Conclusão

Iniciamos o estudo em busca do personagem principal dos espetáculos teatrais: a criança, e partimos para o histórico das produções voltadas a este público no Brasil. Percebemos que a forte presença da narrativa e adaptações na cena carioca atual pode representar tanto uma necessidade dos espectadores, quanto a falta estrutura central do drama: a ação. Encontramos na ação do espectador perante a obra teatral, caminhos que podem incrementar novos enredos e novas temáticas para os conflitos vivenciados no mundo infantil.

Ainda outros temas surgem ao utilizarmos os estudos da formação cognitiva da criança, como base para a criação da ação cênica. Visto que os estágios de desenvolvimento veem no jogo e na imitação recursos facilmente identificáveis pelo público infantil.

A cena teatral carioca vem representando a falta de uma dramaturgia para crianças que não seja apenas voltada para os clássicos. Porém este problema não se apresenta sozinho para ser solucionado. A visão da criança que a sociedade hoje tem. Aliados à informação, conhecimento do teatro infantil e dos espetáculos teatrais em cartaz por parte do público; a falta de propostas que garantam o consumo de cultura para a grande parte alijada deste processo; as condições financeiras para a manutenção dos estudos, iniciativas, e montagens de qualidade, seja por produtores ou por grupos, que mantêm esta arte viva. Criam um conjunto de fatores que são refletidos na cena teatral como um todo e na cena destinada à crianças em particular.

Neste amplo campo de estudos, direcionamos para pequenos pontos de atuação a fim de contribuir como modelos representativos das ações do meio. Dentre as muitas possibilidades apresentadas, muitos aprofundamentos se fariam necessários. E muito mais se tem a questionar sobre os aspectos aqui levantados. Mas deixamos uma pequena contribuição em vista de instigar novos pontos de conflito para a prática da arte teatral para crianças.

Referências Bibliográficas

AGUIAR, Vera Teixeira Era uma vez… na escola: formando educadores para formar leitores BH: Formato,2001.

BENEDETTI, Lúcia. Aspectos do teatro infantil. Rio de Janeiro: SNT, 1969.

BENJAMIN, Walter. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. São Paulo: Duas Cidades, 2002.

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

BORNHEIN, Gerd.  Brecht, a Estética do Teatro. Rio de Janeiro: Graal, 1992.

BROOK, Peter. A porta aberta. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil:teoria Análise, didática. São Paulo: Ed. Moderna,2000.

Kühner, Maria Helena (org). O Teatro dito infantil. Blumenau: Cultura em Movimento, 2003.

NETO, Dib Carneiro. Pecinha é a vovozinha!. São Paulo: DBA Artes Gráficas, 2003.

PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

ROUBINE, Jean-Jacques. A linguagem da encenação teatral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

RYNGAERT, Jean- Pierre. Introdução à análise do espetáculo. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

——. Ler o teatro contemporâneo. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

SANDRONI, Dudu. Maturando – Aspectos do desenvolvimento do teatro infantil no Brasil. Rio de Janeiro: J. Di Giorgio, 1995.

COURTNEY, Richard. Jogo, Teatro & Pensamento: as bases intelectuais do Teatro na Educação, São Paulo Ed. Perspectiva, 1976.