barra-laranja

Todos os anos, desde 2001, comemoramos o dia 20 de Março como o Dia Mundial do Teatro para a Infância e Juventude, criado pela ASSITEJ. Depois de mais de três anos de lutas, em 2008, o CBTIJ conseguiu junto ao Congresso Nacional oficializar, através da Lei 10.722, o Dia Nacional do Teatro para a Infância e Juventude.

A 18ª comemoração do Dia Nacional / Mundial do Teatro para a Infância e Juventude ocorre com a entrega dos troféus da 5º edição do Prêmio CBTIJ de Teatro para Crianças. Este ano, infelizmente, não solicitamos a nenhum artista para criar o tradicional cartaz. Para comemorar a data, recriamos um banner para o site, a partir da arte que nos enviada pela ASSITEJ – Associação Internacional de Teatro para a Infância e Juventude

Tradicionalmente a ASSITEJ convida um ou dois artistas para escreverem uma mensagem comemorativa, que transcrevemos abaixo juntamente com a mensagem da presidente dessa entidade.

barra-laranja

Mensagem de 
Mohamad Al Jounde (*)

O teatro ainda é uma das melhores formas de nos expressarmos e é um espelho que mostra às pessoas o que é bom e o que é errado no nosso mundo. O palco é um espaço onde você pode criar o seu próprio mundo, onde você pode sentir seus sonhos ganhando vida. As crianças com as quais eu costumo trabalhar são capazes de nos mostrar seu passado e o futuro que desejam, através das peças que elas escrevem e interpretam. Essas peças são capazes de mobilizar as emoções das pessoas e dar a elas a chance de viver o que é real para aquelas crianças, porque elas nunca atuam, elas nos mostram seus sentimentos e sua realidade com um toque de arte.

(*) Mohamad Al Jounde

Mohamad Al Jounde, da Síria, ganhou o 2017 International Children’s Right Prize (Prêmio Internacional Direito da Criança 2017), concedido pela Fundação KidsRights. Mohamad tem 17 anos. Aqui está sua história, relatada pelo site KidsRights: 

“Mohamad cresceu na Síria, mas fugiu para o Líbano quando a vida se tornou perigosa demais na sua terra natal. Como milhares de crianças refugiadas do seu país, ele não podia ir à escola. Por isso, ele partiu com o propósito de fazer a diferença na vida de crianças na mesma situação que ele. Apesar das circunstâncias difíceis em que ele vivia, Mohamad construiu uma escola em um campo de refugiados. Com apenas 12 anos, ele estava ensinando matemática e fotografia. Hoje 200 crianças têm acesso à educação nesta escola. Mohamad ajuda crianças a se curar, a aprender e a se divertir através de jogos e da fotografia. Ele é um contador de histórias nato, que conscientiza a todos sobre os desafios enfrentados por crianças refugiadas ao apresentar suas histórias para um público mais amplo”

barra-laranja

Mensagem de Mo Willems (*)

Dia Mundial do Teatro para Crianças e Jovens? É mesmo?

Por que você, entre tantas pessoas, levaria uma criança para assistir “teatro para crianças”?

Você não tem coisa melhor pra fazer do que assistir um bando de adultos, geralmente tão sérios e tediosos, sendo bobos e barulhentos ou tristes ou ridículos só para impressionar uma criança que você ama? A questão é: quem quer ser arrebatado por um mundo de imaginação e história? Quem quer vivenciar personagens e emoções que são ao mesmo tempo espirituais e completamente compreensíveis? Você precisa mesmo da magia, da magia transformadora de uma performance ao vivo, na sua vida? Ver essa magia através dos olhos de uma criança é certo para você? Vamos ser realistas: você gosta de criar memórias que vão ser o trampolim para brincadeiras futuras em uma pessoa jovem que você ama?

Espere.

Isso parece impressionante.

Quando você está aconchegado no seu assento e a cortina abre, saiba que você verá mais do que um espetáculo; você irá vivenciar uma nova e especial forma de conexão com uma criança que é especial para você.

Ah, e essa criança provavelmente vai se divertir também.

PS: O Dia Mundial do Teatro para Crianças e jovens é dia 20 de março de 2018. Mas a magia transformadora do teatro foi prorrogada indefinidamente.

Mensagem Gráfica: Para o Dia Mundial 2018, Mo Willems enviou uma mensagem especial do seu famoso personagem Pigeon (Pombo) – Tradução: Levar uma criança ao teatro é tão divertido quanto dirigir um ônibus.

(*) Mo Willems

Autor, ilustrador, dramaturgo, ex-criança

Mo Willems, dos Estados Unidos, trabalha com livros infantis, TV, teatro e ilustração de figurinhas de embalagem de chiclete. Ele ganhou três prêmios Caldecott, duas medalhas e cinco prêmios Geisel (concedidas pela Associação Norte-Americana de Bibliotecas Infantis), três medalhas Carnegie (prêmio britânico para livros infantis e infanto-juvenis), seis Emmys e inúmeras figurinhas de embalagem de chiclete. Sua peça mais recente, “Naked mole rat gets dressed: the rock experience” estreou neste mês no Seattle Children’s Theater.

Mo Willems é o premiado autor de Don’t Let the Pigeon Drive the Bus, da série Elephant and Piggie e Knuffle Bunny. Seus livros já foram traduzidos em mais de vinte países. No Brasil, tem livros publicados pelo selo Alfaguara, da Companhia das Letras.

barra-laranja

Por Yvette Hardie (*)

Leve uma criança ao teatro hoje! Ou leve teatro até a criança? São ideias igualmente válidas? Este ano temos dois autores de textos sobre o Dia Mundial – um dos EUA e outro da Síria – que representam dois pontos de vista que falam de realidades profundamente diferentes.

Leve uma criança ao teatro tem sido nosso grito de guerra desde 2012, quando celebramos o Dia Mundial do Teatro para Crianças e Jovens, todo dia 20 de março, e reafirmamos nosso compromisso com o direito de toda criança ao acesso a experiências artísticas criadas especialmente para elas. Este ano eu gostaria de argumentar que o inverso disto é frequentemente mais justificável e igualmente importante.

Quando consideramos os milhões de crianças que não moram em áreas com fácil acesso a um edifício teatral (especialmente aqueles criados para elas e suas necessidades), como artistas nós devemos expandir nossas noções sobre o que o teatro pode ser, se nós acreditamos verdadeiramente nas artes como um direito humano básico. Certamente essa não é uma ideia nova na história do teatro, mas de alguma forma a distinção entre formal versus informal ainda parece permear nossos sistemas de valor e nossas noções de qualidade quando falamos sobre teatro para crianças e jovens.

A simples magia que pode transformar um pátio empoeirado ou uma sala periférica, uma sala de aula, ou um complexo para refugiados, com frequência é o que mais se precisa – não apenas porque é mais prático e econômico para encontrar crianças em suas circunstâncias diárias, mas também, em um nível mais profundo, porque É mágico.

O teatro trata sempre da transformação. Ele tem uma capacidade única de transformar um espaço comum, e até mesmo em crise, em um espaço onde a imaginação é ativada e possibilidades inesperadas se desdobram. Ele oferece uma oportunidade em que as crianças podem vivenciar uma poderosa mudança social em ação. Aqui elas podem ver que a transformação é possível. Que a magia pode vir do mundano. Que a alegria pode ser encontrada até mesmo no lugar mais desfavorecido. A qualidade de uma experiência teatral que alcança esse milagre não é menor do que aquela que nos permite alçar voo em um casulo especialmente concebido, com toda tecnologia à nossa disposição.

Nós certamente não negamos o valor especial da experiência tão particular que acontece no edifício teatral. Mas para crianças que vivenciam a agressão diária da vida em uma zona de guerra, para crianças que vivem em remotos vilarejos rurais, para crianças que vivem na pobreza urbana, tem que haver outras opções. E este tipo de transformação pode fazer uma diferença profunda para sua experiência de mundo.

Como profissionais de teatro que estão focados na prática inovadora no teatro para crianças e jovens, nós todos precisamos nos indagar sobre como o teatro pode promover experiências verdadeiramente transformadoras – onde quer que ele encontre um público – e torná-las uma realidade.

Então vamos trabalhar juntos para levar uma criança ao teatro… E para levar o teatro até as crianças em 2018.

 (*) Presidente da ASSITEJ

barra-laranja

Tradução dos textos: Cleiton Echeveste (CBTIJ/ASSITEJ Brasil)