Livro/Programa, 2006

Fotos: Márcio  Lima

Barra

(INFORMAÇÕES DO LIVRO/PROGRAMA)

(Capa)

Companhia Novos Novos

DIFERENTES  IGUAIS

Série Palco

(Página 01)

Diferentes Iguais

(Página 02)

Realização

(Logos) Companhia Novos Novos, Teatro Vila Velha

Patrocínio

(Logos) Coelba – Grupo Neoenergia, FazCultura, Governo da Bahia, Secretaria da Fazenda, Secretaria da Cultura e Turismo.

(Página 03)

Texto: EdsonR e Fábio Espírito Santo
Direção: Débora Landim

Diferentes Iguais

P555 edições
Salvador, Bahia, 2006

(Página 04 – Foto)

(Página 05 – Índice)

Companhia Novos Novos | Débora Landim – 7
Projeto Vila Novos Novos – 9
Projeto Vila Novos Novos | Cássia Valle – 11
Diferentes Iguais | Fábio Espírito Santo – 13
Pontes e Teatros – 21
Projetos – 23
Diferentes Iguais / Texto – 31

(Página 06 – Foto)

(Páginas 07 e 08)

Companhia Novos Novos

Débora Landim (Coordenadora e Encenadora da Companhia Novos Novos)

A Companhia Novos Novos teve o seu embrião em 2000, quando o diretor Marcio Meirelles convidou-me para colaborar na preparação do elenco infantil da peça Pé de Guerra, um texto de Sônia Robatto. A experiência foi tão positiva que, terminada a temporada, resultou no seguimento desse trabalho com as crianças do elenco.

Depois de uma intensa preparação, nasceu o espetáculo que marca o aparecimento da Novos Novos como companhia independente: Imagina só… Aventura do fazer, de 2001. Premiado e muito elogiado, Imagina só… Aventura do fazer já mostrava as características que marcam o grupo. Seu elenco mistura crianças e adolescentes, orientados por um conjunto de profissionais conhecidos da cena teatral da Bahia. Coreógrafos, músicos, dramaturgos, iluminadores, figurinistas, cenógrafos… todos se voltam ao desafio de fazer espetáculos que, além da função educativa, também possam apresentar uma necessária e desejada qualidade artística.

Os projetos da Companhia Novos Novos tratam o exercício e a apreciação da arte como necessidades importantes ao homem e ações imprescindíveis à sua formação. Nesse contexto, a Companhia vem ganhando seu espaço na cena artística pelos trabalhos ricos em ideias e que despertam uma contínua preocupação com a responsabilidade social.

Assistir ou fazer teatro também se aprende. E se o gosto pela imersão em uma formação artística se constrói desde a infância, aproximar crianças e adolescentes das atividades teatrais é de fundamental importância para o surgimento de novos espectadores. A grande busca é propiciar aos jovens um conjunto de ferramentas que lhes possibilite uma sensibilização através da arte. Isso vale tanto para aqueles que participam do elenco, do grupo, e vivenciam o fazer teatro, quanto para as dezenas de milhares de pessoas que já assistiram às nossas montagens – público este, em sua maioria, constituído por crianças e adolescentes. Acreditamos que a arte é uma atividade capaz de socializar, formar, educar, sensibilizar e transformar.

A Novos Novos busca promover a integração de realidades sociais distintas. Seus elencos sempre misturam jovens de diferentes classes sociais; no tangente ao público, buscamos trazer à nossa plateia estudantes das redes públicas de ensino e também integrantes de grupos comunitários, creches e entidades. A ideia é destruir as fronteiras que cada vez mais afastam o ser humano, divide-o em categorias, em castas, em grupos. É preciso conhecer a amplitude e diversidade de nossa realidade para poder compreender, ter gana para propor outras possibilidades – acreditamos e apostamos todos os nossos esforços nisso.

(Páginas 09 e 10)

Projeto Vila Novos Novos

A arte é o instrumento natural da sensibilização do ser humano. E o teatro tem especial destaque nessa missão educadora.

Em 2005 e 2006, a Novos Novos promoveu os projetos Vila Novos Novos I e II, coordenação de Cássia Valle e Débora Landim, que teve patrocínio da Coelba e do Governo do Estado da Bahia, através do Fazcultura, realizando oficinas artísticas e de formação de mão-de-obra para as diversas atividades teatrais.

Recebemos no Vila Novos Novos II (2006) aprendizes para as oficinas básicas de iluminação cênica, orientador Fábio Espírito Santo; cenotécnia, orientador Paulo Batistela/Nietzsche; identidade cultural, orientadora Luciana Palmeira; e teatro, com Débora Landim. As oficinas foram direcionadas a adolescentes e sempre com enfoque na formação. O projeto, em 2005, contou com oficinas de dança (Rejane Maia), música (Jarbas Bittencourt), culinária saudável (Bira Franco), teatro (Marinalva Batista) e educação ambiental (Luciana Palmeira), oferecidas para crianças. Todas as oficinas foram gratuitas.

Nessas duas edições, o projeto abriu as portas de suas oficinas para 60 crianças e adolescentes, com faixa etária entre 7 e 20 anos, moradores de comunidades populares de Salvador, um público que não teria como viabilizar esse querer artístico devido a dificuldades financeiras. As oficinas são desenvolvidas tendo os artistas colaboradores da companhia como orientadores e os integrantes do elenco infanto-juvenil da Novos Novos como facilitadores. Todas as atividades foram desenvolvidas no Teatro Vila Velha. Em um segundo momento, jovens dessas oficinas foram selecionados para a remontagem do repertório da Companhia Novos Novos e também para a criação daquele que seria o mais novo espetáculo do grupo baiano, Diferentes iguais.

Outro foco do projeto foi a publicação dos textos encenados pela companhia, O primeiro livro dessa iniciativa, 3 x Novos Novos, traz os três primeiros espetáculos do grupo (Imagina só… Aventura do fazer, Mundo Novo Mundo, Alices e Camaleões), informações relativas ao fazer teatro, fotos e fichas técnicas das montagens. A Novos Novos também gravou um CD com todas as músicas compostas exclusivamente para as referidas montagens.

Agora, através do Projeto Vila Novos Novos II, conseguimos viabilizar a publicação deste livro, que traz um tanto da nossa história mais o texto na íntegra de Diferentes Iguais, com fotos da montagem original, ficha técnica e informações sobre a trajetória desta que é a quarta montagem da nossa trajetória. Uma história que, a partir da encenação de Diferentes Iguais, ganha mais um capítulo.

(Página 11)

Projeto Vila Novo Novos

Cassia Valle | Coordenadora do Projeto Vila Novos Novos Ano I e II.

Projeto Vila Novos Novos, dois anos, duas experiências distintas e de muito aprendizado. O projeto em foco é uma fonte de energia e otimismo. Ele investe na realização do sonho e da utopia. Longe de qualquer apelo demagógico, panfletário ou contativo.

Apesar de direcionado a públicos diferenciados e objetivos finais também diferentes, o elemento condutor das principais ações realizadas foi o reconhecimento da riqueza cultural extraída da experiência humana, através do intercâmbio de informações e de valores. Entendemos a informação como uma troca, um constante diálogo no qual a diferenciação cultural é o elo onde há de brotar um novo humanismo, regido pelo respeito, pela curiosidade e pelo afeto. E foi com entusiasmo que buscamos esse ponto de intersecção nos dois anos de desenvolvimento do projeto.

Considero-me realizada por fazer parte desse processo e ter colaborado, junto a Débora Landim, na obtenção de meios que viabilizaram sua execução. As ações desenvolvidas durante esses dois últimos anos referentes ao projeto Vila Novos Novos resultam de um esforço comum, além do auxílio luxuoso de uma equipe coesa e instrutores ímpares.

(Página 12 – fotos)

A realização de projetos de significado tão singular responde de maneira objetiva a uma espécie de pedantismo intelectual que reduz o potencial de ações artísticas a meras referências filosóficas. É a arte como vida. E a vida como nos ensina Padre Antônio Vieira, é vento. É esse vendaval, essa lufada de criatividade e emoção que o projeto Vila Novos Novos Ano I e II apresentou orgulhosamente ao seu público.

(Páginas de 13 a 17)

Diferentes Iguais

EdsonR | Autor do Texto Diferentes Iguais

Diferentes iguais é a quarta montagem da Companhia Novos Novos. Desta feita, vão à cena apenas os atores do grupo com idade superior a 14 anos. Os oito jovens intérpretes são dirigidos por Débora Landim. A peça usa como símbolo o circo para discutir um tema que permeia vários dos problemas contemporâneos: a tolerância, em suas diversas escalas. A ideia é mostrar, de forma lúdica e simbólica, que muitas vezes somos atores de uma realidade que nos coloca como vítimas e algozes de acontecimentos horrendos.

Em meio a equilibristas, palhaços e atiradores de facas, desenrolam-se histórias que questionam a imposição da “verdade” pelo mais forte e nos levam a ponderar sobre os grandes atos de intolerância da humanidade, como guerras, ditaduras e imperialismo, uso do poder para a destruição, racismo, etc. Para interferir no cotidiano desse circo que simboliza o mundo, surge o homem que quer comprar a lona e se apoderar daquele lugar. E ele será capaz de tudo para isso.

Atuamos em uma lógica na qual é normal vivermos entre as extravagâncias dos ricos e a mais completa necessidade dos pobres. É o mundo sem causa-consequência que criamos e que se solidificou a ponto de soar ingênuo e deslocado questioná-lo.

Em Diferentes Iguais tudo se desenrola no local das extravagâncias, das revelações hiperbólicas: o circo. Nos bastidores desse circo imaginário, que ora escancara seu cotidiano ao público, ora mostra a ele a sua cena ensaiada, vão se desenrolando acontecimentos que buscam explicitar a atual condição humana. A vítima de hoje, não raras vezes, será o algoz de amanhã. “Por que é assim?” – é a pergunta que ressoa.

O Homem de Paletó, personagem que quer comprar o circo, é o exemplo do poder com o qual convivemos, não mais ditatorial, mas importo pelo sistema econômico, pelas urnas – e até das surgem governantes opressores. Isso porque o problema não está só no modelo político ou econômico, mas, principalmente, no modelo de humanidade. A questão da intolerância racial, tão forte no nosso Brasil e também em tantos países do mundo, é outro assunto que não pôde nos fugir.

O Palhaço, tantas vezes usado para rir e chorar, camuflar e explicitar, consolar e caçoar, é, nesta peça, contraponto de Homem de Paletó. Atirador de Facas e sua Musa vivem os dilemas do amor que tem um dono, um que comanda, que não tem o melhor dele, enfim: a troca. E a palavra, símbolo do entendimento, esta também tem destaque em Diferentes iguais. Quem tem a palavra, tem o poder. E o poder pode ser usado de forma errada, e muitas vezes é.

Mas se a intolerância é perigosa, a tolerância, por vezes, também é. Como aceitar como normal o crescimento dos grupos neonazistas, o tráfico de seres-humanos, a submissão das nações pobres frente às ricas? São outras questões levantadas por esse projeto que, mais do que oferecer respostas, busca colocar em cena questionamentos, compartilhando com o público a oportunidade de se pensar sobre “certezas” que hoje sustentam nossa sociedade.

Diferentes Iguais é a primeira montagem da Companhia Novos Novos que é dedicada a um público adolescente, com idade um tanto maior do que a que costumava ser alvo das peças anteriores do grupo residente do Teatro Vila Velha. Também por isso, o assunto a ser abordado foi cuidadosamente escolhido para representar esse salto de perspectiva vivenciado pela equipe. Buscou-se um espetáculo que fosse fortemente simbólico e cujo entendimento extrapolasse as fronteiras da língua. Texto, música, coreografia, cenário, figurino, iluminação, tudo, como é costume nos trabalhos do grupo, foi dimensionado para as particularidades de um elenco formado por jovens que, na ocasião da primeira montagem da peça, tinham idades entre 14 e 18 anos.

O espetáculo busca que linguagem e simbologia se complementam a todo o momento, sem que um ou outro prevaleça. E essa ideia direcionou a construção de Diferentes iguais, e de nossos questionamentos sobre a tolerância. O poeta francês Paul Valéry (1871-1945), de forma adequada, observou certa feita que “a pele é o mais profundo do ser humano”. Buscava ele mostrar que nada nos influencia mais do que a experiência. E verdadeiramente é assim. Quantas vezes, em meio a uma exposição de opiniões alguém tenta ofuscar o ponto de vista do opositor com a frase definitiva: “Sei mais do que você sobre isso porque vivencio ou dito, sou negro, ou mulher, ou soropositivo, ou…ou…ou…”. O argumento é que, quem vivenciou incontestavelmente, conhece mais sobre o tema. Tem a pele tatuada com a cara da verdade. Não deixa de ser um argumento forte, mas não é definitivo.

Nosso mundo é complexo e cheio de nuanças a serem levadas em conta. Quem é hoje discriminado, lá na frente, não poucas vezes, discriminador é. A história do mundo está cheia de exemplos que demonstram isso. O que torna necessário é um novo enquadramento, no qual as diferenças sejam respeitadas e se procure a construção de uma sociedade na qual o respeito seja o Norte a ser seguido. Um momento, um lugar onde todos possam opinar os que vivenciaram e os que pensam sobre o tema, e respostas sejam encontradas nessa troca de ideias e experiências.

Diferentes iguais foi realizado no labutar dessa lógica. Exibe nossa arrogância diante do outro, questiona nossas posições sobre o tema, oferece um novo caminho. Um espetáculo que, por si só, foi um desafio para toda a equipe, já que a grande busca foi, diferentemente das outras montagens da Companhia Novos Novos, construir uma peça na qual o movimento de cena é o grande foco, e não os diálogos.

A peça, quarta deste grupo teatral, celebra o amadurecimento de seus atores e de toda a equipe. Celebra, também, a possibilidade de colocar sobre o palco uma discussão tão profunda e complexa de maneira lúdica, mas questionadora.

Somado a tudo, e de forma particular, foi também, para mim, uma grata oportunidade de trabalhar em conjunto com Fábio Espírito Santo, com quem divido a autoria do texto.

(Pagina 18 – Foto)

(Páginas 19 e 20)

Diferentes Iguais

Fábio Espírito Santo/ Autor do texto Diferentes Iguais

Diferentes Iguais foi um texto escrito a quatro, oito, dezesseis… muitas mãos, pois, além da minha parceria com Edson, que já havia escrito outros textos pata a companhia, nós dois tivemos a fundamental orientação de Débora Landim, que nos dava os rumos, e a contribuição incalculável dos meninos e meninas da Novos Novos, para quem o texto foi carinhosamente escrito.

Como princípio do processo, nos foi proposto o tema intolerância, questão muitíssimo delicada e de uma atualidade ímpar, mas, sobretudo, bastante necessária para voltarmos os olhos e ouvidos em prol de uma reflexão sobre os dias de hoje. Proposto o desafio, tínhamos em mente a importância de não pesar a mão, pois estávamos escrevendo para jovens atores e para uma companhia que preza pela leveza, de encenação, não do tema, em seus espetáculos. Sabíamos também que corríamos o sério risco de defender alguma moral, já que, para nós, a intolerância nasce da não aceitação do outro, da completa intransigência na defesa de uma verdade, sendo ela o nascedouro primaz da violência. Tínhamos em mente que não queríamos fazer defesa alguma, mas sim, expor a ferida.

Com esse propósito de leveza, decidimos então escolher o circo como metáfora do mundo e seus artistas como agentes e vítimas da cruel intolerância. Escolhido o espaço no qual a história iria se ambientar, começamos a pensar sobre a estrutura da dramaturgia. Depois de levantarmos algumas possibilidades, optamos por construir pequenas cenas que, à priori, não teriam ligação, mas que por fim formariam um grande mosaico sobre o assunto. O próximo passo então foi escolhermos quais os aspectos da intolerância que deveríamos abordar. Listamos diversos, juntamente com o elenco: a intolerância de credo, racismo, velhice, relação de casal, ideológica… Posso dizer que infelizmente chegamos a uma grande lista da qual tivemos que escolher as que mais se adequariam à nossa estrutura dramática e as que gostaríamos que fosse motivo de reflexão para o público que assistisse ao espetáculo.

Durante o processo de montagem, algumas cenas foram reescritas, algumas cortadas e outras habilmente recriadas pela encenação, em um grande e prazeroso laboratório para qualquer dramaturgo que escreve e vê, imediatamente, o seu trabalho na boca do ator. Um trabalho coletivo com toda a força que esta palavra possa significar. Por isso, sucesso, muito e sempre, aos Novos Novos!

(Páginas 21 e 22)

Pontes e Teatro

A Companhia Novos Novos estreou o espetáculo Diferentes Iguais na cidade de Manchester, Inglaterra. A peça do grupo baiano esteve na programação de abertura do Contacting The World 2006 – International Fund for the Promotion of Culture – Unesco. Evento realizado entre 17 e 23 de julho de 2006.

O Contacting the World foi realizado no Contact Theatre e teve 12 peças em sua programação, vindas de oito países diferentes e envolvendo cerca de 160 jovens atores de lugares como Ruanda, Escócia, África do Sul, Filipinas, Nova Zelândia, Inglaterra, Índia e Brasil. Diferentes Iguais fez uma apresentação para cerca de 500 pessoas. A Companhia Novos Novos realizou oficinas e a diretora do grupo, Débora Landim, participou de debates na Manchester University.

A ida da Companhia Novos Novos ao Contacting the World 2006 foi possibilitada pelo British Council, que reconheceu a importância do trabalho e cedeu passagens para o grupo. Uma última passagem que faltava para a viagem foi ofertada pelo Ministério da Cultura do Brasil.

Essa ida para Manchester marcou a primeira apresentação internacional da Novos Novos. Mas, antes disso, integrantes do grupo baiano já haviam viajado outras duas vezes para a Inglaterra (LIFT – London International Festival of Theatre / Londres 2003; Leicester Theatre, UK 2006) e também um par de vezes para a Argentina (Projeto Phakama / Intercâmbio Cultural entre Brasil, Inglaterra, África do Sul e Argentina / Buenos Aires 2006).

Diferentes Iguais cumpriu sua primeira temporada no Brasil na cidade de Salvador, Bahia, entre agosto e setembro de 2006, no Cabaré dos Novos do Teatro Vila Velha. Em janeiro de 2007, voltou ao mesmo teatro para nova temporada, só que desta feita já em seu palco principal.

(Página 23)

Projetos

A Companhia Novos Novos desenvolve projetos que tratam o exercício e a apresentação da arte como necessidades importantes ao homem e ações imprescindíveis à sua formação. Nesse contexto, o grupo vem oferecendo à cena artística trabalhos que demonstram uma contínua preocupação com a responsabilidade social.

Oficina

A oficina de teatro para crianças possibilita o contato com o lúdico. Não querendo formar atores, o principal dessa proposta é dar às crianças ferramentas que lhes possibilite uma sensibilização através da arte. Algumas crianças que participam das oficinas podem até, durante o processo, descobrir uma vocação artística, mas não é esse o foco do trabalho.

A oficina de teatro para crianças abrange a faixa etária entre 7 e 12 anos, promovendo a integração de realidades sociais distintas, razão das turmas só serem compostas por participantes pagantes e bolsistas. Alguns integrantes da Companhia Novos Novos vieram dessas oficinas promovidas pelo Vila Velha e da parceria com o Unicef.

(Página 24)

Projeto Escola

Através do projeto posposto à Secretaria Municipal de Educação e Cultura da cidade de Salvador, a Companhia Novos Novos já teve dois de seus espetáculos apresentados para a rede municipal de ensino: Imagina só… Aventura do fazer (2001 e 2006) e Mundo Novo Mundo (2003). Somados, os dois espetáculos trouxeram ao Teatro Vila Velha mais de 10 mil estudantes da rede municipal de ensino.

Esse projeto agrega professores e alunos em um espaço comum, dividindo as mesmas experiências e aprendizados. A ideia é fornecer subsídios e provocações à plateia e aos professores, de forma a contribuir para a construção de uma visão a respeito do fazer teatro na escola.

O projeto propõe mais do que a simples assistência de um espetáculo; Busca oferecer às crianças e aos educadores a ida ao teatro como uma atividade artística e lúdica, que possa alimentar e enriquecer o processo criativo.

A idade dos atores e suas realidades, tão próximas da plateia formada por estudantes do ensino fundamental, apontam para outro ponto positivo dessa proposta. As semelhanças quebram barreiras e aproximam o espetáculo do público, envolvendo em um mesmo ambiente, atores e plateia, todos compartilhando da essência lúdica inerente à condição da criança.

(Página 25, 26 e 27)

Espetáculos

As peças da Companhia Novos Novos tiveram inspiração e trajetória distintas, mas o combustível da jornada sempre foi o mesmo – a ideia de que o teatro pode ser um centro que incentiva e faz multiplicar ideias e discussões.

Sobre o palco, pode-se tocar em assuntos importantes, ajudando a formar a consciência de mundo da jovem plateia e também dos pais, já que, quando o texto e o espetáculo são realmente interessantes, não existe uma faixa etária limite para sua apreciação.

Dessa impressão a respeito da arte nasceram:

Imagina só… Aventura do Fazer (2001)
Mundo Novo Mundo (2003)
Alices e Camaleões (2004)
Diferentes Iguais (2006)

Imagina só… Aventura do Fazer,
peça que estreou em 24 de novembro de 2001 e teve em seu elenco exclusivamente crianças: uma parte vinda do espetáculo Pé de Guerra (texto de Sônia Robatto e direção de Marcio Meirelles; 2000) e outra de seleções realizadas por Débora Landim durante as Oficinas do Vila.

Imagina só… Aventura do Fazer foi realizado a partir de várias leituras. O próprio argumento da história traz a relação com a peça Seis personagens à procura de um autor, do dramaturgo italiano Luigi Pirandello (1867-1936), Prêmio Nobel de Literatura em 1934. Desse mote, levanta-se um universo no qual cabem fragmentos de crônicas de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987); poemas de Hélder Pinheiro; ideias nascidas a partir da literatura de tiras de jornais, como Calvin&Haroldo (criação do norte-americano Bill Waterson) e Mafalda (do argentino Quino). Toda essa informação foi acrescida de discussões a respeito de temas desenvolvidos em ensaios teóricos de Fanny Abramivich e outros pesquisadores que realizam estudos sobre a cultura para e da criança.

A peça inaugural da Companhia Novos Novos é, em essência um texto-homenagem aos artistas que teimaram em criar para crianças. Também homenageia outro grupo de autores, aqueles de textos especiais, relatos que conseguem transpor a barreira da idade e conquistar leitores de diferentes gerações.

Mundo Novo Mundo, que estreou em 13 de setembro de 2003. Um importante ingrediente desse espetáculo só apareceu quando seu texto já estava em andamento. A leitura do livro da escritora baiana Gláucia Lemos, o sensível Luaral, um mundo absurdo foi um dos responsáveis pela instalação de um clima poético na história que nascia.

Circunstâncias difíceis, penosas, que são enfrentadas em um clima de suspensão da realidade; é assim Luaral, e assim também quis existir Mundo Novo Mundo. Na peça, há outra homenagem ao livro de Gláucia Lemos, através da inclusão do personagem Moby.

E mais títulos passaram de mão durante a criação de Mundo Novo Mundo. Conhecemos a escritora norte-americana Karen Cushman através do seu Matilda dos Ossos; veio também Mohamed, um garoto afegão, do brasileiro Fernando Vaz, vimos filmes de ficção-científica, como Inteligência Artificial, projeto de Stanley Kubrick (1928-1999) depois tocado por Steven Spielberg; colhemos informações sobre o aquecimento da Terra pelo efeito estufa, nível de poluição do planeta, desmatamento, o problema da escassa água doce…

Fechando a lista que serviu como argamassa para a construção do Mundo Novo Mundo, outros três livros e escritores especiais. Ítalo Calvino (1923-1985) achegou-se ao convívio de nossos estudos com o seu Barão nas árvores. Já O Menino do Dedo Verde foi outro trabalho que, com sua arrebatadora força literária e poética, trouxe vários elementos para o texto definitivo de Mundo Novo Mundo. Obra de grande sucesso em todo o mundo, O Menino do Dedo Verde tem como autor Maurice Druon, escritor francês nascido em 1918.

Por fim, o mestre: trechos de Romeu e Julieta, do poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616) ajudam a compor a dramaturgia de Mundo Novo Mundo em algumas cenas relacionadas aos personagens Cosme e Feila, do povo de Mundo Novo Mundo, e Katai e Maratum, da tribo dos Culpados.

(Página 28)

Alices e Camaleões, que estreou em 07 de novembro de 2004. Foi construída com a intenção de buscar uma maior alegria em cena. Com Mundo Novo Mundo ficou claro que o tipo de abordagem mais séria e taciturna era necessário, mas para uma companhia de teatro, defendemos, mostra-se importante experimentar novos climas cênicos a cada peça.

O tema de Alices e Camaleões veio da ideia de se juntar, em um mesmo projeto, dois desejos: homenagear aos 40 anos do Teatro Vila Velha e também falar do nosso momento atual, com o planeta inseguro em meio a ditadores, terroristas, extremistas e presidentes imperialistas.

Alices e Camaleões é uma fábula moderna que tem como núcleo a discussão sobre a prepotência e o convívio social. Em um mundo onde cada vez são mais comuns os atos extremos, Alices e Camaleões coloca em debate a imposição da opinião, tão presente na história da humanidade.

Para falar de ditadura, a peça nos faz relembrar aspectos do governo militar imposto ao Brasil em 1964. Um regime que, por coincidência ou ironia, implantou-se apenas alguns meses antes de ser inaugurado o Teatro Vila Velha, casa de espetáculos que prima pela liberdade de expressão e criação; espaço baiano que tem a Novos Novos como uma de suas companhias residentes.

(Página 29)

Como material de apoio para a dramaturgia, foram pesquisados textos e documentos sobre o Golpe de 64 e suas consequências.

A tirania observada em vários contos para crianças também foi estudada, e nesse quesito foram lidos trabalhos como as obras-primas do escritor inglês Lewis Carrol (1832-1898), Alice no País das Maravilhas Através do espelho e o que Alice encontrou lá.

Junto ao alegre nonsense defendido pelo trabalho de Carrol, suas observações sobre o poder, os poderosos e os que obedecem foram de grande valia para a criação de Alices e Camaleões.

Outra inspiração que incorporou todo esse processo e também seu texto Yellow submarine, filme e trilha psicodélicos dos Beatles, produzidos nos anos de 1960.

(Página 30 e 31)

Companhia Novos Novos

Diferentes Iguais

(Página 32 – Foto)

(Página 33 a 58 – Texto do espetáculo)

(Um Circo, Um Picadeiro, Entra o Homem de Paletó, analisa o ambiente, confere espaços do palco, dá atenção especial ao picadeiro, que mede, olha, faz anotações. Em seguida, bate três palmas e com isso músicos entram e se posicionam ao lado do palco, formando uma banda. Começam a tocar tema circense. Entram personagens do circo, equilibristas, palhaços, malabaristas…).

Música Instrumental / Coreografia (Início de espetáculo).

Cena 1

Palhaço: Respeitável público, boa noite. Este é o nosso espetáculo, com as cenas mais verdadeiras, as dores e alegrias mais pulsantes. Aqui, neste palco, temos uma rica amostra do mais importante tema de toda a história: O SER HUMANO.

Música Instrumental

(Homem de Paletó passa pelo palco com sua maleta, apressado, vai até o picadeiro e fica a analisá-lo, mede, toma nota e sai).

Palhaço: Mas não tenham medo dos percursos deste nosso encontro. O entendimento é fácil, pois sobre este palco está VOCÊ! (Diversos espelhos são empunhados pelos atores à frente da plateia. Atores apontam para a plateia).

Outro Personagem: Você! (aponta para a plateia)
Outro Personagem: Você! (aponta para a plateia)
Outro Personagem: Você! (aponta para a plateia)
Palhaço: E como hoje estamos em uma apresentação especial, vamos então aproveitar a presença de todos vocês para mostrar tudo, absolutamente tudo.

(Auxiliar traz placa na qual se lê: Artista de Rua. Anuncia-se, assim, a primeira atração. Saem Palhaço e Auxiliar. Surge o Artista de Rua, tocando e indo até o meio do palco. Coloca no chão o seu chapéu e o Homem de Paletó passa pelo palco, naquele instante. O Artista de Rua brinca com ele, o cerca, insiste, até que o Homem de Paletó coloca uma moeda no chapéu).

Cena 2

(Artista de Rua, tocando o seu berimbau, ocupa o centro do palco. Depois de um tempo, uma pequena vaia, é o Representante do Público, que está sentado na plateia. O Artista de Rua fica constrangido, mas volta timidamente à toca: Novamente a vaia. Artista de Rua para de tocar mais uma vez. Olha para o público e volta a tocar: Mias uma vaia, agora mais longe. O Artista de Rua para de tocar. O Representante do Público reclama de alguma coisa; levanta da cadeira e joga objetos no Artista de Rua. Finalmente, Representante do Público vai até o palco, reclama ainda mais em blablação*. Artista de Rua sai meio atordoado. Representante do Público percebe-se só no palco, olha. Faz que vai contar uma história, acha uma placa que anuncia uma atração, pega a placa. Alívio, já sabe o que fazer: Anuncia a próxima atração).

Representante do Público: Artista de rua! (diz, mostrando a placa).

*Uma língua inventada.

Cena 3

(Menina Negra faz número de malabarismo no palco. Entram três personagens em pernas-de-pau e cobertos por imensos panos brancos, como os integrantes da Ku Klux Klan. Entram falando numa língua inventada. Como numa Torre de Babel, ninguém se entende).

Música Instrumental / Coreografia

(Os personagens em pernas-de-pau deixam Menina Negra transtornada em uma dança amedrontadora. Ao seu redor surgem placas com balões de histórias em quadrinhos com a palavra PORQUE?, em variadas línguas, mostrando surpresa, não entendimento. Depois de um momento, personagens em pernas-de-pau saem. Menina Negra fica deitada no palco. Desenrola-se outra cena: dois jovens se entreolham, coisa que fica visível para o público. Os jovens são Trapezista e Maria. A Menina Negra atravessa o palco e do outro lado encontra um grupo religioso, com hábitos e vestimentas bem típicos).

Cena 4

Menina Negra: Que gente esquisita. Raça Nojenta.

(Estrangeiro, que vem chegando ao palco, vai até os religiosos. Faz uma pergunta):
Estrangeiro: ¿Ramas hunetede agorta hora?
Personagem 1: De onde vem este?
Personagem 2: Sei lá, língua maluca.
Estrangeiro: ¿Ramas hunetede agorta hora?
Personagem 1: Ah, não enche. Eu não converso com quem não fala a minha língua. Esse povo vem de longe para o nosso país, pega nossos empregos, deixa a gente na miséria, abusa da nossa boa vontade, é isso mesmo, abusa da nossa boa vontade. E agora chega todo cheio de cuidadinho e isso e aquilo. Saia do nosso país, estrangeiro!

Todos: Saia do nosso país, estrangeiro!

(Atordoado, Estrangeiro sai daquele lugar, mas logo em frente encontra-se com dois jovens que trocam olhares. Para e da uma grande bronca na dupla, e, blablação. Os dois rapazes vão passando e os dois grupos (religiosos e meninos) e mais Menina Negra se encontram no centro do palco).

Todos: Iiiiiiii.

(Entra Homem de Paletó).

Homem de Paletó: Respeitável público, boa noite! Quero dizer que será meu este lugar! E a parte que eu não conseguir à força, digam-me o preço (diz para a plateia), sou rico, estou disposto a pagar.

Me deixo aqui apresentada alguma diferença? Algum contraste? Alguma injustiça? É evidente que não. Esse é apenas o desenrolar natural da vida! Um jogo, ok? Assim: uns atiram as facas e os… outros, os outros são o alvo.

Cena 5

(Homem de Paletó vai para cima do Picadeiro e passa a cercá-lo. Entra uma música de Circo e junto com ela Atirador de Facas (José) e Maria, a Mulher do Atirador. Música instrumental para o número. Enquanto Atirador de Facas e Maria fazem toda a ação que antecede à apresentação, os dois conversam normalmente como se estivessem sozinhos. Vivem o amor).

Atirador: Esta é a história de José.
Maria: Está é a história de Maria.
Atirador: José.
Maria: Maria era balconista de uma loja do comércio, quando conheceu José.
Atirador: Era servente de pedreiro num trabalho da prefeitura; consertava a calçada da loja que Maria trabalhava, quando se apaixonou.
Maria: Ela olhou pra ele, ele olhou pra ela assim.
Atirador: Logo aquele coração de pedra mergulhou no lago da paixão.

(Página 38)

Maria: Disseram tudo que queriam dizer um para o outro.
Atirador: O que ela falava ele concordava.
Maria: Ele dizia o que ela queria dizer.
Atirador: E riam juntos todos os risos do mundo.
Maria: E todas as canções de amor eram só deles.
Atirador: E fizeram juras, prometeram se amar.
Maria: E se amaram.
Atirador: Ela se acomodou em seus braços.
Maria: E ele no ombro dela.
Atirador: Esta é a história de Maria.
Maria: Esta é a história de José.
Atirador: Maria.

(A ação para quando Atirador vai jogar a faca na tábua onde se encontra Maria. Representante do Público levanta placas e um Ator, ao seu lado, levanta outras).

Representante do Público – Amor?
Ator – Love?
Representante do Público: Amor?
Ator: Love!

(Ator e Representante do Público olham para as placas. Escondem-nas e pegam, cada um, outra placa onde se lê):

-Amor…
-Love…

(Luz cai na cena e se acende no Picadeiro).

Cena 6

(Durante toda a cena do Atirador de Facas, o Picadeiro é constantemente visitado pelo Homem de Paletó, que toma notas, verifica a localização numa bússola e em algo que parece um astrolábio. Aos poucos, vai se tornando cada vez mais dono do lugar. Inicialmente, ainda aceita que um ou outro personagem suba ao Picadeiro, mas, com o tempo, passa a deixar pouco espaço disponível para a performance do outro, até chegar a impedir a subida de qualquer um ao Picadeiro. Finalmente, cerca o Picadeiro e estia uma bandeira, como que a deixar claro o seu domínio naquele lugar. Canta um hino, em blablação, durante o hastiamento, bem forte, dramático, contando uma história épica de conquista e dores. Homem de Paletó é o centro da cena. Ao final da coreografia Homem de Paletó é levado ao Picadeiro. Artista de Rua, que via a tudo, dá um grito e cruza toda a extensão do palco, com o berimbau em punho. Vai para o lado oposto da multidão. Começa a tocar, lentamente, pausadamente. Para as pessoas, é como se alguém estivesse discursando. O discurso e o  entendimento vêm do som, do ritmo, do lamento do berimbau. As pessoas vão entendendo os “argumentos” do Artista de Rua, obviamente contrários aos do Homem de Paletó. As pessoas vão se achegando ao Artista de Rua, que continua a tocar. Começa a cantar).

Música

Camará
(Ray Gouveia e EdsonR)

Abram os ouvidos
Pra verdade ecoar
Minha voz é forte
E nossa história vou contar

Tinha meus nesse lugar
Camará
Outros vieram tão desiguais
Foram tantos tiros
Tantos gritos
Tantos ais
Foram tantos corpos machucados
Tanto mal

Lágrimas nos olhos
E o silêncio no final
Nem é bom lembrar
Camará
O que o tempo faz
Foram tantos tiros
Tantos gritos
Tantos ais

Cena 7

Homem de Paletó: (grita) Atacar!!!

(De cada lado do palco saem dois personagens, cada um com um cavalo, que é inspirado na Mulinha. Depois de um mise-en-cène pelo espaço cênico, enfileiram-se de um lado, em contraposição às pessoas que se aglomeraram no palco. Sai uma primeira Mulinha em direção às pessoas, matando-as com espadas, e a Mulinha que vem atrás vai passando pelos corpos que estão no chão. Vão para o lado do Homem de Paletó. Festejam, cantam o mesmo hino do hastiamento, reverenciam a bandeira junto com o Homem de Paletó).

Cena 8

Música Instrumental

(Entra vinheta circense. Todos se levantam e transformam-se em palhaços. É um número de circo que imita um jogo de perguntas e respostas. Há três concorrentes. Palhaço funciona aqui como apresentador/animador da plateia).

Palhaço: Olá, cá estamos em mais um número de O Número. E que todos estejam atentos, pois aqui ou você ganha ou quem ganha…
Todos: É o outro.
Palhaço: Quem ganha?
Todos: É o outro.
Palhaço: Eu não ouvi.
Todos: É o outro.
Palhaço: Atenção, vamos começar, heim. A primeira pergunta: Quantas pessoas morreram em Hiroshima e Nagasaki?
Participante 1 (Uma mulher bem alegre): Eu sei! Eu sei! Eu sei! De agosto de 1945 até o final daquele ano, morreram 220 mil pessoas. 145 mil em Hiroshima e 75 mil em Nagasaki.
Palhaço: Completamente cerco. Já vi que temos aqui uma forte concorrente. Mas há mais perguntas e mais jogo. Atenção, atenção: Qual o conflito mais sangrento da história?
Participante 2 (Depois de um mise-en-scène para mostrar que sabe a resposta): Julga-se que o maior número de mortes em um único conflito aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial. Morreram 62 milhões de pessoas.
Palhaço: A Resposta está e… e… e-xa-ta! Muito bem. Outro participante conhecedor da maior diversão do homem: matar! Matar! Matar! Bem, bem, bem, é chegada a hora da última pergunta. Vamos ver, então: Quantos negros foram trazidos da África para serem escravizados na América? 3,2,1… Agora!

Participante 3: A História oficial conta que vieram 9 milhões e quinhentos mil africanos para as Américas, arrancados de sua terra, deixando para trás sua cultura e sua forma de entender a vida e o mundo. Indistintamente, crianças, mulheres, muitas delas grávidas, velhos… todos… todos eram tratados como animais, por todos… todos… todos…

(Volta música de vinheta de O Número e personagens começam a falar seguidamente):

Palhaço: Quantos?

Todos: Quantos, quantos, quantos, quantos,

Música Instrumental/Coreografia

Palhaço (ao microfone): Quantos mais serão necessários morrer para que a gente aprenda a deixar de matar?

Cena 9

 (Há um rápido encontro entre Trapezista e Maria. Trapezista sai e a ação entre o Atirador de Facas e Maria se repete. Começa o número. Enquanto fazem toda a ação que antecede a apresentação, conversam normalmente como estivessem sozinhos. Eles agora estão menos empolgados um pelo outro do que na cena anterior).

Maria: Esta é a história de Maria.
Atirador: Esta é a história de José.
Maria: Maria falava.
Atirador: José falava também.
Maria: Ela água.
Atirador: Ele pedra.
Maria: Ela sul.
Atirador: Ele norte.
Maria: Ela corte.
Atirador: Ele campo.
Maria: Ela canto.
Atirador: Ele grito.
Maria: O que ela falava ele não concordava.
Atirador: O que ele falava ela discordava também.
Maria: Ela sol.
Atirador: Ele chuva.
Maria: Ele virou “importante”.
Atirador: Ela não quis virar nada.
Maria: Ela uva.
Atirador: Ele coco.
Maria: Ela pouco.
Atirador: Ele muito.
Maria: E viviam os dois assim.
Atirador: Esta é a história de José.
Maria: Esta é a história de Maria.

(A ação para quando o Atirador vai jogar a faca na tábua onde se encontra Maria. O Representante do Público levanta placas e um Ator, ao seu lado, levanta outras).

Representante do Público: Amor?
Ator: Love?
Representante do Público: Amor!
Ator: Love!

(Ator e Representante do Público olham para as placas. Escondem-nas e pegam, cada um, outra placa onde se lê):

-Amor…
-Love…

(Ao final do levantamento de placas, o Atirador de Facas vai arrumando uma bola de soprar na tábua na qual ele sempre atira a sua faca. Mira… Vai seguindo sua mira com a faca em punho até chegar à bexiga e a estourar. Ouve-se um grande estrondo):

-BUUUMMM!!!!!!

Cena 10

(Todos olham para o Atirador de Facas e ele mesmo está impressionado com o barulho produzido pela bolinha ao estourar. Certifica-se, olha para a faca… olha para todos e balança a cabeça negativamente. Sobe uma fumaça pelo palco e som de chuva. Alguns personagens chegam à frente para ver do que se trata. Um deles passa para a coxia, volta correndo e eufórico tentando falar o que viu, volta para a coxia e traz, em um carrinho de mão, um Homem de Asas Bem Grandes. Despeja-o no chão).

Homem de Paletó (sobre o picadeiro, lendo em um jornal enquanto a cena se desenrola)– Pessoas passam a analisar o ser que caiu das alturas depois da grande explosão. Ele, encolhido entre suas asas, apenas olha, machucado, mas sereno. Colocam o ser em uma jaula e voltam à vida normal. Outras pessoas que acompanharam a queda vêm ver de perto o visitante, mas ele pouco se mexe. Atiram comida para ele, cutucam seu corpo com galhos. Mas o Homem de Asas Bem Grandes fica o tempo todo quieto. Uma asa havia se quebrado, concluiu-se, e ele nunca mais iria voar. Os novos donos do ser (aqui os personagens colocam uma placa “($$)” na frente da jaula) agora cobram ingresso dos visitantes, que não param de chegar. São cientistas, poetas e desenganados, todos querendo… a cura. Mas nada muda a forma como ele é tratado, bicho dentro de jaula, peixe fora d’água. O ser alado só é deixado livre da jaula aos primeiros raios da manhã, para espantar as maldições e também o cheiro ruim de suas asas poeirentas. Muitos sábios disseram: “Olhem a asa, a quebrada. A asa do Homem de Asas Bem Grandes nunca vai se curar.”

Personagens (saem pelo palco dizendo ao público): A asa do Homem de Asas Bem Grandes nunca vai se curar… A asa do Homem de Asas Bem Grandes nunca vai se curar…

Homem de Paletó: Até que num dos seus encontros com o sol, o Homem de Asas Bem Grandes sentiu que o dia da partida podia ser um dia como aquele.

Música Instrumental/Coreografia

(Culmina com o Homem de Asas Bem Grandes como que a voar. Ele sai do palco, como que a retomar sua liberdade, finalmente).

Homem de Paletó (lendo o jornal): A história do Homem de Asas Bem Grandes deu origem a vários livros.

Cena 11

(Trapezista e Maria novamente se entreolham no centro do palco, até que outro personagem, o Palhaço, os aparta, toma a frente do palco. Eles se dispersam e saem, cada um para seu lado).

Música Instrumental

(Em uma língua fictícia, à frente do palco, o Palhaço faz breve discurso em blablação e depois convoca o primeiro grupo).

Palhaço: Blue!

(O representante Blue chega ao palco. Festeja, exibe-se. Fala em blablação. O foco volta ao Palhaço, que novamente entusiasmado chama um segundo grupo):

Palhaço: Red!

(Entra aqui representante do sexo feminino, que faz sua apresentação em blablação, sempre dando ênfase ao seu livro sagrado. Percebe-se logo uma animosidade entre ela e o representante Blue. Palhaço intercede na briga, acalma os ânimos, faz uma alusão aos dois representantes, meio que se desculpa à plateia e chama para o palco Yellow):

Palhaço: Yellow!

(O Representante Yellow entra no palco e puxa um livro de apontamentos. Ele representa o conhecimento. Começa a pregar um discurso só constituído da frase “All you need is love”. Mas sua fala vai ficando arrogante, até que se toma, de forma descontrolada e violenta, o livre de Red. Toma o livro e o rasga enquanto Blue morre de rir do que acontece. Red, desesperado, joga-se ao chão para pegar suas folhas. Enquanto isso, Blue vem e surrupia o livro do Yellow que, quando se dá conta disso, tenta retomá-lo. Blue, que agora tem o livro, é, acrobaticamente, levado para três de Red, que o protege. Yellow se desespera e enquanto Yellow e Blue brigam pelo livro de Yellow, Red consegue pegar o livro sagrado de Blue e faz dele picadinho. Enquanto isso, na briga entre Yellow e Blue, o livro de Yellow se espatifa. Quando todos percebem que os livros estão rasgados, há um grande desespero em palco. Eles correm, se atropelam, estão aterrorizados).

Cena 12

Homem de Paletó: Por muito menos Hitler construiu um império dos tempos modernos e Milosevic bestializou a Europa. Tá vendo aí, as aparências enganam (risos). Veja você, meu companheiro (para o Representante do Público). Você representa o público, ou seja, aquele que assiste a tudo, que avalia a sentencia. Você realmente sabe o que está acontecendo aqui? Pergunto isso porque eu realmente não sei. Chega de mentiras e nhemnhemnhem. Quero dizer que será meu este lugar! E a parte que não conseguir ir à força, diga-me o preço, sou rico, estou disposto a pagar!

(Homem de Paletó coloca uma placa com um grande cifrão à frente do Picadeiro: $$$,$$).

Palhaço: Quando o grande chefe manda dizer que deseja comprar nosso circo, ele está pedindo muito de nós. Não somos os donos do frescor do ar ou do brilho da alegria. Como querer comprá-los de nós?

Atirador de Facas: Qualquer parte desta terra é sagrada para nosso povo. Qualquer canto do picadeiro, qualquer uma das cadeiras da plateia, a lona que nos cobre… Qualquer parte deste lugar é sagrado para nosso povo.

Homem de Paletó (Estava comendo uma cocha de galinha durante todo o tempo): Ora, meus caros, não é isso que eu quis dizer. Mas certamente poderemos nos entender. Seu povo é pobre (joga um pedaço da cocha de galinha às pessoas, que voam nele e ficam a disputá-lo), cheio de… desejos (abre uma arca da qual sai luz e começa a retirar pequenos brindes, como espelhos, coisas que iluminam o ambiente, brinquedos…).

Homem de Paletó: E olha que de onde isso veio, tem muito mais.

(Vários personagens ficam muito entusiasmados ao ver os ossos e a possibilidade de comida farta. Começam a ceder às ideias do Homem de Paletó. Cantam o hino do Homem de Paletó. Colocam-no sobre os ombros e passeiam com ele pelo palco. Em dado momento, o Homem de Paletó passa correntes e ferros pelo pescoço do Povo e vai para o picadeiro, triunfante).

Cena 13

(Todos saem, permanecendo apenas Maria no centro do palco. Alonga-se engraçadamente, mete o dedo no nariz,sai uma meleca – Arght!! – ela não sabe onde colocar a sujeira. Olha para um lado, olha para o outro, finge que vai para a plateia, volta. Olha novamente para um lado, olha para outro, levanta a perna e coloca a meleca no sapato, na parte da sola. A cena é toda acompanhada por um fundo sonoro irônico. Entra Atirador de Facas e Maria vai até o centro do palco, ao seu encontro. Começa o número. Enquanto fazem todo o mise-en-scéne do número, conversam normalmente como estivessem sozinhos. Eles agora estão sérios).

Atirador: Esta é a história de José
Maria: Maria
Atirador: Agora é José quem fala.
Maria: Ele não deixa que ela fale.
Atirador: Ele tem a verdade.
Maria: Dele.
Atirador: Ele tem a razão.
Maria: Dele. É assim desde que ele ficou “importante”.
Atirador: Ele tem a felicidade.
Maira: Dele.
Atirador: Agora é José quem fala.
Maria: …
Atirador: Agora é José que sabe o que deve ser dito.
Maria: …
Atirador: Agora é José quem decide.
Maria: Independente da vontade dela.
Atirador: Ele ameaça.
Maria: Independente da vontade dela.
Atirador: Ele não aceita.
Maria: A diferença dela.

(Pequeno silêncio)

Maria: Chega! Não quero mais fazer este número. Vou ser trapezista!
Atirador (Pausa): Vá. Porque eu vou ser malabarista! (tira dos bolsos bolas de malabares com as quais faz um número acrobático, enquanto fala).
Atirador: Senhoras e senhoras, posso eu falar da vida? É ela um jogo, disseram aqui. Pois bem, então. Posso eu falar da vida? Posso, sei que posso, sim! A vida é o sonho homem que sonha. É só isso, bem assim: o sonho do homem que sonha.

(Trapezista se aproxima de Atirador de Facas).

Trapezista: Olha, gostei do que você disse.
Atirador: Obrigado, mas não sei se adianta de algo. Nada mais adianta.
Trapezista: Olha, você bem que podia me ajudar.
Atirador: Ajudar?
Trapezista: É. Pode, então? Sabe, é que eu não sei falar bonito. E você podia me ajudar com uma menina, que essa minha maldita cabeça não sabe mostrar as melhores palavras pra dizer pra ela. Faz isso pra mim?
Atirador: Ajudar você numa questão de amor? Logo eu? Amigo, ouça o meu conselho: eu não presto para isso.
Trapezista: Quanto?
Atirador: Quanto o quê?
Trapezista: Quanto custa você ir lá comigo?
Atirador: E você pensa que o caso é dinheiro?
Trapezista: Dou 400 e nem mais um centavo.
Atirador: 500 e não se fala mais nisso.
Trapezista: 450.
Atirador: Á vista.
Trapezista: Metade agora e a outra depois do trabalho.
Atirador: 225, então (estende a mão).

Trapezista (Pega o dinheiro, conta, entrega): 225, então.
Atirador: E o que eu tenho que fazer?
Trapezista: Ora, quando eu encontrar… ela… aí é só você dizer coisas bonitas, que eu repito pra minha musa.
Atirador: E isso vai dar certo?
Trapezista: Olha lá. Lá na sacada, é ela, a minha musa.
Atirador: (Fala para si próprio): Mas… é ela!
Maria: Quem está lá? (um personagem se vira para o outro).
Trapezista: É agora, o que é que eu falo? (silêncio) O que é que eu falo?
Atirador: Repete.
Trapezista: E agora, o que é que eu falo?
Atirador: Não, não repete para mim, fala “repete” pra ela.
Trapezista: Repete?
Atirador: Repete.
Trapezista: Repete! (um tempo)
Maria: Quem está ao?
Atirador: Que voz é essa que voa pelo ar…
Trapezista: Que voz é essa que voa pelo ar…
Atirador: …deixando flutuar pelas distâncias pistas de como é bela a dona dela.
Trapezista: …deixando flutuar pelas distâncias pistas de como é bela a dona dela.
Maria: Há alguém ao fora dizendo coisas que tornam a noite ainda mais linda.
Atirador (Fala enquanto Trapezista apenas abre a boca): Não fale de beleza hoje, por favor, deixe isso só para mim. Tenho que dizer ao mundo o encantamento de lhe conhecer.
Maria: Quero vê-lo, onde está?
Atirador (com tristeza): Vá, vá, vá…
Trapezista: Vá, vá, vá.
Maria: Como é?
Atirador: Não, vá lá, você, agora, vá, vá vá…

(Trapezista dá um passo à frente e fica iluminado por um foco ainda em resistência. Os dois personagens se olham, encantamento, suspiros. Trapezista, enquanto olha e troca suspiros com Maria, vai tirando uma quantia de dinheiro do bolso e a passa para trás, ainda com o olhar fixo na enamorada. São os 225 restantes para o pagamento de Atirador de Facas. Atirador pega o dinheiro e vai saindo com música triste ao fundo. Ele não gostou de fazer aquilo, pois amava sua ex-companheira e gostaria que tivesse dado certo com ela. Os dois namorados saem por um lado; no outro lado está Atirador de Facas, desolado. Olha para o dinheiro que ganhou e, no centro do palco, começa a comê-lo. Passam Menina 1 e Menina 2).

Menina 1: Parece que o Atirador de Facas está ensaiando outro tipo de número.

Menina 2: Hummm, duvido que vai dar certo… a produção é muito cara (as duas riem, exageradamente).

Cena 15

Música Instrumental/Coreografia

(Vão entrando malabaristas, trapezistas, pernas-de-pau, monociclo, cambalhotas, palhaços. Muitas cambalhotas, algazarra, apresentações… Foco no Homem de Paletó, que já está bem ambientado no picadeiro, com sua bandeira e ares de dominador).
Homem de Paletó (Para todos): Mas certamente poderemos nos entender. Seu povo é pobre, cheio de… desejos; tantas… formas diferentes de ver o que é mais ou menos importante. Um elenco fascinante. Tenho a mais absoluta certeza de que nos entenderemos.

(Representante do Público grita, esperneia, atrapalha. Homem de Paletó se sente perturbado. Pega Representante do Público e o coloca de frente a uma televisão).

Homem de Paletó: Agora sim, poderei ter tranquilidade para dominar o circo.
Palhaço: Quando o grande chefe manda dizer que deseja comprar o nosso circo, ele está pedindo muito de nós. Não somos os donos do frescor do ar ou do brilho da alegria. Como querer comprá-los de nós?

Homem de Paletó: Era só o que faltava. Nunca na história do circo alguém fez o que eu fiz, quando eu fiz, do jeito que eu fiz. Nunca, realmente, nunca na história do circo.
Atirador de Facas: Qualquer parte desta terra é sagrada para o nosso povo. Qualquer canto do picadeiro, qualquer uma das cadeiras da plateia, a lona que nos cobre… qualquer parte deste lugar é sagrado para o nosso povo.
Homem de Paletó (Para todos): Ora, meus caros, não é isso o que eu quis dizer. Mas certamente poderemos nos entender. Seu povo é pobre… cheio de… desejos; tantas… formas diferentes de ver o que é mais ou menos importante. Um elenco fascinante. Tenho a mais absoluta certeza de que nos entenderemos.
Palhaço: Quando o grande chefe manda dizer que deseja comprar o nosso circo, ele está pedindo muito de nós. Nós não somos os donos do frescor do ar ou do brilho da alegria. Como querer comprá-los de nós?
Atirador de Facas: Qualquer parte desta terra é sagrada para o nosso povo. Qualquer canto do picadeiro, qualquer uma das cadeiras da plateia, a lona que nos cobre… Qualquer parte deste lugar é sagrado para o nosso povo.

Música e Coreografia

Quantos
(Ray Gouveia)

Quantos serão mitos que a gente vai ter que apagar?
Quantos serão os gritos que o mundo vai silenciar?
Quantos serão os mortos que o mundo vai ter que contar?
Quantos serão os sonhos que a gente vai ter que acordar?
Quantos irão?
Quantos virão?
Quantos ficarão pra trás?
Tão diferentes, tão diferentes,
E, no entanto tão iguais
Quantos irão?
Quantos virão?
Quantos ficarão pra trás?
Quantos verão o paraíso?
Ou o paraíso será nunca mais?

(Durante a coreografia, personagens do Circo vão passando uma grande bola, representando o mundo, de mão em mão).

Palhaço (Empolgado e anunciador): O ser humano!

(Foco no Representante do Público, que está com a bolsa, uma representação do mundo, no colo).

Todos: O circo que queremos não tem dono?

(Luz cai em resistência).

FIM

(Página 59)

Diferentes Iguais

Elenco

Elaine Adorno
Felipe Gonsalez
Jamile Menezes
João Victor Santana
Lucas Carvalho
Raíssa Fernandes
Thierry Gomes
Victor Almeida

Músicos
Felipe Menezes
João Meirelles
Leonardo Bittencourt
Ficha Técnica

Ficha Técnica

Direção: Débora Landim
Texto: EdsonR e Fábio Espírito Santo
Assistente de Direção: Hamilton Filho
Direção Musical: Ray Gouveia
Coreografias: Lulu Pugliese
Técnico de Som: Maurício Roque
Cenário: Paulo Batistela, Nietzsche
Cenotécnico: Adriano Passos
Execução de Cenário: Alunos da Oficina de Cenotécnica do Projeto Vila Novos Novos II: Alailson Borges, Elizeu Santana, Geovane Ferreira, Josenilson Rodrigues, Levi Sena, Joelson Gomes
Figurino e Maquiagem: Marisa Motta
Criação das Estamparias em Blusa: Adriana Hitomi
Execução de Figurino: Ana Ruth Brito Cunha, Bernadete Cruz, Rosângela Gomes, Sarai Santos
Confecção de Adereços: Francis Strappa, Ruhan Álvares, Maurício Pedrosa, Marísia Motta
Luz: Fábio Espírito Santo
Montagem de Luz: Alunos da Oficina de Iluminação do Projeto Vila Novos Novos II: Barbara Luciana, Elizeu Santana, Geovane Ferreira, Marcelo Monteiro, Renato Rios
Divulgação: EdsonR e Assessoria de Comunicação de Teatro Vila Velha
Fotografias: Marcio Lima
Fotografias da Exposição: João Meirelles
Arte Gráfica: Guilherme Athayde
Oficineiros:
Oficina de Perna de Pau: AC Costa
Oficina de Berimbau: Agnaldo Buiu
Oficina de Técnica Circense/Malabarismo e Monociclo: Hugor
Oficina de Máscara Popular: José Carlos (Brad) e Hamilton Filho
Produção: Moinhos Giros de Arte
Apoio á Produção Yolanda Nogueira
Administração do Projeto: Marcia Menezes
Realização: Companhia Novos Novos e Teatro Vila Velha.

Teatro Vila Velha

Coordenação de Projetos, Programação e Gestão: Chica Carelli, Cristina Castro, Débora Landim, Fábio Espírito Santo, Gordo Neto, Gustavo Libórdio, Jarbas Bittencourt, Marcio Meirelles e Vinício de Oliveira Oliveira
Grupo de Apoio à Produção e Programação: Camilo Fróes, Cell Dantas, Gabriel Moura (Estagiário), João Meirelles (Estagiário), Juliana Protásio, Maiana Santana, Maíse Xavier e Sheila de Andrade (Estagiária)
Grupo Administrativo: Alessandro Sales, Iracy Duarte, João Evangelista, Jeudy Aragão, Joselina Graças, Josemar Graças, Gilca Miranda, Letícia Santos, Nalva Maria Santos, Paulo Gomes, Valdelina Graças e Vânia Santos.
Grupo Técnico: Edvan Santos Marques, Everaldo Belmiro, Gilmar da Silva, Joés Carlos Silva, Joilson Batista, Márcio Pimentel, Marcos Paulo da Silva, Maurício Roque e Rivaldo Rio
Presidente e Vice da Sol Movimento da Cena: Márcia Menezes e Marísia Motta
Sociedade Teatro dos Novos: Ângela Andrade, Evelina Hoisel, Marcio Meirelles e Sônia Robatto.

(Página 60)

Projeto Gráfico / Capa / Editoração Eletrônica
P555 Edições: André Portugal / Marcelo Portugal

Revisão: EdsonR

Impressão: Empresa Gráfica da Bahia
R613 Rodrigues, Edson
Diferentes Iguais./ Edson Rodrigues e Fábio Espírito Santo. __ Salvador: P555 Edições, 2007.
60p.: il.
ISBN: 978-85-89-655-26-2
1. Teatro. I. Espírito Santo, Fábio. II.Título.
CDD 792

Patrocínio da Coelba
Utilizando os benefícios do Programa Estadual de Incentivo à Cultura
FAZCULTURA – do Governo do Estado da Bahia.
Lei nº 7015/96 – Salvador – Bahia – 2006.

(Última Capa)

(Logo) Palco Edições

Diferentes Iguais é a quarta montagem da Companhia Novos Novos. A peça usa como símbolo o circo para discutir um tema que permeia vários dos problemas contemporâneos: a tolerância, em suas diversas escalas. A ideia é mostrar, de formar lúdica e simbólica, que muitas vezes somos atores de uma realidade que nos coloca como vítimas e algozes de acontecimentos horrendos.

Em meio a equilibristas, palhaços e atiradores de facas, desenrolam-se histórias que questionam a imposição da “verdade” pelo mais forte e nos levam a ponderar sobre os grandes atos de intolerância da humanidade, como guerras, ditaduras e imperialismo, uso do poder para a destruição, racismo, etc. Para interferir no cotidiano desse circo que simboliza o mundo, surge um homem que quer comprar a lona e se apoderar daquele lugar. E ele será capaz de tudo para isso.

Realização

(Logos) Novos Novos, Teatro Vila Velha

Patrocínio

(Logos) Coelba, FazCultura, Governo da Bahia