Programa, 2000

 

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(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA) 

(Capa)

Centro Cultural Light

apresenta

QUEM INVENTOU O BRASIL?

por Karen Acioly

(Verso da Capa) 

Elenco

Andréa Helman
André Schmidt
Gabriela Samy
Gottsha
José Mauro Brant
Luciana Costta e Silva
Magda Gomes
Márcio de Souza
Mario Piragibe
Simô.

Narração (voz off): Ciro Nogueira

Coro Infantil

Ciro Nogueira
Clara Rescala
Felipe de Oliveira
Manuela Esteves
Raul Taborda.

“O melhor das criações de Maíra é que sempre nascem crianças para agente com elas brincar, rir cantar e dar risada, criar com amor e paciência, pois coisa bonita como as crianças, se faz sem pressa… Devagar.

É assim que gostamos de viver.

É assim que Maíra gosta nos ver.”
                                                                                                                                          Darcy Ribeiro, Maíra – 1978

(Página 01)

Quem Inventou o Brasil?

Quando a Administração da Light, após a privatização, redefiniu as linhas de atuação para o Centro Cultural Light, optando, dentre outras manifestações artísticas/culturais, pelo apoio ao teatro infantil, muito embora com conceitos bem definidos, não imaginou que essa atividade viria a ter a repercussão de público e mídia, alcançada nesses últimos três anos.

As peças criadas, produzidas, dirigidas e encenadas com grande esmero, por profissionais de indiscutível competência no meio teatral, sempre tiveram como principal fundamento, o resgate da cultura do nosso povo, da nossa cidade e de personalidades que, em alguns casos, elevaram o nome do Brasil no exterior.

A partir de um minucioso trabalho de pesquisa, grandes mitos como Villa Lobos, Braguinha, Noel Rosa, dentre outros, foram contados e cantados, numa linguagem singela, que só quando se é criança se consegue entender. Trazidos da história contemporânea, diretamente para essa nova geração de espectadores, a vida e a obra desses gênios em suas artes, foram retratadas com muita criatividade e humor, encantando crianças e trazendo boas recordações aos seus pais e avós.

Nas comemorações dos 500 anos do Brasil, o Centro Cultural Light traz para o seu distinto público infantil a peça Quem Inventou o Brasil?, escrita e dirigida por Karen Acioly. Em mais um desafio de criatividade, a autora e diretora encontrou nas crenças e rituais indígenas, numa merecida homenagem aos nossos primeiros habitantes, uma forma original de contar o aparecimento das diferentes formas de vida na terra, incluindo o homem, numa viagem criacionista que antecede em 5000 anos a chegada dos descobridores ao Brasil.
                                                                                                                                                                                                 Light 

(Páginas 02 e 03)

Da Autoria e Direção

Há muito tempo atrás, muito antigamente …(como diriam os tupis) li um livro que nunca mais sairia do meu imaginário: “Maíra”, de Darcy Ribeiro. O tempo foi passando e deixei Maíra instalar-se livremente em mim. Com as coincidências da vida, acabei por conhecer o cacique Bira Brasil e parte de sua aldeia Yawanawá, onde aprendi a dançar e cantar o mariri.

Depois, conheci no processo de Tuhu, o menino Villa-Lobos, o Avá Kaká-Werá que nos ensinou como o índio se sente na natureza, e, no mundo.

Assim, fui me aproximando devagarzinho deste mundo tão raro e antigo, pedindo a benção desse povo, para contar um pouquinho de sua história.

Li e ouvi vários relatos diferentes de tantos povos que ao final, optei por juntar tudo isso ao Maíra de Darcy Ribeiro, escrever junto com todos eles, todos esses povos e autores, esse texto teatral, para crianças. Inventando uma aldeia arquetípica de nosso ancestrais, no princípio de tudo.

Na verdade, o texto está contido nas imagens, projeções, nas ações teatrais que trazem os sentidos ocultos em cada atitude e gesto do povo da floresta. Há texto mesmo quando não há palavras.

Maíra e Micura brincam de inventar e reinventar o mundo, de vencer os inimigos com toda a sorte de puns, de nascer e renascer sob quantas formas se desejar, exatamente como fazem as crianças.

Por isso, para que essa história “dos gêmeos” continue a ser contada, contamos para vocês Quem inventou o Brasil, nestes três anos de parceria com o Centro Cultural Light. Comemorando assim, mais de  cinco mil anos de existência do povo indígena nesta terra.

Dedico este espetáculo ao meu filho Ciro e a minha filhota que vai nascer em breve…Dedico ainda a Tininha, parceira fundamental neste trabalho tão delicado e detalhado, e por isso, agradeço a obra de Darcy Ribeiro, ao Bira e aos nossos ancestrais do povo indígena.
                                                                                                                        Karen Acioly

“Essa História serve para contar, para não esquecer, para não acabar”.
.                                                                                                               Darcy Ribeiro, Maíra – 1978

(Página 04)

Quem Inventou o Brasil?

Ficha Técnica

de Karen Acioly

Livremente adaptado do livro Maíra, de Darcy Ribeiro e de relatos dos índios Sapaim e Kaká Werá.

Equipe de Criação

Direção: Karen Acioly
Diretor Assistente: Tina Salles
Música e Direção Musical: Tato Taborda
Teatro Negro, sombras e animação: Fernando Sant’Anna
Desenho Cenográfico: Fernando Sant’Anna
Figurinista: Marta Macedo
Iluminação: Rogério Emerson
Pesquisa: Julia Azevedo e Karen Acioly
Consultoria Indígena: Kaká Werá, Pajé Sapaim, Bira Brasil e Werá Djekupé.

(Página 05)

Equipes de Execução

Direção de Produção e Administração: Gabi Lesaffre
Produção Executiva: Adriana Vieira
Preparação Vocal: Suely Mesquita
Técnica para Execução de Gestual e Movimento: Doriana Mendes
Coreografia Aérea: Maria Angélica Gomes
Assistentes de Animação: Antonia Farias Santos, Gabriela Bardy, Joana Lavallé e Renata Neves Alves
Adereços de Cenário: Vanessa Castro
Confecção e Montagem da Lira: José Maranhão
Cenotécnico: Edson de Oliveira, Sérgio Dias, Hugo Oliveira e João Neves.
Contraregras: Amarildo do Amorim e Hélio Rosa
Assistente de Figurino: Gabriela Mourato
Adereços de figurino: Hideraldo Peniche e Adam Smith
Pintura de roupas: Cosma Ramos
Modelagem e estagiária de figurino e modelagem: Eliane de Lucia
Costureira: Shirley Ferreira
Cabeças: Hideraldo Peniche
Camareira: Rosângela Alvarenga
Operador de Som: Jonas Theotônio
Operador de Luz: Fabiano Brito Pereira
Montagem de Luz: Ricardo Fromiga
Estagiária de Produção: Patrícia de Oliveira
Assessoria de Imprensa: Vanessa Cardoso e Daniella Cavalcanti
Assessoria Jurídica: João Willington
Fotos: Ana Branco
Projeto Gráfico: Isabella Perrotta e Eduardo Sidney
Uma produção: Borogodó Empreendimentos Culturais
Realização: Centro Cultural Light.

(Página 06)

Os Livros Consultados

Histórias dos Índios no Brasil: Organização Manuela carneiro da Cunha
Maíra: Darcy Ribeiro
Quarup: Antônio Callado
Wamrémé: Mitos e Lendas do Povo Xavante – relato dos índios
Ticuna: A Árvore da Vida – relato dos índios Ticuna
Xenipabu Myui: relato dos índios Bororo
Terra Gravida: Betty Mindlin e narradores indígenas
Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil: Jean Baptista Debret.

As Músicas

Todas as músicas cantadas foram gravadas pelo elenco.
As canções das tribos jabuti foram arranjadas a partir de versões coletadas e adaptadas por Marlui Miranda.
As canções da tribo Kamayurá foram ensinadas pelo Pajé Sapaim.
As canções da tribo Guarani Mbyá foram ensinadas por Werá Djekupé e Kaká Werá.
As canções da tribo Tukano foram ensinadas por Carlos Tukano.

(Página 07)

“Penetrar na floresta densa do universo musical indígena, levado pelas mãos de sábios como o Pajé Sapaim, não representa apenas o privilégio de poder ouvir estórias lindas contadas em tupi pela sua voz doce e silenciosa ou cantar e dançar seus mitos na energia do seu pulso de pajé, mas é principalmente permitir-se mergulhar no lago subterrâneo que existe por baixo de todas as culturas, de onde todas elas retiram suas águas mais limpas, que brotam nas mais variadas fontes na superfície do globo, que como o rio, é sempre igual e nunca o mesmo”
                                                                                                                                                                            Tato Taborda

(Página 08)

A História da Menina Contada pelo Pajé Sapaim

Quando a menina vai virar moça, a mãe manda a menina deitar na rede quietinha, ela não fala, e só ouve a conversa da casa. A mocinha pensa que ela vai ser grande mulher, vai virar Cacica da tribo. Fica na rede cinco dias sem falar, sem comer (nem beiju, nem), sem beber água.

Depois dos cinco dias, a mãe pega erva do mato e cozinha para ela tomar chá preparado, para ela botar para fora tudo o que não é bom. Depois disso, a menina então já pode sair da rede e sentar.

O pai sai para pegar palha de buriti e faz um quartinho bem fechado. A mocinha fica lá. Ainda não pode comer peixe, mas já pode comer jacuí, mutú e pombo.

A menina não come o peixe para poder mudar a vida, mudar o pensamento… virar mulher!

Daí ela faz colar, pulseira, rede, esteira, o que ela puder fazer e só a mãe olha ela.

O que pai pensa que ela agora já pode comer o peixe.

Toda a família vem olhar como ela vai comer o peixe, no meio da aldeia, com todos.

Essa fica até um ano, dois anos dentro de casa, só sai na festa de Quarup, quando corta o cabelo, se pinta, e aí sim pode sair para virar mulher!

(Verso da Última Capa)

Agradecimentos

Biel, Bira Brasil, Branco, Fernando Lébeis, Carlos Tukano, Cecília Conde, Cláudio Fernandes, Cristina Botelho, Gustavina Gomes, Grupo Fehtxá, João Lutz, Kaká Werá, Ligia Veiga, Lucas Ciavatta, Maria Amélia Gottlieb, Marlui Miranda, May, Nelson Ayres, Pajé Sapaim, Professor Bessa, Perfeito Fortuna, Rodolfo Stroeter, Sergio Péo, Werá Djekupé.

Casa Paschoal Carlos Magno, Calouste Gulbenkian: Sândara e Dada, Conservatório Brasileiro de Música, Degraus Fotolitos, Fundição Progresso, Triumph International

(Última Capa  – Ilustração)

(Logos) Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria Estadual de Cultura, Lei de Incentivo a Cultura, Light