(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)
(Capa)
MARINA
(Interior)
(Contra Capa e Página 01)
Marina
Baseado na obra de Hans Christian Andersen
Com músicas de Dorival Caymmi
(Página 02 e 03 – Foto do mar)
O Centro Cultural Banco do Brasil oferece ao público a oportunidade de conferir a mais nova produção da Companhia PeQuod – Teatro de Animação, uma releitura do conto A Sereiazinha do autor dinamarquês Hans Christian Andersen.
O espetáculo, que integra atores, bonecos e bonecos aquáticos, em cenário que simula o fundo do mar, traz canções praieiras de Dorival Caymmi e reúne elementos de diversas culturas para recriar uma história com toque de brasilidade em versões adulta e infantil.
A abordagem para adultos, apresentada na montagem Marina, constrói uma personagem de contornos trágicos e propõe uma reflexão sobre os anseios, as decisões e o destino da sereia, que abre mão de seu maior talento e da própria imortalidade em nome de um amor impossível. A versão para crianças, Marina, a Sereiazinha, utiliza os mesmos cenários e bonecos, numa montagem mais resumida e com abordagem mais próxima ao universo dos contos de fadas, mantendo a proposta de reflexão sobre as escolhas.
Centro Cultural Banco do Brasil
(Página 04, 05 e 06 – Foto de Hans Christian Andersen e Dorival Caymme)
A água que nos move
Sonha-se antes de contemplar. Antes de ser um espetáculo consciente, toda paisagem é uma experiência onírica. Só olhamos com paixão estética as paisagens. que vimos antes em sonhos.
Gaston Bachelard
Após dez anos de trabalhos ininterruptos e lidando com variações da mesma técnica – a manipulação direta -, é natural que a Cia. PeQuod mergulhe, literalmente, em novas buscas, como forma de oxigenação e renovação do nosso ofício. Era preciso que nosso novo espetáculo fosse algo tão forte visualmente e tecnicamente quanto nossas conquistas anteriores. Era preciso que houvesse um arrebatamento geral no grupo que compõe a ficha técnica deste trabalho. Era preciso que fosse extremamente desafiador e que nos movesse.
Em nossa montagem de O Velho da Horta, do português Gil Vicente, em 2002, criamos uma situação – não sugerida no texto original -, em que o protagonista, ao final de dura derrocada, adentra o córrego que faz margem com a sua horta e ali recupera, como em uma redenção, a força para continuar acreditando na vida e no amor. Na verdade, tratava-se de um dispositivo cênico, uma piscina, que se assemelhava a um lago. A beleza instaurada pelo uso de água nessa cena provocou-nos a vontade de ir além e de imergir nossos bonecos na água, para extrair dela uma poética cênica que nos permitisse novas possibilidades.
Aliado a isso estava meu profundo maravilhamento com as marionetes aquáticas da companhia Thang Long Water Puppets Theatre, do Vietnã, a que tive o privilégio de assistir em algum momento dos anos 90. O caráter festivo dessa manifestação artística, embalada pela música de pontuação forte e ao vivo, compunha um espetáculo de rara beleza, em que a água era o elemento principal. A concretude desse elemento em cena ditava movimentos e dinâmicas únicos e irreprodutíveis em qualquer outro ambiente. Seu congraçamento com a cenografia e a iluminação me despertou a vontade de experimentar algo parecido. No entanto, diferentemente dos vietnamitas, que fazem surgir dragões e bailarinas na superfície da água, meu interesse estava na total submersão.
Alguns anos mais tarde, escolhida a história que conduziria esta provocação: A Sereiazinha, popular conto de Hans Christian Andersen, aproximei-a das canções praieiras de Dorival Caymmi. Sobrepostas, a fábula do escritor dinamarquês e as músicas do compositor baiano têm seu aspecto trágico realçado. A personagem de Andersen se revela descendente da mesma linhagem de heroínas das tragédias clássicas, mulheres que amargaram as consequências da decisão de contrariar a lei, em nome de seus anseios. E os doces versos de Caymmi se mostram inspirados não apenas nas delícias e belezas, mas também na tristeza que é irremediável.
Nosso trabalho tem se dado através de cruzamentos como esse. O Teatro de Animação, em geral, é assim. Ou pelo menos deveria ser. A interseção entre a imaginação sem limites de Andersen, o refinamento do cancioneiro de Caymmi e a estética que define e diferencia a Cia. PeQuod faz de Marina um projeto de caráter único e certamente inédito no país.
Nosso estudo, que se iniciou com a pesquisa dos movimentos de bonecos dentro da água, refletiu em outros âmbitos da produção. Nossos processos de construção dos bonecos tiveram que eliminar todo material que se deteriorasse com a ação da água. O alumínio entrou no lugar da madeira; o silicone, no lugar dos tecidos. O cenário agora pesa toneladas. A iluminação leva em conta a refração da luz na água.
O desafio de “afogar” nossos bonecos foi adiado por anos, até que tivéssemos maturidade, condições e estrutura para encará-lo. A hora chegou, embalada por essas duas genialidades que são Andersen e Caymmi, que se cruzaram para nos inspirar de forma arrebatadora. Aqui está o melhor da PeQuod, com todas as surpresas que só ela pode oferecer. Bom espetáculo!
Miguel Vellinho
(Páginas 08 e 09 – Fotos, detalhes bonecos)
Sereias
Ao longo do tempo, as sereias mudam de forma. Seu primeiro historiador, o rapsodo do décimo segundo livro da Odisseia, não nos diz como eram; para Ovídio, são aves de plumagem avermelhada e rosto de virgem; para Apolônio de Rodes, da metade do corpo para cima são mulheres e, para baixo, aves marinhas; para o mestre Tirso de Molina (e para a heráldica), metade mulheres, metade peixes.. Não menos discutível é sua categoria; o dicionário clássico de Lempriére entende que são ninfas, o de Quicherat que são monstros e o de Grimal que são demônios. Moram numa ilha do poente, perto da ilha de Circe, mas o cadáver de uma delas, Partênope, foi encontrado em Campânia, e deu seu nome à famosa cidade que agora se chama Nápoles, e o geógrafo Estrabão viu sua tumba e presenciou os jogos ginásticos que periodicamente eram celebrados para honrar sua memória.
A Odisseia conta que as sereias atraíam e faziam naufragar os navegantes e que Ulisses, para ouvir seu canto e não perecer tapou com cera os ouvidos dos remadores e ordenou que o amarrassem ao mastro. Para tentá-lo, as sereias lhe ofereceram o conhecimento de todas as coisas do mundo:
Jamais alguém por aqui passou, em nau escura, que não escutasse a melíflua voz que sai de nossas bocas; mas só partiu, depois de se ter deleitado com ela e de ficar a saber mais coisas, pois conhecemos tudo quanto, por vontade dos deuses, Aegivos e Troianos sofreram na vasta Tróia, bem como o que sucede na terra fecunda. (Odisseia, XII)*
Uma tradição recolhida pelo mitólogo Apolodoro, em seu Biblioteca, conta que Orfeu, da nave dos argonautas, cantou com mais doçura que as sereias e que estas se precipitaram ao mar e se transformaram em rochas, porque sua lei era morrer quando alguém não sentisse seu feitiço. Também a esfinge se precipitou do alto quando decifraram seu enigma. No século VI, uma sereia foi capturada e batizada no norte de Cales, e figurou como santa em certos almanaques antigos, sob o nome de Murgen. Outra, em 1403, passou por uma brecha de um dique e viveu em Haarlem até o dia de sua morte. Ninguém a compreendia, porém ensinaram-na a fiar e venerava como por instinto a cruz. Um cronista do século XVI argumentou que não era um peixe porque sabia fiar, e que não era uma mulher porque podia viver na água. O idioma inglês distingue a sereia clássica (siren) das que têm cauda de peixe (mermaids). Na formação desta última imagem teriam influído por analogia os tritões, divindades do cortejo de Posêidon. No décimo livro da República, oito sereias presidem a revolução dos oito céus concêntricos. Sereia: suposto animal marinho, lemos num dicionário brutal.
Jorge Luis Borges, in Livro dos Seres Imaginários
(Página 10)
Liliane Xavier
Mariana Fausto
Mona Vilardo
Leandro Muniz
Márcio Nascimento
Miguel Araújo
Direção e Dramaturgia: Miguel Vellinho
Assessoria Teórica: Karl Erik Schollhammer
Cenografia: Carlos Alberto Nunes
Iluminação: Renato Machado
Figurinos: Daniele Geammal
Direção Musical: Fabiano Krieger
Preparação Vocal: Doriana Mendes
Fotografia: Simone Rodrigues
Design Gráfico: Roberta de Freitas e Ana Carolina Braz
Produção Musical: Eduardo Manso, Estevão Casé e Fabiano Krieger
Assistente de Figurino: Renata Cortes
Assistente de Design: Thiago Paiva
Projeto de Sonorização: Andrea Zeni
Assessoria de Imprensa: Roberta Rangel
Escultura dos Bonecos: Bruno Dante
Confecção dos Bonecos : Carlos Alberto Nunes, Dolores Marques, Gabriela Christ, Marcos Nicolaiewsky, Michel Souza, Miguel Vellinho e Mônica Souza
Confecção de Aquários: Marcelo Poloni
Estagiários PeQuod: Alberto Naar, Giulia Caminha, Marcos Nicolaiewsky, Miguel Araújo e Mônica Souza
Costureira : Fátima Araujo
Marketing Cultural: Gheu Tibério
Assistente de Marketing Cultural: Tamires Nascimento
Produção Executiva: Igor Biond e Sarah Cintra
Administração: Mateus Tiburi
Equipe de Produção: Alex Nunes, Ana Clara Rizério, Fernanda Carvalho, João Eizo, Ludmila Teixeira e Pedro Yudi
Direção de Produção: Sergio Saboya
Produção: Cia PeQuod – Teatro de Animação
Patrocínio e Realização: Centro Cultural Banco do Brasil
(Página 11)
PeQuod
A Cia PeQuod-Teatro de Animação surgiu de uma oficina realizada por Miguel Vellinho, em 1999. Ao longo desses onze anos de existência, a inquietação artística de sua equipe de profissionais produziu seis montagens que buscaram conjugar coragem, ousadia e profundo detalhamento artístico por meio de um entrelaçamento de tradição e cultura pop contemporânea. Em seus espetáculos, a PeQuod procura refazer os limites do seu teatro aproximando-se de outras manifestações artísticas, como a dança, a literatura, os quadrinhos, o cinema, a fotografia. Tudo isso sem jamais perder o caráter artesanal da confecção dos bonecos, figurinos e cenários. Essas foram, desde o princípio, as bases do trabalho da companhia, que completa sua primeira década de existência com um repertório sólido, ativo e reconhecido em todo o país.
Repertório
1999 – Sangue Bom
2001 – Noite Feliz
2002 – O Velho da Horta
2004 – Filme Noir
2006 – Peer Gynt
2009 – A Chegada de Lampião no Inferno
(Página 12)
Agradecimentos
00, 3 Corações, Agtal, Corpo e Alma, Donna Natureza, Frisco, Golden Vital, Laundry Express, Luqr, Outer, Pão e Cia Copacabana, Piraquê, Pizzaria Carioca da Gema, Plurex, Rei do Mate, SBT, Tutti Shop Recomal, WER, Zany Assessoria.
Adriana Mendes, Adriana Schneider, Alexandre Santos, Ana Dias, Ana Luisa Lima, Ana Teixeira, Ana Vale, Angela Maria Muniz, Ayrton Fausto, Beatriz Ittah, Clarice Silva, Custódio Cesário Venâncio Jr., Diogo Magalhães, Erick Ferraz, Fábio Pereira da Silva, Felipe Lourenço, Fred Araujo, Giselda Baptista, Helena Stewart, Helena Vieira, Henrique Escobar, Itallo Vilardo, Jeane L. de Oliveira Cesário, Jorge Mathias, Karen Acioly, Laura Castro, Luna Santos, Magda Modesto, Marcio Malard, Maria do Carmo Xavier Braga, Maria Helena Nunes, Marilene Siqueira, Marina Bezze, Mário Piragibe, Marise Nogueira, Marta Mendonça, Mateus de Souza, Michel Vilardo, Rose Fraga, Rui Marques, Stella Caymmi, Stephane Brodt, UNIRIO-Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Vidocq Casas.
E muito especialmente, Benita Prieto e Valéria Seabra.
Pequod é o nome da embarcação que sai em busca da baleia Moby Dick, no romance do mesmo nome. Herman Melville, seu autor, fez uma homenagem ao nome de uma tribo de índios da América do Norte que foi exterminada com a colonização europeia. www.pequod.com.br
(Verso da Última Capa – Foto)
Roteiro Musical
01. Canção da Partida (Dorival Caymmi)
02. O Vento (Dorival Caymmi)
03. Rainha do mar (Dorival Caymmi)
04. Noite de Temporal (Dorival Caymmi)
05. Cantiga da Noiva (Dorival Caymmi)
06. Tão só (Dorival Caymmi)
07. Desde Ontem (Dorival Caymmi)
08. Quem Vem pra Beira do mar (Dorival Caymmi)
09. É Doce Morrer no Mar (Dorival Caymmi e Jorge Amado)
10. Acalanto (Dorival Caymmi)
11. O Mar (Dorival Caymmi)
12. Marina (Dorival Caymmi)
13. Não Tem Solução (Dorival Caymmi e Carlos Guinle)
14. Só Louco (Dorival Caymmi)
15. O Bem do Mar (Dorival Caymmi)
16. Sargaço Mar (Dorival Caymmi)
(Anúncio: Marina – A Sereiazinha)
Assista também a versão infantil da peça, em cartaz aqui no CCBB. Venha e traga a família!
07 de agosto a 12 de outubro de 2010
Sábado e domingo, às 18h / Teatro III
Livre para todos os públicos
Indicado para crianças acima de 6 anos
(Última Capa)
07 de agosto a 10 de outubro de 2010
De quarta a domingo, às 20h
Não recomendado para menores de 16 anos
(Logos) FUNARTE, Lei de Incentivo à Cultura
Apoio
(Logos) Prefeitura do Rio, FATE
Patrocínio e Realização
(Logo) Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro, Rio de Janeiro RJ
Informações: (21) 3808.2020/ bb.com.br/cultura/ twitter.com/ccbb_rj
SAC 0800 729 0722 – Ouvidoria BB 0800 729 5678
Deficiente auditivo ou de fala 0800 729 0088