Programa, 2009

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Lucas Luciano, Sidnei Caria, Melina Menghini e Isabella Graeff

A Terceira Margem do Rio. Foto: Newber>casadalapa

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(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

Pia Fraus
SESI Teatro

Baseado na Obra de Guimarães Rosa

PRIMEIRAS ROSAS

Concepção: Beto Andreetta
Direção: Alexandre Fávero, Carlos Lagoeiro, Miguel Vellinho e Wanderley Piras

(Verso da Capa)

25 Anos de Pia Fraus

Pia Fraus – do latim “uma mentira contada com boas intenções”

O espetáculo Primeiras Rosas marca o aniversário de 25 anos da Pia Fraus, companhia que se caracteriza pela linguagem que mistura elementos como teatro de animação, dança, artes plásticas, música e circo.

A Pia Fraus já encenou 20 espetáculos sendo que 8 deles continuam em repertório, e desde 2006 desenvolve com o grupo Parlapatões o projeto Circo Roda Brasil. O grupo frequentemente viaja pelo Brasil  com suas peças, além de já ter sido aplaudido em outros 18 países e ter recebido diversos prêmios, nacionais e internacionais. Nenhum espetáculo da Pia Fraus é parecido com outro. Em parte, porque a companhia é incansável em sua pesquisa de novas e diferentes formas de expressão e porque cada novo trabalho do grupo conta com a contribuição artística de convidados especiais, como diretores, coreógrafos, músicos, iluminadores, cenógrafos e atores.

(Foto: Guimarães Rosas)

O livro Primeiras Histórias, de Guimarães Rosa, é o coração de nossas Primeiras Rosas, e o teatro de bonecos, essa linguagem que nos apaixona desde sempre, é o sangue que corre nas veias desse espetáculo. Quatro histórias desse precioso livro: As Margens da Alegria, A Terceira Margem do Rio, O Cavalo que Bebia Cerveja e Sequência, foram nossas fontes inspiradoras. Quatro diferentes diretores: Alexandre Fávero (Cia. Lumbra, Porto Alegre), Miguel Vellinho (PeQuod, Rio de Janeiro), Carlos Lagoeiro (Teatro Munganga, Holanda) e Wanderley Piras (Cia. Da Tribo, São Paulo), todos ligados ao teatro de animação contam , cada qual a sua maneira, uma das histórias escolhidas.

A construção desse espetáculo foi um processo riquíssimo para nossa companhia. A convivência com quatro diretores, o empenho do elenco, o processo de produção e administração, a chegada de novos artistas (iluminador, figurinista, diretores de arte, artesãos) nos revigora para seguirmos adiante na constante construção de nossa linguagem artística. Primeiras Rosas após Farsa Quixotesca (2000), Bichos do Brasil (2001), e 100 Shakespeare (2006) é a nossa quarta aventura em conjunto com o SESI, instituição que tem nos apoiado de forma definitiva na produção e difusão de nossos espetáculos. E para a Pia Fraus, um grupo sediado em São Paulo, nada melhor que comemorar 25 anos de vida com nossas Primeiras Rosas em plena Avenida Paulista.

Beto Andreetta – Pia Fraus

As Primeiras Rosas e a Riqueza do Teatro de Animação

O público brasileiro ainda conhece pouco de teatro de animação. Dessa vertente das artes cênicas, a mais conhecida é o teatro de bonecos. Primeiras Rosas é uma excelente oportunidade do público conhecer um pouco mais das diversas técnicas do teatro de animação e ver que esse tipo de teatro não é exclusividade das peças infantis.

O conto Seqüência foi dividido em quatro partes que interligam os outros contos da peça. Sua técnica de animação é a manipulação direta: os personagens são representados por bonecos e manipulados por atores diretamente com as mãos.  É também o caso do segmento A Terceira Margem do Rio, sendo que aqui os bonecos contracenam com atores de carne e osso, sem privilegiar uns nem outros.

Este segmento, apesar de ser o mais fiel a história original, toma a liberdade de criar um final diferente para ela.

No segmento do espetáculo que trabalha o conto As Margens da Alegria, a técnica utilizada é o teatro de sombras, tão pouco explorado pelo teatro feito para adultos. Já O Cavalo que Bebia Cerveja (que em Primeiras Rosas mostrará o “antes” da história escrita por Guimarães Rosa), faz uso de vídeos e projeções em tempo real, enquadrando o teatro de animação na tendência atual de experimentar a tecnologia audiovisual em cena.

(Página 01)

Feliz Analogia

João Guimarães Rosa é desses brasileiros cuja trajetória de vida estabelece referências para que nos tornemos nação vencedora, próspera e cada vez mais ética e culta.

Dedicou-se, sempre com elevada competência, à medicina, à diplomacia e à literatura, na qual foi um verdadeiro fenômeno. Seus experimentos linguísticos, esmerada técnica de redação e riquíssimo universo ficcional renovaram e elevaram o romance nacional.

Sua obra conquistou o Brasil e alcançou o mundo.

A têmpera de Guimarães Rosa é análoga à abnegação com que a Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP/CIESP) têm-se dedicado à causa de um Brasil desenvolvido. Assim, é gratificante observar que o Sesi-SP, entidade da indústria paulista, abre sua temporada teatral de 2009 resgatando o livro Primeiras Estórias, do grande escritor.

A peça Primeiras Rosas, da Companhia Pia Fraus, aborda quatro contos desse livro, em montagens de teatro de bonecos, com distintos diretores, um para cada episódio. Somam-se nesse espetáculo virtudes e valores relevantes. Além do significado de ampliar o acesso da população à cultura e ao lazer, o Sesi-SP difunde de maneira mais ampla a obra de Guimarães Rosa, este talentoso brasileiro que nos anima e nos inspira nos embates por um país melhor.

Paulo Skaf – Presidente da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP/CIESP). Presidente do SESI SP

(Página 02 e 03: Foto)

As Margens da Alegria

Quase como assistir às certezas lembradas por um outro; era que nem uma espécie de cinema de desconhecidos pensamentos.

Guimarães Rosa

Enquanto termino a colheita da safra passada o jardim teatral prepara sedutoras novidades durante a noite.

Ao levantar o olhar para o norte vejo Guimarães desabrochando na velha roseira da Pia Fraus. Antes da primeira rosa abrir já estou por lá. É bom vagar entre os espinhos. Notar os aromas no escuro da criação. Amanheceu. O orvalho já se rende ao sol dos nossos sentidos. Respire fundo! São as Primeiras Rosas!

Alexandre Fávero – Cia. Teatro Lumbra

(Páginas 04 e 05: Foto)

A Terceira Margem do Rio

Cê vai, ocê fique, você nunca volte.

Guimarães Rosa

Este projeto, que me encantou desde o primeiro momento, me levou mais uma vez a percorrer este livro lindo que é o Primeiras Estórias, que li há muito tempo atrás.

Coube a mim trazer a misteriosa terceira margem do rio para o palco. Um belo desafio proporcionado pela Pia Fraus e que me fez e me faz retornar a São Paulo de forma tão carinhosa. Em fevereiro deste ano iniciamos o desafio de traduzir em imagens a conturbada estória de um pai de família que abandona mulher e filhos e vai morar no meio de um rio. Aos que ficaram, sobrou-lhes a narrativa como domínio de uma situação insustentável e incompreensível.

O trabalho que desenvolvo hoje no Rio de Janeiro com a Cia.PeQuod  é de investigação dos limites entre a expressividade de bonecos e atores. E o quadro que dirigi em Primeiras Rosas é para mim um novo capítulo nessa trajetória, pois, graças à maestria do conto, pude aprofundar essa pesquisa – o personagem do pai, representado por um boneco, se mostra radicalmente diferente do restante da família, representada por atores. Nesse diálogo quase silencioso, traçamos algumas referências, desejos e vontades expostos pelo elenco. Aliás, que elenco! Sou grato a eles por exporem tão bem as coisas que criamos juntos nas quentes tardes de fevereiro deste caloroso ano.

E a Beto Lima, que olhou por nós!

Miguel Vellinho – Cia. PeQuod

(Páginas 06 e 07: Foto)

O Cavalo que Bebia Cerveja

No conto O Cavalo que Bebia Cerveja, João Guimarães Rosa trata de uma forma sintética, mas profunda, de temas que não deixam a espécie humana orgulhosa de si mesma. Um é a desconfiança pelo estrangeiro, o outro o horror, o produto de um esporte que o homem cultiva desde os primórdios do tempo: a guerra.

Este é um conto expressionista de Rosa, cheio de imagens surrealistas, que se passa num profundo interior de Minas, mas cuja origem se encontra no sertão italiano das primeiras décadas do século passado. Rosa descreve o horror da guerra com a mesma indignação poética das pinceladas de Picasso em Guernica ou do artista norueguês Edward Munch em O Grito. Como nesta passagem: “Mas, aí, se viu só o horror de nós todos, com caridade de olhos: o morto não tinha cara, a bem dizer – só um buracão, enorme, cicatrizado antigo, medonho, sem nariz, sem faces – a gente devassava alvos ossos…”

Na abordagem teatral desta história procurei criar, utilizando uma mistura de Teatro e Animação, a infância harmoniosa de seu Giovânio até a sua fuga do interior da Itália para o interior do Brasil. A minha história termina onde a história de Rosa começa.

Carlos Lagoeiro – Teatro Munganga

Irivalini, eco, a vida é bruta, os homens são cativos…

Guimarães Rosa

(Páginas 08: Foto)

Sequência

Até que outra cerca travou-a… Volveu – irrompida ida: de um ímpeto então a saltou: num salto que queria ser voo. Vencia. E além se sumiu a vaca vermelha, suspensa em bailado…

Guimarães Rosa

Querência: lugar onde o animal foi criado ou onde se acostumou a pastar, e para o qual volta, por instinto, se dali for afastado.

Penso que muitos de nós em muitos momentos de nossas vidas sentimos a presença dessa “querência”, que nos impulsiona, nos conduz a escolha de um caminho, e, por instinto, chegamos ao nosso destino. Inevitável, transformador. Por instinto.

Em Sequência uma vaquinha “pitanga” caminha impunemente, mas quando pára e nos encara, os negros vazios de seus olhos estão cheios.

Meu empenho, como encenador e bonequeiro, esteve em conduzir o espectador para dentro dos olhos do animal e com isso fazê-lo perceber, a partir do singelo, do gracioso e da elegância na manipulação do boneco, a infinitude de sentimentos e sentidos que Guimarães Rosa colocou nessa história de busca de um animal, de um destino.

Wanderley Pires – Cia. da Tribo

(Verso Última Capa)

Elenco

Sidnei Caria
Isabela Graeff
Melina Menghini
Lucas Luciano
Gisele Petty
Ronald Liano

Ficha Técnica

Concepção do Espetáculo: Beto Andreetta
Direção: Alexandre Fávero, Carlos Lagoeiro, Miguel Vellinho e Wanderley Piras
Iluminação: Renato Machado
Figurinos: Telumi Helen
Produção Executiva e Administração: Jackson Íris
Assistência de Produção: Camila Ivo
Assistência de Confecção de Objetos Cênicos: Juciê Batista
Programação Visual: Sato>casadalapa
Fotos: Newber>casadalapa
Fotos de O Cavalo que Bebia Cerveja: Carlos Lagoeiro
Produção: Pia Fraus

As Margens da Alegria

Ficha Técnica

Direção de Arte, Cenografia, Cenotécnica, Iluminação, Coordenação de Produção, Pesquisa, Trilha Sonora e Preparação de Sombristas: Alexandre Fávero
Assessoria de Pesquisa, Assistência de Direção, Preparação de Sombristas e Produção Executiva: Fabiana Bigarella
Cenotécnica, Logística e Produção Executiva: Flávio Silveira
Assistência Cenotécnica: Leandro Pires
Assessoria Eletrotécnica: Cláudio Escouto e Paulo Sica Lopes
Consultoria Cênica: Camilo de Lélis
Músicas: Paulo Freire

www.clubesasombra.com.br

O Cavalo que Bebia Cerveja

Ficha Técnica

Direção: Carlos Lagoeiro
Direção de Arte e Confecção de Objetos: Marion Hoekveld
Projeto Técnico de Iluminação: Pedro Ascher
Projeto de projeção: Dimitri Gàcser
Trilha Sonora: Carlos Lagoeiro e Pedro Noizman

www.munganga.nl

Sequência

Ficha Técnica

Direção: Wanderley Piras
Direção de Arte e Criação dos bonecos: Sidnei Caria
Confecção dos bonecos e adereços: Maracujá Laboratório de Artes (Sidnei Caria, Lucas Luciano, Silas Caria e Tetê Ribeiro)
Cenografia e Trilha Sonora: Beto Andreetta
Músicas: Paulo Freire

www.ciadatribo.com.br

A Terceira Margem do Rio

Ficha Técnica

Direção: Miguel Vellinho
Cenografia e Adereços: Carlos Alberto Nunes
Escultura: Michel Souza
Confecção dos Bonecos: Michel Souza e Miguel Vellinho
Trilha Sonora: Maurício Durão
Cenotécnica: João Donda
Assistência de Confecção: Anderson Gangla e Dino Soto
Músicos (Trilha Sonora): Berbel – percussão; Eduardo Camenietzki – violão e Maurício Durão – teclados

www.pequod.com.br

Serviço Social da Indústria – SP

Centro Cultural FIESP – Ruth Cardoso
Teatro do SESI – SP

Administradora: Gleyce Ruy Fernandes
Produtoras Culturais: Débora Viana e Sueli Nabeshima
Agente Cultural: Lisandra Zambom
Cenotécnico: Marcio Zunhiga Dias
Iluminação: Alexandre Pestana e Marcos Paulo Barbosa
Sonoplastia: Gunther Johann Kibelyski, Henrique Silva e Roberto Coelho
Maquinistas: Nilson Santos, Ronaldo Chimanski e Sérgio Nicanor Teixeira
Contrarregras: Luciano Mendison, Menes Machado, Marcello Girotti Callas e Ricardo Santana
Camareiras: Alaídes Alves, Carla Alcântara Tibério e Emilene Maria da Paz
Eletricista: Augusto Vicente Costa
Monitoria: Patrícia Silva Lima e Juliana Moro Pires
Divulgação: Alexandra Salomão Miamoto e Leni Arietti; Grace Neris, Juliana Nery e Priscila Strossner (estagiárias)
Apoio à produção gráfica: Maria do Carmo Munir e Claudia da Cunha Carneiro

Assessoria de Superintendência Operacional do SESI-SP

Assessoria de Imprensa:
Evelyne Lorenzetti (Mtb.42.375)
Rosângela Gallardo (Mtb. 23.025)
Mônica Lemos (Mtb. 43.939)
E Carlos Amoedo ( Mtb. 18.590)

Apoio de Atendimento: Michelle Carvalho

Email: imprensa@sesisenaisp.org.br
Tel: (11) 3146-7703, 7706, 7702, 7715, 7724, 7727

(Última Capa)

Estreia: 14 de abril de 2009 às 20h
Temporada: 16 de abril a 5 de julho de 2009
Quinta a sábado às 20h e domingos às 19h

Centro Cultural FIESP – Ruth Cardoso

Teatro do SESI – SP
Av. Paulista, 1313 (metrô Trianon MASP)
Informações: (11) 3146-7405/3146-7406.
Consulte a programação: www.sesisp.org.br/centrocultural
Quintas-feiras e sextas-feiras – entrada franca
Sábados e domingos: R$ 10,00 inteira e R$ 5,00 meia-entrada
Não recomendado para menores de 14 anos
Tema: complexidade do ser humano
Contém: violência e cenas complexas

Agradecimentos

Adriana Meirelles, Adriana Rocha, Adriana Telg, Alexandre Santos, Angela Vieira, casadalapa, Escola Ágora, Estela, Tomas e Pedro Andreetta, Gustavo Barros, Helena Vieira, Liliane Xavier, Márcio Nascimernto, Mário Piragibe, Marise Nogueira, Milene Perez e Beta Costa, Parlapatões, Regina Vieira, Roberta Rangel, Silvana Marcondes, Teatro Munganga e Thiago Picchi

(Logo) Pia Fraus
www.piafraus.com.br
piafraus@piafraus.com.br

Este espetáculo foi realizado com o apoio de:

(Logos) Fomento Teatro, Prefeitura da Cidade de São Paulo, Cooperativa Paulista de Teatro

Apoio Cultural

(Logos) GAP, Luna di Capri, casadalapa, Planeta’s, Apfel, Sistema FIEP, SESI