Programa (Verso), 1993

Programa (Capa) do espetáculo que estreou na cidade do Rio de Janeiro, nos jardins do Palácio do Catete, em 1993

Croquis da ambientação cenográfica criada por Lidia Kososvski, 1993

Barra

(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

CALENDAS DA PRIMAVERA

(Verso da Capa) 

Apoio

(Logos) Raylane, Santa Helena, BANERJ Cultural, Repor, Metalúrgica Laky e Alliance Française

(Página 1 e 2) 

Todas as festas recriam e resgatam o tempo, o espaço e as relações sociais. Roberto da Matta

Na idade média, onde fui buscar inspiração para minha festa, o homem comemorava o círculo da vida, a carnalização, o riso libertador, a vida de ponta a cabeça. Esta celebração do estar vivo misturava-se a fertilidade da natureza, a beleza dos maléficos seres femininos, ao derramamento de vinho, a sonoridade dos sacos de moedas, a algaravia dos comerciantes, ao grunhido dos porcos, ao pavor da inquisição travestida de santa e ao teatro profano que era simplesmente admitir-se humano. Ter prazer, ser ridículo, apreciar o divertimento e buscar o lado burlesco das atividades político-religiosas-sociais.

Ora, não levem a sério minhas palavras! Afinal não sou uma historiadora e nem pretendo resgatar os princípios medievais. Quero apenas reinventar uma festa. Um clima festivo eu diria. Que foi registrado em livros, filmes e estudos, mas acontece aqui, hoje, no nosso século, neste presente sem novidades, onde nada se cria tudo se imita. No foro do povo a praça pública. Vocês, respeitável público, são meus convidados especiais! Até porque sem vocês não haveria a festa. Ra! Ra! Ra!

A festa que está na minha cabeça há tempos e só agora, neste licencioso momento, eu vou poder provar sua veracidade.

Para isso vocês, senhores, senhoras, meninos, meninas e quem mais tiver por aí, precisam cumprir três pequenas funções. Sim, porque o público também tem sua função num espetáculo, que não se restringe apenas em pagar, assistir, aplaudir e sair. Para participar desta festa vocês, honorável plateia, precisam estar alegres, se envolverem e serem generosos. É fácil não? Então Vamos lá!

Provavelmente estamos atrasados. O tempo é sempre muito curto no teatro.

Obrigada pela indispensável presença e façam a festa por vocês e por nós. Este é o espetáculo Calendas de Primavera – Uma festa popular.

Márcia Duvalle

PS.: Não levem o saquinho de moedas como brinde. Foi muito difícil para a produção conseguir estas patacas com os comerciantes medievais. Devolvam na saída.

(Página 3 e 4)

A França Dama Doce e Faceira

Caríssimos prestai muita atenção pois aqui se inicia minha narração:

Neste século de intensa atividade comercial que extensas Terras são cultivadas, e que as cidades engordam e precisam de novas muralhas que catedrais vilas, cidades, mosteiros são construídos e exaltam a glória de Deus; A França – Dama Doce e Faceira – A mui Bella França é o Reino mais populoso da Cristandade.

Neste século XIII de muita movimentação somos 16 habitantes por quilômetro quadrado, somos pelo menos (sete) milhões de indivíduos que choram, riem, comem, bebem, oram e acima de tudo, vendem as mais belas mercadoras: vinhos tintos e suaves, tecidos de lã e brocados e carnes.

Ai! As carnes macias e viçosas da França-Dama Doce e faceira da mui Bella França.

Neste século de transformação nossas cidades encantaram a todos por sua beleza e prosperidade: Rouen Tyon, Toulouse e Paris, Ah! Paris, pelas suas ruas vemos passar as mais belas Damas os poderosos cavaleiros os mais Doutos e sábios filósofos, os Burgueses mais Abastados, os mais astutos senhores da lei e também o nosso soberano – O Rei da França – Dama Doce e Faceira – da mui Bella França.

Mas aqui senhores, justamente aqui, vos peço um pouco de atenção. Agora louvarei a minha cidade: Arras.

A bela Arras é conhecida pelo seu rico comércio de tecidos e suas casas bancárias. O nosso petit-marché e nosso grand-marché encantam a todos que por aqui passam. Nossas feiras exibem produtos de qualidade, por um preço justo.

(Página 5 – Continuação)

Mas a cidade não é conhecida apenas pelo seu comércio: seus artistas são mestres na poesia e gozam de muita consideração por toda a França-Dama Doce e Faceira – na mui Bella França são Adorados. Arras é o berço de Adam de La Holle; poeta consumado, fino trovador, homem letrado e estudado. Sua obra comporta canções de gesta, ditos de amor, trovas inolvidáveis, e peças que fazem muitos corarem e outros tantos gargalharem. Como é o caso do Auto do Carramanchão, que ora vos apresentamos em primeira mão também o Jogo de Ruban e Marion que muitos suspiros e lágrimas vos causarão.

Já podeis perceber senhores que em Arras o comércio é ativo e a Arte é inspirada pelas musas e por Orfeu.

Guardai bem, guardai senhores estas singelas palavras. Em vossas memórias. Vos garanto que não serão em vão.

Álvaro de Sá

(Páginas 6 e 7 – Desenho de Praça Medieval)

(Página 8)

Elenco

Christine Braga: Poeta Mimo, Fada Morgana e Médico
Lurdes Adelaide: Vendedora de Ervas e Flor de Menina
Ana Maria Infante: Vendedora de Comida, Fada Maglore e Galinha
Aline Golçalves: Camponesa, Fada Arsile, Manipuladora dos Bonecos e Perna-de-Pau.
Carla la Porta: Vendedora de vinho, Fada e Rato
Cristine Pereira da Silva: Vendedora de Santos e Peixe
Ludmila Kestemberg: Peregrina e Rainha Arlequim
Marcia Duvalle: Memória, o Louco e Adam
Claudio Mendes: Charlatão, Pai do Louco, Banqueiro e Servo do Arlequim
Marcos Acher: Vendedor de Carnes, Mimo, Cavalo e Taverneiro
Pedro Nunes: Ladrão e Rei Arlequim
Ivan Alves: Vendedor de Tecidos, Monge e Cachorro-Lobo

Patrocínio

(Logo) Projeto Coca-Cola de Teatro Infantil

(Páginas 9 e 10)

Ficha Técnica

Roteiro Criação e Direção: Marcia Duvalle
Direção Musical e Execução do Repertório ao vivo: Trio Atempo (Leonardo de Sá, Lúcia Rabello e Pedro Novaes
Canção de Escárnio: Thomas Bakk
Pesquisa e Acompanhamento Teórico: Álvaro de Sá
Produção: Márcia Eltz e Márcia Duvalle
Figurino: Ney Madeira
Cenário: Lidia Kosovsky
Oficina de Mímica: Mario Mendes
Confecção das Mascaras e Perna-de-pau: Venício Fonseca e Erica Retl
Iluminação: Marcos Vogel
Programação Visual: Dácio Bicudo III
Arte Final: DPZ
Divulgação: Márcia Duvalle
Assistentes de Adereços: Marcelo Burger e Gabriela Bardy
Pintura de Arte: Hélcio Pugliese
Maquiagem: Renato Castelo
Cenotécnico: Humberto e Equipe
Costureiras: Mara Gomes e Valda Cardoso
Maquete do Teatro de Bonecos: Gabriel Bezerra Jr.
Execução dos Bonecos Gigantes e Adereços do Cenário e Figurino: Mara Ornellas
Tradução e Adaptação do Jogo da Folhagem (Auto do Carramanchão): Marcia Bonnel

Agradecimentos especiais

Ao Álvaro de Sá e Bete Rabeti, Luis Madela, Daniela Martins e Claudia Gomes (da Coca-Cola), Erick Nielsen, Gustavo Ariani, Antonio Marques, Veronica de Oliveira, Cristine Henriques e Sandra Siqueira da CAL, Bertrand Rigot-Müller e Marie Depalle do Consulado Geral da França, Jean Marc Belicar e Funcionários da Aliança Francesa – Centro, Bernardes Comunicação Ltda., A direção, administração, segurança e todos os funcionários do Museu da República.
Ao Estofador Manoel Augusto Monteiro, Aos pais dos adolescentes – atores deste espetáculo, a UNIRIO pela cessão de uma sala para trabalho, Renato Mendonça.

(Página 11)

A Cristina Mayrink, Lucy de Sá, minha inefável mãe Competência da produtora: Márcia Eltz Dedicação da Aderecista: Mara Ornelas As empresas que acreditaram neste espetáculo como um investimento que valesse à pena. Aos meus queridos amigos do centro Cristão Carismático A Provisão de Deus A atriz Christine Braga, pela sua fidelidade Muito Obrigada.

Márcia Duvalle

(Página 12 – Logo Coca-Cola) 

(Verso Última Capa) 

Apoio

(Logos) Adega Ramos – Jacarepaguá, Payot, A Camélia Flores Naturais, Açúcar Perola, Anais- Anais (Cacharel), Carrefour

(Última Capa – Gravura)