(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)
(Capa)
O VELHO DA HORTA
Um espetáculo da Cia. Pequod Teatro de Animação
(Verso da Capa)
“Uma peça que escancara o amor sem medidas e sem limites de idade é programa obrigatório, social e didático.
Para ajudar a criar um ser Humano melhor.”
Dib Carneiro Neto – O Estado de São Paulo
(Página 01)
O Velho da Horta
de Gil Vicente
2ª edição
Prêmio Maria Clara Machado, Categoria Especial 2003
Indicações para Melhor Cenografia e Melhor Iluminação
(Páginas 02 e 03)
O Espetáculo
Quando nos surgiu a ideia de montar uma peça de Gil Vicente, em virtude dos 500 anos de seu primeiro trabalho para os palcos, vimos que seria a chance de montar, do “nosso jeito”, um texto clássico. Das 15 obras que lemos do autor português, foi justamente a última, O Velho da Horta, que veio ao encontro de nossos moldes, ambições e custos: uma peça raramente montada, com poucos personagens e um humor bastante atual.
Um atrativo especialmente interessante da peça era o tema do amor desmedido e suas consequências, já enfocado de modo irônico em nosso primeiro espetáculo, Sangue Bom. A impressão era de que os diálogos inexistentes no trabalho anterior da companhia estavam escondidos há muito nesta graciosa comédia quinhentista.
Recriar o ambiente do Velho, reproduzindo a horta em miniatura, era um desafio e tanto. Não menos complexa foi a tarefa de tornar o texto inteligível aos ouvidos de agora, passando ao largo das empolações medievais e das notas de rodapé. Após várias adaptações, estão lá a picardia e os versos característicos de Gil Vicente, prontos para a nossa cena com bonecos.
Falar de amor sem medida pode parecer tolo numa era que clama por objetividade. Mas o amor deixou de ser importante? Pelo contrário, vivemos num mundo pequeno demais, globalizado demais e, no entanto, sentimo-nos cada vez mais sozinhos.
A complexidade deste sentimento continua a dificultar sua compressão plena. Vêm daí tantos enganos, tropeços e quedas.
A farsa O Velho da Horta, escrita em 1512, já insinua esta falta de compreensão, que causou tamanha dor ao protagonista. Encená-la para os jovens deste século não é simples, pois é preciso atenção redobrada. O nosso esforço é para que se entenda desde cedo que o amor, ainda que cego, é capaz de nos tornar seres humanos muito melhores.
O Velho da Horta foi representada pela primeira vez ao mui sereníssimo rei D. Manuel, o primeiro deste nome, em 1512.
(Página 04)
Gil Vicente escreveu cerca de 46 obras para o palco entre 1502 e 1536. Sua produção compõe-se de vários gêneros teatrais, como os autos (ligados à temática religiosa, moralidades e episódios pastoris) ,o teatro romanesco (ligado aos temas de cavalaria), as fantasias alegóricas (originadas nas festas de momos da Idade Média) e as farsas (episódios em que os tipos sobressaem em detrimento da trama). O Velho da Horta é um dos mais graciosos exemplos desta categoria.
A última peça de Gil Vicente, Floresta de Enganos, foi escrita em 1536 e coincide com a censura de seus textos pela Inquisição. A publicação de sua obra só se deu muitos anos depois, graças a seu filho, Luís Vicente, que a reuniu e organizou.
Pouco se sabe sobre Gil Vicente. Há quem diga que, além de dramaturgo, foi ourives, tendo feito a famosa Custódia de Belém, obra-prima da arte decorativa manuelina e que hoje está exposta no Museu das Janelas Verdes, em Lisboa.
(Página 05)
O nome Pequod vem do romance Moby Dick: é a embarcação que sai em busca da baleia que dá título ao livro. Herman Melville, o autor, fez uma homenagem ao nome de uma tribo de índios da América do Norte que foi exterminada com a colonização europeia.
(Página 06)
Gil Vicente – 500 anos
O ano de 2002 marcou os 500 anos da obra de Gil Vicente, que se iniciou em 1502 com O Auto da Visitação ou O Monólogo do Vaqueiro, homenagem ao futuro rei D. João III.
Pela sua habilidade em usar os versos redondilhos, típicos de seu tempo, e os versos formais. Gil Vicente é tão bom poeta quanto dramaturgo.
A Lisboa vicentina era a maior cidade da Península Ibérica e uma das maiores da Europa, com 60 mil habitantes.
(Página 07)
Os tipos apresentados na obra vicentina abrangem a totalidade do corpo social da época, evidenciando um realismo muito objetivo e uma análise psicológica do coletivo, bastante incomum até então.
E vimos singularmente
Fazer representações
De estilo mui eloquente,
De mui novas invenções,
E feitos por Gil Vicente;
Ele foi o que inventou
Isto cá, e o usou
Com mais graça e mais
doutrina
Posto que Juan Del Encima
O pastoril começou.
Garcia de Resende, cronista de D João II
(Página 08)
A Cia. PeQuod
A Cia. PeQuod surgiu numa oficina realizada em 1999 pelo Grupo Sobrevento. Dirigidos por Miguel Vellinho, os participantes se uniram em torno do interesse comum de renovar o panorama do Teatro de Bonecos no Rio de Janeiro, aproximando esta arte clássica à cultura pop contemporânea e até mesmo a outras manifestações artísticas, como a literatura, a música, o cinema, a dança, a fotografia e os quadrinhos. Tudo isso sem jamais perder o caráter artesanal da confecção dos bonecos, figurinos e cenários. Estas foram, desde o princípio, as bases do trabalho da companhia, que completa cinco anos com um repertório sólido e reconhecido em todo o país.
(Página 09 – Fotos)
Sangue Bom – 1999
Sem palavras, apenas com ação, o espetáculo faz uso de um humor ferino para falar de solidão, desilusão, amor, perdas e danos, misturando referências do desenho animado, dos filmes de terror e da literatura gótica.
Noite Feliz – 2001
Com músicos e cantores ao vivo, interpretando canções criadas especialmente para a peça, o espetáculo narra os fatos que se estendem do casamento de Maria e José até a fuga da Sagrada Família para o Egito, sempre com graça e leveza.
Filme Noir – 2004
Espetáculo adulto que adapta para o teatro de bonecos o estilo genuinamente cinematográfico que lhe dá nome. Estão lá a mulher fatal, o detetive durão, a atmosfera de desilusão, a voz em off do narrador, os flashbacks e tudo mais.
Todos os espetáculos em repertório
(Página 10)
Gil Vicente proferiu em 1531 um veemente sermão aos religiosos da cidade de Santarém, censurando-os por explicarem um terremoto que abalou Portugal naquele ano como castigo contra a falta de fé dos cristãos-novos.
Não se tem datas precisas: Gil Vicente provavelmente viveu entre os anos de 1465 e 1537. Naquele tempo, Portugal renascia graças aos descobrimentos, que expandiram seu território e riqueza. Mas, as elites viviam em alto luxo, graças às roubalheiras e à corrupção, o povo lutava contra a fome, a miséria e a peste. O autor não poupou críticas ao período em muitas das peças que escreveu.
(Página 11)
Português ou espanhol? Gil Vicente escreveu uma peça em espanhol, 29 peças em português e 16 usando os dois idiomas.
Visite a página da Cia. PeQuod: www.pequod.com.br, contato@pequod.com.br
(Página 12)
Mariane Gutierrez
Liliane Xavier
Márcio Newlands
Márcio Nascimento
Miguel Vellinho
Direção: Miguel Vellinho
Adaptação do Texto: Rosita Silveirinha, Márcio Newlands e Miguel Vellinho
Cenografia: Carlos Alberto Nunes
Figurinos: Kika de Medina
Trilha sonora: Mauricio Durão
Iluminação: Renato Machado
Ass. Direção: Márcio Newlands
Ass. Teórica: Rosita Silveirinha
Músicos: Maurício Durão (teclado), Eduardo Camenietzki (violão) e Kleber Vogel (violino)
Confecção dos Bonecos: Mariane Gutierrez, Márcio Newlands e Miguel Vellinho
Esculturas: Bernardo Macedo
Programação Visual: Ato Gráfico
Fotografias: Simone Rodrigues
Operação de Som: Maria Rêgo Barros
Operação de Luz: Giba de Oliveira
Realização: Cia. Pequod Teatro de Animação
(Verso da Última Capa)
Este espetáculo teve sua primeira temporada no período de 30 de novembro de 2002 a 26 de janeiro de 2003, realizada no Teatro do Jockey RIOARTE, localizado à Rua Mário Ribeiro, número 410, no bairro da Gávea, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Teve o patrocínio integral da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e apoios de Werner Tecidos, Restaurante Tajmahal, Doçaria Portuguesa Torre de Belém, lavanderia Wash Way, Casa da Empada e Ticketronics
Realizado com recursos federais
FUNARTE – Fundação Nacional de Arte, Ministério da Cultura, Governo Federal
(Última Capa)
Aquele que vive penando
Só porque é amado
Vive como todo amador.
Mas que fará o desamado,
Ao se ver desamparado,
Amando sem ter amor?