Fernando Sant’Anna e Cacala. Foto: Cláudia Ribeiro

Programa, 1999

Barra

(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa – Foto)

Centro Cultural Light apresenta

GAROTO NOEL

De Karen Acioly e Carlos Didier

(Verso da Capa – Desenho: Este é um desenho do Noel, feito pelo Nássara, para você colorir)

Quem é Quem

Cacala: Dona Martha, Aluno, Nêga
Ciro Nogueira: Noel Rosa, infância
Doriana Mendes: Dinga, Aluno, Cabrocha
Eduardo Chamon: Noel Rosa, adolescência
Felipe Oliveira: Hélio Rosa, infância
Fernando Sant’Anna: Neca, Dom Víliger, Comparsa, Português
Flávio Bauraqui: Sorriso, Padre Surdo, Trambiqueiro, Sinhô

Gabriel Gabriel: Ministrinho
Guilherme Bresciani: Jocelyn, Hélio Rosa-adolescência
Joana Adnet: Sylvia, Aluno Cabrochinha

Alice Casé: Criança. Cabrochinha
Francisco Didier: Criança
Manoela Esteves: Clarinha
Lucas Carvalho: Criança
Tarcísio Carlos: Benjamin, O Gago, Ritmista

Músicos
Oscar Bolão, Percussão e Bateria
Carlos Didier, violão
Maria Teresa Madeira, Piano

(Página 01 – Desenho: Recorte ou desenhe, e complete o seu varal de roupas)

(Página 02 – Desenho: Este é um desenho de J.Carlos [José Carlos de Brito e Cunha], artista que gostava de desenhar os costumes cariocas do início do século.)

Quem Criou o Espetáculo

Direção: Karen Acioly
Autoria: Karen Acioly e Carlos Didier
Direção Musical e Arranjos: Maria Teresa Madeira
Consultoria Biográfica e Musical: Carlos Didier

Figurinos e Direção de Arte: Emília Duncan
Figurinista Assistente: Marta Carvalho
Iluminação: Maneco Quinderé
Cenários: Regina Gilson
Teatro de Sombras, Maquiagem e Animação: Fernando Sant’Anna

(Página 03)

Nossa História

Noel de Medeiros Rosa nasce no ano em que cruza no céu o cometa Halley. No dia da revolta da chibata, entre tiros de canhão. Um pequeno e imperceptível defeito no queixo aos poucos se transforma em uma das características de sua expressão, impedindo-o por vezes de comer na presença das outras pessoas, mas nem por isso isolando-o…fazendo-o perceber que é melhor rir de si mesmo antes que os outros o façam.

Como todo o garoto, traz em si a vida latente e potencial, dando a ela, num curtíssimo espaço de tempo, uma obra de mais de 250 composições.

A vida é urgente, sentia o Garoto Noel, criado em lar musical, nos saraus divertidos do lar dos Medeiros Rosa, fazendo de suas brincadeiras de quintal, verdadeiras inspirações para operetas que um dia realizaria.
Como qualquer criança, fez das tarefas diárias e maçantes, piadas instigantes.

No austero São Bento, colheu dos rígidos professores as matérias fundamentais para o seu humor e transgressão. Das ruas e do povo colheu sua maior inspiração.

O espetáculo Garoto Noel, mostra a fonte de onde Noel Rosa bebeu para compor em tão pouco tempo, sua magnífica obra: sua infância e adolescência.

Garoto Noel revela que sua genialidade, ao contrário do que hoje podemos perceber, não era percebida pelos seus familiares que apontavam em Hélio Rosa, seu irmão, o possível gênio da família. Na escola tampouco era vista como especial; aluno repetente e indisciplinado desequilibrava padres e professores com a sua irreverente inteligência.

(Página 04 – Desenho: Outro desenho de J.Carlos para você colorir)

Mas o garoto Noel, como ele mesmo dizia, tinha “bossa e borogodó”, agradava aos amigos e meninas, não se importando em levar nada a sério, nem a si mesmo.

No entanto, algumas janelas vão se abrindo em seu coração e alma, quando descobre o tal do samba feito nos morros e, principalmente, quando encontra o rei do samba, Sinhô. Encontra-se o Garoto Noel também com a realidade da pobreza, e como forma criativa de transformar o nada em ouro de criação.

Garoto Noel encerra com o encontro de Noel com a liberdade e a criação, motivo suficiente para transformar sua breve passagem, na certeza de que não só o garoto Noel, nascera no ano do cometa Halley, como também, ele próprio era um cometa.

Dedico este espetáculo ao meu querido elenco.

Karen Acioly

(Página 05)

O Lápis e o Palco

Lápis, para Karen Acioly, é o ensaio; papel, a memória. Assim trabalha minha nova parceira, porque teatro precisa funcionar no palco e não no livro. Teatro é a linguagem em que ela se expressa. O único teste em que acredita é o teste do palco. Por isso, as cenas se transformam pela interação benfazeja de atores e diretora, que conversam, discutem, divergem e vão se integrando, se impregnando, uns dos outros e todos da peça, enquanto sobem a temperatura, a inspiração e a pressão, enquanto tudo vai se amalgamando, até que não mais se distinguem personagens e artistas e tudo é teatro. Incorporados ao grupo, os dois autores produziram, escrevendo e rescrevendo, uma dúzia de versões de Garoto Noel.

Para os familiares, o gênio da casa era Hélio Rosa, seu único irmão, mais moço quatro anos. Sobre ele recaíam as expectativas de grandes realizações, para ele eram dirigidos os melhores aplausos, dele eram sempre os feitos mais espantosos. A tensão do relacionamento entre ambos é um dos fios que percorrem as cenas. Um Hélio satisfeito e nutrido com o reconhecimento dos seus; um Noel em busca do encontro com o outro, em especial com as mulheres. Um Hélio aprisionado à cadeia afetiva familiar; um Noel solto, em contato com o mundo. Um Hélio superdotado, dono de raciocínio velocíssimo e memória prodigiosa; um Noel feminino, oblíquo, esquivo, a apostar suas fichas metade no presente, metade no futuro, num tabuleiro estranho à cultura do chalé onde ambos moravam, em Vila Isabel.

Para mim, não há dúvidas sobre quem dava as cartas no jogo da vida.
São a infância e a adolescência explicando o adulto: são os desvios das ações e reações comuns que deixam entrever o gênio de Noel. Como o cotoco de lápis com que compunha, uma espécie de talismã que o ajudava a transmudar simples palavras em obras-primas. O lápis de Noel, um poeta, era lápis mesmo. Era um amuleto que dava certo. Onde será que foi parar aquele mágico pedacinho de madeira, com menos de dois centímetros e com grafite dentro?

Carlos Didier

(Página 06)

A Nossa Equipe

Direção de Produção: Lia Gandelman
Técnica para a Execução dos Movimentos: Doriana Mendes
Preparação Musical (crianças): Adriana Rodrigues
Preparação vocal (adultos): Cacala

Assistente de Direção: Sergio Lutz
Assistente da Direção Musical: Pablo Vargas
Assistente de Produção: Gisele Costa
Assistentes de Figurinos e Cenários: Silvana Farinatti e Maurício Leite
Assistente de Iluminação: Adriana Ortiz
Equipe Técnica de Iluminação: Jorge Camacho e Alessandro Gustavo
Estagiárias: Tissiana C. de Figueiredo e Cristiane Bertoni

Projeto Gráfico: Isabella Perrotta
Designer Assistente: Claudia Berger
Divulgação: Vanessa Cardoso
Assessoria Jurídica: Henrique Gandelman Advogados Associados

Documentação: Wagner Uchôa
Camareira: Rosângela Fernandes
Contrarregras: Amarildo do Amorin e Hélio Rosa
Operador de Som: Jonas Theotônio
Operador de Luz: Bel Cabral

Produção: Borogodó Empreendimentos Culturais

Uma realização Centro Cultural Light.

(Página 07 – Outro desenho do Nássara, para você colorir (Arquivo JB)

Amor de Parceria

Comparo o meu parceiro Caôla, também chamado por alguns pelo nome de Carlos Didier, a um rio caudaloso e cheio de emoções.
Tive muita sorte quando peguei o meu gravetinho cuja pontinha tem grafite e fui neste rio embarcar…

Disse-me o rio tantas coisas importantes que entendi também o que ele não disse e ele a mim e, assim formamos o que ainda não sabíamos que poderíamos ser: parceiros de viagem.

Cada qual com seu jeito rio ou grafite de ser: praticamos o respeito pelas diferenças, e mais, a compreensão de que só mesmo ela, a diferença, é capaz de nos tornar semelhantes.

Juntos descobrimos tantas possibilidades de navegação, tantas rotas, tesouros e mapas que entendemos que o mais fundamental é percorrer o caminho, percebendo o trajeto e suas aventuras, deixando as pedras, o vento, a chuva e o sol fazerem a sua parte.

Assim, escrevemos Garoto Noel, trocando figurinhas, que não tínhamos repetidas, oferecendo um para o outro o que de melhor poderíamos trocar.

De Karen para Caôla

(Página 08 – Desenho: Este é o Almirante, um dos amigos do Noel)

As músicas que Cantamos

Feitiço da Vila, Tarzan O Filho do Alfaiate, Festa no Céu, O Ladrão de Galinhas (opereta), AEIOU, O Gago Apaixonado, Mentir (Instrumental), Morena Sereia, Provei, Coisas Nossas (instrumental), Amor de Parceria (instrumental), Cabrocha do Rocha, Até Amanhã.

Agradecimentos Especiais

Ao Bandolim de Ouro, Triumph, Arthur Cabeleireiro Ltda., João Lutz, Conservatório Brasileiro de Música, Casa Pinto Tecidos, Payot, João Máximo, Lourdes Brito e Cunha Leite, Eduardo Brito e Cunha Leite, Lúcia Brito e Cunha Leite, Cleide Brisciani, Giselle Quintas Esteves.

As fotos e charges deste programa foram tiradas do livro Noel Rosa – Uma Biografia, de João Máximo e Carlos Didier.
Na Capa: Noel Fardado (Coleção Heloísa Marsilac)
Na Contra Capa: Noel Bebê (Arquivo dos Autores)
Acima: Almirante (Arquivo dos Autores)

(Página 09 – Desenho: Light. Entre! Os cachorros não mordem!)

Noel Rosa nasceu três anos após a Light ter inaugurado, em 1907, o serviço de fornecimento de energia elétrica ao Rio de Janeiro. E viveu boa parte de seus 27 anos nas noites iluminadas pela luz da Light.
As lâmpadas encardidas de botequins, cafés e cabarés viram nascer muitos sambas famosos do Poeta da Vila.

O bonde da Light foi o palco inicial onde o garoto Noel exercitou a arte carioca do bom humor. Enquanto a vida harmoniosa de Vila Isabel deslizava sobre os trilhos, a irreverência de Noel equilibrava-se nos estribos e balaústres. Mais tarde ele diria que o bonde, o motorneiro, o condutor e o passageiro “são coisas nossas, muito nossas”.

Em 1995 o Centro Cultural Light encenou no Teatro Lamartine Babo, funcionário da Light e parceiro de Noel Rosa, a comédia musical inédita A Noiva do Condutor, de Noel Rosa e Arnold Glückman. Agora apresenta Garoto Noel, de Karen Acioly e Carlos Didier, uma peça que conta para as crianças a história engraçada do autor de Conversa de Botequim. Uma vida iluminada, breve e marcante como a passagem de um cometa pelo céu.

Há três anos o CCL oferece ao público infantil produções inéditas e de excelente qualidade, com textos bem elaborados cujo conteúdo estimula a inteligência do espectador. Essa parceria firmada com o talento de Karen Acioly resultou em muita satisfação e alguns prêmios, entre eles o Prêmio Coca-Cola de 1998, concedido ao CCL pelo conjunto de trabalhos dedicados ao público infanto-juvenil.

O sucesso de público e crítica demonstra o acerto de nossa preocupação em resgatar a memória da cidade e de seus habitantes. Afinal, há cem anos, o Rio e a Light são coisas nossas.

(Última Capa – Foto)

Patrocínio

(Logo) Light

Governo do Estado do Rio de Janeiro
Secretaria Estadual de Cultura
Lei de Incentivo à Cultura

Barra

(INFORMAÇÕES DA FILIPETA DE  PROGRAMAÇÃO – SETEMBRO/OUTUBRO)

Centro Cultural Light

GAROTO NOEL

Dias 04, 05, 11, 12, 18,25 e 26 de setembro.
Dias 02, 03, 09, 10, 16, 17, 23, 24, 30, 31 de outubro.

Teatro do Centro Cultural Light

Sábados e domingos, às 16h.
Senhas a partir das 14h.

De 14h30 os 15h30, mágicos, bonequeiros e contadores de histórias divertem o público na Praça Coberta.
Grátis

Centro Cultural Light
Av. Marechal Floriano 168 Centro
Tel.: 211 2921 Fax.: 211 2957