Crítica Publicada no Jornal do Brasil
Sem Identificação do Jornalista – Rio de Janeiro – 21.08.1981
A ligação do conjunto MPB-4 com o público infantil não é nova. Já dublou filmes de Walt Disney, como Pinóquio e Aristocratas e, no ano passado, participou com a música O Pato do disco A Arca de Noé e gravou ainda Adivinhe o que é? A partir deste último LP, inteiramente dedicado ao público infantil, nasceu a ideia do musical com o mesmo título do disco que estreia amanhã, no Canecão, às 16h, fazendo temporada de dois meses, sempre aos sábados e domingos.
Durante uma hora as crianças brincarão junto com Rui, Magro, Aquiles e Miltinho, os quatro cantores que encontrarão a Casa do sono, três baús, uma criança, o pai e a mãe do sono, tudo num clima de fantasia. O diretor Benjamim Santos que já dirigiu o conjunto no show Bons Tempos, Hein?, e o MPB-4 têm a mesma ideia do musical infantil: como não existe texto, há muita mímica, muita coisa de circo, mágica e cinema mudo.
Os cenário e figurinos de Maria Carmen – uma cortina separando a montagem musical do cenário do show de Gal Costa – e os bonecos de Marilda Kobachuck, como o Fan-Fan, também são elementos importantes no musical. A Banda Areia, com músicos que acompanham o conjunto desde o show Vira, Virou, também se encontra no espetáculo fazendo a sonoplastia e o acompanhamento musical do quarteto.
A produção do espetáculo é do próprio MPB-4, apesar de não contarem com o apoio de sua gravadora Ariola, “que avalizou o nosso trabalho, mas ao mesmo tempo parece não estar dando importância”, declaram Miltinho e Aquiles. Como sempre foram ligados a trabalhos a trabalhos com o público infantil, resolveram dedicar-se ao musical, depois da gravação, no final do ano passado, de Adivinhe o que é?, que tem a maioria das composições assinada por Renato Rocha, em parceria com Geraldo Amaral, contando ainda com as participações de Geraldinho Azevedo e Ronaldo Tapajós.
Juntos há 16 anos, o teatro também não chega a ser uma novidade para o MPB-4:
– Sempre fomos metidos a ator. No espetáculo Bons Tempos, com texto de Millôr Fernandes, chegamos até a fazer laboratório e expressão corporal, pegando o ritmo do teatro.
O MPB-4 vem ensaiando há dois meses com o diretor Nenjamim Santos que define o espetáculo como “extremamente teatral no sentido da narrativa, da ação, apesar de não ter texto”.
– Há o lado psicológico também, pois não deixa de ser uma provocação à criança, fazendo que ela procure descobrir o que acontece durante o sono. Mas é também uma brincadeira, um jogo próximo do conto de fadas, embora, use elementos da realidade da realidade. A Casa do Sono é a casa de João e Maria, da Branca de Neve, é a Casa de chocolate.