(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)
(Capa)
A FARSA DE INÊS PEREIRA
de Gil Vicente
(Interior)
Teatro em Dia com Amor & Humor
Quem sabe refaz a hora. Ao programar peças para o horário de almoço (12:30) nos dias úteis e às 17h nos sábados e domingos, o Teatro em dia fez história. A série entra no sei quarto ano consecutivo, oferecendo agora textos leves e divertidos.
Em 1996 O Teatro em Dia sobe ao palco com um novo conceito: a unidade temática: As seis peças a certem apresentadas giram em torno de um mesmo eixo – o Amor tratado com Humor. Afinal, rir da paixão é começar a curá-la.
É com esses motes que O Submarino ironiza uma crise conjugal; The Knack satiriza as técnicas de conquista; Cabaret La Boop é sarcástica com a sedução; Um Mundo de Ilusões flagra o namoro em diversas fases da vida: O Pedido de Casamento, de Tchecov, mostra o quanto é desconcertante o amor; e A Farsa de Inês Pereira, um clássico de Gil Vicente, vê com os olhos do povo as peripécias do casamento.
O poeta Horácio pensava a arte como educação e divertimento. O Teatro em Dia aposta nessa ideia, acreditando também que o melhor uso para uma hora vaga é um espetáculo cheio de qualidade.
Centro Cultural Banco do Brasil
Com muito prazer
Dez séculos antes do Renascimento ocidental ocorreu o da índia, sob os auspícios de Chandragupta II, chamado de Rei Sol. Foi uma época particularmente fecunda, em que, a partir da descoberta do zero, se chegou ao sistema decimal. Em que o teatro ensinou ao povo que o ser humano não é feito só de Mal ou só de Bem e que roupas coloridas fazem florescer o amor e a paz.
Como contar isto às crianças? Como contar-lhes fábulas da Idade Média? Como verter o alemão gótico Hans Sachs para o português de hoje e recriar moralidades quinhentistas ao som de Wagner? Como passar da farsa medieval à ópera bufa, tomando como base o romantismo do Elixir do Amor, de Donizetti?
As respostas estão em espetáculos como Shakuntalá, o Anel Perdido, de Kalidasa, Enganado, Surrado, e …Contente, de Boccaccio e Mestre por um Triz, de Sachs, que a Companhia de Teatro Medieval vem montando desde 1988. Podia estar fazendo cinderelas e lobos maus, mais optou por temas e formas em que o espírito da commedia dell’ arte (e da commedia all’ improviso e da commedia erudita) se acrescenta à empatia de um visual requintado/elaborado. Nas quais a narrativa, embora fiel à simplicidade da tradição oral, se processa como um jogo de símbolos e transformações, abrindo os imaginários virginais as infinitas possibilidades da fantasia e da realidade. Uma esfuziante mixagem de teatro, circo, dança, música. Palavras e sons. Gestos, movimento. Panos, enfeites, adereços, artesanato fino. A universalidade intemporal da arte: o indiano Kalidasa antecipa o conto de fadas, o italiano Baccaccio desmascara os preconceitos moralistas que continuam sufocando cada nova geração, o germânico Sachs exalta a importância da Ética.
O básico do teatro é a fábula, disse Aristóteles. O básico é o prazer com que a contamos, diria Márcia Frederico. O básico é o modo como a vestimos, diria o cenógrafo e figurinista Ricardo Venâncio. O básico é a capacidade lúdica que os comediantes da Companhia sempre tiveram para se comunicar com plateias de qualquer idade, transmudando o clássico em moderno e reestilizando o erudito sem lhe danificar a sabedoria.
Armindo Blanco – Jornalista
Seria desejável que alguém pudesse levar a cabo o sonho concebido por Afonso Lopes Vieira de adaptar o teatro Vicentino ao público de hoje. Antônio José Saraiva – Dr. Em Letras da Universidade de Coimbra
A marca da época Vicentina é uma explosão de liberdade: os diálogos humanistas, as navegações, o mecenato da dinastia de Avis… Ridicularizando exagerando, trazendo os vícios, corrigindo ou dando um exemplo, o teatro assume sua função de espelho, que imita, mas não repete a vida.
Vânia Leite Fróes – Prof. Titular de História Medieval da UFF
Ele mantém pura e inabalável sua fé – como homem da Idade Média – mas se permite censurar os desmandos dos que a representam na terra – como homem do renascimento.
Cleonice Berardinelli – Prof. Emérita da UFRJ – Titular da PUC-RJ de literatura Portuguesa
Em sua décima montagem, após percorrer a Idade Média, a Cia. chega a uma de nossas raízes mais próximas. Portugal, na sua época de ouro e Gil Vicente, figura mor do teatro português.
Em 1523, Gil Vicente escreve A Farsa de Inês Pereira, considerada sua obra mais perfeita e completa, em resposta a um desafio: provocar que ele era mesmo autor, escrevendo uma peça a partir do ditado popular “Mais quero asno que me leve, que cavalo que me derrube”.
Inês Pereira, moça “da classe média”, sonha em casar-se com um nobre da Corte discreto e avisado (culto e refinado), tocador de viola, desdenha o rústico Pero Marques. Mais o nobre é, por fora bela viola, por dentro pão bolorento.
Gil Vicente – Ourives da Rainha, Poeta do Rei, e Encarregado do Cerimonial do Paço – tinha a luz humanista do Renascimento, ao mesmo tempo que mantinha característica do teatro medieval, utilizando a estrutura farsesca com personagens estereotipados, passagens grandes de tempo, várias ações simultâneas e a tradição do folclore português. Em suas peças estão presentes: o parvo, a alcoviteira, o clérigo, fidalgos e plebeus, o diabo…; danças e cantos populares, a realidade e o alegórico.
No texto, interferência cuidadosa para tornar um autor de 1.500 acessível ao público de hoje. No cenário, cortinas – máquina registrada do seu teatro – e azulejos e mármores dos Palácios da dinastia de Ávis. Nos adereços, a aproximação dos folclores nacionais na viola – de cocho, o alude brasileiro. No todo, a expectativa de trazer um pouco do mundo daquela época e sua atualidade nos dias de hoje.
Repertório
O Pastelão e a Torta
O Moço que Casou com a Mulher Braba
Enganado, Surrado e… Contente
O Segredo Bem Guardado
O Flautista de Hamelin
O Elixir do Amor
Mestre por um Triz
Shakuntalá, o Anel Perdido
Ouvi dizer, o Teatro sem Palco
Inês Pereira: Márcia Frederico
Representador, Pero Marques, Escudeiro: Isaac Bernat
Mãe, Ermitão: Evandro Melo
Lianor Vaz, Moço: Rogério Freitas
Parva, Judeu Casamenteiro: Raquel Libório / Eliane Costa
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil
Adaptação, Pesquisa, Produção e Divulgação: Marcia Frederico
Direção, Figurino, Cenário, Maquiagem, Trilha Musical, Coreografia e Pesquisa: Ricardo Venâncio
Pesquisa, Perucas, Sapatos, Adereços de Figurino e Cena, Máscaras: Heloisa Frederico
Direção de Produção, Administração, Op. de Som, Execução e Montagem do Cenário: Marcos Edom
Consultoria de História: Vânia Fróes
Consultoria de Literatura: Cleonice Berardinelli
Supervisão Institucional: Carmen Stella
Arranjo Musical, Bandolim e Asses. de Dança Folclórica: Sílvia Brasil
Arranjos Musical, Violão: Susane Travassos
Preparação Vocal para Canto: Soraya Ravenle
Iluminação, Operação de Luz: Fred Pinheiro
Adereço de Cenário: Luiz Ramalho
Fotos: Valerie Pollex
Programação Visual: Rodrigo Rodrigues
Assistentes de Iluminação: André Cunha e Márcia Francisco
Assistente de Figurino e Cenário: Lili Teixeira
Assistente de Adereços e Figurino: Maria Lúcia Barreira
Assistente Geral: Vera Regina Gonçalves
Apoio Cultural
Fitas Sinimbu, Traesko Sapatos, RádioAtividade, Quintino Cobal-Leblon.
Os tecidos para os figurinos foram gentilmente cedidos pela Werner Fábrica de Tecidos – Petrópolis.
Agradecimentos
Condomínio Ubirajara, Teresa Salgado, Reynaldo Benjamim, Dalva Ventura, Carolina Virgiiez, Leda Landau-Remy, Daniela Fuentes, Roberto e Rose Victorio, Flávio Marinho, Ignês Vianna, Edda e Julio, Armando Bittencourt, Sonia Ramos, Marcia Baraca, Madalena Vaz Pinto, Érico Vital Brazil, Famílias Venancio e Frederico.
(Última Capa)
Teatro em Dia
Série 96 Amor & Humor
O Submarino
28/02 a 17/03
The Knack
A Bossa da Conquista
27/03 a 14/04
Cabaret La Boop
24/04 a 12/05
Um Mundo de Ilusões
04/09 a 22/09
O Pedido de Casamento
02/10 a 20/10
A Farsa de Inês Pereira
30/10 a 17/11
Teatro II
4, 5 e 6 às 12:30h
Sáb. e Dom. às 17:00h
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
Informações: (021) 216-0237
(Logos) Centro Cultural Banco do Brasil