Programa do espetáculo que estreou na cidade de São Paulo, SP, no Teatro Paideia, em 2011

Filipeta

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(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

Cia. Paidéia
apresenta

BALTUS, O PEQUENO HEROI

(Verso da Capa e Página 01)

Paidéia e Grips: Um Intercâmbio Brasil/Alemanha

GRIPS: “aprende rápido, “mente ativa” do alemão coloquial da região norte
PAIDÉIA: “Cultura e educação plena e holística do homem” do grego

Transformar as diversas questões sociais que adoecem o mundo em espetáculos lúdicos, belos, divertidos e que despertem curiosidades e reflexões é o desafio destas duas companhias de teatro que há anos se dedicam ao público de todas as idades e se debruçam sobre assuntos pertinentes à infância e à juventude, aos novos cidadãos do planeta.

De um lado, o GRIPS Theater de Berlim, Alemanha e, de outro, a Paidéia de Santo amaro, São Paulo, Brasil. Seria desnecessário enumerar as diferenças entre os dois países, mas uma delas é que, para um, o Teatro é parte sólida da cultura e do cotidiano das pessoas, enquanto o outro precisa lutar e ultrapassar diversas barreiras para que possa manter o Teatro com a dignidade que merece.

Apesar das diferenças e também graças a elas, se concretiza um trabalho que pretende, por meio da troca de saberes, contribuir e avanças ainda mais na pesquisa do teatro para crianças e jovens. Depois de muito esforço, finalmente, o intercâmbio da Cia. Paidéia de Teatro e do Grips Theater de Berlim se torna realidade. A atriz Aglaia Pusch e o diretor Amauri Falseti, fundadores da Paidéia, sempre almejaram fazer um intercâmbio com uma companhia estrangeira e o teatro Grips já era a meta desde a fundação da Paidéia, em maio de 1998. Em 1989, se estabeleceu o primeiro contato com o fundador e então diretor do Grips, Volker Ludwig, que se entusiasmou  com a ideia de fazer uma parceria com um grupo brasileiro e propôs que Amauri escrevesse um texto para ser encenado por eles. Tal proposta acabou não sendo realizada, mas foi sem dúvida, a pedra fundamental do atual intercâmbio. No final dos anos 1990, por meio de um contato com a Central de Teatro Jovem da Alemanha, conheceram o autor Lutz Hübner, cujo texto  O Coração de um Boxador fora premiado. Após esse contato, Lutz Hübner não só autorizou a montagem de seu texto no Brasil, como liberou os direitos autorais e se tornou um grande parceiro da Paidéia que, desde então, montou cinco de seus textos: O Coração de um Boxeador em 1999, Nellie Goodbye em 2002, Dom Quixote em 2007, Dream Team em 2010 e Baltus, o Pequeno Heroi, em 2011.

O Instituto Goethe de São Paulo também sempre foi um valioso parceiro e sempre apoiou as diversas iniciativas da Paidéia tais como: a fundação da Paidéia Associação Cultural, as produções de peças, as traduções de textos alemães e a realização do Festival Internacional Paidéia de Teatro para a Infância e Juventude que acontece anualmente. Essas ações contribuíram para o estreitamento das relações com a Central de Teatro Jovem da Alemanha e com Lutz Hübner.

Este não é o primeiro trabalho de intercâmbio realizado com artistas e grupos da Alemanha. Em 2003, por exemplo, a Paidéia foi convidada pelo diretor Werner Hahn a apresentar o espetáculo Nellie Goodbye, de Lutz Hübner, no Teatro LUTZ – Junge Bühner em Hagen, Alemanha. Foi um evento comemorativo em que as versões, alemã e brasileira, do mesmo espetáculo, foram apresentadas. Nessa ocasião, o Paidéia também participou do Festival de Teatro de Krefeld e se aproximou do diretor Stefan Fischer-Fels que acabou vindo com seu grupo a São Paulo no momento em que a nova sede da Paidéia estava sendo reformada. Tal visita resultou em mais uma interação Brasil/Alemanha: a cenógrafa Birgit Shöne decidiu ficar em São Paulo para fazer a cenografia do novo espetáculo da Paidéia: Dom Quixote, de Lutz Hübner. Em 2011, Fischer-Fels assumiu a direção do Grips e Lutz Hübner escreveu seu primeiro texto para crianças, especialmente para ser encenado pelas duas companhias iniciando assim o projeto de intercâmbio Paidéia/Grips 2011-2013.

O Grips, a Paidéia e Lutz Hübner participam ativamente da ASSITEJ (Associação Internacional de Teatro para Crianças e Jovens), organização internacional autônoma que tem como papel essencial a educação das novas gerações e que acredita na capacidade e no poder da arte teatral em unir grandes grupos de pessoas a favor da paz e do melhoramento do planeta e da humanidade.

(Página 02)

Sobre a Paidéia

A Paidéia é uma Associação Cultural cuja missão é promover e valorizar a cultura, em todas as suas manifestações, para alcançar o fortalecimento da cidadania e a emancipação humana.

Desde 2006, graças ao convênio firmado com a Subprefeitura de Santo Amaro, a Paidéia ocupa o antigo Pátio dos Coletores de Lixo, transformado no atual Pátio dos Coletores de Cultura, com a preciosa ajuda de artistas, amigos do Brasil e da Alemanha, empresários, pais e jovens alunos de seus projetos.

Desde sua criação, a Paidéia busca, por meio do Teatro, desencadear ações eficazes e dinâmicas capazes de despertar e envolver principalmente jovens e crianças da comunidade, em processos culturais, nos quais tanto a criação, a imaginação e a expressão do senso crítico contribuam para o desenvolvimento da atuação cidadã.

Após cinco anos realizando e sediando o Festival Internacional Paidéia de Teatro para a Infância e Juventude: Uma Janela para a Utopia, evento que se consagrou como fórum de debate, reflexão e intercâmbio internacional, o grupo da Paidéia entende que o teatro vive crises e tem interesses semelhantes em todo o mundo. Sabemos que, apesar das particularidades culturais e políticas dos diferentes países, os temas discutidos se tornam cada vez mais universais. Por essa razão, acreditamos ser este o momento ideal para se fazer um intercâmbio que possa trazer um bom resultado efetivo em teor e estética, além de ampliar os horizontes do pensar e do fazer teatral.

(Página 03)

Sobre o Grips

Fundado em 1969 por Volker Ludwig, num contexto de kovimento estudantil, suas primeiras peças surgiram a partir do espírito de revolta e, por longos anos, receberam duras críticas por parte dos mais conservadores. É referência de teatro para crianças e jovens, tendo alcançado visibilidade para um setor até então subestimado pela indústria cultural. O Teatro Grips substituiu as velhas histórias moralizantes e sentimentais por histórias realistas da vida cotidiana mantendo sempre uma postura de mostrar verdades, alimentando perspectivas e coragem. Tornou-se o precursor de um novo teatro para o público infantil e jovem. Com seus espetáculos, busca os pequenos e grandes espectadores conduzindo-os por uma viagem em que as situações se transformam em uma grande dança da vida sem qualquer intenção de ensinar ou educar. Com o tempo, foi ganhando audiências para o público adulto. Em meados de 2011, a direção artística do teatro foi assumida por Stefan Fischer-Fels que já havia sido dramaturgo do Grips além de diretor do Junges Schauspielhauss Düsseldorf. Hoje o Grips recebe cerca de cem mil espectadores por ano e é um dos teatros maios frequentados de Berlim.

O Intercâmbio

A duração do intercâmbio será de três anos e terá três etapas:

A primeira é a montagem de um mesmo texto pelas duas companhias, no caso, tal montagem é a razão deste programa – Baltus, o Pequeno Herói. A companhia alemã, que estreou o seu trabalho na Alemanha, se apresentou na sede da brasileira este ano durante a quinta edição do festival. Já a Paidéia, que estreou em novembro de 2011, mostrará seu espetáculo ao público alemão em meados de 2012. Além das montagens, as duas companhias tiveram alguns dias de convivência em que puderam discutir, dentre muito assuntos, as questões do texto e como ele se reverbera em cada uma das duas culturas; também foi oferecida uma vivência prática do Grips para os atores da Paidéia, que por sua vez, farão o mesmo para os atores do Gripsem 2012 na Alemanha.

A segunda etapa do intercâmbio é bastante desafiadora: trata-se da criação de um texto e da montagem de um espetáculo por cada uma das companhias, tendo em comum o tema ÁGUA.

A terceira etapa será novamente a montagem de um mesmo texto pelos dois grupos. As dinâmicas das segunda e terceira etapas serão elaboradas após a conclusão da primeira, por se tratar de um trabalho vivo e, por isso, sujeito a transformações.

(Logos) Paídéia e Grips

(Página 04)

O Autor

Lutz Hübner nasceu em 1964, em Heibronn, Alemanha. Depois de estudar filosofia, sociologia e germanística, estudou teatro e se formou como ator. Trabalhou durante oito anos como ator e diretor nos teatros de Neuss e Magdeburg. A partir de 1996, trabalhou como autor e diretor teatral autônomo em Berlim. É conhecido pelo seu repertório diferenciado e abrangente. Em 1998, recebeu o Prêmio Alemão de Teatro Jovem pelo espetáculo Herz Eines Boxers (O Coração de um Boxeador).

Hübner é um dos autores contemporâneos mais encenados na Alemanha, com cerca de 30 textos montados atualmente. Traduzidas para doze idiomas, suas peças também são encenadas em diversos países. Desde 1994, escreveu aproximadamente 37 textos entre peças teatrais, óperas e roteiros de cinema. O teatro de Hagen, cujo foco é o público jovem, homenageou o autor batizando seu teatro de LUTZ – Juge Bühne (LUTZ – Palco Jovem). Participou de diversos festivais apresentando suas obras e viaja pelo mundo ministrando workshops. E, 2008, recebeu menção honrosa da ASSITEJ Internacional (Associação Internacional de Teatro Infantil e Jovem) e em 2011 recebeu da mesma associação, o prêmio de melhor autor. Lutz acompanha e apoia o trabalho da Paidéia.

Eis que Baltus, o Pequeno Heroi inaugura e torna real um sonho em comum.

Bom espetáculo!

(Página 05)

Elenco

Aglaia Pusch
Fábio Coutinho
Flávio Porto
Manoela Pamplona
Rogério Modesto

Ficha Técnica

Texto: Lutz Hübner com a colaboração de Sarah Nemitz
Tradução: Christine Röhrig
Direção: Amauri Falseti
Preparação de atores: Paola Musatti
Cenário e Figurinos: Telumi Hellen
Músicas: Marcos Iki
Iluminação: Wagner Freire
Assistente de Iluminação: Alessandra Marques
Operação de Luz: André Azevedo
Programação Visual: Márcia Pires e Telumi Hellen
Músicos e Execução de Efeitos Sonoros: Marcos Iki, Flávio Porto Manoela Pamplona e Rogério Modesto

Indicação etária; a partir de 7 anos

Duração: 60 minutos
Data de estréia: 02 de novembro de 2011

(Página 06)

Sinopse

O que está acontecendo? Ana a mãe de Baltus sai à noite e volta um pouco estranha. Só há uma resposta possível para o menino Baltus de seis anos: são fantasmas. Ainda bem que sua amiga, Clara, sabe como fazer armadilhas para pegar fantasmas de verdade e de mentira. Quem cai na armadilha dos dois é Elmar, o novo namorado de Ana. Agora, ele vai estar sempre por lá; ele e suas ideias antiquadas sobre como adultos e crianças devem se relacionar. Para Baltus, isso tudo é suficientemente assustador para viver uma história digna de um heroi.

A primeira peça de Lutz Hübner para crianças trata de questões como as difíceis relações entre crianças e adultos, seus medos e sonhos.

(Página 07)

Palavra do Diretor

“Não há maior ameaça na vida do que ser abandonado, ficar completamente sozinho. A psicanálise chamas isto – o maior medo do homem – de ansiedade de separação; e quanto mais novos somos, mais excruciante nossa ansiedade quando nos sentimos abandonados, pois a criança nova realmente perece se não for adequadamente protegida e cuidada. Por conseguinte, o consolo fundamental é o de que nunca será abandonada.”
B. Bettelhein  

Com a montagem de Baltus, buscamos acolher pessoas, daquelas que descobrem como heróis encaram seus medos e fantasmas. Formar uma plateia, que se transforme em uma comunidade preocupada em não abandonar e sim amparar seus membros, transmitindo coragem e ânimo nos enfrentamos de cada dia.

Com este espetáculo também com coragem enfrentamos o medo de não conseguir comunicar e mostrar que o mundo pode se melhor e será, a partir do envolvimento de cada um na busca de sentimentos do viver. Trazer um espetáculo que emocione, transforme e traga o alívio da esperança de ser cada vez melhor, principalmente consigo mesmo e com os seus semelhantes. E por fim oferecer às nossas crianças um espetáculo com uma história que transforme dores em esperanças de um mundo mais digno.

(Verso da Última Capa)

Menino B

Ser assim, como o menino B de seis anos, não é fácil.
Carregar assim, como o menino B, o entendimento da vida também não é fácil.
Buscar assim, como o menino B, resposta amorosa carente ou ausente, não é fácil.
As nuvens que separam o menino B da realidade não são negras ou pesadas
e não trazem tempestade ou bonança.
As nuvens que separam o menino B da realidade fazem sombra sobre o seu coração.
Sombra do re-fazer da vida.

Momento difícil.
O menino B é triste, não depressivo.
Não é enjeitado.
Há um brilho constante neste menino que atravessa a sombra da sua solidão.
O menino B sabe que as nuvens são ef^meras e… Passageiras.

Sic Sunt Rex
Flávio Porto

Agradecimentos

Amália Altemburg, Andrea Gronemeyer, Caio Pamplona, Camila Amorin, Clemente Gauer, Débora Ribeiro, Elza Rosa Nunes, Jana Binder. Jovens da Paidéia, Juliana Jardim, Lúcia Sígilo, Márcia de Barros, Maria Amara da Silva, Rubens Marcelo Volich, Thiago Leite, Voluntários da bilheteria, Zilah Pamplona Martins Pereira

(Última Capa)

(Logos) Paidéia, Goethe Institut, ABT – Associação Beneficente Tobias, Prefeitura de São Paulo / Cultura, Programa Municipal de Fomento Teatro