Cartaz do espetáculo que estreou no Teatro de Camara, RS, 1980

Programa, 1980

Ludoval Campos, Roseline Baumann e Pedro Waine

Barra

(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

A LENDA DA COBRA GRANDE

Produção: Abrecampo Produções e Promoções Artísticas Ltda.

(Verso da Capa)

A Lenda da Cobra Grande

A Lenda da Cobra Grande, surgiu com o término das Missões jesuíticas no Rio Grande do Sul. Atravessou o tempo na boca do povo dizendo que na guerra contra os invasores, os índios, comandados por um grande guerreiro Sepé Tiaraju, lutaram bravamente, mas acabaram sendo venci­dos. A maior parte deles foi dizimada ou feita prisioneira. Na Missão de São Miguel ficaram apenas os velhos, mulheres e crianças, que tão logo tivessem alguma serventia eram levados por estrangeiros como escravos. Por consequência, o mato foi crescendo e avançando, invadindo a Missão. Com o mato veio a Cobra Grande, que subiu as escadas do templo e se alojou na torre da igreja. Quando sentia fome, enroscada nas cordas que pendiam do alto, atirava-se a badalar… Badalar… E os gritos dos sinos entravam pelo ouvido dos viventes, para bater lá dentro, lá no fundo chicoteando os nervos como se uma tropilha inteira pisoteasse o pensa­mento machucando o coração. Até que uma noite, uma das índias, atentou para o mistério, era decerto a Cobra Grande com fome. E esta índia que de tanto sofrer enlouquecera, pegou seu filho nos braços e lá subiu para a torre de onde o sino chamava. E então tudo se calou… por dois dias, para depois recomeçar. Primeiro calmo, num choro depois chorando mais forte e por fim gritando de novo, e outra china deu seu filho para alimentar a maldita. Assim neste ritual de sinos, choros e silêncio, alimentada a cobra foi inchando e acabou por explodir, levando com ela o resto da tribo. Diz a lenda, que as manchas escuras que se percebem na frente das ruínas de São Miguel, até hoje, são a gordura da cobra que escorreu pelas paredes do templo.

Carlos Carvalho

A peça infanto-juvenil, Lenda da Cobra Grande, recomendada pela 1ª Delegacia de Educação de Porto Alegre, para crianças a partir de 8 anos, não pretende ser uma reconstituição fiel da lenda. O autor apenas partiu da ideia para escrever o texto. A peça pretende, isto sim, estimular a criatividade da criança, pô-la a par de um tema regional, através do qual poderá perceber que não se pode alimentar o mal, sob pena de sermos destruídos por ele. Denunciar também para estudantes e educa­dores e o público em geral que uma cultura foi praticamente destruída juntamente com seus habitantes e que outras estão seguindo o mesmo caminho, pois a Cobra Grande continua solta.
“Dedico este trabalho aos indigenistas de todo o mundo e a todos os trabalhadores e colaboradores do teatro no Rio Grande do Sul”.

Ludoval Campos

(Página 01)

Carlos Carvalho
É formado em Direção Teatral pelo Depar­tamento de Arte Dramática da Universidade do Rio Grande do Sul. Pro­fessor de Dramaturgia, Literatura e Direção naquele Departamento por dois anos e que atualmente dedica-se a direção de espetáculos e a escrever textos teatrais. Suas peças Boneca Tereza e P T Saudações já foram encenadas em Porto Alegre, interior do Estado e Rio de janeiro. Em 1975, conquistou o 2.° prêmio no Concurso Nacional de Contos do Paraná.

Júlio César Saraiva
Hoje é Dia de Rock – O Homem que Não Quis Morrer – A Morta – A Farsa da Esposa Perfeita – Que Lugar é Este? – Retomando tudo – Vamos! Força! Upa! – Cadê o Osso da Minha Sopa? – São alguns dos espetáculos que participou como ator e também acumulando as funções de direção e cenografia. Coordenou a II e III Mostra Gaúcha de Teatro Infantil e cenografia do II Festival de Ta­lentos. Recebeu o Prêmio Açorianos oferecido pela Prefeitura de Porto Alegre, em 1979, com espetáculo Cadê o Osso da Minha Sopa?

Fernando Zimpeck
A partir de 1970 participou como ator nos seguintes trabalhos: Carteiro do Rei – Pop a Garota Legal – Memórias de um Sargento de Milícias – Uma Flor Nascida no Telhado – Bruxinha Do­rotéia – Desgraças de uma Criança – Pão, Circo e Sangue – A Menina das Estrelas – Os Saltimbancos – Duque e Cantora e a Linguiça – O Avarento – Faça-se a Luz para o Esclarecimento do Povo. Como Figurinista e Maquiador contribuiu para os seguintes espetáculos: Dom Xicote da Mula Manca – O Arquiteto Imperador da China – A Viagem de um Barquinho – Macaco e a Velha – O Avarento – O Que Fazer Pela Flor? – Frank, Frank, Frankstein – recebendo por este trabalho Prêmio Açorianos 1979 de Figurinos. Junto com Julio Cesar Saraiva na categoria infantil “Prêmio Tibicuera” por melhor espetáculo infantil, Cadê o Osso da Minha Sopa.

Ricardo Bordini
Músico autodidata, tem participado de vá­rios espetáculos musicais em Porto Alegre, entre eles o musical Rictus.

(Páginas 02 e 03)

A Lenda da Cobra Grande

Elenco

Ludoval Campos
Pedro Wayne
Roseline Baumann

Ficha Técnica

Produtor: Ludoval Campos
Adaptação: Carlos Carvalho
Direção: Julio César Saraiva
Figurinos: Fernando Zimpeck
Música: Ricardo Bordini
Cartaz: Sergio Stein / Julio César Saraiva
Costureira: Odete Bizarra
Fotos: Focontexto
Criação de Iluminação: Flavio Magalhães
Iluminador: Humberto Luiz Reis de Campos
Bilheteria: Doriza Helena Reis de Campos
Produção Executiva: Roseline Baumann
Produção: Abrecampo Produções e Promoções Artísticas Ltda.

Agradecimentos

Associação Nacional de Apoio ao Índio (ANAI), Instituto Cultural Brasileiro Alemão (ICBA), Panambra, Lojas Saci, Samrig, Supermercados Real, IMCOSUL.

(Página 04)

Ludoval Campos
Iniciou no Teatro de Arena de Porto Alegre em 1967 e desenvolvendo entre infantil e adulto os seguintes trabalhos: Rapto das Cebolinhas – Revolta dos Brinquedos – Fuzis da Senhora Carrar – Cordélia Brasil – Arena Conta Tiradentes – Jornada de um Im­becil até o entendimento – Arturo VI – Memórias de um Sargento de Milícias – As Aventuras de Tibicuera – Transe – Palhaço Imaginador ­- LÁ – Macaco e a Velha – Faça-se a Luz Para o Esclarecimento do Povo – Céu, Terra, Água e Ar… Tudo fede sem Parar. Participou nos espetáculos de dança Bezerro de Ouro em 1975 e Metamorfose em 1978. Na função de produtor Teatral produziu, coproduziu ou promoveu os seguintes espetáculos: As Aventuras de Tibicuera – Macaco e a Velha – Metamorfose – Coro dos Perdidos (temporada no Teatro Leopoldina) – Gato Malhado e a Andorinha Sinhá… Uma história de Amor – Céu, Terra, Água e Ar… Tudo Fede Sem Parar.

Pedro Wayne
Iniciou suas atividades artísticas no Teatro de Bolso de Bagé como ator e diretor. Em 1976 em Porto Alegre, participou como ator nos seguintes trabalhos: Dom Xicote da Mula Manca Transe – Os Pintores de Canos – Liberdade, Liberdade – Praça de Re­talhos – Pega pra Kaputt, recebendo com este trabalho o Prêmio Açorianos 1979 de Melhor Ator Coadjuvante.

Roseline Baumann
Iniciou no Teatro de Arena de Porto Alegre com atriz em 1977 no Grupo Açorianos com: O Homem que Enganou o Diabo e Ainda Pediu Troco – Ivone e sua Família – Farrapos – em 1979 exerceu a função de Secretária Teatral do espetáculo infantil nas escolas de Porto Alegre: Gato Malhado e a Andorinha Sinhá… Uma História de Amor – e atriz: Céu, Terra, Água e Ar… Tudo fede sem Parar. Atual­mente está cursando Licenciatura em Artes Dramáticas no Departamento de Artes Dramáticas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

A Abrecampo Produções e Promoções Artísticas Ltda., através de Ludoval Campos já encaminhou para as escolas e teatros do Rio Grande do Sul os seguintes espetáculos:

1975 – Promoveu o espetáculo infanto-juvenil As Aventuras de Tibi­cuera de Érico Veríssimo.

1976 – Promoveu o mesmo espetáculo para as escolas de São Paulo.
Produção e Promoção do espetáculo infantil, premiado pelo Ser­viço Nacional de Teatro, como melhor espetáculo infantil do ano O Macaco e a Velha.

1978 – Produção e Promoção do espetáculo infantil, premiado pelo Serviço Nacional de Teatro, como melhor espetáculo infantil do ano O Macaco e a Velha.

(Verso da Última Capa)

1979 – Coprodução e promoção do espetáculo infantil Gato Malhado e a Andorinha Sinhá… Uma História de Amor, de Jorge Amado. No mesmo ano, coprodução e promoção do espetáculo infanto-­juvenil Céu, Terra, Água e Ar… Tudo Fede Sem Parar, adaptado pelo professor José Lutzemberger, e dirigido por Wolfgang Kolneder, que veio especialmente da Alemanha, do Grips Theater Berlim para esse evento, que depois de um grande sucesso de crítica e público em Porto Alegre, conseguindo ônibus patrocinado pela Secretaria do Meio Ambi­ente, levou um grande número de colegiais, numa promoção ecológica, ao teatro. A convite do Instituto Cultural Brasileiro Alemão viajou para: Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Salvador, Goiânia e Brasília.

A Cobra Grande e os Povos Indígenas

Afirma-se nos livros escolares que existiam índios no Brasil na época de seu descobrimento. Isto dá a entender que atualmente não existem mais Nações Indígenas no Brasil e na América. Quando do descobrimento haviam vários Povos divididos em Nações, que nesta época eram aproxi­madamente 5 milhões. A Cobra Grande (Civilização Ocidental) foi en­trando, massacrando e exterminando as Nações Indígenas, dizendo que queria civilizar e, ou catequizar. Mas o que queriam e querem são as ter­ras indígenas e suas riquezas naturais. Como não conseguem comprar a alma e altivez dos índios, resta-Ihes exterminá-los, considerá-Ios extintos. Este fato não passa de sutilezas da Cobra Grande. Hoje no Brasil temos mais de 200 mil índios de várias Nações, alguns até sem contato com nossa civilização. Quando alguém vê um índio vestido como nós já o apelida de bugre sujo, vagabundo, bêbado, etc. Só porque eles têm um sistema de vida e pensamento diferente do nosso. Sua Sociedade antes da chegada do branco era e continua sendo muito mais justa e humana que a nossa. Parece que nós é que somos os não civilizados. Todos nós nos dizemos cristãos que devemos ter amor ao próximo, ou que lutamos por igualdade e justiça social, mas fazemos o contrário. Não respeitamos os remanescentes indígenas, procuramos integrá-los transformando-os em marginalizados. Continuam de pé e lutando desesperadamente contra a Cobra Grande, várias Nações Guarani estendendo-se seus territórios pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Bolívia. Sua luta de séculos continua! De­vemos sair das legiões da Cobra Grande e nos unir com os indígenas na luta pela sua sobrevivência!

ANAÍ – Associação Nacional de Apoio ao Índio
Reuniões às Terças-feiras, às 20,30 horas.
Núcleo de Porto Alegre: Av. Protásio Alves, 556 – Sala 137

(Última Capa – Anúncio: Loja Saci)

Barra

(INFORMAÇÕES DO CARTAZ)

(Frente)

Ludoval Campos
apresenta

A LENDA DA COBRA GRANDE

Associado à APETERGS

Adaptação: Carlos Carvalho
Direção: Júlio César Saraiva
Figurinhos: Fernando Zimpeck
Músicas: Ricardo Bordine
Desenho: Júlio & Stein

Elenco

Ludoval Campos, Pedro Vayne, Roseline Baumann

Colaboração

Real Supermercados, ANAI, Saci Calçados moda infantil

Ingressos a Venda:

Dr. Lores, 229
Independência, 1263
Mal. Floriano, 204
Protásio, 290

Teatro de Câmara – 16 horas