Programa do espetáculo que estreou na cidade do Rio de Janeiro, no Teatro do Jockey, em 29.05 2004

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Fotos: Beto Coimbra

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(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa) 

Prefeitura do Rio apresenta

A ZEROPÉIA – A CENTOPEIA E O CAVALEIRO

(Interior)

A ZEROPÉIA – Crédito do programa

O grande sonho coletivo é o Teatro e nesse espetáculo os atores costuram uma grande colcha de retalhos, os medos e as liberdades da grande aventura de inventar e procurar. Os atores brincantes trazem ao palco a raiz e a essência. Esta raiz é a criança que brinca, primeiro sozinha, e depois encontra através das suas “artes” os amigos. A essência é a poesia e a arte que nos enriquecem e amadurecem.

O brinquedo é sempre coletivo e nada melhor que homenagear nele Herbert de Souza (o Betinho) por tudo que ele realizou ao propor um sonho coletivo e participativo, o nascimento de uma nova sensibilidade da sociedade para os excluídos e marginalizados, pelas grandes carências do nosso país, “Uma pátria idolatrada” que deveria idolatra todos os seus filhos e irmãos.

Nossa homenagem coloca em cena um conto do Betinho, A Zeropéia é uma centopeia de cem perninhas, ela percebe que precisamos descobrir com andar por nós mesmos com a liberdade e independência.

Aproximamos da representação, a poética inspiração das obras do escritor Oscar Wilde, que há mais de cem anos nos sensibilizam acusando a fome e as carências das crianças das ruas e das pontes de Londres e outras cidades europeias nos primórdios do capitalismo moderno. Do conto O Príncipe Feliz retiramos inspiração para transformar o príncipe, numa figura generosa que tem suas imagens em todo Brasil, o santo discutido São Jorge que chamamos de “o filho do pai da pátria”.

Todo espetáculo é celebratório, são os nossos “heróis” o Betinho e a poética do irlandês, o sentimento comum de todos nós cidadãos artistas e crianças, que se apropriam em um fantástico e criativo quintal com “sucatas transitórias” e poesias, canções de resistência e vida.

Caso você se pergunte: a criança entende? Estará se esquecendo de que elas no dia-dia são as grandes testemunhas da pobreza, da família, das guerras, das pátrias dos adultos… E também tente ver o que aconteceu com a criança que todos nós fomos.

O teatro é um espelho, sempre foi, vamos nos olhar? Uma andorinha e uma centopeia não fazem verão, nem fazem outono, nem fazem inverno… A primavera é a pátria?

De janeiro a dezembro tudo é possível, tudo?

Uma boneca que perdeu um braço e um olho de cristal podem ser mil crianças que esperam…

Uma cadeira velha que perdeu a perna, que tropeça e cai no vazio, é a pátria?

Se esta pátria e essa rua fossem minhas eu mandava ladrilhar com pedrinhas de brilhantes para que os meus amigos passem e brinquem.

Esse espetáculo é um oportuno encontro e reencontro de Silvia Aderne, Beto Coimbra, Ronaldo Mota, Biza Vianna e eu mesmo, o VentoForte, o grupo Hombu e ainda a soma de músicos e atores com os quais construímos apaixonadamente este espetáculo.
                                                                                                                                                                       Ilo Krugli – maio 2004

“Entre o céu e a e a terra retalhos de vidas, de histórias

grandes e pequenos personagens recortados…

infinitamente grandes… infinitamente pequenos,

infinitamente distantes como as estrelas,

infinitamente próximas como uma formiga…”

M,,u,,i,,t,,o,,s,,,,p,,é,,s,,,,p,,a,,r,,a,,,,m,,u,,i,,t,,o,,s,,,,c,,a,,m,,i,,n,,h,,o,,s

Nosso primeiro encontro com as histórias das centopeias de Herbert de Souza (Betinho) aconteceu em 1998.

Fomos convidados para cantar e encenar alguns trechos de nosso repertório no Museu do Telefone, onde se comemorava os 50 anos do Chico Mario, compositor, violinista, irmão de Betinho.

Marcos Souza, filho do Chico, tinha um projeto de transpor para teatro A Zeropéia e nos convidou para agradável tarefa. Beto Coimbra, Ronaldo Mota, Mônica Behague e Silva Aderne deram os primeiros passos e ampliaram a proposta, para os outros livros A Centopeia que Pensava e A Centopeia que Sonhava. Aos poucos, novos passos e novos pés, tal e qual os cem da centopeia, foram se chegando nessa caminhada em busca de recursos para a realização do projeto. No caminho, além dos outros atores do grupo, tivemos a importante ajuda de Eloy Araújo na primeira adaptação, a valiosa parceria de Maria Nakano, mulher de Betinho, e a simpatia e incentivo de inúmeros amigos.

Foram seis anos de muita estrada, desatando nós, inventando veredas, descobrindo trilhas, abrindo picadas, até chegar aqui. Na reta final, quando a estrada por fim se abriu, reencontramos Ilo Krugli e o convidamos para dirigir e encenar o espetáculo.

É curiosa e significativa a semelhança entre a história do projeto e a história da Zeropéia: uma centopeia que precisa desatar-se dos cem nós que lhe impedem de usar seus m,,,u,,i,,,t,,,o,,,s,,,,p,,é,,s,,,,p,,a,,r,,a,,,,m,,u,,i,,t,,o,,s,,,,c,,a,,m,,i,,n,,h,,o,,s.
Nessa desamarração do personagem, Betinho focaliza com humor, delicadeza e vibração o respeito às diferenças e à verdade de cada um.

Quando a centopeia desperta para um mundo novo, cheio de mistérios, ela anda em sonho por uma outra estrada e chega a uma cidade desconhecida. Encontra-se com um cavaleiro e uma andorinha trazidos por Ilo, do conto O Príncipe Feliz, de Oscar Wilde. A partir daí cria-se uma viagem poética e mística, cheia de ações solidárias e cuidados com os desamparados e suas muitas necessidades. É a convergência de pensamentos desses dois extraordinários homens que quisemos trazer até vocês, crianças e adultos.

Sensibilizar um tempo de tendências excludentes, refletir sobre a tolerância, a estima e o respeito entre pessoas, preservar e melhorar o que nos faz viver é possível para o ser criativo e transformador que habita em todos nós.
Com carinho.
                                                                                                                                                                                   Grupo Hombu

“Onde andará estrela brilhante
meu coração aqui tão distante
Retalhos de seda, de chita, de pano
Segredos e mistérios
Nas minhas mãos eu teço meu sonho”

Elenco

Silvia Aderne: Retirante, Centopeia (Instrumento: Maracá)
Thelma Nascimento: Retirante, Cobra, Lavanderia, Andorinha Roxa, Secretária, Artesã, Catador de Lixo (Instrumentos: Caxixi, Sino, Pau de Chuva, Prato, Guizos, Garrafas, Calimba, Crivador, Castanhas)
Amora Pera: Retirante, Boi, Andorinha Preta, Filho Lavadeira, Artesão, Cega, Catador de Lixo (Instrumentos: Agogô, Atabaque, Crivador, Zabumba, Flauta)
Isadora Medella: Retirante, Barata, Andorinha Azul, Filho Lavadeira (Instrumentos: Violão de Aço, Tambor, Tarol, Tambor-Onça, Agogô)
Mouhamed Harfouch: Retirante, Narrador, Pintor, Jardineiro, Formiga, Porteiro, Vivaldi, Estátuas, Filho do Pai da Pátria, Betinho (Instrumento: Violão)
Roberto Wagner: Retirante, Macaco, Poeta, Bagre Magro, Artesão, Deputado (Instrumentos: Maracá, Afoxé)
Leandro Reixo: Retirante, Cantador, Vereador, Catador de Lixo ( Instrumentos: Violão, Cavaquinho, Castanhas, Bells, Corrente, Maracá).

Ficha Técnica

Texto e Direção: Ilo Krugli
Inspirado e Adaptado de A Zeropéia, de Herbert de Souza (Betinho) e O Príncipe Feliz, de Oscar Wilde.
Músicas Originais: Ronaldo Mota, Beto Coimbra e Cristiano Mota
Músicas de Abertura: Nhanerâmoi’i Karai Poty – Índios Guaranis
Projeto Plástico Cenográfico: Ilo Krugli
Figurinos e Colcha da Terra: Biza Vianna
Desenho de Luz: Eduardo Salino
Direção Musical: Ronaldo Mota
Arranjos Vocais e Instrumentais: Ian Guest
Preparação Vocal: Leandro Freixo e Isadora Medella
Preparação Corporal: Roberto Wagner
Adereços e Colcha do Céu: Bárbara Martins

Assistência de Direção: Cláudio Mendes
Assistência de Cenografia: Bárbara Martins
Assistência de Figurino: Cleide Barcelos e Júnior Santana
Assistência de Ensaios: Pedro Rocha
Assistência de Confecção de Adereços: Hélia Frasão e Isa Aderne
Escultura do Cavalo e Adereços de Arame: Fábio Silveira
Caminhões e Trenzinho de Madeira: Getúlio Damado
Cenotécnicos: Hélio Torres e Francisco Humberto Gomes
Equipe de Confecção de Figurinos e Tingimentos: Gatto Larsen, Rubens Barbot e Adélia
Estagiárias de Adereços: Clarice Rito, Maíra Bretãs e Simone Leal
Estagiário de Iluminação: Caio Baldini

Direção de Produção: Mônica Behague
Produção Executiva: Mônica Behague e Jacqueline dos Prazeres
Contrarregra: Roberto Prado
Operação de Luz: Maurício Cardoso
Operação de Som: Marcelo Alves Bezerra
Operação de Canhão: Camila Rodrigues
Montagem de Luz: Alunos da ONG Spectaculu
Projeto Gráfico: Ilana Braia e Sonia Souza
Ilustração: Alexander Geifman
Fotos: Beto Coimbra e Jackeline Nigri
Divulgação: Eficher Assessoria de Imprensa
Realização: Grupo Hombu

Agradecimentos

Maria Nakano, Marcos Souza, Daniel Souza, Henrique Souza, Eloy Araújo, Jorginho de Carvalho, Caíque Botkay, César Nascimento, Tião Carvalho, Leninha Pires, Elza Moraes, Tânia Dias, Ana Cunha, Cecília Moura, Cláudia Márcia, Funai – Posto Indígena Bracuí, Pró Índio – EDU/UERJ, Índios Guaranis (RJ), Karen Acioly, Elias Andreatto, Gil Ferreira, Marcos Bastos, Carlos Mendes, Eddy Mamedes, Luís Januário Bezerra