A Rainha Procura

Chovendo na Roseira é uma das reprises que está em cartaz no Teatro Alfa

Matéria publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 30.01.2015

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Duas pérolas infantis voltam à cena no Teatro Alfa

Chovendo na Roseira e A Rainha Procura são duas reprises que merecem ser revistas por toda a família.

Duas ótimas reprises, a cargo de dois grupos muito premiados e competentes, voltaram neste final de janeiro ao cartaz na famosa SALA B do Teatro Alfa, em Santo Amaro. São elas: Chovendo na Roseira, com a Cia. Teatro do Bardo, no horário das 16 horas, e A Rainha Procura, da Cia do Quintal, nas sessões das 17h30. Vale a pena conhecer ou rever.

Chovendo na Roseira fala de uma menina solitária, sem atenção dos adultos, que descobre os encantos do jardim de sua casa. A peça reúne canções que falam de natureza, de ‘fora de casa’, de sol, de água, de passarinhos, de céu, de rio e de mar. O elenco canta A Correnteza (Tom Jobim e Luiz Bonfá), Águas de Março (Tom Jobim), Água (Djavan), Estrada do Sol (Jobim e Dolores Duran), Passaredo (Chico Buarque e Francis Hime), A Cigarra (Milton Nascimento) e Azul (Djavan).  E, claro, Chovendo na Roseira, de Tom Jobim, que dá título à peça. Esse roteiro de canções é encantador, arrebatador e consegue dar o seu recado, fazendo a plateia aplaudir muito o espetáculo, do começo ao fim.

A Rainha Procura, por sua vez, também tem uma participação ativa da plateia. Uma rainha faz um concurso para escolher seu bobo da corte, ou seja, o espetáculo vira uma animada competição de improvisos entre os dois candidatos clowns. A plateia decide quem vence, formando torcidas e vibrando muito. O espetáculo é uma pérola de alto astral, com um elenco que demonstra incrível preparo e habilidade para lidar com improvisações.

Aproveitando a retomada da programação do Alfa, depois do período de férias do teatro, entrevistei Marcio da Silva Lourenço, coordenador educativo e de produção, para nos contar um pouco sobre o sucesso da sala, uma das mais ativas de São Paulo na difícil luta por abrigar teatro infantil de qualidade. Parabéns, Teatro Alfa. Vamos ao papo.

Crescer: Como se dá o processo de escolha das peças infantis que ocupam a sala B do Alfa? 

Marcio Lourenço: Todos os anos, no segundo semestre, o Instituto Alfa de Cultura divulga, no site do Teatro Alfa e da Cooperativa Paulista de Teatro, o início do recebimento de propostas e projetos de espetáculos infantis para a pauta do ano seguinte. Há um prazo para esse recebimento, geralmente do início de setembro ao final da primeira quinzena de novembro. Os trabalhos são analisados por uma comissão, composta pelo gerente de programação, diretora superintendente, coordenador do educativo e assessora pedagógica. Todos os projetos são lidos e discutidos e os registros em vídeo, quando existentes, assistidos. Depois são feitas várias reuniões de seleção, até que se chegue a uma proposta final de pauta.

Crescer: Que critérios vocês levam em conta para se decidirem pelas peças?

Marcio Lourenço: A pauta do teatro é composta por alguns espetáculos inéditos, mas também por espetáculos que já estrearam e já fizeram carreira em outros teatros. Na seleção, procuramos atender e equilibrar alguns critérios. Grupos conhecidos, com carreiras e trabalhos reconhecidos, são sempre bem-vindos, pois seu trabalho confere qualidade à pauta e colocá-los em cartaz é um compromisso com o público. Mas gostamos de contemplar também grupos novos, com ideias inovadoras e bons projetos, que venham estrear no Alfa. Achamos importante ter na pauta algumas adaptações de clássicos da Literatura, especialmente contos de fadas. Prêmios e boas críticas são indicadores, mas não garantem por si só que um espetáculo seja pautado. Outros critérios que buscamos atender são a variedade de linguagens teatrais e a possibilidade de atender a várias faixas etárias (espetáculos que podem ser vistos por crianças bem pequenas, mas também que conversem com crianças maiores, de 11 ou 12 anos).

Crescer: Como se dá a negociação com os produtores dos espetáculos?

Marcio Lourenço: Atualmente, oferecemos às companhias 65 % da bilheteria, material gráfico (programas e banner), Mídia (anúncios todas as sextas-feiras nos Guias da Folha e do Estado), Assessoria de Imprensa e Técnicos de Som, Luz e Palco. Se for peça nova, que vai estrear no Alfa, ela recebe apoio financeiro e vira uma realização do Alfa. Também oferecemos a todas as companhias, além do espaço, os equipamentos necessários para a realização do espetáculo.

Crescer: Qual o maior (os maiores) sucesso infantil de público que a sala B já abrigou?

Marcio Lourenço: Em onze anos de temporadas, alguns espetáculos fizeram muito sucesso e são lembrados até hoje: Zoo Ilógico, da Cia. Truks, Peter Pan e Wendy e Chapeuzinho Vermelho, da Cia. Le Plat du Jour, As Velhas Fiandeiras, das Meninas do Conto, O Circo do Seu Lé, do Grupo Furunfunfum; Circo de Pulgas, da Cia. Circo de Bonecos; A Volta ao Mundo em 80 Dias, da Cia. Solas de Vento, e A Rainha Procura, da Cia. do Quintal estão entre eles.

Crescer: A proximidade do Sesc Santo Amaro, que tem ingressos a preços mais acessíveis, ‘roubou’ um pouco o público de teatro infantil do Alfa?

Marcio Lourenço: Não acredito que exista “roubo” significativo de público. O SESC desempenha um papel importantíssimo no fomento e na acessibilidade à cultura em São Paulo. O teatro do SESC Santo Amaro tem boa programação, mas as condições oferecidas são diferentes.  O Teatro Alfa tem uma tradição de programação consistente e de qualidade e oferece conforto, segurança e comodidades que as famílias valorizam o que as torna clientes frequentes. Vale lembrar que aqui os ingressos também são acessíveis.

Crescer: Qual é o perfil de público da sala B?

Marcio Lourenço: O público da sala B, nos finais de semana, é prioritariamente composto por famílias das classes A e B. Durante a semana são feitas sessões gratuitas dos espetáculos em cartaz para escolas públicas e ONGs, com público das classes C e D. São também realizadas sessões especiais para escolas privadas que colocam uma vinda anual ou semestral ao Teatro Alfa como parte das atividades culturais dos alunos(classes A e B).

Crescer: Existe um tipo de peça (musical, contos de fadas, palhaços, bonecos) que consegue ter maior aceitação com o gosto do público de vocês, ou todas as linguagens vão bem igualmente?

Marcio Lourenço: Não existe determinação do sucesso simplesmente por um tipo de espetáculo ou de determinada linguagem. As reinterpretações das histórias clássicas ou já conhecidas e os contos de fadas despertam grande interesse. Boa música também atrai, especialmente se o repertório já for familiar às crianças.

Crescer: Existe alguma época do ano, algum mês, em que a Sala B fica mais frequentada? Nas férias? Nas aulas? Por quê?Marcio Lourenço: A nossa temporada vai do final de janeiro até meados de dezembro. A ocupação é maior no período das aulas. No mês de junho, o público dos finais de semana tende a ser menor por concorrência das festas juninas nas escolas.

Crescer: Quais as atrações próximas previstas para 2015 na sala B? Pode adiantar algumas?

Marcio Lourenço: Além das duas primeiras, já em cartaz, para 2015 estão previstas (ainda sujeitos a alterações):

2 por 4: Grupo Esparrama (reestreia) – De 04 de Abril a 31 de Maio, às 16h.

Festival Le Plat Du Jour:
Chapeuzinho Vermelho (reestreia) – De 04 a 26 de Abril, as 17h30.
Os Três Porquinhos (reestreia) – De 02 a 24 de Maio, ás 17h30.
João e Maria (reestreia) – De 30 de Maio a 21 de Junho, às 17h30.

A Saga de Dom Caixote
(reestreia) – Fabulosa Trupe de Variedades – De 06 de Junho a 26 de Julho, às 16h.

O Pavão Misterioso
(Estreia) – Grupo Esparrama – De 25 de Junho a 06 de Setembro, às 17h30.

O Mágico de Ovonok
(Estreia) – Grupo Fundo Falso – De 01 de Agosto a 27 de Setembro, às 16h.

Viagem ao Centro da Terra
(Estreia) – Cia. Solas de Vento – De 12 de Setembro a 29 de Novembro, às 17h30.

O Maestrino (Estreia) – Cia. do Quintal – De 03 de Outubro a 29 de Novembro, às 16h.

Festival Melhores de 2015
– 16h e 17h30 (Programação a definir)

Serviço

Teatro Alfa – Sala B
Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722,
Tel. 11 5693-4000
Ingressos a R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia)
Sábados e domingos às 16 h (Chovendo na Roseira) e às 17h30 (A Rainha Procura)
Ambas até 29 de março