de Bonecos, porém, não queremos mais do que o que fale de hoje a gente de hoje. E dos bonecos, só aquilo que é Teatro.”
Grupo Sobrevento
Algumas reflexões impopulares relativas à moral titeriteira
Michael Meschke
A despeito da pregação dos amigos fanáticos das marionetes acerca da sua arte como a salvação do mundo, parece mais realista reconhecer que o mundo vivo da marionete ainda é pequeno, e tem sido assim durante a maior parte deste século. Também é realista encarar o fato de que a superestima de si mesmo não leva a nada a não ser à estagnação.
Uma interpretação crítica do próprio trabalho seria mais vital e fecunda. O teatro de Bonecos estabelecido caracteriza-se como um mundo enquadrado em convenções estreitas, que encoraja a admiração mútua e mata as novas ideias. Como o novo nunca poderá ameaçar o velho – e os dois sendo espécies diferentes -, usa de uma política que não serve para nada. Não pode haver lugar para preconceitos mesquinhos em um mundo aberto a novas idéias.
Em um relance retrospectivo deste século, vemos que os novos impulsos ao teatro de animação vieram de fora. Artistas de outros campos, tratando ocasionalmente de bonecos, constituíram marcos, de Alfred Jarry, Edward Gordon Craig, Antonin Artaud e Gaston Baty a Oskar Schlemmer, à Bauhaus, a Klee, a Arp, a Calder, etc. Mesmo hoje, existe o mesmo risco de que importantes manifestações teatrais de nossa arte aconteçam fora dos bonecos oficiais em íntima ligação com outras artes ou tendências, como, por exemplo, o The Bread and Puppet Theatre, de Nova Iorque.
É tempo de erguer uma lápide sobre a confusa filosofia titeriteira de falsas definições e presunções de exclusividade.
Não há tal coisa como esta de uma definição estética e filosófica da atividade titeriteira. Estudando as tendências dos bonecos no mundo atual, pode-se, no máximo, distinguir três tipos e correntes nos diferentes tipos de produção, quer consideremos diversos teatros, quer consideremos o repertório completo de um único teatro: tradicional, convencional e criativo.
A marionete tradicional é a fonte esplêndida das verdadeiras tradições folclóricas primitivas, pura e rica como toda arte popular. Ela ainda existe aqui e ali – mas por quanto tempo? Por quanto tempo, ainda, os poucos artistas de Liege, Colônia, Palermo, Atenas, Darpana, Osaka e outras cidades que acaso existem resistirão à luta pela vida, aos compromissos artísticos e ao comercialismo? Já alguns deles capitulam diante da chamada modernização, que significa geralmente a destruição de seus valores originais. O teatro de bonecos tradicional é, às vezes, menosprezado, ou apenas tolerado, pela sua curiosidade, mesmo entre os marionetistas. A nobre e primitiva arte popular dos bonecos está morrendo porque ninguém se preocupa com ela.
A marionete convencional é a forma mais comum de teatro de bonecos. É conhecida pelos mais ou menos padronizados protótipos de bonecos e de repertório: as criações originais nada mais sendo que convenções, como é o caso da boneca convencional de cabeça de bola, criada originalmente por Trnka ou Obraztsov, ou como é o caso da ideia do teatro-negro – uma técnica estéril se não for usada artisticamente, ou se for uniformizada em função de um repertório exclusivamente infantil. Os bonecos convencionais podem desenvolver-se, também, fora de situações em que o lado artesanal torna-se uma substituição da arte, onde grandes equipes ou subsídios provocam continuamente novas produções, colocando de lado o aspecto qualitativo. Há também o perigo do tamanho exagerado: o exemplo médio-europeu dos stadtische Buhne (teatros estatais) para shows de atores, quando a arte vira indústria. Mas, geralmente, o teatro de bonecos convencional existe porque as pessoas não indagam POR QUE estão fazendo isto ou aquilo. O mundo mudou desde os Irmãos Grimm, porém alguns repertórios não.
Na marionete criativa, a motivação experimental e criadora é a base fundamental da busca do novo. Os bonecos não são considerados como um objetivo sagrado em si mesmos, mas como instrumentos de comunicação. As pessoas criativas lidam, independentemente de tradições e de dogmas, com os problemas de sua própria época, com a teoria política, com as alternativas para a sociedade e a humanidade.
Não é de se admirar que estas pessoas sejam geralmente jovens, radicais, e a sua fé na própria causa prevaleça sobre considerações estéticas que, às vezes, assustam os amantes-do-bom-trabalho. Não há dúvida de que a evolução do boneco virá daqueles que trabalham de maneira não-ortodoxa e individual, mesmo que aconteça serem mais enraizados no teatro de rua, na música pop, na pintura moderna ou algo além do boneco, de pessoas que aceitam livremente a integração de todos os recursos artísticos.
Seria bom considerar os objetivos da marionete em todas as suas variações, para lutar por uma escolha mais consciente de meios e formas, de modo a dar ao teatro de animação o respeito e a importância por que se tem clamado tanto. Não há razão, a não ser as criadas por nós mesmos para que esta arte não seja reconhecida como um meio de comunicação sério e adulto, em vez de permanecer como uma doce recordação de uma sociedade afeita à ilusão, ao escapismo e à aceitação do mundo tal como ele era.
Portanto, estabeleçamos que não é nenhum crime:
– misturar bonecos com atores vivos;
– usar bonecos muito grandes ou muito pequenos;
-misturar bonecos com máscaras, dança, ópera, drama, cinema, music-hall, música pop, etc, etc;
– usar bonecos em duas dimensões, ou em três dimensões, ou ambas ao mesmo tempo;
– misturar técnicas de animação variadas numa mesma produção;
– reduzir bonecos a atores de menor tamanho para efeitos de perspectiva;
– gostar de Punch & Judy, de Kasper, de Guignol ou qualquer nome que tenham;
– mostrar ou não mostrar o manipulador e sua técnica durante o espetáculo;
– trabalhar meses para atingir a perfeição estética de um boneco ou usar um fósforo como boneco.
E não é nenhum crime acreditar que você, o artista, é capaz de descobrir e de apresentar algo inteiramente novo e diferente. Em qualquer coisa que você faça, o importante é POR QUE você o faz e O QUE quer dizer! Há liberdade na completa falta de preconceito na maneira como alguém lida com os problemas de seu trabalho: o que é importante é o propósito, o resultado. É necessário artistas com este espírito. É necessário redescobrir este pensamento simples de liberação de um novo poder, ainda oculto no tesouro dos bonecos.
Henrique Annes cria música para espetáculo do Sobrevento
O violonista e compositor pernambucano Henrique Annes participa da criação do espetáculo Submundo, compondo músicas especialmente para a montagem do Grupo Sobrevento. O conjunto que as executa ao vivo tem uma formação curiosa: violão, violoncelo, bandolim, viola caipira e percussão. As músicas constituem um dos trabalhos mais consistentes de composição musical para um espetáculo teatral, criando um diálogo com a cena, mais do que simplesmente ilustrando-a. Henrique Annes é considerado um dos maiores violonistas brasileiros, tendo sido um dos fundadores da Orquestra Armorial e o criador da Orquestra de Cordas Dedilhadas e da Oficina de Cordas de Pernambuco.
(Verso da Última Capa)
Sobrevento faz 17 anos
O Grupo Sobrevento, uma das Companhias Estáveis de Teatro mais ativas e conceituadas do país e um dos maiores especialistas brasileiros em Teatro de Bonecos e de Animação, comemora 17 anos de trabalho ininterrupto.
Fundado em 1986, o Sobrevento é um Grupo que trabalha com processos continuados de pesquisa cênica e dramatúrgica, buscando o desenvolvimento da comunicação através do Teatro. Para a criação de seus espetáculos, o Sobrevento parte sempre de uma nova pesquisa, resultando em trabalhos sempre muito diferentes. O Sobrevento é hoje uma das raras companhias que possui um repertório tão diversificado no que se refere a técnicas, espaços e públicos. A seriedade e a qualidade de seu trabalho lhe valeram muitos prêmios importantes (Mambembe, APCA, Shell e Estímulo), o reconhecimento do público de muitas cidades brasileiras e estrangeiras e críticas elogiosas que destacam principalmente o aspecto da pesquisa e a inovação em cada montagem.
Com o pé na estrada
O Sobrevento vive exclusivamente das apresentações dos oito espetáculos que mantém em repertório e é uma das poucas companhias brasileiras cujos espetáculos possuem carreiras tão longas. Com o seu repertório, o Sobrevento tem visitado mais de uma centena de cidades do Brasil e vem construindo uma sólida carreira internacional¸ apresentando-se em vários países da Europa e da América Latina¸ fazendo de uma a duas turnês internacionais por ano.
A cada nova criação, no entanto, o Sobrevento, pela particularidade do seu trabalho, precisa de um tempo de dedicação exclusiva, sendo obrigado a interromper temporariamente suas viagens e apresentações, que tornam inviáveis as fases finais de estudos e ensaios de um trabalho verdadeiramente preocupado com a pesquisa. É esta forma de trabalho que resulta em espetáculos originais e inusitados e que dá ao Grupo a sua itinerância característica. “Com trabalhos que requerem tanto tempo de preparação, uma temporada em uma única cidade não é o suficiente para garantir a estabilidade e a subsistência do Grupo” – diz Sandra Vargas, fundadora do Sobrevento.
Os espetáculos do Sobrevento
Submundo – 2002
Brasil para Brasileiro Ver – 1999
O Anjo e a Princesa – 1999
Cadê o meu Herói? – 1998
Ubu! – 1996
O Theatro de Brinquedo – 1993
Beckett – 1992
Mozart Moments – 1991
Um Conto de Hoffman – 1989
Sagruchiam Badrek / 1998
Ato sem Beckett – 1987
Ato sem Palavras – 1987
“Há muitos sinaes na lua, no sol e nas estrelas”
De cabelos crescidos sem nenhum trato e a cair sobre os ombros, longas barbas grisalhas, mais pra brancas, e vestido com uma túnica de brim azul, Antônio Conselheiro faz as seguintes previsões para o final do século:
“Em 1896 hade rebanhos mil correr da praia para o certão; então o certão virará praia e a praia virará certão. Em 1897 haverá muito pasto e pouco rasto e um só pastor e um só rebanho. Em 1898 haverá muitos chapéus e poucas cabeças. Em 1899 ficarão as águas em sangue e o planeta hade aparecer no nascente com o raio do sol que o ramo se confrontará no céu…Hade chover uma grande chuva de estrelas e ahi será o fim do mundo. Em 1900 se apagarão as luzes”.
O bem e o mal
Frei Betto
(…) Muitos de nós somos pacifistas até que um ladrão entre em nossa casa e mate um ente querido. Então, somos tomados pelos mesmos sentimentos do bandido, deixando emergir o assassino que se escondia nas dobras do nosso coração. Ao impor o preceito de amar os inimigos, Jesus não bancou o ingênuo que imagina haver paz sem ser fruto da justiça. Exigiu, justamente, não fazermos ao próximo o que não queremos que ele faça a nós. Portanto, não se trata de não ter inimigos, mas sim de evitar tratá-los com desumanidade, alimentando a espiral da violência (…)
d´O Estado de São Paulo, 19 de setembro de 2001
Mateus, capítulo 5, versículos 38-48
38 Vocês ouviram o que foi dito: “olho por olho dente por dente”
39 Eu porém lhes digo: Não se vinguem dos que lhes fazem mal. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também.
40 Se processarem você para tomar a sua túnica, deixe que levem também a capa.
41 Se um dos soldados estrangeiros forçá-lo a levar uma carga um quilômetro, leve dois quilômetros
42 Dê a quem lhe pedir alguma coisa e empreste a quem lhe pedir emprestado.
43 Vocês sabem o que foi dito: “Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos.”
44 Mas eu lhes digo: Amem seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês.
45 Para que vocês se tornem filhos do Pai que está no céu. Porque ele faz o céu brilhar sobre os bons e os maus, e dá a chuva tanto aos que fazem o bem como aos que fazem o mal.
46 Se vocês amam somente aqueles que os amam, por que esperam recompensa de Deus? Até os cobradores de impostos fazem isso!
47 Se vocês falam somente com seus amigos, que é que fazem demais? Até os pagãos fazem isso!
48 Portanto, sejam perfeitos assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu.
Primeira Epístola de Pedro, capítulo 4, versículos 18-24
18 Vocês, empregados, sejam obedientes e respeitem os seus patrões, não somente os que são bons e humanos, mas também os maus.
19 Se vocês suportarem sofrimentos injustos, sabendo que esta é a vontade de Deus, ele abençoará vocês.
20 Se vocês fazem o mal, e são castigados, qual é o merecimento de suportarem com paciência o castigo? Se vocês sofrem por terem feito o bem e suportam esse sofrimento com paciência, Deus os abençoará.
21 Pois foi para isto que ele os chamou. Porque o próprio Cristo sofreu por vocês e deixou o exemplo para que sigam os seus passos.
22 Ele não cometeu nenhum pecado e ninguém nunca ouviu uma mentira dos seus lábios.
23 Quando foi amaldiçoado, não respondeu com maldições. Quando sofreu, não ameaçou, mas pôs a sua esperança em Deus, o justo juiz.
24 O próprio Cristo levou nossos pecados em seu corpo sobre a cruz para que morrêssemos para o pecado e vivêssemos para a justiça. Por meio dos ferimentos dele, vocês foram curados.
“Não existe nada constante no mundo, a não ser a inconstância”
Jonathan Swift
(Última Capa)
Atores-manipuladores
Sandra Vargas, Luiz André Cherubini, Anderson Gangla, Mauricio Santana e João Bresser
Músicos
Violão: Henrique Annes ou Vera de Andrade
Violoncelo: Gabriel Borges, Marina Estanislau ou Marisa Johnson
Bandolim: Adalberto Cavalcante ou William Guedes
Viola: Mauricio Capistrano, Augusto César ou Ednaldo Bispo
Percussão: Renato Vidal ou Passarinho Gomes
Criação: Grupo Sobrevento
Dramaturgia: Grupo Sobrevento
Textos: Anderson Gangla, Eduardo Raffanti, Jonathan Swift, São Mateus, São Pedro, Antônio Conselheiro, Salvador Allende e Grupo Sobrevento
Direção: Luiz André Cherubini
Direção Musical: Henrique Annes
Sound Designer: Marcelo Zurawski
Músicas Originais: Henrique Annes (exceto “Flaubaião”, de João Lyra e Egildo Vieira, “Dança de Matuto” de Alfredo Medeiros e “Mandacaru” de Henrique Annes e Berry Wolcolf
Iluminação: Renato Machado
Montagem e Operação de Luz: Gilberto Oliveira
Figurinos: Márcio Medina
Assistência de Figurino: Carol Badra
Costureira: Judite Gerônimo de Lima
Cenografia: André Cortez e Daniela Thomas
Adereços: Carlos Alberto Nunes
Construção do Cenário: Studio Zero Um / Fernando Brettas
Assessoria de Coreografia: Alicio Amaral e Juliana Pardo (Dança dos Lenços), Sergio Benavides e Elena Campos Rojas (Valsa)
Bonecos: Grupo Sobrevento
Maquiagem: Mona Magalhães
Assessoria de Mágica: Volkcane
Design: Ato Gráfico – Hannah e Marcos Corrêa
Fotos: Simone Rodrigues (exceto páginas 1, 2 e 8 – Ato Gráfico)
Produção Executiva e em Turnê: Lúcia Erceg
Direção de Produção: Diagrama 2 – Marlene Salgado e Ricardo Muniz Fernandes
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques
O Grupo Sobrevento é um núcleo da Cooperativa Paulista de Teatro
grupo@sobrevento.com.br
www.sobrevento.com.br
(INFORMAÇÕES PROGRAMA 2A ETAPA)
(Capa)
(Logo) BR Petrobras
apresenta
Espetáculos e Oficinas do Grupo Sobrevento
SUBMUNDO
Memento homo quia pulvis es et in pulverem reverteris
Lembra-te, homem, que és pó e em pó te hás de converter.
Petrobras leva Grupo Sobrevento a sete cidades brasileiras:
Recife, Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro, Campinas, Campo Grande, São Paulo
Veja o editorial
No dia 11 de setembro de 1973, Salvador Allende faz seu último discurso na Rádio Magallanes: “A história é nossa e é o povo quem a faz.”
Veja a cena 11
Antônio Conselheiro faz profecias para o fim do século
Veja a cena 07
Jonathan Swift apresenta modesta proposta para acabar com a miséria, com abortos e para transformar crianças sem futuro em membros úteis à sociedade
Veja a cena 08
Olho por olho, dente por dente… Será essa a única via?
Veja a cena 07
Programação Gratuita
(Verso da Capa)
Petrobras leva Grupo Sobrevento a sete Cidades Brasileiras
A Petrobras, através do Programa Petrobras de Artes Cênicas, patrocina a turnê do espetáculo Submundo, do Grupo Sobrevento, pelas cidades do Recife, Fortaleza, Salvador, Campo Grande, Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, de junho a dezembro deste ano.
Submundo é um raro espetáculo de Teatro de animação que mistura dança, teatro, manipulação de bonecos e música ao vivo composta especialmente pelo violonista Henrique Annes e executada por ele próprio e mais quatro instrumentistas. Além das apresentações do espetáculo, o Grupo Sobrevento dentro do mesmo projeto, apresenta o infantil Cadê meu Herói? Em algumas cidades e realiza Oficinas de Introdução ao Teatro de Animação, visando despertar o interesse de jovens artistas por esta linguagem teatral e ajudando a divulgar uma imagem mais moderna do Teatro de Bonecos. Todas as apresentações do espetáculo Submundo, bem como as oficinas serão gratuitas e os ingressos de Cadê meu Herói? Terão preços populares.
Submundo estreia em novembro de 2002 no Rio de Janeiro, onde faz temporada de janeiro a março de 2003, graças ao patrocínio da RIOARTE, da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro e da Prefeitura do Rio, com o co-patrocínio do Ministério da Cultura, através do Projeto EnCena Brasil.
No segundo semestre de 2003, a Petrobras leva SUBMUNDO a Recife (PE), Fortaleza (CE), Salvador (BA), Campo Grande (MS), Campinas (SP), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), através do Programa Petrobrás Artes Cênicas, pela Lei de Incentivo à Cultura do MinC.
O espetáculo participa, ainda em 2003, do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (SP) e da Mostra Latinidades do SESC São Paulo (SP) e apresenta-se nas cidades de Diadema e de Santos (SP)
Graças ao Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo, da Prefeitura Municipal de São Paulo, SUBMUNDO cumpre temporada na cidade, oferecendo ingressos a preços populares.
O Teatro do Bem do Mal
Eduardo Galeano
Terroristas mataram trabalhadores de 50 países, em Nova Iorque e Washington, em nome do Bem contra o Mal. E em nome do Bem contra o Mal, o presidente Bush jura vingança: “Vamos eliminar o Mal deste mundo”, anuncia. Eliminar o Mal? O que seria do Bem sem o Mal? Não são apenas os fanáticos religiosos que necessitam de inimigos para justificar sua loucura. Também necessitam de inimigos, para justificar sua existência, a indústria bélica e o gigantesco aparato militar dos Estados Unidos. Bons e maus, maus e bons, os atores trocam de máscaras, os heróis passam a ser monstros e os monstros heróis, conforme a vontade dos que escrevem o drama.
Isso não tem nada de novo. O cientista alemão Werner Von Braun era mau quando inventou os foguetes V-2, que Hitler despejou sobre Londres, porém virou bom quando pôs seu talento a serviço dos Estados Unidos. Stalin era bom durante a Segunda Guerra e mau depois, quando passou a dirigir o Império do Mal. Nos anos da guerra fria, John Steinbeck escreveu: “Talvez todo o mundo precise de russos. Aposto que também na Rússia se precise de russos. Talvez lá os chamem de americanos.” Mais tarde, os russos ficaram bons. Agora, até Putin diz: “O Mal deve ser castigado.”
Sadam Hussesin era bom, assim como eram boas as armas químicas que usou contra os iranianos e os curdos. Depois, tornou-se mau. Já era chamado de Satã Hussein quando os Estados Unidos, que tinham acabado de invadir o Panamá, invadiram o Iraque porque o Iraque tinha invadido o Kuwait. Bush Pai encarregou-se dessa guerra contra o Mal. Com o espírito humanitário e compreensivo que caracteriza sua família, matou mais de 100.000 iraquianos, civis em sua grande maioria.
Satã Hussein continua onde estava, porém este inimigo número um da humanidade foi rebaixado para a categoria de inimigo número dois. O flagelo do mundo agora se chama Osama Bin Laden. A Agência Central de inteligência – CIA – ensinou a ele tudo o que sabe em matéria de terrorismo: Bin Laden, amado e armado pelo governo dos Estados Unidos, era um dos principais “guerreiros da liberdade” contra o comunismo no Afeganistão. Bush Pai ocupava a vice-presidência quando o presidente Reagan disse que esses heróis eram “o equivalente moral dos Pais Fundadores da América”. Hollywood estava de acordo com a Casa Branca. Naqueles tempos foi filmado Rambo 3: os afegãos muçulmanos eram os bons. Agora são maus, malíssimos, nos tempos de Bush Filho, treze anos depois.
Henry Kissinger foi um dos primeiros a reagir a recente tragédia. “Tão culpados quanto os terroristas são aqueles que lhes dão apoio, financiamento e inspiração”, sentenciou, com palavras que o presidente Bush repetiu horas depois. Se for assim, o primeiro a ser bombardeado teria que ser o próprio Kissinger. Ele poderia ser acusado de um número muito maior de crimes que os cometidos por Bin Laden e por todos os terroristas do mundo. E em um número maior de países: agindo a serviço de vários governos americanos, deu “apoio, financiamento e inspiração” ao terrorismo de Estado na Indonésia, Camboja, Chipre, Irã, África do Sul, Bangladesh e nos países sul-americanos que sofreram a guerra suja da Operação Condor.
Em 11 de setembro de 1973, exatamente 28 anos antes dos atuais incêndios, o palácio presidencial do Chile ardeu em chamas. Kissinger tinha antecipado o epitáfio de Salvador Allende e da democracia chilena, ao comentar o resultado das eleições: “Não temos por que aceitar que um país se torne marxista pela irresponsabilidade de seu povo.”
(Página 02)
Renomado professor inglês da Faculdade de Hartwick analisa a “Modesta Proposta” de J.Swift
David Cody
As razões de Jonathan Swift para escrever “Modesta Proposta”, em 1729, eram complexas. Ele sentia, por si mesmo, que fora exilado para a Irlanda quando preferia ter permanecido na Inglaterra, e seu conhecimento pessoal das injustiças cometidas pelos ingleses apenas intensificaram seu sentimento de inconformidade com o modo como a Irlanda era tratada pelos ingleses. Embora fosse comprometido com os interesses de sua própria classe social, os relativamente prósperos anglo-irlandeses que faziam parte da Igreja da Irlanda, mais do que os presbiterianos irlandeses do Ulster ou do que os católicos, que compunham o maior, e o mais pobre, segmento da população irlandesa, escrevia para o país como um todo. Swift viveu numa Irlanda que era uma colônia – politicamente, militarmente e economicamente dependente da Inglaterra. Convinha manifestamente à Inglaterra manter as coisas como eram: uma Irlanda fraca não poderia ameaçar a Inglaterra, e as medidas que assim a mantivessem eram lucrativas para os ingleses. Assim, a Irlanda era um pais desesperadamente pobre, superpopuloso, cheio – como Swift escreveu – de mendigos, sacrificado pela escassez, sobrecarregado por impostos e sem autoridade sobre seus próprios assuntos. A Inglaterra controlava as leis inglesas. Lordes ausentes possuíam a maior parte das terras. As indústrias irlandesas eram deliberadamente sucateadas para não poder competir com as inglesas. Swift estava revoltado com a passividade dos irlandeses, que se habituaram a esta situação e pareciam incapazes de qualquer esforço para mudá-la. O Parlamento irlandês ignorou numerosas propostas sérias que Swift apresentou para taxar os senhorios ausentes, incentivar as indústrias irlandesas, desenvolver a agricultura, as técnicas agrícolas e a qualidade dos bens manufaturados – as quais poderiam ter começado a mudar a situação.
“Modesta Proposta”, então, é uma paródia irônica das propostas sérias de Swift e uma denúncia indignada contra a exploração dos irlandeses pelos ingleses. Do ponto de vista da retórica, é enormemente sofisticada, requerendo que aceitemos e rejeitemos sua premissa central ao mesmo tempo. Isso Swift deve ao “The Shortest Way with the Dissenters” de Daniel Defoe, de onde inspirou-se para, por de trás de uma aparente razoabilidade e realismo tranqüilo, dirigir uma profunda indignação contra o explorador, ao mesmo tempo que expressa compaixão pelos explorados. Assim, por trás da “Modesta Proposta” está um enfurecido e irônico Swift, perguntando para ambos os lados se o problema não é apenas uma questão de intensidade; uma questão de até que ponto um ser humano – o manipulador ou o manipulado – pode ser desumanizado. Uma vez que o processo de desumanização chega a tal ponto, como é óbvio, em um país no qual nem os mais desafortunados parecem notar ou contestar o fato de que dezenas de milhares de seres humanos passam fome, e onde qualquer um pode, calmamente, tranquilamente e logicamente, como fingir que tudo se passa num lugar distante?
“Modesta Proposta” é uma manifestação da indignação e frustração de Swift, e como tal é o mais eloquente e irônico dos textos por ele produzidos no início do século XVIII com o propósito de envergonhar a Inglaterra e tirar a Irlanda de seu estado letárgico. É uma obra-prima, horrivelmente plausível, tortuosamente manipulativa: deixa ao leitor julgar os seus termos, compreendê-la e determinar até que ponto, estranhamente próximo, poderia ser pertinente em nosso próprio mundo.
Presidente recusa-se a renunciar
Santiago do Chile – O Presidente Salvador Allende acaba de declarar que não irá renunciar ao cargo e prepara-se para enfrentar, corpo a corpo, a tentativa de tomada de poder pelos militares. O discurso, transmitido ao vivo diretamente do palácio de la Moneda, sede do Governo, pela Rádio Magallanes, acontece exatamente depois do bombardeio das torres das Rádios Portales e Corporación, que estão fora do ar. Há rumores de que se encontram aportados barcos da marinha norte-americanos no porto de Valparaíso, dando apoio militar ao golpe de Estado. Mensagens de rádio dão conta de que os militares ofereceram um avião para garantir a fuga do presidente do país. Diante da recusa do Presidente Allende em renunciar ao cargo, os militares golpistas já preparam o bombardeio do Palácio presidencial, que deverá acontecer em poucos minutos.
Diversas pontes do país foram explodidas e oleodutos e gasodutos foram cortados, criando uma situação de isolamento e desabastecimento na capital do pais. Continuam os boicotes promovidos pelos empresários, que esvaziaram as prateleiras dos mercados e provocaram um clima de apreensão e instabilidade que já dura vários dias. O estado de sítio foi declarado e os militares deixaram vazar a informação de que qualquer civil que for surpreendido portando qualquer tipo de arma será sumária e imediatamente executado.
Programação Gratuita
Endereços, telefones, horários, inscrições
Julho a Agosto – 1ª Etapa
Recife
Fortaleza
Salvador
S. J. do Rio Preto
Outubro a Dezembro – 2ª Etapa
Rio de Janeiro
01 de novembro – às 20h
02 de novembro – às 19h
Teatro João Caetano
Pça. Tiradentes, s/n º – Centro
Fone: (19) 2221.1223
Oficina: 31 de out – de12 às 18h
Campinas
23 de novembro – às 17h e 20h
Teatro Municipal José de Castro Mendes
Praça Correa de Lemos, s/n º – Vila Industrial
Fone: (19) 3272.9389
Oficina: Informações no local
Campo Grande
05 e 06 de dezembro – às 21h
07 de dezembro – às 20h
Teatro Aracy Balabanian
Rua 26 de Agosto, 453 – Centro
Fone: (67) 384.4013
Oficina: 01 e 03 de dezembro – de 18 às 22h
Informações no local
06 e 07 de dezembro – às 16h
Apresentação do infantil Cadê meu Herói?
Preços populares
São Paulo
12 e 13 de dezembro – às 19h
CEU Cidade Dutra
Av. Interlargos com Rua João Ludovice
Fone: (11) 5668.1954
Oficina: Informações no local
(Páginas 03 e 04 – Cartaz com foto do espetáculo)
Cenas:
1 – Valsa Branca
(prólogo)
2 – Pedinte
(a partir de texto de Anderson Gangla)
3- Homem de Areia
4 – Retirantes
(a partir de texto de Eduardo Raffanti)
5 – Pai
6 – Modesta Proposta
(texto de Jonathan Swift, publicado na Irlanda, em 1729)
7 – Santos
(Textos de São Mateus e São Pedro, na primeira figura, e de Luiz André Cherubini e Mauricio Santana, a partir de Antônio Conselheiro, na segunda figura)
8 – Guerrilheiro
9 – Matrimônio
(Dança dos Lenços)
10 – Homem da Pasta
11 – Últimas Palavras
(Último discurso de Salvador Allende, transmitido ao vivo pela Rádio Magallanes, em 11 de setembro de 1973)
12 – Mamulengo
(a partir do Teatro de Bonecos popular nordestino e inglês)
13 – Valsa Final
(epílogo)
SUBMUNDO
Um espetáculo do Grupo Sobrevento
(Página 05)
“Há muitos anos, remexemos tudo aquilo que os bonecos têm feito por todas as épocas e em todos os cantos do mundo. Da longa tradição do Teatro de Bonecos, porém, não queremos mais do que o que fale de hoje a gente de hoje. E dos bonecos, só aquilo que é Teatro.”
Grupo Sobrevento
Algumas reflexões impopulares relativas à moral titeriteira
Michael Meschke
A despeito da pregação dos amigos fanáticos das marionetes acerca da sua arte como a salvação do mundo, parece mais realista reconhecer que o mundo vivo da marionete ainda é pequeno, e tem sido assim durante a maior parte deste século. Também é realista encarar o fato de que a superestima de si mesmo não leva a nada a não ser à estagnação.
Uma interpretação crítica do próprio trabalho seria mais vital e fecunda. O teatro de Bonecos estabelecido caracteriza-se como um mundo enquadrado em convenções estreitas, que encoraja a admiração mútua e mata as novas ideias. Como o novo nunca poderá ameaçar o velho – e os dois sendo espécies diferentes -, usa de uma política que não serve para nada. Não pode haver lugar para preconceitos mesquinhos em um mundo aberto a novas ideias.
Em um relance retrospectivo deste século, vemos que os novos impulsos ao teatro de animação vieram de fora. Artistas de outros campos, tratando ocasionalmente de bonecos, constituíram marcos, de Alfred Jarry, Edward Gordon Craig, Antonin Artaud e Gaston Baty a Oskar Schlemmer, à Bauhaus, a Klee, a Arp, a Calder, etc. Mesmo hoje, existe o mesmo risco de que importantes manifestações teatrais de nossa arte aconteçam fora dos bonecos oficiais em íntima ligação com outras artes ou tendências, como, por exemplo, o The Bread and Puppet Theatre, de Nova Iorque.
É tempo de erguer uma lápide sobre a confusa filosofia titeriteira de falsas definições e presunções de exclusividade.
Não há tal coisa como esta de uma definição estética e filosófica da atividade titeriteira. Estudando as tendências dos bonecos no mundo atual, pode-se, no máximo, distinguir três tipos e correntes nos diferentes tipos de produção, quer consideremos diversos teatros, quer consideremos o repertório completo de um único teatro: tradicional, convencional e criativo.
A marionete tradicional é a fonte esplêndida das verdadeiras tradições folclóricas primitivas, pura e rica como toda arte popular. Ela ainda existe aqui e ali – mas por quanto tempo? Por quanto tempo, ainda, os poucos artistas de Liege, Colônia, Palermo, Atenas, Darpana, Osaka e outras cidades que acaso existem resistirão à luta pela vida, aos compromissos artísticos e ao comercialismo? Já alguns deles capitulam diante da chamada modernização, que significa geralmente a destruição de seus valores originais. O teatro de bonecos tradicional é, às vezes, menosprezado, ou apenas tolerado, pela sua curiosidade, mesmo entre os marionetistas. A nobre e primitiva arte popular dos bonecos está morrendo porque ninguém se preocupa com ela.
A marionete convencional é a forma mais comum de teatro de bonecos. É conhecida pelos mais ou menos padronizados protótipos de bonecos e de repertório: as criações originais nada mais sendo que convenções, como é o caso da boneca convencional de cabeça de bola, criada originalmente por Trnka ou Obraztsov, ou como é o caso da ideia do teatro-negro – uma técnica estéril se não for usada artisticamente, ou se for uniformizada em função de um repertório exclusivamente infantil. Os bonecos convencionais podem desenvolver-se, também, fora de situações em que o lado artesanal torna-se uma substituição da arte, onde grandes equipes ou subsídios provocam continuamente novas produções, colocando de lado o aspecto qualitativo. Há também o perigo do tamanho exagerado: o exemplo médio-europeu dos stadtische Buhne (teatros estatais) para shows de atores, quando a arte vira indústria. Mas, geralmente, o teatro de bonecos convencional existe porque as pessoas não indagam POR QUE estão fazendo isto ou aquilo. O mundo mudou desde os Irmãos Grimm, porém alguns repertórios não.
Na marionete criativa, a motivação experimental e criadora é a base fundamental da busca do novo. Os bonecos não são considerados como um objetivo sagrado em si mesmos, mas como instrumentos de comunicação. As pessoas criativas lidam, independentemente de tradições e de dogmas, com os problemas de sua própria época, com a teoria política, com as alternativas para a sociedade e a humanidade.
Não é de se admirar que estas pessoas sejam geralmente jovens, radicais, e a sua fé na própria causa prevaleça sobre considerações estéticas que, às vezes, assustam os amantes-do-bom-trabalho. Não há dúvida de que a evolução do boneco virá daqueles que trabalham de maneira não-ortodoxa e individual, mesmo que aconteça serem mais enraizados no teatro de rua, na música pop, na pintura moderna ou algo além do boneco, de pessoas que aceitam livremente a integração de todos os recursos artísticos.
Seria bom considerar os objetivos da marionete em todas as suas variações, para lutar por uma escolha mais consciente de meios e formas, de modo a dar ao teatro de animação o respeito e a importância por que se tem clamado tanto. Não há razão, a não ser as criadas por nós mesmos para que esta arte não seja reconhecida como um meio de comunicação sério e adulto, em vez de permanecer como uma doce recordação de uma sociedade afeita à ilusão, ao escapismo e à aceitação do mundo tal como ele era.
Portanto, estabeleçamos que não é nenhum crime:
– misturar bonecos com atores vivos;
– usar bonecos muito grandes ou muito pequenos;
-misturar bonecos com máscaras, dança, ópera, drama, cinema, music-hall, música pop, etc, etc;
– usar bonecos em duas dimensões, ou em três dimensões, ou ambas ao mesmo tempo;
– misturar técnicas de animação variadas numa mesma produção;
– reduzir bonecos a atores de menor tamanho para efeitos de perspectiva;
– gostar de Punch & Judy, de Kasper, de Guignol ou qualquer nome que tenham;
– mostrar ou não mostrar o manipulador e sua técnica durante o espetáculo;
– trabalhar meses para atingir a perfeição estética de um boneco ou usar um fósforo como boneco.
E não é nenhum crime acreditar que você, o artista, é capaz de descobrir e de apresentar algo inteiramente novo e diferente. Em qualquer coisa que você faça, o importante é POR QUE você o faz e O QUE quer dizer! Há liberdade na completa falta de preconceito na maneira como alguém lida com os problemas de seu trabalho: o que é importante é o propósito, o resultado. É necessário artistas com este espírito. É necessário redescobrir este pensamento simples de liberação de um novo poder, ainda oculto no tesouro dos bonecos.
Henrique Annes cria música para espetáculo do Sobrevento
O violonista e compositor pernambucano Henrique Annes participa da criação do espetáculo SUBMUNDO, compondo músicas especialmente para a montagem do Grupo Sobrevento. O conjunto que as executa ao vivo tem uma formação curiosa: violão, violoncelo, bandolim, viola caipira e percussão. As músicas constituem um dos trabalhos mais consistentes de composição musical para um espetáculo teatral, criando um diálogo com a cena, mais do que simplesmente ilustrando-a. Henrique Annes é considerado um dos maiores violonistas brasileiros, tendo sido um dos fundadores da Orquestra Armorial e o criador da Orquestra de Cordas Dedilhadas e da Oficina de Cordas de Pernambuco.
(Verso da Última Capa)
Sobrevento faz 17 anos
O Grupo Sobrevento, uma das Companhias Estáveis de Teatro mais ativas e conceituadas do país e um dos maiores especialistas brasileiros em Teatro de Bonecos e de Animação, comemora 17 anos de trabalho ininterrupto.
Fundado em 1986, o Sobrevento é um Grupo que trabalha com processos continuados de pesquisa cênica e dramatúrgica, buscando o desenvolvimento da comunicação através do Teatro. Para a criação de seus espetáculos, o Sobrevento parte sempre de uma nova pesquisa, resultando em trabalhos sempre muito diferentes. O Sobrevento é hoje uma das raras companhias que possui um repertório tão diversificado no que se refere a técnicas, espaços e públicos. A seriedade e a qualidade de seu trabalho lhe valeram muitos prêmios importantes (Mambembe, APCA, Shell e Estímulo), o reconhecimento do público de muitas cidades brasileiras e estrangeiras e críticas elogiosas que destacam principalmente o aspecto da pesquisa e a inovação em cada montagem.
Com o pé na estrada
O Sobrevento vive exclusivamente das apresentações dos oito espetáculos que mantém em repertório e é uma das poucas companhias brasileiras cujos espetáculos possuem carreiras tão longas. Com o seu repertório, o Sobrevento tem visitado mais de uma centena de cidades do Brasil e vem construindo uma sólida carreira internacional¸ apresentando-se em vários países da Europa e da América Latina¸ fazendo de uma a duas turnês internacionais por ano.
A cada nova criação, no entanto, o Sobrevento, pela particularidade do seu trabalho, precisa de um tempo de dedicação exclusiva, sendo obrigado a interromper temporariamente suas viagens e apresentações, que tornam inviáveis as fases finais de estudos e ensaios de um trabalho verdadeiramente preocupado com a pesquisa. É esta forma de trabalho que resulta em espetáculos originais e inusitados e que dá ao Grupo a sua itinerância característica. “Com trabalhos que requerem tanto tempo de preparação, uma temporada em uma única cidade não é o suficiente para garantir a estabilidade e a subsistência do Grupo” – diz Sandra Vargas, fundadora do Sobrevento.
Os espetáculos do Sobrevento
Submundo – 2002
Brasil para Brasileiro Ver – 1999
O Anjo e a Princesa – 1999
Cadê o meu Herói? – 1998
Ubu! – 1996
O Theatro de Brinquedo – 1993
Beckett – 1992
Mozart Moments – 1991
Um Conto de Hoffman – 1989
Sagruchiam Badrek – 1998
Ato sem Beckett – 1987
Ato sem Palavras – 1987
“Há muitos sinaes na lua, no sol e nas estrelas”
De cabelos crescidos sem nenhum trato e a cair sobre os ombros, longas barbas grisalhas, mais pra brancas, e vestido com uma túnica de brim azul, Antônio Conselheiro faz as seguintes previsões para o final do século:
“Em 1896 hade rebanhos mil correr da praia para o certão; então o certão virará praia e a praia virará certão. Em 1897 haverá muito pasto e pouco rasto e um só pastor e um só rebanho. Em 1898 haverá muitos chapéus e poucas cabeças. Em 1899 ficarão as águas em sangue e o planeta hade aparecer no nascente com o raio do sol que o ramo se confrontará no céu…Hade chover uma grande chuva de estrelas e ahi será o fim do mundo. Em 1900 se apagarão as luzes”.
O bem e o mal
Frei Betto
(…) Muitos de nós somos pacifistas até que um ladrão entre em nossa casa e mate um ente querido. Então, somos tomados pelos mesmos sentimentos do bandido, deixando emergir o assassino que se escondia nas dobras do nosso coração. Ao impor o preceito de amar os inimigos, Jesus não bancou o ingênuo que imagina haver paz sem ser fruto da justiça. Exigiu, justamente, não fazermos ao próximo o que não queremos que ele faça a nós. Portanto, não se trata de não ter inimigos, mas sim de evitar tratá-los com desumanidade, alimentando a espiral da violência (…)
In: O Estado de São Paulo, 19 de setembro de 2001
Mateus, capítulo 5, versículos 38-48
38 Vocês ouviram o que foi dito: “olho por olho dente por dente”
39 Eu porém lhes digo: Não se vinguem dos que lhes fazem mal. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também.
40 Se processarem você para tomar a sua túnica, deixe que levem também a capa.
41 Se um dos soldados estrangeiros forçá-lo a levar uma carga um quilômetro, leve dois quilômetros
42 Dê a quem lhe pedir alguma coisa e empreste a quem lhe pedir emprestado.
43 Vocês sabem o que foi dito: “Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos.”
44 Mas eu lhes digo: Amem seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês.
45 Para que vocês se tornem filhos do Pai que está no céu. Porque ele faz o céu brilhar sobre os bons e os maus, e dá a chuva tanto aos que fazem o bem como aos que fazem o mal.
46 Se vocês amam somente aqueles que os amam, por que esperam recompensa de Deus? Até os cobradores de impostos fazem isso!
47 Se vocês falam somente com seus amigos, que é que fazem demais? Até os pagãos fazem isso!
48 Portanto, sejam perfeitos assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu.
Primeira Epístola de Pedro, capítulo 4, versículos 18-24
18 Vocês, empregados, sejam obedientes e respeitem os seus patrões, não somente os que são bons e humanos, mas também os maus.
19 Se vocês suportarem sofrimentos injustos, sabendo que esta é a vontade de Deus, ele abençoará vocês.
20 Se vocês fazem o mal, e são castigados, qual é o merecimento de suportarem com paciência o castigo? Se vocês sofrem por terem feito o bem e suportam esse sofrimento com paciência, Deus os abençoará.
21 Pois foi para isto que ele os chamou. Porque o próprio Cristo sofreu por vocês e deixou o exemplo para que sigam os seus passos.
22 Ele não cometeu nenhum pecado e ninguém nunca ouviu uma mentira dos seus lábios.
23 Quando foi amaldiçoado, não respondeu com maldições. Quando sofreu, não ameaçou, mas pôs a sua esperança em Deus, o justo juiz.
24 O próprio Cristo levou nossos pecados em seu corpo sobre a cruz para que morrêssemos para o pecado e vivêssemos para a justiça. Por meio dos ferimentos dele, vocês foram curados.
“Não existe nada constante no mundo, a não ser a inconstância”
Jonathan Swift
Atores-manipuladores
Sandra Vargas
Luiz André Cherubini
Anderson Gangla
Mauricio Santana
João Bresser
Músicos
Violão: Henrique Annes ou Vera de Andrade
Violoncelo: Gabriel Borges, Marina Estanislau ou Marisa Johnson
Bandolim: Adalberto Cavalcante ou William Guedes
Viola: Mauricio Capistrano, Augusto César ou Ednaldo Bispo
Percussão: Renato Vidal ou Passarinho Gomes
Criação: Grupo Sobrevento
Dramaturgia: Grupo Sobrevento
Textos: Anderson Gangla, Eduardo Raffanti, Jonathan Swift, São Mateus, São Pedro, Antônio Conselheiro, Salvador Allende e Grupo Sobrevento
Direção: Luiz André Cherubini
Direção Musical: Henrique AnnesSound Designer: Marcelo Zurawski
Músicas Originais: Henrique Annes (exceto “Flaubaião”, de João Lyra e Egildo Vieira, “Dança de Matuto” de Alfredo Medeiros e “Mandacaru” de Henrique Annes e Berry Wolcolf
Iluminação: Renato Machado
Montagem e Operação de Luz: Renato Machado, Gilberto Oliveira ou William Figueiredo
Figurinos: Márcio Medina
Assistência de Figurino: Carol Badra
Costureira: Judite Gerônimo de Lima
Cenografia: André Cortez e Daniela Thomas
Adereços: Carlos Alberto Nunes
Construção do Cenário: Studio Zero Um – Fernando Brettas
Assessoria de Coreografia: Alicio Amaral e Juliana Pardo (Dança dos Lenços), Sergio Benavides e Elena Campos Rojas (Valsa)
Bonecos: Grupo Sobrevento
Maquiagem: Mona Magalhães
Assessoria de Mágica: Volkcane
Design / Ato Gráfico: Hannah e Marcos Corrêa
Fotos: Simone Rodrigues (exceto páginas 1, 2 e 8 / Ato Gráfico)
Produção Executiva e em Turnê: Lúcia Erceg
Direção de Produção: Diagrama 2
Assistente de Produção: Anita Erceg
Produção Local Rio: Valéria Seabra
Produção Local Campo Grande: Andrea Freire
Produção Local São Paulo: Lucia Erceg
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto / Márcia Marques
O Grupo Sobrevento é um núcleo da Cooperativa Paulista de Teatro
Agradecimentos
Alberto Olmos, Alessandra Fernandes, Andréa Freire, Anita Vargas, Belchior Cabral, Cacá Cherubini, Cacau Brasil, Cíntia Stanquiere, Cláudia Vargas, Clélia Cherubini, Dani de Jade, Fátima Viscarra, Fundação Estadual de Cultura de Mato Grosso do Sul, Haroldo Vargas, Marcos Eddom, Renata Barbosa, Simone Ciraque, Sula Andreatto, Veridiana Gomes Fernandes, William (SESC Fortaleza)
Patrocínio
(Logo) BR Petrobras
Apoio
(Logos) Lei de Incentivo a Cultura, Ministério da Cultura, EmCena Brasil, Vidali Transportes, Secretaria Municipal de Cultura de Campinas, Programa Municipal de Fomento para a Cidade de São Paulo, Secretaria de Cultura do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Fundação Cultural de Mato Grosso do Sul, Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Paulo.