(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)
(Capa)
Centro Cultural Banco do Brasil
apresenta
A ORQUESTRA DOS SONHOS
(Verso da Capa)
A Orquestra dos Sonhos
A Orquestra dos Sonhos, do compositor e maestro Tim Rescala, é um espetáculo para a garotada e foi criado em cima de duas certezas: que a sensibilidade está em todos nós, esperando ser educada; e que ópera, definitivamente, não é chato.
Crianças e adolescentes estão abertos à opera como a qualquer outra arte. Tudo é uma questão de iniciação dedicada e competente, que ensine divertindo. Penetrar no mundo da ópera é uma aventura onde o teatro fornece uma história dramática e a música, com aqueles graves e agudos do canto lírico, revela as emoções. Paixões, vinganças, alegrias e desilusões fazem parte daquilo que chamamos Destino e a ópera canta precisamente isto: a nossa luta contra a Sorte.
O Centro Cultural Banco do Brasil monta A Orquestra dos sonhos com a convicção de que sua riqueza artística e sua adaptação ao público infanto-juvenil contribuem generosamente para a formação de plateias. E o trabalho de Tim Rescala adquire um valor ainda maior por ser daqueles que tomam a estrada menos batida. O caminho – arriscado mas compensador – que conduz os mais jovens ao despertar.
Centro Cultural Banco do Brasil
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Uma Ópera para Crianças
Esta pequena ópera foi escrita em 1996, graças a uma bolsa da RioArte. Sua montagem, logo no ano seguinte no Centro Cultural Banco do Brasil, é para mim um grande privilégio, já que poucos compositores brasileiros têm chance de se exercitar no gênero.
Mesmo sendo destinada ao público infanto-juvenil, A Orquestra dos Sonhos apresenta características musicais não-tradicionais. Embora se utilizando basicamente da linguagem tonal, a partitura apresenta procedimentos característicos da música do século XX, como o atonalismo livre, o dodecafonismo, o minimalismo, e, principalmente, o teatro musical.
Há alguns anos venho desenvolvendo um estilo de música cênica onde os músicos devem falar e tocar ao mesmo tempo, como se seus instrumentos fossem uma extensão de seus corpos. Neste trabalho, acredito ter atingido um grau considerável de desenvolvimento desta técnica, aliando-a ao canto lírico tradicional.
Tendo uma orquestra sinfônica como pano-de-fundo para a estória, esta ópera pretende encantar e cativar o público infanto-juvenil, despertando seu interesse para a música de concerto e para o canto lírico. De maneira lúdica e criativa, espero que as crianças tenham um contato direto e profundo com este universo, sem as barreiras e os pré-conceitos do formalismo e da tradição que normalmente caracterizam o gênero.
Para a realização do libreto, minha experiência anterior com os textos de dois musicais infantis – Paníssimo e Papagueno – foi de suma importância. Com estes dois trabalhos, acredito ter adquirido as ferramentas necessárias para a confecção de um texto que fosse inteiramente elaborado a partir do pensamento musical.
Dedico este trabalho a meu pai, Amado Trescala, que me ensinou a gostar de ópera, e a minha filha Isabela, com quem aprendo todos os dias.
Tim Rescala
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Encenação
Dizem que ópera é uma coisa séria, de adulto. Dizem também que, se qualquer criança assiste a uma, tem vontade de dormir ou de ir jogar videogame.
Foi partindo da ideia de brincar com coisa séria, de adulto, que A Orquestra dos Sonhos foi concebida.
O brincar, para a criança, é coisa mais séria do que o sério do adulto.
A forma mais próxima que se tem de brincar é se envolver, se divertir, E o resto é se deixar levar.
Esta é, na verdade, a proposta desta encenação: envolver e brincar. Brincar com os temperamentos dos músicos-atores, brincar com a ópera buffa, brincar com o lirismo do teatro feito em homenagem às crianças, brincar com a linguagem da ópera formal, e simplesmente, brincar.
O brincar para a ópera se tornar mais próxima, onde a gente se sente mais “perto”, mais dentro.
Tornar a ópera mais acessível, através de sons, gestos e atuações me parece – de saída – uma grande proposta.
P.S. Dedico este espetáculo ao meu querido parceiro Tim Rescala e à querida Lídia Kosovski.
Karen Acioly
Trabalhar com o Tim Rescala é sempre um renovado prazer. Acompanho A Orquestra dos Sonhos desde o iniciozinho, ainda um embrião, gerado graças ao apoio de bolsas do Rio-Arte, batizada pelo CCBB e que terá como padrinhos de consagração o seu público-alvo: a crianá de todas as idades. Meu agradecimento e carinho vai para este excepcional elenco de músicos-atores, adultos/crianças, para a dedicação de toda a equipe, para todos que nos apoiaram e para o sorriso da Nina, minha neta.
Neném Krieger
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1º Ato – O Ensaio da Orquestra
A orquestra ensaia para o concerto que vai se realizar à noite. Os músicos estão insatisfeitos: seus salários estão atrasados, a orquestra desfalcada e eles não aguentam autoritário, interrompe os ensaios, pois as partituras estão com erros. Ele acusa Zeca, o copista, de ter errado ao copiar as partes dos músicos.
Zeca é muito distraído. Compositor frustrado, nunca teve chance de ouvir suas composições, inclusive o concerto para piano e orquestra que fez para Isabela, a pianista, por quem é secretamente apaixonado. Quando se vê ameaçado de ser despedido por mais uma confusão com as partituras, Zeca é salvo por Maria, a faxineira do teatro, que assume a culpa. Maria, ao contrário dos músicos, está contente com seu emprego e se considera a pessoa mais feliz do mundo, pois trabalha ouvindo música.
O diretor da orquestra, o inescrupuloso Larcos Mázaro, interrompe o ensaio para comunicar as novidades. O programa da audição será mudado e o concerto para piano e orquestra de Igor Shatowsky será tocado por sua filha, Magda Godchalka, pianista de muitos dotes físicos, mas nenhum musical. Além disso, Mázaro comunica que os salários atrasados não serão pagos e que a orquestra continuará desfalcada: o dinheiro do patrocínio ainda não saiu. Na verdade, está mentindo, pois recebeu a verba e vai dividi-la com Jacob.
Revoltados, os músicos ameaçam entrar em greve, mas desistem, pois têm medo de perder os empregos. A briga entre Azedo, do sindicato, e Lima, da Ordem dos Músicos, os deixa ainda mais confusos, não lhes restando outra opção senão obedecer ao empresário.
Após um breve ensaio do famigerado concerto de Shatowsky, Mázaro, Jacob e Magda se retiram para posar para os jornais, enquanto os músicos lamentam a má sorte.
Maria, sempre otimista, tenta reanimá-los. Ela quer convencê-los de que a própria música pode reverter a situação com imaginação e criatividade. Propõe que se faça um jogo, onde cada um vai ser um personagem. Eles podem usar as roupas do teatro que estão no palco. Assim, os músicos se transformam em personagens de uma fábula, parecidos com o que são na realidade.
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2º Ato – A Fábula
A Princesa Jinglebell (Isabela) está presa na torre do castelo, graças ao feitiço da bruxa Lourunda (Magda). Ela clama para que um príncipe a salve, pois, por ordem do rei, aquele que o fizer casará com ela e herdará o trono. Mas, para conseguir isso, terá que encontrar a flor da meia-noite.
O arauto do rei (Asdrúbal) anuncia a decisão aos súditos. Entre eles está o Príncipe Garboso (Zeca), que, ao ver a princesa, se apaixona por ela. Mas o conde Asqueroso (Jacob) também se interessa pela princesa, ou melhor, pelo dinheiro dela.
O príncipe sai à procura da flor, enquanto Asqueroso apela para a terrível bruxa Laurunda, feia de cara e de tudo o mais. O Conde promete a Laurunda que ela ficará com a princesa para colocá-la em seu caldeirão, se ela o ajudar a encontrar a flor. A bruxa ensina como encontrá-la, mas o adverte para que não ouse traí-la.
Garboso chega primeiro, mas antes de colher a flor ele encontra o terrível Pôia (Mázaro), o monstro do pântano. Após vencê-lo, o príncipe finalmente encontra a flor. Mas, atrapalhado pelo Gordo (Azedo) e pelo Magro (Lima), acaba perdendo-a para o Conde, que a colhe e sai correndo.
Desolado, o príncipe pede ajuda à Fada Feliz (Maria), que lhe ensina um caminho mais curto para chegar ao reino, onde poderá colher outra flor e levá-lo antes do Conde. Quanto ao Gordo e ao Magro, ela manda que eles voltem por um caminho mais longo, como castigo por suas trapalhadas.
Ao chegar à torre, Asqueroso tem uma desagradável surpresa, pois ela já está salva, ao lado do Príncipe Garboso. Revoltado, o Conde tenta matá-la, mas Lourunda, descobrindo que este iria traí-la, lança um feitiço, condenando-o a espirrar para sempre. O Gordo e o Magro, exaustos, finalmente chegam ao reino, onde a felicidade impera novamente.
Nesta hora, ressurge o terrível Pôia. Mas, para espanto de todos, ele ressurge como Larcos Mázaro; passando uma bronca em todos e mandando que se preparem para o concerto, pois o público já está chegando. Desolados, todos voltam à realidade. Eles veem que tudo foi um sonho: nada mudou e terão que tocar novamente, sem prazer e tristes por não receberem os salários.
Maria, otimista, tenta reanimá-los, insistindo para que reajam usando as armas de que dispõem: seus instrumentos. Azedo tem uma brilhante ideia, apoiada por todos: farão um motim sonoro, Durante o concerto eles não irão seguir as partituras nem a regência. Tocarão o que quiserem: rock, samba, etc…
Finalmente, decidem reagir
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3º Ato – O Motim Sonoro
Sem imaginar o que está por vir, Mázaro informa ao público as mudanças no programa, apresentando mais uma vez sua filha como solista. Logo após os primeiros compassos a orquestra põe em prática o plano. Jacob não entende o que se passa, pois ninguém mais segue a sua batuta, enquanto Magda, que já costuma se perder na música, fica desorientada.
Mázari se apavora e tenta controlar os músicos, mas estes, firmes, declaram greve. O concerto, que deveria ser uma glória, se transforma num escândalo.
Maria se apresenta como representante deles e comunica a Mázaro as exigências para acabar com o motim. Diante do vexame, sem alternativa, ele as aceita. Com seu talento de orador, Mázaro anuncia as mudanças na orquestra, refletidas no programa, que sofre uma nova modificação.
Ele anuncia que, no lugar do concerto de Shatowsky, será apresentado um outro, inédito, composto por Zeca (o mesmo que ele dedicou à Isabela). A solista não será sua filha, mas sim Isabela, que terá sua chance de tocar. E o regente será o próprio Zeca.
Revoltados, Magda e Jacob se retiram, enquanto a orquestra começa o concerto.
Ao final, a plateia aplaude entusiasmada, o que faz Mázaro anunciar as novas modificações na orquestra: os próprios músicos escolherão o que vão tocar; Zeca será o regente titular e Isabela a solista principal. Os dois deixam a timidez de lado e se beijam, apaixonados.
Maria, a fada madrinha dos músicos, faz com que todos celebrem a felicidade que tanto custou a chegar. Até Jacob e Magda não resistem e voltam para se juntar aos outros num grande aplauso final.
Aquela orquestra triste de músicos desanimados havia se transformado, enfim, numa verdadeira orquestra de sonhos.
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Eládio Pérez-González: (Barítomo) Larcos Mázaro, na Fábula é o Monstro Pôia
Marcos Louzada: (Tenor) Jacob Karadepauwsky, na Fábula é Conde Asqueroso
Zé Rescala: (Tenor) Zeca, na Fábula é Príncipe Garboso
Juliana Franco: (Soprano) na Fábula é Fada Feliz
Maria Teresa Madeira: (Piano) Isabela, na Fábula é Princesa Jinglebell
Monique Aragão: (Piano) Magda Godchlka, na Fabulo é a Bruxa Lourunda
Rodolfo Cardoso (Percurssão) Lima, na Fábula é o Magro
Oscar Bolão: (Percussão) Azedo, na Fábula é o Gordo
Lulu Pereira: (Trombone-baixo) Asdúbal, na Fábula é o Arauto do Rei
Omar Cavalheiro: (Contrabaixo) Raivowsky, na Fábula é Raivowsky, o Contrabaixista
Pequena Orquestra
Violino: Carlos Moreno
Viola: Déborah Cheyne
Violoncelo: Luciano Vaz
Flauta e Flautin: David Ganc
Clarinete: Lena Verani
Fagote: Aloysio Fagerlande
Trompete: Paulo Mendonça
Trompa: Philip Doyle
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Musica e Libreto: Tim Rescala
Régie/Direção: Karen Acioly
Cenários: Lídia Kosovski e Pedro Girão
Figurinos: Ney Madeira
Iluminação: Paulo César Medeiros
Direção de Produção e Coordenação Geral: Neném Krieger
Assistente de Direção: Claudia Mele
Operador de Som: Ricardo Santos
Assistente de Figurinos: Lenita Ribeiro
Costureira: Mara Lopes
Alfaiate: Macedo Leal
Aderecista: Cláudia Taylor
Divulgação: Cida Fernandes e Júlio Gallo
Projeto Gráfico: Tira-Linhas Stúdio
Fotografia: Paulo Jabur
Produção Técnica: Ângela Brasil
Assistente de Produção: Rosi Vieira
Cabeleireiras: Vânia B. de Souza e Marilene Dias
Camareiras: Sheila Aquino e Diva de Aquino
Contrarregra: Paulo Garcia
Produção: Cia. da Lona Promoções Culturais
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Palavras Importantes
Afinação: quando os instrumentos estão bem regulados para tocar juntos.
Batuta: pequeno bastão de madeira usado pelo maestro como para os músicos vejam melhor seus movimentos.
Concerto: uma peça musical que tem um instrumento como solista e também uma apresentação musical com um ou mais músicos.
Copista: aquele que copia as partituras de cada instrumento, de acordo com a do maestro, que contém todos os instrumentos. O copista da orquestra é o Zeca.
Compasso: é um jeito de dividir e contar quantos tempos tem uma música.
Da Capo: quando a música é tocada desde o início.
Ensaio: quando se toca a música várias vezes até que ela fique pronta.
Fortíssimo: quando um instrumento é tocado bem forte.
Fosso: é o espaço que fica em frente ao palco, onde a orquestra toca.durante uma ópera ou um ballet.
Maestro: é quem dirige a orquestra, fazendo com que ela toque de acordo com os seus movimentos.
Movimento: uma parte de uma música.
Ópera: é quando a música se junta ao teatro; quando uma história é toda cantada.
Paginista: é aquele que vira as páginas da partitura para que um músico a toque.
Palco: lugar do teatro onde os artistas se apresentam para a platéia.
Pianíssimo: quando um instrumento é tocado fraquinho.
Platéia: lugar do teatro onde o público se senta para ver os artistas que estão no palco.
Spalla: é o primeiro violino da orquestra, que deve chefiar os músicos quando o maestro não está presente.
(Verso da Última Capa)
Agradecimentos
Rádio MEC-FM 98,9 – AM 800Khz, Orquestra Sinfônica Nacional, Centro de Artes da UFF, Wenwe Tecidos Nobres, Antonio Henrique Vieira (Queca), Kiki Monteiro, Regina Salles, Roberto Montero, Rogério Dardeau, Heloisa Fischer, Ludovico Landu-Rémy, Oscar José.
(Última Capa)
(Logos) CCBB, Lei de Incentivo a Cultura – MINC
Centro Cultural Banco do Brasil – Teatro II
12 de Julho a 21 de Agosto de 1997 – sáb. e dom. às 17h
Rua 1º de Março, 66 Centro – RJ – Tel.: 216.0237