Programa, 2006

Convite do espetáculo que estreou em 31.08.2006, no Espaço Cultural Sérgio Porto

Foto: Simone Rodrigues

Barra

(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

PETROBRAS
apresenta

PEER GYNT

de Henrik Ibsen
PeQuod

(Interior)

“O irônico e difícil épico de Ibsen ganhou uma adaptação divertida e emocionante, revelando mais uma vez a inventividade e o amor que permeiam o trabalho da Cia. PeQuod. O uso indistinto de atores, bonecos (muito bem manipulados) e objetos resultou numa perfeita harmonia cênica.”
                                                                                                                                                      Bárbara Heliodora – O Globo

Ode ao Malandro Norueguês

O reconhecimento internacional da obra do escritor Henrik Ibsen veio em primeiro lugar com o êxito da fase realista de sua dramaturgia, a partir do Os Pilares da Sociedade, em 1877, o que situou o autor como o maior inovador do teatro moderno. Dez anos antes, Ibsen publicara o poema Peer Gynt que, no contexto norueguês viria a se tornar um símbolo nacional, aqui no Brasil só comparável ao Macunaíma de Mário de Andrade. Como o “herói sem nenhum caráter” brasileiro, Peer Gynt era uma crítica severa do espírito da sociedade de seu tempo e, mesmo assim, tornou-se um ponto de identificação positiva para a cultura norueguesa. Henrik Ibsen escreveu a obra no exílio e o personagem Peer Gynt era a expressão de tudo o que incomodava o dramaturgo em sua pátria: a mentira, o auto-engano, a irresponsabilidade e a ambiguidade ética e moral, temas que nunca deixaram de ser alvo de sua pena afiada de Ibsen e que mantêm a atualidade até hoje.

Em 1866, Ibsen tinha criado a peça Brand, com grande sucesso, cujo personagem é de um radicalismo solitário que sacrifica tudo em nome dos ideais. Peer Gynt era o oposto de Brand, alguém que nunca enfrenta a realidade, mas sempre dá um jeitinho de fugir para o reino da fantasia, sem se preocupar com as consequências que seus atos possam ter para as pessoas que ama. É impossível, entretanto, não gosta de Peer, apesar de suas mentiras e inconsequências, porque ele representa a irresponsabilidade alegre de quem é levado pelo impulso poético do prazer, mas nunca pelo cinismo calculista. Os sonhos e devaneios do Peer – filho de um fazendeiro outrora rico e respeitado que perde tudo e torna-se um alcoólatra antes de deixar viúva sua mulher, Aase – são despertados pela preocupação de “conhecer-se a si próprio”, Mas essa ambição é inviável no reino da razão. Peer consegue durante sua epopeia, ser muitas coisas: príncipe herdeiro dos trolls, traficante de armas, profeta, imperador de um hospício. Entretanto, quando volta a sua aldeia natal, ele perde de novo tudo e precisa enfrentar um enigmático fundidor de botões que pretende derreter sua alma, a menos que Peer consiga lhe mostrar quando e onde durante sua vida conseguiu ser “ele próprio”. O final surpreendente mostra que era apenas no amor da mulher Solveig que Peer sempre foi o que é, um sedutor irresistível na sua alegria voraz de vida.

O poema Peer Gynt só foi adaptado aos palcos dez anos depois, em 1876, e tornou-se a máxima expressão dramática e musical da alma nacional norueguesa nessa estranha “dialética da malandragem”, como diria Antônio Cândido, em que a exposição crua dos defeitos e fraquezas acaba revelando com graça e ironia, o melhor do universo poético e folclórico da Noruega.
                                                                                                                                              Karl Erik Schollhammer
PeQuod

A Cia PeQuod – Teatro de Animação surgiu de uma oficina realizada por Miguel Vellinho, em 1999. Ao longo desses dez anos de existência, a inquietação artística de sua equipe de profissionais produziu seis montagens que buscaram conjugar coragem, ousadia e profundo detalhamento artístico por meio de um entrelaçamento de tradição e cultura pop contemporânea. Em seus espetáculos, a PeQuod procura refazer os limites de seu teatro aproximando-se de outras manifestações artísticas, como a dança, a literatura, os quadrinhos, o cinema, a fotografia. Tudo isso sem jamais perder o caráter artesanal da confecção dos bonecos, figurinos e cenários. Essas foram, desde o princípio, as bases do trabalho da companhia, que completa sua primeira década de existência com um repertório sólido, ativo e reconhecido em todo o país.

Repertório

Sangue Bom (1999)
Noite Feliz
(2001)
O Velho da Horta
(2002)
Filme Noir
(2004)
Peer Gynt
(2006)
A Chegada de Lampião no Inferno
(2009)

Peer Gynt
de Henrik Ibsen

Elenco

André Gracindo
Carla Odorizzi
Gustavo Barros
Liliane Xavier
Márcio Nascimento
Márcio Newlands
Mario Piragibe
Marise Nogueira
Mona Vilardo
Mônica Botafogo
Raquel Botafogo

Ficha Técnica

Direção: Miguel Vellinho
Assessoria Teórica: Karl Erik Schollbammer
Cenário e Adereços: Carlos Alberto Nunes
Figurinos de Atores e Bonecos: Kika de Medina
Iluminação: Renato Machado
Trilha Sonora: Maurício Durão
Design Gráfico: Roberta de Freitas e Ana Carolina Braz
Direção de Movimento: Claudia Radusewski
Consultoria de Acrobacia Aérea: Júlia Diebl
Confecção de Bonecos: Maria Rêgo Barros, Liliane Xavier, Flávia Vitralli, Márcio Newlands e Miguel Vellinho
Escultura dos Bonecos: Maria Rego Barros e Flávia Vitralli
Fotografias: Simone Rodrigues
Operação de Som Telma Lemos
Maquinarias: Antonio Domingos
Cenotécnica: René M. Visão
Alfaiate: Macedo Leal
Costureiras: Berenice Dias e Tomatinho Girão
Produção Executiva: Agosto Cultural – JLM Produções Artísticas Laura Castro, Marta Nobrega, Renata Peralva, Daniel Carfa e Nathalia Athaide
Produção: Galharufa Produções Culturais
Equipe: Alex Nunes, Ana Clara Rizério, Francisco Chaves, João Eizo, Ludmila Teixeira, Micbelly Thomaz, Rafaela Sales, Roberto Gerônimo e Pedro Yudi.
Direção de Produção: Sérgio Saboya e Silvio Batistela
Realização: Cia PeQuod – Teatro de Animação

(Verso Última Capa)

Em 2006, para lembrar os cem anos da morte de Henrik Ibsen, a PeQuod resolveu marcar em sua trajetória esta data. No entanto, é impossível entrar no universo de um autor deste porte sem sair transformado. Esta montagem de Peer Gynt tem como premissa uma série de desafios técnicos e temáticos que levam nossa companhia a experimentar, pela primeira vez, alguns novos recursos e possibilidades. Abolimos certas regras que sempre havíamos seguido à risca. Misturamos atores, bonecos e formas impondo-nos a obrigação de não perder a coerência. Permitimo-nos a obrigação de não perder a coerência. Permitimo-nos arriscar como nunca fizéramos e conquistamos público e crítica do Rio de Janeiro incondicionalmente, tornando este projeto ainda mais especial do que era na sua gênese. A montagem foi agraciada com indicações importantes do Prêmio Shell de Teatro, o mais importante prêmio destinado ao Teatro nas categorias de Melhor Direção e Melhor Cenografia. Peer Gynt ainda foi eleito como uma das dez melhores peças teatrais do ano, segundo o critério teatral do jornal O Globo, Bárbara Heliodora.

Graças ao Programa BR Cultura que propicia a circulação nacional de espetáculos de grande porte, Peer Gynt chega a esta cidade trazendo uma montagem que reflete as atuais pesquisas desta companhia que há dez anos empenha-se em adequar o perfil da produção do Teatro de Animação com o restante da produção contemporânea das Artes Cênicas em geral. Sem hermetismo e com algum humor, ainda que ibseniano, PeQuod espera que esta montagem seja também para o espectador uma reflexão de que os limites sobre um palco são tênues e refeitos a cada dia.
                                                                                                                                                               Miguel Vellinho

(Verso do Programa)

PeQuod

PeQuod é o nome da embarcação que sai em busca da baleia Moby Dick, no romance de mesmo nome, Herman Melville, seu autor, fez uma homenagem ao nome de uma tribo de índios da América do Norte que foi exterminada com a colonização europeia.

www.pequod.com.br

Não Recomendado para Menores de 16 Anos

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