Programa do espetáculo que esteve em temporada de 26.05 a 27.08.2000, no CCBB – Teatro I, Rio de Janeiro

(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

De Molière

O AVARENTO

Direção Geral: Amir Haddad

(Verso da Capa e Página 01 – Foto: Tonico Pereira)

O Avarento

(Páginas 02 e 03 – Fotos)

BrasilCap e Centro Cultural Banco do Brasil
apresentam

De Molière

O Avarento

Direção Geral: Amir Haddad

Tonico Pereira
Alessandra Negrini
André Gonçalves
Angela Rebello
Daniel Rolim
Dira Paes
Emílio de Mello
Gaspar Filho
Ivo Fernandes
Leonardo Vieira
Sandro Valério
Xando Graça.

26 de Maio a 27 Agosto 2000
Quarta a Domingo
19h30

Centro Cultural Banco do Brasil – Teatro I

Rua Primeiro de Março, 66
Centro, Rio de Janeiro
Tel (+21) 808 2020

Patrocínio

(Logo) Brasilcap

Realização

(Logo) Centro Cultural Banco do Brasil

Apoio

(Logos) Multi Show, Lei de Incentivo à Cultura.

(Página 04)

O Avarento

Promover o diálogo entre épocas e tradições culturais distintas é um dos imperativos da arte em nossos dias. Em mais uma parceria da Brasilcap e do Centro Cultural Banco do Brasil, esta montagem de O Avarento dirigida por Amir Haddad busca resgatar as origens populares da obra de Molière, frequentemente ofuscada s pelo rótulo do classicismo.

O Avarento é um dos grandes textos do autor, daqueles que deixam entrever o filósofo por trás do farsista e o corpete de drama por baixo do roupão de comédia. Obra da maturidade, beneficia-se da vasta experiência de Molière em todas as funções do labor teatral. Em meados do século 17, época em que atores eram párias sociais sem direito sequer aos sacramentos da religião, ele passou 13 anos comendo poeira nas estradas da França e acumulando os postos de autor, ator e líder de seu grupo mambembe.

Esse longo estágio no teatro das ruas nutriu sua verve de dramaturgo popular, o domínio da improvisação e, principalmente, o pendor para a trama vívida, movimentada e bem urdida, que lhe valeria mais tarde as graças e favores do rei Luís XIV. Dentro ou fora de sua Pasárgada, Molière manteve-se por toda a carreira fiel a um modelo de teatro capaz de agradar à corte e à qualquer de seus súdito. A sua própria dramaturgia vai tematizar a homogeneização de estamentos sociais através da arte. Pode-se mesmo dizer que era a cultura de massa avant la lettre.

Aqui duas tradições dão-se as mãos: uma bem brasileira, solar e dionisíaca como a do diretor Amir Haddad; a outra francesa, de humor temperado por uma gota de amargura. A mistura tem a ousadia e a coerência necessárias à um espetáculo inesquecível,

Centro Cultural Banco do Brasil

A Brasilcap, empresa coligada do Banco do Brasil e líder absoluta do mercado de capitalização vem apoiando projetos culturais nas mais variadas formas de expressão da arte.

Assim como o BB, a Brasilcap entende que o investimento em cultura é uma das mais importantes maneiras de democratizar a arte e preservar as raízes culturais brasileiras.

A parceria selada com o CCBB amplia cada vez mais o relacionamento da Brasilcap com a sociedade, atuando no incentivo a novos talentos e reforçando a importância da arte para a cultura nacional.

Esperamos estar proporcionando ao público a oportunidade de desfrutar de uma das mais fortes expressões da arte.

Antes de receber os aplausos, o teatro recebe nosso apoio.

BrasilCap

(Páginas 05 e 06 – Foto Amir Haddad)

Molière e Nós

É uma questão de biografia, talvez.

Assim como ele na França eu passei e passo boa parte da minha vida de teatro nas rua e caminhos do Brasil. Assim como ele, eu também depois de anos nas ruas sou recebido na corte da “inteligência” brasileira onde me mantenho pela força de meu trabalho e apoio de alguns setores, embora certos senhores donos do saber acadêmico olhem com censura e desconfiança o meu trabalho. Assim como o dele o meu trabalho também pode revelar as contradições, hipocrisia desta corte.

A diferença, se existe, é que eu não sou amigo do rei e nem “terei a mulher que quero na cama que escolherei”. Porém assim como ele, também não me submeterei aos caprichos, ordenamentos e imposições de uma corte fútil e inconstante em busca permanente e descontrolada do que é “novo e moderno” passando longe das preocupações com o que é e pode ser eterno. E assim como ele também sofri e sofro as consequências financeiras por insistir em um trabalho que navega na contracorrente do pensamento cultural dominante. E por isso assim como elegeu também penso e sonho com uma sociedade onde o dinheiro, os bens, as propriedades, as trocas comerciais, o resultado econômico-financeiro não sejam o único critério capaz de sacralizar, validar e dar respeitabilidade aos “matrimônios” de todos os tipos que fazemos ao longo de nossas vidas. Assim como ele, eu também sonho em realizar casamentos por amor. Impulsionado pela “doce violência do amor”; assim como ele sou também levado a enfrentar situações difíceis e constrangedoras, não me restando alternativa, a não ser às vezes o confronto, às vezes o disfarce e a habilidade de fingir que estou concordando para finalmente obter o proibido objeto do meu amor e do meu desejo. As péssimas condições impostas por aqueles que neste mundo detém o “pátrio-poder” muitas vezes determinam que todos à sua volta tenham este tipo de comportamento, até que por algum motivo, novas condições de fartura, generosidade, tolerância e grandeza d’alma nos permitam sermos como somos e como gostaríamos de ser, abrindo uma brecha de luz e de esperança na parede espessa e áspera construída por aqueles que gostariam que o tempo parasse.

Ao voltar para o comando do seu povo depois de uma ausência prolongada, Moisés encontra seus comandados absolutamente envolvidos com um novo deus representado por um “bezerro de ouro”.

Enfurecido o profeta destrói a imagem venerada para fazê-los voltar à razão. Mas, de todos os deuses antigos este é talvez aquele que mais reincide sobre os homens e as civilizações que eles constroem. Presença permanente em nossas vidas, afetos, sentimentos, se torna de acordo com as oscilações da história no único grande deus que os homens ditos civilizados respeitam.

“Pobres daqueles que precisam de dinheiro”, diz La Fleche, o criado de Cleanto, que faz parte do grupo de personagens pobres da peça e que tiram da força de seu trabalho seus meios de subsistência, não precisando mais do que o mínimo necessário para sobreviver.

É ele quem, desconfiado, acaba por descobrir o tesouro enterrado por Harpagão no fundo do seu quintal.

Para fazermos o espetáculo do jeito que ele se mostrará aos olhos do mundo tivemos que, nós atores, diretor, equipe artística, equipe técnica, produtores e divulgadores, também nós, tivemos que desenterrar nossos tesouros mais escondidos para com generosidade afetiva, poder contar a historia deste homem ressecado pelo dinheiro que tenta umedecer seu coração com o corpo e a alma da jovem e empobrecida Mariana, às custas da felicidade de seus próprios filhos.

O teatro é a arte da fartura, da pujança, da fertilidade e do esbanjamento. E só o teatro poderia falar desta doença da humanidade sem se contaminar com ela. O teatro tem muito poder e Molière sabia disso muito bem. Assim como eu e todos que fizemos juntos estas escavações em nossos afetos, sentimentos, reflexões e pensamentos para revelar todos os segredos escondidos dentro do texto magnífico deste impressionante e edificante Jean Baptiste Poquelin, o Molière, de tantas paixões, tantos amores, tantos desejos, tantas lutas e contradições. Um homem sem medo de viver seu sangue, sua carne, seu espírito e seu humor. A ele queremos servir com paixão e generosidade.

O teatro é como o chifre cortado da cabra de Zeus, símbolo da fartura de onde jorra ininterruptamente o leite da fertilidade que alimenta os Deuses.

Alimentemo-nos todos dos tesouros que jorram ininterruptos desta fantástica cornucópia que é o Teatro.
Acorramos todos a este banquete esclarecedor dos nossos desígnios mais ocultos e misteriosos. E que a fartura, o bem-estar e a pujança afetiva se instalem em nossos corações, como um tesouro revelado, em constante movimento. Ouçam as três pancadinhas de Molière. O teatro vai começar.

Amir Haddad

Molière e Tonico Pereira

Um Ator e Seu Autor

Só quem faz ou fez teatro poderá captar e absorver totalmente a grandeza popular do teatro de Jean-Baptiste Poquelin, também conhecido como Molière. Ele mesmo um ator e um autor de rua, tendo viajado pela França em carroça aberta apresentando seus espetáculos, e aprendendo, graça, agilidade, liberdade e humor com as plateias variadas e heterogêneas que assistiam seus trabalhos.

Molière recebe ainda, por andar pelas ruas, grande influência da Commédia Dell’Arte, o grande e vigoroso teatro popular italiano que atravessou desde a Idade Média até ao Renascimento, alegrando o coração e fazendo rir das fraquezas humanas as plateias de toda a Europa, influenciando até mesmo um grande mestre como William Shakespeare.

Molière é hoje um clássico, um “crack” reconhecido do teatro Mundial, e a montagem de suas peças dignifica e categoriza qualquer repertório, e o Brasil tem absoluta necessidade de melhorar o nível do seu e por extensão a qualidade de seu espetáculo. Junte-se a isso a possibilidade de unirmos a força de um grande ator popular brasileiro, Tonico Pereira, brilhante e imbatível Feste de Noite de Reis, ao maravilhoso papel do velho Harpagão de Molière, e teremos aí uma mistura de ingredientes capaz de atrair e muito, qualquer diretor brasileiro interessado em uma receita capaz de revitalizar a chama popular do pobre Teatro Brasileiro, dominado pelos valores éticos e estéticos dos programas de televisão. Uma chance de provocarmos um crescimento e de afirmarmos nossa paixão pelo bom teatro de todas as épocas.

A.H.

(Página 07 e 08 – Fotos Atores)

Alessandra Negrini: Elisa
André Gonçalves: Valério
Angela Rebello: Frosina
Daniel Rolim: Brindavoine
Emílio de Mello: La Flèche
Dira Paes: Mariana
Leonardo Vieira: Cleanto
Ivo Fernandes: Mestre Jacques
Gaspar Filho: Comissário, Merluche
Sandro Valério: Escrivão, D. Cláudia
Xando Graça: Sr. Anselmo, Simão

Músicos
Queca Vieira, Violino, Bandolim e Percussão
Kiko Horta: Acordeon e Percussão

(Verso da Última Capa)

Direção Geral: Amir Haddad
Cenário: Lídia Kosovski
Figurino/Adereços: Ney Madeira
Tradução: Bandeira Duarte
Direção Musical e Música: Tato Taborda
Iluminação: Aurélio de Simoni
Preparação Corporal: Rossela Terranova
Direção de Produção: Ivo Fernandes

Produção Executiva: Sula Villela
Assessoria de Imprensa: Vanessa Cardoso, Daniela Cavalcanti
Assistente de Direção: Lucy Mafra
Assistente de Produção: Tina de Oliveira, Madge Stringer, Marco Figueiredo
Assistente de Figurino: Daniela Vidal
Assistente de Cenografia: André Sanchez
Fotos de Divulgação: Bruno Veiga
Operador de Luz: João Antonio
Cenotécnico: João Fernandes e equipe
Contrarregra: Elias Vieira
Camareira: Alice Farias
Costureira: Tânia Dias, Mara Lopes
Pintura de Arte: Hélcio Pugliese, Gilberto de Lima
Máscaras: Marcílio Barroco
Montagem de Luz: Guiga Ensá, Anderson Peixoto, Almir Lourenço, Marcelo de Simone
Auxiliar de Produção: Marcelo Eduardo
Administração e Produção: Comunicativo Produções Artísticas
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil

Projeto Gráfico: Felipe Taborda, Andrea Bezerra
Designer Assistentes: Alex Northfleet, Priscilla Andrade
Fotos: Rodrigo Lopes

As canções do Vale do Jequitinhonha foram compiladas por Frei Chico e Coral Trovadores do Vale.

Agradecimentos Especiais

Body Tech Club, Café Palheta, Centroarte, Demillus, Doce Beauté, Natura, Restaurante Reino Vegetal, Sushi Leblon, Wernr Tecidos Nobres – Tecidos Finos dos Figurinos.

Grupo Tá na Rua, Teatro Carlos Gomes, Jorge Wanderley – In Memorian, Juliana Freire/Livia Rosa, Ana Achcar, Andréa Gomes e equipe.

Equipe do Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil.

(Última Capa – Anuncio: Centro Cultural Banco do Brasil/OuroCap)