As atrizes mirins da nova versão da peça, um texto de Heloisa Perissé e Ingrid Guimarães

 

Crítica publicada no Jornal do Brasil
por Carlos Augusto Nazareth – Rio de Janeiro – 08.08.2004

 

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Pais separados, crianças juntas

A peça Cosquinha, agora só com meninas como protagonistas, diverte e encanta o público 

Cosquinha foi escrito por Heloísa Perissé e Ingrid Guimarães depois do megassucesso Cócegas. Interpretada, inicialmente, pelas próprias autoras, a peça retorna, no Teatro dos Grandes Atores, com as atrizes-mirins Bruna Marquezine e Thaís Muller (aos domingos, Isabelle Drumond entra no lugar de Thais).

O texto fala da relação de duas meninas que têm que conviver nos fins de semana como irmãs, já que são filhas (uma do homem e outra da mulher) de um casal formado por recém-separados. A oportunidade de ficarem sozinhas em casa surge e as duas passam por todas as aventuras que duas crianças podem viver sem adultos por perto – vestir roupas de gente grande, usar maquiagem, pregar sustos uma na outra, provocar medos. Brincam, se divertem, mas também externam suas mágoas sobre as situações que vivem.

As crianças aproveitam a momentânea independência e fazem tudo o que lhes é geralmente proibido, ao mesmo tempo que aprofundam a sua relação de amizade. O texto revela, com humor e leveza, algo comum no mundo contemporâneo: a convivência de crianças de casais separados.

O espetáculo é uma sequência de situações cotidianas, que toda criança vive ou já viveu, daí a grande empatia que causa no público infantil. E os pais costumam se encantar com o carisma das pequenas atrizes.

Bruna Marquezini faz a filha meiga e cheia de mimos, com a graça e doçura a que o público já está acostumado a ver na televisão. Thaís Muller surpreende pelo tempo de comédia e arranca boas gargalhadas da plateia, fazendo uma menina com jeito de moleca.

O cenário, de Clívia Cohen, que ganhou o Prêmio Maria Clara Machado, acompanha a trajetória das meninas pela casa, se transformando em diversos ambientes, como sala, banheiro e quarto, mudanças estas efetuadas por dois contrarregras caracterizados de abajur e vaso de plantas. As crianças conversam com geladeiras, tapetes e vários objetos da casa, que se movem e movimentam de forma criativa. Estes adereços e os figurinos são também assinados por Clívia.

Sura Berditchevsky assina a supervisão de dramaturgia e a direção  do espetáculo, precisa e dinâmica. Cosquinha conta ainda com a preparação corporal de Luís Carlos Tourinho, músicas e direção musical de Marcelo Saback e Ricardo Leão e luz de Aurélio de Simoni.

Cícero Raul e Sarah Lavigne fazem os pais das meninas no início e no fim da peça – personagens que, na primeira versão, eram interpretados também por  Heloísa e Ingrid. Assim, as crianças, vividas por atrizes-mirins, “ganham uma família” como diz Sura, a diretora.

Cosquinha ganhou o Maria Clara Machado de melhor espetáculo e encanta e diverte o público pela identificação com os personagens e com as situações, pelo carisma das atrizes e pelo dinamismo. Trata-se de um espetáculo atual, divertido, que atrai as crianças pelas suas qualidades e pela possibilidade que o público tem de ver de perto, em cena, as atrizes-mirins que já tanto admira na televisão.