Programa do espetáculo que estreou em 2002, no Teatro Planetário da Gávea

(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro,
Secretaria das Culturas e
RIOARTE
apresentam

AVISO AOS NAVEGANTES

de Thomas Bakk
& Músicas de Lenine

(Página 01 – Gravura)

(Página 03)

Miss Duva

Recebi o e-mail e fiquei muito feliz em saber que os navegantes continuam a navegar não somente na Internet, mas pelos teatros do mundo afora. Desejo todo o sucesso para vocês e também um feliz natal e ano novo. Que tudo corra bem em 2002, afinal a odisseia do espaço em 2001 já está resolvida.

Espeto que o planetário não seja só o teatro, mas a transcendência pelo cosmos sideral, para que Dona Mídia e seu Cifrão também tenham o seu lugar ao sol… e que o sol não nasça quadrado, mas tão redondo quanto a mandioca de Genoveva, a ainda Donzela. Por cá, nada de novo a não ser o frio do inverno europeu que é de lascar os ossos, não do ofício, mas da gente mesmo. A Vick e a Lela estão bem.

Um beijo enorme para você e pro Claudinho, do tamanho desse Brasil que eu tanto amo e morro de saudades.

Do amigo,

Thomas Bakk

 

(Página 04 – Gravura)

Ao artista popular,
Seja daqui ou de Marte,
Cabe somente a verdade:
A do que fica, ou a do que parte.
Sinceridade é somente
O Alimento da gente que
Sob a luz do repente
criou a Cor Del’Art.

Lenine

(Página 05)

Nesses 17 anos dedicados ao ofício do Teatro, aprendi “Graças a Deus”, a celebrar o(s) outro(s) e com o(s) outro(s) à vida, esse presente diário! A reconhecer nas diferenças uma forte inclinação para o Amor! Esse projeto é a afirmação das minhas raízes teatrais. Brindo, com muito prazer, a meus ilustres parceiros e a alegria de ser Brasileira!

Márcia do Valle

 

Aviso aos Navegantes: Navegar é preciso… Teatro tái pra isso. Difícil agradar a Gregos e Baianos, mas se você tem um desejo é meio caminha andado. Se você tem a sua volta gente que acredita nessa possibilidade do ser humano exercer plenamente sua liberdade, sua fantasia, então você está pronto para viajar. No mais é um pouco do talento de cada um, nenhum poder, algum saber, muito sabor, toda a coragem possível e uma fé tão grande, que possa fazer sempre crer que ainda é possível (e preciso) tocar esse barco. Apesar de…

Claudio Mendes

(Página 06)

Tomas Bakk é o autor, nosso amigo. Um sujeito sensacional
O Lenine musicou a poesia. Ele é pedra fundamenta
O parceiro recente André Paes Leme concluiu com a Direção Geral
O Lucas Ciavata, o do “passo” é o nosso Diretor Musical
O rapaz que deu a Luz a essa peça é o cumpadre Djalma Amaral
E a Bárbara Martins fez com esmero Figurino e Adereços artesanal
Tendo a Assistente Orlanda Rosa ajudado no arremate final.
O querido Jorge Luiz Cardoso preparou nosso espírito Vocal
E as Xilografias de Isa Aderne, uma artista excepcional
Nas mãos de Caros Alberto Nunes são a programação Visual
E as fotos de Cláudia Ribeiro captaram o nosso gestual
Os Bonecos de Luciana Maia: participação especial
A divulgação de Andréa Cals, juntou tudo e espalhou pelo jornal
E a Márcia do Valle e Claudio Mendes que tiveram a Ideia Original
Agradecem com especial carinho ao talento desse pessoal
E também a distinta plateia, que assiste a função final.

P.S.: Tem Sartori abusando nos teclados, Beto Cazes batendo a percussão, Carlos Malta mandando ver nos sopros e Lenine suingando o Violão

(Página 07)

Agradecimentos Especialíssimos

Aos parceiros de toda vida: Lú, Bruno e Marcela Còchrane; Suzana Saldanha (pela deixa), Gillray Coutinho; Marcos Valle; Antonio Carlos Bernardes;

Aos parceiros guerreiros das Lonas Culturais: Ulysses (Vista Alegre e Bangu); Ives (Campo Grande); Adailton e Gilson; Prof. Eliezer Ribeiro Almeida (militante apaixonado pela arte na comunidade de Bangu) e aos seus alunos dos colégios Leopoldina da Silveira e Abrahão Jabour;

Aos parceiros “das culturas”: Vera Maia, José Almeone, Moacir Chaves; Ana Barroso;

Aos parceiros da técnica: Fernando Mello da Costa (pelos toques); Carlinhos, Matt Dread; Timbó (a 100%); Alexandre Nazareth (a 100%); André Garcia (a 100 Db); Pimpolho (operação de som nos ensaios);

Ao parceiro aéreo da dança: Édio Nunes (em 15);

Parceiros para toda obras: Gugu (Pró-Áudio); Casa Tá na Rua (e todo seu pessoal; Wagner Matheus e Concita (costureira).;

Dedicatória

Amir Haddad; Aderbal Freire-Filho; Domingos de Oliveira; Helena Varvaki; Elisa Lucinda; Edmilson Santini; Rogério Mader; Augusto Madeira e Alexandre David.

(Página 08 – Gravura)

Músicas

(Página 09)

Gemedeira

Dona Mídia sai em busca?
De um Cabral original,
Nesse mote “gemedeira”
Cibernético atual,
No SITE DA UTOPIA
Ai, ai, ui, ui..
Em rede internacional.

Só tenho que acessar
o SITE DA UTOPIA
com assuntos irreais:
Cidades de alegoria,
Cidade de alegoria,
Ouro, pedra preciosa,
Ai, ai, ui, ui…
Surreal da fantasia.

Nessa tecnologia
da barca da Cantareira
navega-se na corrente
das águas dessa ribeira
Pela water gates bill
ai, ai, ui, ui…
no mouse da ratoeira.

Nas ondas dessa aguaceira,
reme, reme, remo a rima
pelo SITE DA MUTOPIA

À deriva, mar acima.
Vou lavando Seu Cifrão
ai, ai, ui, ui…
Da empresa Laranja-Lima.

(Página 10)

Mourão de Sete Linhas

DIABO: Eu canto e não ignoro Minha triste condição

MÍDIA: O meu pranto é porque choro. Nas trevas da escuridão

DIABO: Sou o diabo logrado. E meu site hoje é cantado. Nos versos deste mourão.

MÍDIA: No mourão de sete linhas. Quero lhe desfiar.

DIABO: Já cantei pra dez caixinhas. De fosco me alumiar

MÍDIA: Esse teu foto derrete, O meu cabo da Internet e eu vou ter que te apagar

DIABO: Todo mundo tem me usado. Veja só que logração!

MÍDIA: Pior é o meu estado Na miséria e sem visão!

DIABO: Eu sou um diabo corno, Além de todo o transtorno. Tem piada e gozação.

MÍDIA: Meu dinheiro foi roubado. Por um ceguinho ladrão.

DIABO: Pior eu, que fui chifrado. No pinto e no coração.

MÍDIA: Vou saber do cão matreiro. Qual foi o alcoviteiro. Autor da profanação.

DIABO: Foi um ceguinho safado. Português são saruense.

MÍDIA: O nome do desgraçado. Fale agora e não pense

DIABO: Chama-se Cego Aderaldo. E acho que o seu assalto. É refresco de nonsense.

(Página 11)

Galope Beira-Mar

Mídia:
Andei nas areias do seco sertão,
Pela pororoca da gota serena,
Vi gente com fome, com sede e gangrena…
Europa e Nordeste é xifópago anão. Na boca banguela do mega vulcão
O lombo arriei, pra poder descansar,
Depois levantei e segui meu trilhar.
O que aqui se canta, diz no estribilho,
Cantando galope na beira do mar.

Vocês:
(Cantando galope na beira do mar)

Cícero:
De cego e diabo, virei foi um santo,
O povo da terra me tem devoção
Me chamam aqui Padim Ciço Romão…
Cascatas, enchentes, torrentes de pranto
Eu já derramei, entoando meu canto.
Aquele que a mim só vier suplicar
Champagne importado, pão e caviar,
Bem vindo aqui seja, a Juazeiro da França,
Vai ter que rezar com fé e esperança,
Cantando galope na beira do mar.

Vocês:
(Cantando galope na beira do mar)

(Página 12)

Mídia:
Tô quase chegando à Chapada do Fole,
Passando no túnel de Chã Birimbelo:
Distrito de Saco do Papo Amarelo…
Agora desci o gargalo do gole,
Subi a ladeira de São Bago Mole,
Já vejo de longe, bem perto, acolá,
A Torre Eifel lá do meu Ceará
A imagem parece urubu de macumba
Suspensa no topo de uma catacumba
Cantando galope na beira do mar

Vocês:
Cantando galope na beira do mar)

(Página 13)

Oito Pés a Quadrão

Site dos bichos que falam
Tem histórias que assinalam
Fábulas que vos entalam,
Onde o bicho, de antemão,
Do Ocidente até a Arábia,
Com o dom da palavra sábia,
Vos dá é lição na lábia,
Nos oito pés a quadrão.

Vocês:
(Nos oito pés a quadrão)

Faço verso de repente
Improvisados na mente
Na caixa sobressalente,
Craniana da razão
Desafio Moliére, Seu Voltaire e Baudelaire
Fazerem o que eu fizer
Nos oito pés a quadrão.

Vocês:
(Nos oito pés a quadrão)

N’argentina Nordestina,
Bicho grilo alucina
Dança, canta e se anima
No meio da confusão.
Quem será esse cabral
Brasileiro tropical
Da terra do carnaval
Nos oito pés a quadrão?

Vocês:
(Nos oito pés a quadrão)

Tem veado abicharado,
Nesse país inventado
Pelo bicho afetado
Troglodita, saradão
Que é o homem animal…
O pernóstico boçal
Se gaba de racional
Nos oito pés a quadrão.

Vocês:

(Nos oito pés a quadrão)

(Página 14)

Reggae do Bicho Grilo

Simba Safari
Axé Tarzã
É rastafári
Balangandã
Áfric’Angola
Pátria irmã
Fla flu da bola
No Maracanã.
A minha escola
É brasileira
Sama Mangueira
Pan african.

(Página 15)

Balada do Veado

Canto o amor, canto a paixão,
Quando o coração avisa,
Na alma que improvisa
Com profunda emoção.

Canto pra ele ou pra ela,
Pro tabaco ou pra salsicha…
Sou cantador bicho bicha,
Poetiza menestrela.

Sou, pois, o veado mor,
Eu canto e não desafino…
Canto grosso, canto fino,
Em redondilha maior.

Não canto só com o gogó,
Canto de qualquer maneira…
Canto todinha, inteira,
Canto até com o fiofó.

(Página 16)

Oitavão Rebatido

Genoveva:
Eu fui ferida no peito
Pela flecha do Cupido
Que através sou de mal jeito,
Rasgando meu alibido
Lá se foi pra sempre o lírio
Pra aliviar meu martírio
Eu canto neste delírio
O Oitavão Rebatido.

Meu lamento submerso
Neste pranto entristecido
Afoga a tristeza em verso
Agonizado e sofrido
Porque a música que canto
E poesia de quebranto
Em toada de acalanto
Nesse Oitavão Rebatido

Eu guardo dentro de mim,
Lá no fundo, escondido,
Amores de um folhetim,
Debaixo do meu vestido
São lembranças do passado
Que têm me atormentado,
Por isso eu tenho entoado
O Oitavão Rebatido

Guardo a meia de Cabral,
Com seu chulé conhecido;
A cueca com seu pau-Brasil que foi corrompido.
Guardo até a camisinha,
Usada por Vaz Caminha
E agora eu canto sozinha
O Oitavão Rebatido.

(Páginas 17 e 18)

Brasil Caboco

Mídia:
Que final assim bombástico
Eu aqui nesta desgraça
Valendo que esta carcaça
Informática de plástico
Teve um destino drástico
Deletado no apagão.
AE deste desastre, então
Tô aqui nesse sufoco
Atrás de Brasil caboco
De Mãe Preta e Pai João.

Vocês:
(Um Brasil caboco. De Mãe Preta e Pai João)

Lampião:
Canto como as andorinhas
Libertas, em revoada.
É poesia improvisada
Toda com palavras minhas.
No tempo das sinhazinhas
Não tinha televisão,
asa tinha este refrão
Que sai do meu gogó rouco
Que é o meu Brasil Cabôco
De Mãe Preta e Pai João.

Vocês:
(Um Brasil caboco. De Mãe Preta e Pai João)
Bis

Histórias do romanceiro
Que pertencem a este site,
São os lampiões da light
Do heroísmo brasileiro.
Expostos na tabuleiro
João Grilo e Lampião,
Malazartes e Cancão,
Que são na verdade um pouco
Deste meu Brasil Cabôco
De Mae Preta e Pai Joao

Vocês:
(Um Brasil caboco. De Mãe Preta e Pai João)
Bis

Diz que houve um justiceiro
Pras bandas de Hollywood.
Seu nome é Robin Hood,
Mas nosso herói brasileiro
Foi líder cangaceiro,
De apelido Lampião
Se faltasse munição,
ele encarava no soco,
Que aqui é Brasil Cabôco
De Mãe Preta e Pai João

Vocês:
(Um Brasil caboco. De Mãe Preta e Pai João)
Bis

(Páginas 19 a 21)

Contra-Punteo de Corrido

Lampião:
Ai, ai, ai, ai…
Guadalajara sul-americana
É o sertão do Brasil nordestino,
De raça luso, tupi, africana.
Ai, ai, ai…
Pior que a morte, que a trucidação,
É a desonra da humilhação.
Pois é mais fácil achar quenga donzela
Do que cantar comigo Lampião.
Ai, ai, ai…
Que vergonheira, que achincalhação,
Sobreviver à mira do trabuco
E padecer na improvisação.

Dona Mídia:
Colgate, Coca-Cola, Chevrolet,
Arisco, U.S. Top, Nescafé,
Semp Toshiba, Seiko,
Vick Bold, Bradesco,
Visa lâmpadas GE.
Ai, ai, ai…
Cofap, Cica, Carrefour, Blindex,
Xerox, Shell, Adidas, Di Giorgio,
Santa Marina, Suvinil, Chamex
Ai, ai, ai…

Lampião:
Quem desafia o bravo Virgulino,
Tem que ceder à sina do destino.
Sou cabra macho, sou galo de briga,
Cabôco brasileiro nordestino
Ai, ai, ai…
Em presa fácil, o bicho carcará
Com seu canto de fero
em brasa imprime
A marca da Cultura Popular
ai, ai, ai…

Dona Mídia:
Libra esterlina, dólar cambial;
Escudo, marco, franco, vil metal.
Ouro, vintém, conto de réis, pataca…
Privatizando toda estatal.
Ai, ai, ai, ai….
Televisão, Internet, jornal,
Rádio, revista, @ e outdoor…
Time is Money, tudo é capital

Lampião:
Sua retórica na entrelinha,
É mais nociva que erva daninha.
Pra sua me3nte pobr4e clarear,
Vou lhe mostrar agora uma coisinha
Ai, ai, ai, ai…
Representando o sertão do nordeste,
Onde a Cultura popular floresce,
Esse daqui é que é o Cara da peste,
Ai, ai, ai, ai…
Ele é que é legítimo Cabral
E essa aqui é sua parceira Neta
E a sua procura chegou ao final

Dona Mídia:
Isso tá cheirando a sabotagem.
Não é possível que nessa viagem
Eu procurei Cabral o tempo todo
E achei só isso, é muita sacanagem
Ai, ai, ai, ai…Mas mesmo assim vocês vou contratar,
Porque o povo também gosta disso
E a minha imagem vou
Ai, ai, ai, ai…
Quem vai ficar feliz é Seu Cifrão
Porque comprou barato a minha ideia.
A vai vender mais caro pra nação.

(Página 22 e 23)

Côco de Embolada
Esse aqui foi mais um “causo”
Que acabamos de contar
E esperamos vosso aplauso
Quando a música acabar

É o verbo do poeta,
É a verba capital…
Os dois lados da moeda
Do tesouro nacional

Dois artistas populares
Somos nós neste papel,
Mambembando nos lugares
Com teatro de cordel.

Das Oropa ao Oriente,
Sul-América do continente,
Brasil multinacional.

É o verbo do poeta,
É a verba capital…
Os dois lados da moeda
Do tesouro nacional

Tem no nosso repertório
Loas para funeral,
Odes de animar velório,
Escárnio sacramental.

Entremezes pra casório,
Com viola dolby stério,
Prólogos pra sanatório,
Happy ends pr’adultério.

É o verbo do poeta

É a verba capital…
Os dois lados da moeda
Do tesouro nacional

Motes pra moça donzela,
Glosas pra fazer neném,
Pra quando o fogo da vela
Apagar no vai e vem.

Versos pra mulé buchuda
Do padre paroquial.
Pra sogra véia sambuda,
Etc., e coisa e tal.

É o verbo do poeta

É a verba capital…
Os dois lados da moeda
Do tesouro nacional
Nós fomos patrocinados
Por um tal de Seu Cifrão
Pela Mídia divulgados
Para esta apresentação

Somos alvos da perfídia
E da manipulação
Descobertos pela mídia
Na Internet do sertão

É o verbo do poeta

É a verba capital…
Os dois lados da moeda
Do tesouro nacional

Sou linda, gostosa e bela,
Tô cagando pro povão.
Sou artista de novela
Em qualquer televisão.

Sou poeta analfabeto
Mas também não sou otário
E vendi o meu projeto
Pro Teatro Planetário.

(Página 24 – Gravura)

(Página 26)

(Logos) Dressa Fotolitos, Gráfica & Carimbos, Ordem e Progresso, Teatros do Rio, Rio Prefeitura / Secretarias das Culturas / Rioarte

(Última Capa)

Contatos:

Márcia do Valle (2239.57453)
Claudio Mendes (2508.7283)