Matéria publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 27.12.2013
2013 – Os melhores no teatro para crianças
Minha lista das 15 atrações de maior destaque comprova o talento sem limites dessa arte no circuito paulistano
Em minha última coluna deste ano, relembro com vocês quais foram os melhores espetáculos infantis em cartaz em São Paulo neste 2013. Na minha lista, 15 atrações em ordem alfabética:
A Rainha Procura
O público foi ao delírio em cada sessão desta peça da Cia. do Quintal apoiada em jogos de improviso e com concepção e direção de Cesar Gouvêa. O elenco caprichou ao criar músicas no calor da hora, totalmente inusitadas, fazendo cada espetáculo ser único. Uma pérola de alto astral, complementada por um ótimo trabalho de iluminação e excelentes figurinos.
Circo de Coisas
Nunca foi tão bom ouvir a expressão “mais do mesmo”. O grupo Circo de Objetos voltou fazendo o que sabe fazer de melhor e mais uma vez brilhou. Com pleno domínio da arte de dar vida a formas inanimadas, os atores-manipuladores Claudio Saltini e Sandro Gattone encantaram o público de todas as idades, manipulando rolhas de garrafa e pregadores de roupa.
Coco de Passarinho
Pela primeira vez, a Cia. Noz de Teatro, Dança e Animação, capitaneada por Anie Welter, partiu de um texto literário para realizar um espetáculo. E se saiu muito bem na adaptação do livro de Eva Furnari. Tudo funcionou. Lindos personagens/bonecos do tamanho humano ganhavam vida por meio da técnica de manipulação direta.
Esparrama pela Janela
Uma cativante lição de cidadania, a cargo do novíssimo grupo Esparrama, que enfeitou a cidade ao encenar este espetáculo na janela de um dos prédios que dão vista para o… Minhocão. Uma intervenção urbana feita com muita competência e talento. Humor e poesia, contrastando com o caos da cidade grande.
Experiência
Este movimentado espetáculo brincou com conceitos básicos da ciência. Três cientistas bem maluquinhos e surreais apresentavam ao mundo um experimento que, segundo eles, poderia transformar a evolução da espécie humana. O roteiro era bem lúdico e usava jogos de palavras, dança, teatro, vídeo e até a música de Mozart, para revelar os instintos animais que moram dentro de nós. Na direção geral, a premiada Cristiane Paoli Quito.
Judas em Sábado de Aleluia
Um belo resgate da obra de Martins Pena, com direção dos craques José Henrique de Paula e Fernanda Maia. Com suas críticas sociais ainda atuais, a peça ganhou montagem com fôlego para atrair o público adolescente. Namoricos na janela, malhação de Judas, militares escusos, funcionários públicos descontentes, abusos, falcatruas, traições – tudo ao som dos chorinhos de Chiquinha Gonzaga.
Lampião e Lancelote
Dois guerreiros míticos encontraram-se num espetáculo visualmente impecável e com grandes talentos da arte de interpretar e cantar, com direção geral de Débora Dubois. Rico e fantasioso, o enredo era entrecortado o tempo todo por climas visuais de intensa sugestão onírica.
Mário e as Marias
Canções tradicionais populares, charadas, adivinhações, trovas, ditados, brincadeiras com a língua portuguesa e o tupi, referências ao candomblé e ao artesanato – tudo isso fez parte deste espetáculo de rua, da cia. Lúdicos, em tributo ao escritor Mário de Andrade. Foi uma atração cativante, criativa, com alto grau de emotividade.
Menino Lua
Com muita graça e euforia, retratou o universo dos baiões de Luiz Gonzaga. Mas Gonzagão comparecia não com sua história real de vida, mas em um espetáculo inspirado nas letras de suas canções. A boa exploração da dicotomia ‘medo X coragem’ fez dela uma peça altamente recomendável para toda a família. Destaque também foi a cenografia, baseada na projeção em telões de fotos da seca do Nordeste e na reprodução de uma típica residência nordestina, com seus oratórios e lampiões. À frente de tudo, a diretora Fernanda Maia.
O Buraco do Muro
Um banho de criatividade na cenografia, com seus objetos inusitados, módulos sanfonados, bonecos de grande porte e adereços vistosos. Uma festa para os olhos, a cargo de Sidnei Caria e sua cia. Maracujá Laboratório. O tema – a importância da leitura – foi explorado de forma bastante atraente para o público jovem.
O Fantasma do Som
Mais um sucesso da Banda Mirim. Um estúdio de gravação de programas de rádio nos moldes de antigamente serviu de veículo para uma impagável galeria de personagens criada pelo talento dramatúrgico do autor e diretor Marcelo Romagnoli.
Operilda na Orquestra Amazônica
Com direção de Regina Galdino e texto e interpretação de Andréa Bassitt, a história da música erudita no Brasil ganhou um excelente espetáculo educativo, sem momentos chatos, cansativos, professorais ou arrastados. Tudo deu certo e emocionou o público. Eram lindíssimos os trechos com o chorinho de Ernesto Nazareth, as harmonias de Tom Jobim e o tributo a Camargo Guarnieri.
Selma
Fugindo da fórmula linear, com começo, meio e fim, este corajoso espetáculo da cia. De Feitos tratava ludicamente e com um visual arrojadíssimo de um tema filosófico: o que é a felicidade. A música foi ponto alto, assim como a cenografia apoiada na cor branca para facilitar a projeção de imagens.
Tô Índio no Circo
Espetáculo movimentado, alegre, animado, com grande ousadia temática e de linguagem. Os grupos Furunfunfum e Circo & Cia se uniram para relembrar da fábula de ‘O Guarani’ – livro e ópera. Sem medo de ser politicamente incorreta, a peça mostrou a cultura não monogâmica indígena e cenas violentas de luta com tiroteios. Já estava na hora de se quebrarem certos tabus no teatro feito para crianças.
Uma Trilha para sua História
Que ideia magnífica a de produzir um espetáculo de dança para crianças cujo tema era o sonho! O produto e o sentido de nossos sonhos – o que a gente sonha, como a gente sonha, por que a gente sonha – nunca foram tão bem retratados em cena nos últimos tempos. Puro encantamento, com direção geral de Gustavo Kurlat.