Flyer, 2017

Programa do espetáculo que teve sua temporada de 24.06 a 27.08.2017, no Teatro Oi Futuro Flamengo

José Mauro Brant, Ester Elias, Janaína Azevedo e Lilian Valeska. Fotos: Marian Starosta

(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

Oi, Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro apresentam

MAKURU – UM MUSICAL DE NINAR

De José Mauro Brant e Tim Rescala

(Interior – Foto do elenco)

Makuru ou Macuru

1. Do Tupi maku’ru: Pássaro, segundo Nascentes

2. É o berço do índio. São duas rodelas de cipó unidas uma à outra por cordéis, formando como que um cesto que é suspenso a um caibro da casa por uma corda, ficando distante da terra só a altura necessária para que a criança, metida nele, possa tocar com os pés o chão, e assim pelo movimento das pernas por si se embalar.

Talvez, você não se lembre. Mas, em algum momento de sua vida, alguém cantou uma música de ninar para você. Todos nós fomos crianças e, com certeza, em alguma noite qualquer, o sono não veio. E, uma alma boa, uma mãe, um pai, uma avó, uma babá, dedicou um tempinho para sussurrar algo em nossos ouvidos até fecharmos os olhos.

Makuru reúne uma equipe incrível de profissionais e tem tudo para agradar a gente de todas as idades. Um bonito espetáculo para quem foi embalado. Para quem embalou. Para quem ainda vai embalar.

O Oi Futuro tem investido, cada vez mais, na diversidade dos públicos, querendo que cada vez mais gente, de todas as idades, aproveite a programação do nosso centro cultural e fique, cada vez mais, perto da arte.

Seja bem-vindo!

Roberto Guimarães, Gestor de Cultura do Oi Futuro

O Acalanto é por excelência o gênero musical eleito pelas mães para adormecer as crianças. Popularmente chamada de “canção de ninar”, “de berço” ou ainda “cantiga de macuru”, foi considerada por um poeta espanhol “a veneranda mãe de todos os cantares”. “Existe em toda a parte e existiu em todos os tempos sempre cheia de ternura, afeto e às vezes de aspectos de terror que os nossos meninos devem afugentar, dormindo”.

Câmara Cascudo

Nunca pensei que esse assunto ia me encantar por tanto tempo quando, há exatos 20 anos, estreava no minúsculo auditório do Museu do Folclore Edison Carneiro a minha primeira criação: Contos, Cantos e Acalantos. O espetáculo virou um premiado CD, virou livro e por mais de 10 anos circulou por palcos do Brasil e do mundo.

Agora, 20 anos depois, volto ao mesmo assunto. Ao princípio. Mas não considero um retorno e sim uma nova maneira de abordar o assunto, incorporando esses 20 anos de história. Trazer o tema para a linguagem musical que tenho desenvolvido ao lado do parceiro Tim Rescala, desde Era Uma Vez…Grimm, é olhar pra frente, de olho nesse nosso tempo em que a cultura popular e o folclore andam meio esquecidos em cima do telhado. De repente, fez sentido de novo resgatar as cantigas e sua importância como fonte de conhecimento da nossa identidade. Afinal não seriam os acalantos, primeiro contato com a palavra cantada, nosso rito de iniciação aos temas do mundo? ”Muita atenção ao se cantar. Pois tudo no mundo vai na cantiga parar.”

Dedico esse espetáculo à memória do folclorista Fernando Lébeis, meu mestre Nandú; à minha mãe, aos meus 9 sobrinhos, ao Antônio e à Lua, Theo e Serena, que chegaram agora.

PS: Muito obrigado à equipe mais amorosa e talentosa jamais reunida!

José Mauro Brant

Bibliografia Essencial

Lorca, Frederico Garcia. Canções Infantis in: Conferências. Brasília. Editora Universidade de Brasília; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado. 2000.

Machado, Sílvia de Ambrosis Pinheiro. Canção de Ninar Brasileira: aproximações. Tese de doutorado. USP, SP. 2012.

Jorge, Ana Lucia Cavani. O Acalanto e o Horror. São Paulo: Editora Escuta. 1988.

Cascudo, Luiz da Câmara. Geografia dos Mitos Brasileiros. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1983.

Jecupé, Kaká Werá. A Terra dos Mil Povos-História Indígena no Brasil Contada Por Um Índio. São Paulo: Editora Peirópolis, 1998.

Rodrigues, João Barbosa. Poranduba Amazonense ou Kochiymauara Porandub. Rio de Janeiro: G. Leuzinger & Filhos, 1890.

(Verso da Última Capa)

Makuru – Um Musical de Ninar

de José Mauro Brant e Tim Rescala

Ester Elias
Janaína Azevedo
José Mauro Brant
Lilian Valeska (atriz convidada)

Músicos
Paula Cristina, flauta
Débora Cheyne, viola
Cassia Menezes, violoncelo
Tibor Fittel, acordeon

Texto, Letras e Direção: José Mauro Brant
Música Original, Direção Musical e Arranjos: Tim Rescala
Direção de Movimento e Coreografia: Sueli Guerra
Cenário: Natália Lana
Figurino: Carol Lobato
Bonecos: Bruno Dante
Iluminação: Paulo César Medeiros
Adereços: Natália Lana e Kadu Lobato
Ilustrações: Rosinha
Vídeo Animação: Ricardo e Renato Vilarouca
Maquiagem: Mona Magalhães
Preparação Vocal: Marcello Sader e Janaína Azevedo
Designer de Som: Andrea Zeni
Pianista Ensaiador: Tibor Fittel
Assistente de Direção: George Luís
Assistente de Figurino: Gabi Castro
Assistente de Confecção de Bonecos: Cleyton Diirr
Consultor de Prosódia: Armando Nascimento Rosa
Costureira: Ateliê das Meninas e Sueli Gerhardt
Cenoténico: Andre Salles & Equipe
Costureira de Cenário: Nice Tramontim
Equipe de Montagem de Luz: Luiza Ventura e Vilmar Olos
Operador de Som: Joyce Santiago
Operador de Luz: Pedro Carneiro
Operador de Vídeo: Debora Amorim
Contrarregra: Roberto Kalpakian
Camareiro: José Roberto
Fotos: Marian Starosta
Design Gráfico: Marcos Corrêa
Assessoria de Imprensa: Márcia Vilella e Letícia Reitberger (Target Assessoria de Comunicação)
Produção Executiva: George Luís e Silvana Didonet
Direção de Produção: Cacau Gondomar e Fabrício Polido
Realização: Belazarte Realizações Artísticas

Agradecimentos

Ana Maria Leite Guimarães, Ana Martins, Antônio Guerra, Anthony Lupidi, Armando Nascimento Rosa, Ateliê da Imagem, Aurora dos Campos, Benita Prieto & Grupo  Morandubetá, Beth Lamas, Cátedra Unesco de Leitura, Chiara Santoro, Edith Lacerda, Eliane Yunes, Equipe do Teatro Oi Futuro, Fernando Nicolau, Géu Tibério, Hellenice Ferreira, Joseph Andrade, Luciana Medeiros, Luiz Azevedo, Letícia Gondomar, Maitê Lago, Maria Clara Rente, Maria Helena Ribeiro, Maurício Leite, Quincas, Roberto Guimarães, Rogerio Andrade Barbosa, Sandro Christopher & Enrique Caballe Marimon, Sonia Gondomar, Vera Novello, Wladimir Pinheiro e Zélia Peixoto

(Última Capa)

De 24 de junho a 27 de agosto/2017

Sábados e domingos às 16h.

Oi Futuro Flamengo
Rua dois de Dezembro, 63, Flamengo

L – Recomendação: a partir de 6 anos

Apoio

(Logos) Áudio Cênico, Clássica

Correalização

(Logo) Oi Futuro

Realização

(Logo) Belazarte

Patrocínio

(Logos) Oi, Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de Cultura, Incentivo à Cultura

(Verso)

Está vendo aquela casa?
Lá vive uma
família.
Nem imaginas
há quantas
gerações os
acompanho.
Tenho certeza
que lá alguém
se lembrará de nós!

Tutu

Tutu é um animal sem forma e negro que aparece nas cantigas de ninar. Não é descrito nem há a menor alusão a um detalhe físico. Sabe-se apenas que, à sua simples menção, as crianças fecham os olhos e procuram adormecer sob o império do medo. O Tutu vive nos lábios das amas de todo o Brasil. Tutu é uma corruptela da palavra “Quitutu” do idioma africano quimbundo ou angolês, significando “papão”, “ogre”. Possui o Tutu muitos nomes, correndo os estados e com as naturais adaptações locais. É o Tutu Zambê, Cambê ou Zambeta, o Tutu Marambá, Marabá ou Marambaia.

Murucututu

Murucututu é o nome indígena, de origem tupi, Murucutu’tu, dado a uma coruja das florestas e das noites brasileiras que figura em nossas canções de ninar.

Essa ave habita grande parte do Brasil e da América Latina, em matas altas. 0 folclorista Câmara Cascudo fala sobre a Murucututu: “Parece ser considerada a mãe do sono. Nas cantigas das amas indígenas, a Murucututu é invocada para levar sono às crianças que tardam a dormir.” Para os povos da região amazônica a coruja é uma das formas assumidas por Anandu, divindade que rege um dos ciclos da terra, do céu e do homem. Também conhecida como “o grande mistério”.

João Pestana

O João Pestana, uma entidade mítica do sono, é um personagem da mitologia portuguesa.
O João Pestana é o sono a chegar, um ser muito tímido e assustadiço que aparece devagar quando está tudo silencioso e foge ao mínimo barulho. Quando ele chega, os olhos se fecham, as pestanas se juntam, por isso, nenhuma criança o viu. É equivalente ao Homem de Areia alemão e ao Sandman inglês, que jogam areia nos olhos dos meninos para que eles adormeçam; e também ao personagem de Andersen Ole Lukeoje ou Olavo Fecha Olho que, ao invés de areia, joga doce de leite nos olhos das crianças para fazê-las dormir. O João Pestana é sempre aguardado com ansiedade, ao contrário de outras entidades assustadoras do sono.

É tema frequente nas canções de ninar e nas rimas infantis: “João Pestana, João Pestana, faz dormir o menino na cama.”