Programa, 1994

 

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(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

O NOVIÇO – PANORAMA DO TEATRO BRASILEIRO

(Logos) Grupo Pão de Açúcar, Grupo TAPA, 3M do Brasil

(Verso da Capa)

(Página 1)

”Ninguém, infelizmente, nos ensinou a amar o teatro brasileiro. Enquanto nas escolas nos transmitem o gosto pela poesia e pelo romance, nenhum estudo é feito da literatura dramática. As histórias literárias relegam ao plano interior, frequentemente desprezível, a produção teatral. (…)

Parece-nos que, se uma Companhia se dispuser a reviver metodicamente o repertório do passado, em montagens de alto nível, em breve diversas obras deixarão de pertencer ao frio museu das raridades biográficas. Tornando-se, quando menos, alimento para os estudantes, criarão o gosto pela nossa literatura dramática, e formarão um acervo histórico vivo, sem o qual não se enraízam as revoluções literárias.”
                                                                                                                   Sábato Magaldi – Panorama do Teatro Brasileiro                                                             
(Página 2)

Panorama do Teatro Brasileiro

Inspirado pelo livro do crítico Sábato Magaldi, o Grupo TAPA criou em 1985, no Teatro Ipanema, no Rio de Janeiro, o Festival de Teatro Brasileiro. Durante três anos, foram contados clássicos da comédia de costumes e adaptações da literatura brasileira, com ampla repercussão na imprensa e sucesso de público. Foi a primeira tentativa do TAPA em direção a uma companhia de repertório, já que o Festival de Teatro Brasileiro aconteceu simultaneamente às montagens de Viúva, Porém Honesta de Nelson Rodrigues, e O Tempo e os Conways, de J. B. Priestley.

O Projeto chegou ao teatro precedido por um período experimental de dois anos (83/85), em que além de um estudo profundo da literatura dramática brasileira, o Grupo montou espetáculos que percorreram espaços não convencionais como, colégios, ginásios de esporte, praças públicas, condomínios, e até cadeias, numa espécie de laboratório, na busca de uma linguagem popular e do amadurecimento dos seus integrantes.

No final de 86, no entanto, o convite de ocupação do Teatro Aliança Francesa, como sede fixa, determinou o estabelecimento do grupo em São Paulo e o projeto teve de ser interrompido.

Passados estes anos, uma visão autocrítica do Festival de Teatro Brasileiro indica que ele ficou restrito demais à dramaturgia do século XIX, mais especificamente à comédia de costumes. Isso foi devido, sobretudo à melhor compatibilidade de um grupo jovem com a linguagem da farsa. E o TAPA nunca se propôs a fazer o que não conseguiria.

Hoje, porém, o TAPA é um grupo maduro, com quinze anos de história, com integrantes das mais diversas faixas etárias e o absoluto preparo para um desafio maior de realizar não mais um Festival de Teatro Brasileiro, abrangendo um determinado período, mas um real Panorama do Teatro Brasileiro. Para a estreia foram escolhidas duas peças emblemáticas da nossa dramaturgia: O Noviço, de Martins Penna e Vestido de Noiva de Nelson Rodrigues.

O Noviço é considerada a obra-prima do primeiro comediógrafo brasileiro e Vestido de Noiva, um marco divisório em relação à modernidade do nosso teatro. Para o segundo semestre, o Grupo está programando a inclusão de A Casa de Orates, de Arthur e Aloizio Azevedo e um texto inédito de autor contemporâneo.

(Página 3)

O Grupo TAPA

No início, o Grupo TAPA – Teatro Amador Produções Artísticas – era apenas a reunião de alguns jovens amantes do teatro, que passaram a trabalhar juntos para apresentar espetáculos em colégios, clubes e circuitos universitários. Em 1979, a equipe optou pela profissionalização e, de lá para cá, foi capaz de promover uma longa lista de montagens, sem falar nas atividades de animação cultural.

A partir de 1989, o Grupo TAPA se fixou em São Paulo, no Teatro Aliança Francesa, fato que permitiu à equipe contar com um teatro fixo. A sede, em São Paulo, não significou uma redução de seu campo de atividade. Além da promoção de atividades culturais – oficinas, cursos, debates -, o Grupo TAPA tem realizado temporadas no Rio de Janeiro, excursões pelo interior de São Paulo e pelo país.

Assim, a montagem de Solness, o Construtor percorreu sete capitais de Estados. Nossa Cidade visitou trinta e oito cidades paulistas; O Senhor de Porqueira! apresentou-se no Festival de Canela e no Festival de Montevidéu.

Coerente com uma concepção de que o Teatro deve ser uma ferramenta cultural dinâmica, o Grupo TAPA defende uma política de repertório. Suas montagens permanecem em pauta, após o final das temporadas inaugurais, para reapresentações ou remontagens, opção que torna mais densa cada encenação, já que a vida de cada peça é o diálogo permanente e não o descarte. Há uma preocupação com a continuidade, com a tradição, com a ressonância mais intensa possível dos trabalhos. É uma forma de fazer teatro: os seus méritos têm sido reconhecidos pelo público e pela longa lista de prêmios nas mais diversas categorias, concedidos por várias instituições.

(Página 4)

Prêmios

Molière (São Paulo)

1991 – A Megera Domada
Atriz: Denise Weinberg
Ator: Ernani Moraes

1990 – As Raposas do Café
Cenários: JC Serroni
Texto : Celso Luiz Paulini e Antonio Bivar

1988 – Solness, O Construtor
Cenário: Ricardo Ferreira

Molière (Rio de Janeiro)

1984 – Pinocchio
Diretor: Eduardo Tolentino de Araújo

Shell (São Paulo)

1992 – Querô, Uma Reportagem Maldita
Texto: Plínio Marcos

1988 – Solness, O Construtor
Categoria Especial: Grupo TAPA

APETESP (São Paulo)

1992 – Querô – Uma Reportagem Maldita
Texto: Plínio Marcos

1989 – Senhor de Porqueiral
Ator: Guilherme Sant’anna

1987 – Pinocchio
Ator: Ricardo Blat

Governador do Estado (São Paulo)

1988 – A Mandrágora
Ator Coadjuvante: Ernani Moraes
Diretor: Eduardo Tolentino de Araújo

1987 – Uma Peça por Outra
Diretor: Eduardo Tolentino de Araújo
Figurino: Lola Tolentino

1987 – Pinocchio
Ator: Ricardo Blat

1986 – O Tempo e os Conways
Figurino: Lola Tolentino

Mambembe (São Paulo)

1989 – Senhor de Porqueiral
5 Melhores Espetáculos

1987 – Pinocchio
Ator: Ricardo Blat
Produção: Grupo TAPA

1987 – Uma Peça por Outra
Atriz Coadjuvante: Denise Weinberg
Produção: Grupo TAPA

Mambembe (Rio de Janeiro)

1985 – O Tempo e os Conways
Atriz Revelação: Luciana Braga

1985 – Festival de Teatro Brasileiro
Grupo, movimento e Personalidade: Grupo TAPA

1984 – Pinocchio
Diretor: Eduardo Tolentino de Araújo
Figurino: Lola Tolentino
Atriz: Clarisse Derzié
Cenário: Ricardo Ferreira
Produção: Grupo TAPA

1983 – Viúva, Porém Honesta
Diretor: Eduardo Tolentino de Araújo
5 Melhores Espetáculos

1982 – Tempo Quente na Floresta Azul
Diretor: Eduardo Tolentino de Araújo
Figurinos: Lola Tolentino
Musica: Nelson Melim
Produção: Grupo TAPA
5 melhores espetáculos

1981 – O Anel e a Rosa
Produção: Grupo TAPA
5 melhores espetáculos

APCA (São Paulo)

1992 – Querô, Uma Reportagem Maldita
Trilha sonora: Octávio Machado

1992 – As Portas da Noite
Direção Musical: Luis Gustavo Petri

1990 – As Raposas do Café
Texto: Luis Celso Paulini e Antonio Bivar

1989 – Senhor do Porqueiral
Ator Revelação: Guilherme Sant’Anna

1988 – Solness, o Construtor
Cenário: Ricardo Ferreira
Figurino: Lola Tolentino
Cenotécnica: Estevão

1987 – Uma Peça por Outra
Cenotécnica

Viúva, Porém Honesta
Sonoplastia

Pinocchio
Melhor Espetáculo
Ator: Ricardo Blat
Atriz Coadjuvante: Denise Weinberg
Diretor: Eduardo Tolentino de Araújo

(Página 5)

Patrocinadores

Porque patrocinar um grupo teatral?

Porque patrocinar este projeto específico do Grupo TAPA?

Porque é parte do nosso papel como empresas, seja um supermercado ou uma indústria, apoiar da forma mais decisiva, dentro de nossas possibilidades, este rico, brilhante, fecundo teatro brasileiro. De público fiel, sim, porém pequeno ainda. Este teatro que esbarra na nossa falta de formação e informação, na cultura na nossa ainda incipiente, no deslumbramento tupiniquim que paga 60 dólares por um show na Broadway e reclama de um preço de 5 dólares no Brasil…

É preciso, portanto, que as empresas façam a sua parte. Como de resto fazem em todo o mundo civilizado, Nós, do Grupo Pão de Açúcar e da 3M do Brasil, estamos tentando fazer a nossa parte. Pequena parte.

Ah, e por que o Grupo TAPA? Porque queremos estar ligados ao que há de melhor. Porque é um dos grupos mais criativos e premiados da dramaturgia brasileira. Porque como todo o teatro nacional, tem a convicção – quase uma teimosia – e a crença de que um dia esse panorama vai mudar. É claro que vai, pelo menos no que depender do apoio de empresas como o Grupo Pão de Açúcar e da 3M do Brasil.
                                                                                       Luiz Antônio Viana – Diretor Superintendente do Grupo Pão de Açúcar

Histórico do Grupo Pão de Açúcar

A História do Grupo Pão de Açúcar, começou com a inauguração da Doceira Pão de Açúcar, em setembro de 1948. Logo no primeiro mês de atividades a empresa registrou uma grande encomenda, inusitada para a época: um serviço de Buffet para 600 convidados, que ajudou a impulsionar os negócios do pioneiro Valentim dos Santos Diniz, até hoje presidente da organização.

Em 1952, a Doceira abriu duas filiais em São Paulo. Sete anos depois, surgiu o primeiro supermercado, que manteve o nome Pão de Açúcar.

Atualmente, o Grupo é formado por 15 hipermercados, seis da marca Extra e nove da marca Super-Box, 29 lojas Eletro Magazine e 160 supermercados Pão de Açúcar. Emprega 18 mil funcionários e recebe mensalmente 12 milhões de consumidores. O Pão de Açúcar que se orgulha de fazer parte da história do varejo alimentício de São Paulo, também está presente no Pará, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Rio de Janeiro, Minas, Paraná e Santa Catarina. Agora, com a parceria do Grupo TAPA e 3M do Brasil, o Pão de Açúcar procura um lugar no palco, no maravilhoso palco do teatro brasileiro.

Histórico do Grupo 3M do Brasil

3M é a abreviatura do nome original da empresa – Minnesota Mining and Manufacturing Company, fundada em 1902 nos Estados Unidos. Altamente diversificada, a 3M fabrica e comercializa seus produtos em 57 países, além dos Estados Unidos.

No Brasil foi fundada em abril de 1946 com a produção de fitas adesivas e hoje têm 860 produtos que representam 25 mil itens, atendendo dez segmentos de mercado: indústria, eletricidade/eletrônica, segurança, lar, escritório, comunicações, construção, educação, transportes e medicina/saúde. Entre os principais produtos 3M estão: fitas adesivas, sistemas de empacotamento, produtos químicos, abrasivos e adesivos industriais, produtos magnéticos, sistemas de microfilmagem, produtos eletro/eletrônicos, para telecomunicações películas refletivas para sinalização, produtos médicos/cirúrgicos/dentários, produtos para escritório e produtos para consumo doméstico. Possui mais de 2.750 funcionários, filiais de vendas em todo o País e 3 fábricas no Estado de São Paulo (Sumaré, Ribeirão Preto e Itapetininga). A 3M do Brasil é a sétima maior subsidiária da 3M no mundo.

(Página 6)

Nação

(do lat. Natione) S.F.1. Agrupamento de seres, geralmente fixos num território, ligados por origem, tradições e lembranças, costumes, cultura, interesses e aspirações, e, em geral, por uma língua: povo. 2. País (3)3; O povo num território organizado politicamente sob um único governo.
                                                                                                                                         Novo Dicionário Aurélio, Nova Fronteira

A Martins Penna sempre se atribuiu uma grande brasilidade. Analisemos essa brasilidade: o Grito do Ipiranga não determinou, por si só, uma nação soberana. Como poderia? Estávamos saindo, depois de mais de trezentos anos, da condição de colônia e as nossas elites, inclusive o Imperador, não eram formadas por brasileiros. Nessa época, o que agitava o Brasil, com todas as suas conseqüências sócio-político-culturais, era a questão: “Que país é este?” Até hoje não conseguimos responde-la. Foi aí que surgiram os movimentos nacionalistas, cada um indicando uma direção: surgindo os movimentos separatistas e o romantismo de cunho nacionalista. Nasceu Martins Penna.

Essa questão de afirmação do nacionalismo frente ao perigo de uma recolonização portuguesa é muito interessante, porém pertence ao passado. O que me interessa hoje, em Martins Penna, é menos a sua brasilidade e mais ao contrário, a sua “portuguesidade”. Interessa-me mais o que tem de português nos nossos costumes, a o que tem de brasileiro nas suas peças. Afinal, ele foi um cronista daquela sociedade que recém iniciava a sua estruturação.

Quando Ambrósio diz: “Afinal, as leis criminais fizeram-se para os pobres”. Eu percebo que não é por acaso que a justiça brasileira é como é. Quando Carlos diz: “Aquele tem inclinação para cômico: pois não senhor, será político… Ora, ainda isso vá… Aqueloutro chama-lhe toda a propensão para a ladroeira; manda o bom senso que se corrija o sujeitinho, mas isso não se faz: seja tesoureiro de repartição, fiscal e lá se vão os cofres da nação à garra…”, eu entrevejo o que nós herdamos do sangue lusitano.

Enfim, eu procurei preservar na peça tudo que ela tinha de português, inclusive o tratamento na segunda pessoa, palavras como “doudo” e “cousa”. Expressões como “ainda mão, fia dedo” e “cairá na esparrela” e frases deliciosas como: “Ó menina, não deixarás este ar triste e lagrimoso em que andas?”
                                                                                                                                                  Brian Penido – Março 1994
(Página 7)

Martins Penna

No início do século XIX, o mundo se agitava com o fim da Revolução Francesa e com a ascensão de Bonaparte. Quando Napoleão declarou guerra à Inglaterra e forçou a fuga da família real portuguesa, ele deu o impulso inicial que iria mudar a face de um país longínquo, então colônia de Portugal, chamado Brasil.

Enquanto na Europa Napoleão enfrentava a campanha da Rússia, o Brasil começava a florescer culturalmente com a abertura dos portos, criação de bibliotecas, museus, jornais, escolas superiores e vinda de missões culturais. Na época Napoleão pedia a batalha de Warterloo, nascia do Brasil aquele que é fundador da comédia brasileira, Martins Penna, considerado por muitos o verdadeiro teatro brasileiro.

Martins Penna viveu em um dos períodos mais conturbados da história do nosso país. Nasceu em 1815, quando ainda éramos colônia de Portugal, cresceu durante o 1º Reinado, escreveu sua primeira peça O Juiz de Paz na Roça, em 1833, durante o período das regências, e faleceu, tuberculoso, em 1848 durante o 2º Reinado.

Foi nesse período de transformações, não só no Brasil, mas também no mundo, onde havia o embate entre positivistas e românticos, surtos nacionalistas por toda parte (não podemos esquecer que, nessa época, Itália e Alemanha tentavam a sua unificação), onde a Inglaterra era a superpotência, as estradas de ferro movidas por locomotivas a vapor se espalhavam, onde se instalavam telégrafos que viveu Ambrósio, que pensou que podia enganar a muitos, por muito tempo.

(Página 8)

O Noviço

Elenco

Ana Lucia Torre: Florência
André Garolli: Noviço Carlos
Fabiana Vajman: Emília
Henrique Lisboa: Padre-Mestre
Henrique Pessoa: Meirinho
Luis Santos Baccelli: Ambrosio
Marcia Dib: Rosa

Músicos

Bruno Perillo/Heliomar Manzo
Pianista: Meirinho

Ficha Técnica

Autor: Martins Penna
Direção: Brian Penido
Figurinos e Direção de Arte: Lola Tolentino
Iluminação: Valter Machado
Direção Musical e Músicas Compostas: Gustavo Kurlat
Músicas de Época Extraídas do Livro “Modinhas Imperiais” de Mario de Andrade
Direção Artística do Projeto Panorama do Teatro Brasileiro: Eduardo Tolentino de Araújo

Agradecimentos

A Sábato Magaldi pela cessão do nome ao projeto e a todos aqueles que colaboraram para realização deste projeto.

(Verso da Última Capa)

Apoio Cultural

(Logos) Alliance Française São Paulo, Parreirinha Restaurante, Avon.

(Última Capa)

(Logos) 3M do Brasil, Grupo Pão de Açúcar