Programa que estreou na cidade de São Paulo, no TBC, Sala Assobradado, em 1988

Elenco e equipe. Foto do programa

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Ana Luísa Lacombe e Mayara Norbin. Fotos: Marcelo Massucci

Ana Luísa Lacombe, Mayara Norbin e Elaine Sarino

Ana Luísa Lacombe

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(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

Kavantan & Associadas Projetos e Eventos Culturais
apresentam

AS MENINAS

de Lygia Fagundes Telles

(Verso da Capa – Logos: Eletropaulo)

(Página 01)

(Logo) Kavantan & Associadas Projetos e Eventos Culturais

ProduçãoKavantan & Associadas

1988. Ano de muito trabalho, muitas indefinições, muitas dúvidas. A ideia era centrar nossas forças nas artes plásticas e no cinema, mas o Teatro continuou mais forte, provavelmente porque ele é Divino.

Depois de Rinoceronte, de Ionesco, no ano passado, surgiram inúmeras propostas de trabalho. Engraçado, tudo que fizemos principiou na literatura. O que anda acontecendo com a Dramaturgia? Bem, vamos discutir isso no Seminário de lançamento desse espetáculo.

Um projeto – Blecaute, de Marcelo Rubens Paiva, com o Pessoal do Victor, depois de idas e vindas, voltou para a gaveta esperando melhor momento. Guimarães Rosa não precisou aguardar. Com nossa participação na primeira fase da produção, o Boi Voador estreou no primeiro semestre seu Corpo de Baile. Agora chegou a vez de Lygia Fagundes Telles, fantástica autora, nossa grande homenageada, pela primeira vez adaptada para teatro.

Para uma empresa dirigida por mulheres, produzir um espetáculo feminino desde o título, é um grande prazer. As três personagens, três meninas, com suas características formam uma única mulher e os sentimentos que as unem também são essencialmente femininos: a solidariedade, a amizade.

Trabalhar com esta equipe, jovem, inteligente, inquieta, liderada pelo talento e garra do Paulo, foi muito bom.

A adaptação da Adélia traz as meninas da Lygia para o Brasil de hoje, o da falta de perspectiva, das variações de preço não mais através da OTN, mas já através da OTN fiscal. A produção cultural nestes tempos passa apertada. Haja trabalho, haja criatividade, haja competência! A verba do Prêmio Estímulo foi devorada pela inflação, antes mesmo de cair em nossas mãos. A não correção das verbas aplicadas por empresas em cultura para efeito de desconto de Imposto de renda, praticamente anula o benefício concedido pela lei, dependendo da época da aplicação.

Apesar de tudo isso, para nosso orgulho, as meninas estão bem produzidas. Saindo por aí acompanhadas por empresas de sensibilidade, que perceberam que a cultura, independente dos incentivos fiscais, é uma nova e eficiente forma de comunicação com seu público.

Obrigado a todos que acreditaram em As Meninas.

Saboreie, deliciosa e gulosamente o nosso produto. Ele não engorda, emociona.

(Página 02 – Anúncio: Arfrio Refrigeração)

(Página 03 – Foto)

Autora: Lygia Fagundes Telles

“Realmente, não sei como me rotular. Creio que essa é uma função dos críticos que vão nos classificando como aqueles provadores de café ou vinho que levantam a xícara (ou copo) e antes mesmo de molhar os lábios na bebida, só pelo cheiro, já sabem (ou não) do que se trata”.

“É bom a gente ser lido, premiado e sobretudo – ser amado enquanto estamos vivos. Enquanto estamos quentes. Ora, a posteridade! Que confiança podemos ter nela? Com essa memória dos homens que é cada vez mais inconstante. E curta”.

“Amo muito meu trabalho enquanto estou debruçada sobre ele, enquanto ainda não escapou das minhas mãos. Depois que o livro sai sozinho por aí esse amor vai se arrefecendo, já não é amor, é amizade. Já nem é amizade, é nostalgia”.

“Meus livros podem ser sombrios, mas, nunca destituídos de esperança”.

“Hoje penso que a virtude maior é o humor. Que é a coragem? O tipo que corta os pulsos é corajoso? Ou covarde? Lá sei. Mas sei bem o que é humor”.

“O poeta não só finge a dor, mas, principalmente ele finge a loucura. Que também existe, é lógico. A loucura é tão fecunda – ai de nós. Mas se ela exorbita, se vai além daquele fio de cabelo então deixamos de ser razoavelmente loucos. É o fim do ofício. É o fim”.

“A palavra tem que ser livre. Ao menos a palavra. E o palavrão”.

“Experimentei (nesse livro) uma estrutura que fosse adequada às minhas personagens e não a mim mesma. Esqueci, apaguei meu método habitual e tentei um caminho novo que me cansou bastante, mas, acabou por me satisfazer. Então o tom, a atmosfera enfim, também ficou sendo outra. Mas se eu levantar a pele das palavras, lá no fundo estará sempre o homem com seu sofrimento, sua luta, sua vontade em meio das ambiguidades e perplexidades deste nosso tempo”.

(Página 04 – Anúncios: Boat Keeper, Mazzuca, COMEP, Jean Fabian, Colégio Oswald de Andrade)

(Página 05)

Adaptação: Adélia Maria Nicolete

As Meninas é um grito contra O Tempo. Um grito mudo como o daquele quadro lá, porque é um grito do corpo. Três garotas se debatendo dentro de um globo de luz. O tempo linear é um imenso globo de luz, e a gente acaba morrendo dentro dele porque não soube como sair. Tem gente que sai, de um jeito ou de outro sai… E quem permanece trata de criar meios de proteger os olhos e a pele.

Partindo desta ideia, deixei um pouco de lado o enredo para mergulhar na linguagem e na estrutura do romance. Mantive três dos quatro focos narrativos e resolvi desenvolver a ação em cimas dos cinco tempos narrativos encontrados no livro. Um desses tempos é o tempo Linear, aquele do globo. Os outros quatro são os meios que as personagens (e nós) encontraram para perverter ou arrebentar o globo de luz: Memória, Fantasia, Simultaneidade e Repetição. É sobre esse tabuleiro ou roleta temporal que desfilam ações e palavras luminosas mas de significado sombrio.

Pensei tanta coisa, li, comi tanto e tanta gente. Ao final acho que alguma coisa foi metabolizada… foram tantos os insights. Páreo pro meu entusiasmo e êxtase somente o número 9: 9 tratamentos de texto, fruto de 9 meses de trabalho que resultaram numa ação que transcorre em dois blocos de 9 horas  a partir das 9 da manhã de um dia especial na vida de três amigas…

E é de amigos que foi feita As Meninas. Gente que ajudou sem nem saber que ajudava; gente que foi e em sendo já ajudou de sobra. Beijos pro Paulo, pra Sonia e pro elenco que ajudaram a colocar de pé esse corpo gritante, esse texto escrito há quinze anos mas que retrata perfeitamente os nossos dias. Lygia foi futurista!

O filho acabou de nascer, ainda estou meio deslumbrada: suas mãos, seus olhos, sua boca. Ainda estou maravilhada com a maneira que vislumbrei pra sair desse globo de luz… e encontrar a Lygia lá fora, me esperando.

(Página 06 – Anúncios: Jacques Janine, Max Factor, Ótica Fiori & Miguel, Drastosa, Lita Mortari)

(Página 07)

Direção: Paulo Moraes

É domingo, faltam alguns dias para a estreia da peça. Sinto a ansiedade tomando conta de tudo, de todos, e me pergunto se é isso mesmo que quero. Vejo o domingo dos outros, tomando cerveja, ou espichados em frente à TV, ou ainda assistindo o futebol.

Alguns dormiram até bem tarde neste domingo porque também deitaram tarde no sábado convidativo pra dançar, para passear, pro sorvete, pra namorar.

Ontem, trabalhamos até tarde. Sempre teve um que deixava escapar um ar cansado, mas sempre teve algum outro que espirrava euforia pelos poros e contaminava a todos.

Alguns, sem saber, sempre marcaram muito todas minhas ciladas, e quando tive que escolher entre cair nelas e viver apaixonadamente, sempre fiquei com as duas hipóteses.

Esses, os que sem saber me chamaram pra uma visão de mundo, não são fáceis de serem lembrados, mas vou tentar: Roberto Freire (Bigode), Jacques Tati, Elis Regina, Miles Davis, Dersu Uzala, Vinícius de Moraes (vamos estrear no dia de seu aniversário), Carlos Drummond, Cortázar, Antunes Filho, Clarice Lispector, Gerry Mulligan, Marco Ferreri, tanta gente, tanto filme, Chaplin, tanta música, “vida, vela, vento, leva-me daqui”, sei lá mais que, Lygia. Tom Jobim, Lygia Fagundes Telles. As Meninas.

Ana Clara, Lorena e Lia que não param de me cutucar a teimosia. Apesar de tanta coisa… Mas tem a força do Esdras. Sempre a Sonia.

Brincamos com o tempo, e faz tempo que a gente brinca com ele, só não tínhamos reparado.

Aí, um pássaro de muitas cores, explodindo no lilás e no laranja, entra pela janela e pousa na mesa, ao lado da máquina de escrever.

O que fazer? Enxotá-lo, e continuar o trabalho descritivo?

Melhor ouvi-lo, ele sabe cantar, espero.

Mas, o pássaro continua mudo, me olhando severo, como se eu devesse tomar alguma atitude muito racional.

O pássaro ergue o bico, lentamente abre as asas e se espreguiça. O seu olhar parece tornar-se irônico, impiedosamente sarcástico agora.

Talvez se eu dialogar com ele, obtenha uma resposta do porque de sua presença aqui ao lado das teclas que esperam que eu as toque pra referenciar minha ansiedade.

O pássaro me ouve, depois pia baixinho, e por fim, sai voando pela janela que entrou. Acho que era um cronópio disfarçado. Apesar que cronópios não se disfarçam.

Respiro fundo.

Daqui a alguns dias tem a estreia da peça. As meninas da Lygia e da Adélia. As minhas meninas.

Ouço ao longe um grito de gol. O telefone não tocou nenhuma vez neste domingo. Vou pro ensaio, e já não me pergunto se é isso que quero.

É óbvio que eu quero fugir do óbvio.

No caminho, tomo um sorvete, e amanhã, segunda, é um bom dia pra namorar.

(Páginas 08 e 09)

As Meninas

Este espetáculo ganhou o Prêmio Estímulo da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo

Ficha Técnica

Adaptação de Adélia Maria Nicolete para o romance de Lygia Fagundes Telles
Direção: Paulo Moraes
Assistente de Direção: Esdras Domingos
Cenografia: William PereiraFigurinos: Edith Siqueira
Composição e Direção Musical: José Carlos Prandini
Preparação Corporal e Coreografia: Leila Garcia
Iluminação: Nezito Reis
Produção Executiva: Analú e Paulo
Coordenação de Produção Executiva: Sonia Kavantam
Divulgação: Publisher
Programação Visual: Estúdio K Criação e Arte
Fotografias: Rubens Fernandes e Andréia Brandão
Cenotécnicos: Chimanskinho e José Denis do Nascimento
Costureira: Haidée
Cabelos: Geraldo (Jacques Janine)
Colaboração na Maquiagem: Wado
Produção: Kavantam & Associadas

Elenco

Ana Luísa Lacombe: Lorena Vaz Leme
Elaine Sarino: Lia de Melo Schultz
Mayara Norbim: Ana Clara Conceição
Clarita Sampaio: Irmã Bula, Madre Alix, Mãezinha
Eduardo Gaspar: Max, Escamoso, Guga e Belo

Este espetáculo é parcialmente financiado pela Fundação Nacional de Artes Cênicas  – FUNDACEN.

(Página 10 e 11 – fotos do elenco)

Ana Luísa

Junta-se uma equipe saborosa e amassa-se bem. Acrescenta-se um romance de Lygia Fagundes Telles (previamente adaptado por Adélia). Mexa devagar até adquirir uma consistência agradável. Leve ao forno por dois meses.

Retire e recheie com figurino, cenário, maquiagem e tudo quanto for necessário. A cobertura é feita de luz. Serve-se quente. Merda!

Clarita

Ler As Meninas é penetrar pela imaginação no rico mundo de Lygia.

Representar As Meninas é senti-las na pele e trazê-las diante dos olhos.

Mayara

Um texto feminino falando de…  meninas. Muitíssimo humano e como tal, instigante. Um presente caliente no meu percurso no ano do Dragão. Me apaixonei. Se Deus e os deuses quiserem, há de ser uma felicidade. E, por falar nela, me vem à lembrança o “viejo brujo” Borges na sua sabedoria simples dizendo: “ O dever de todas as coisas é ser uma felicidade. Se elas não forem uma felicidade, serão inúteis ou prejudiciais”.

Elaine

Até quando as paixões poderão deflagrar toda irracionalidade da lógica é uma pergunta que ainda não aprendi a responder. Será que um dia… Continuo apaixonada! Porque faço teatro, porque vivo neste país e porque aceitei personificar Lia de Melo Schultz.

Eduardo

Que se estabeleça uma revolução. Uma revolução introspectiva do homem em contraponto à sua visão e atuação no mundo terrestre.

Covardes que somos, encobrimos sentimentos, burlamos ideais, fugimos à essência. “Revolução sou eu”. Quem dera se a revolução fôssemos nós. Rasguemos nossos corações, meninos e meninas…

Os artistas Elaine Sarino e Eduardo Gaspar vestem Ocean Pacific (OP).

(Página 12 e 13 – Fotos dos técnicos)

Esdras

Não tinha a menor ideia do que iria me acontecer. Isso me atrai. Mergulhar na multiplicidade da alma desta mulher “Lygia coelha Lorena Fagundes bacante Lião Ana bacana Telles”, e me deixar transportar para um circuito atemporal circular que Adélia nos propõe. Estar no caos, e junto com Paulo transformar tudo num teatro sagrado. “Está estabelecido o conflito”. O desafio…

Leila

Deixemos “Deus” “definir” o arco de uma sobrancelha, o canto da boca, o revirar dos olhos, a postura ao sentar…

Procuremos apenas o “caminho” para chegar até aí…

O material tem que sair das nossas reservas pessoais, que seja então extraído das nossas experiências, imagens, sensações.

Surgem fatos inesperados, imprevistos, leituras tão deferentes…

Ao iniciar um trabalho jamais sei onde ele me levará.

Ao terminá-lo (?), de vez em quando, começo a desconfiar de que alguma “coisa” possa ter emergido. Na maioria das vezes, o resultado é uma surpresa…

Prandini

A repetição minimalista (às vezes, dodecafônica) dos conflitos das meninas…

A sensualidade-jazz do saxofone…

As estruturas tensas na harmonia dos tangos-paixões…

William

Os vários espaços sugeridos no texto ficam solucionados com praticáveis, num jogo ágil, a metáfora desse tempo irreversível que leva consigo os sonhos, desencontros e paixões dessas três meninas, traçadas em “tempo de partida”, um contraponto árido e insólito à lírica narrativa de Lygia Fagundes Telles.

Edith

O figurino é a segunda pele do ator. É a primeira visão do personagem. Fundamental: a cor. E a colaboração da beleza dessas meninas.

(Página 14 – Anúncios: Estúdio K, Sugestão, Rose Benedetti, Le Postiche, Workout)

(Página 15)

Paulo Leminski: A Idade do Lixo

O tempo gira ou caminha em linha reta? Para os romanos que o mediam com uma ampulheta, o tempo escorria, como a areia do deserto entre os dedos de um viajante sedento. Para os chineses e japonese, o tempo, antes do relógio, tinha cheiro, pois media-se o passar das horas queimando varinhas de incenso de duração regular.

Mas o que está em jogo, e em crise, hoje entre nós, é toda a concepção geral do tempo, baseada na mitologia judaico-cristã que concebeu uma visão da História indo da criação ao Juízo Final: um tempo retilíneo. Um circuito temporal com antes e depois, com atrás e adiante.

Nossa querida noção de “progresso” está articulada com esse tipo de visão do tempo. A palavra, na origem, significa “caminhar para frente”.

E se não há mais nada lá adiante a não ser um gigantesco cogumelo atômico, ardendo como mil sóis? Adiante de nós só há o Apocalipse, o final dos tempos, profetizado pelas Escrituras.

Neste momento, a própria ideia de tempo retilíneo entra em colapso, e o tempo passa a girar circularmente, como o que quiseram as mitologias orientais e centro-americanas.

Os gregos também intuíram a circularidade do tempo que Nietzche, no século passado, recuperou como o “eterno retorno”; o que já aconteceu tornará a acontecer, e assim por diante, indefinidamente.

Essa visão coincide com a Idade do Lixo em que entramos recentemente. Mais. A visão circular do tempo é a visão do próprio tempo como lixo, como acúmulo de elementos já usados e reciclados constantemente, sem a perspectiva da novidade ou da inovação. Entramos na era da repetição e da cópia, do Xerox e do reflexo, da imitação e da redundância.

(…) Não há nada lá na frente. Só o imenso vazio de um “day after”. Uma guerra nuclear vai se dar de modo literalmente global (…) Os mísseis vão cair de cima, não há lugar para onde fugir, a não ser para dentro, para os abrigos, para o útero, para o poço do Eu.

Não nos iludamos. A guerra nuclear já houve. Já houve em nível imaginário. (…) Já vivemos em imaginação todo o horror do Apocalipse. Já podemos inventar uma nova terra e uma nova humanidade. E agora sabemos. Quem causou o Apocalipse foi a concepção do tempo retilíneo.

Vamos nos abrigar no colo de um tempo circular, um tempo reiterativo, tautológico…

No imenso monturo em que se transformou a cultura humana, jaz o tempo retilíneo, enorme relógio em pedaços, sucata de horas, restos, detrito de momentos, super-ruína.

(…) A Idade do Lixo é a Idade da Moda. (…) Neste verão, vai entrar na moda a década de 40 (…). No próximo inverno a década de 20. E assim por diante que o tempo circular não pode parar. Ele já é um tempo parado, rodando sobre si mesmo.

A trilha sonora da Idade do Lixo é o minimalismo (…) a música repetitiva e obsessiva que não sai do lugar (…) cada célula/novelo girando em torno de suas probabilidades, como um átomo e seus satélites.

Pairava no ar uma consciência muito aguda de uma crise de criatividade geral: na política, na arte, nas ciências, no comportamento. É como se o novo não estivesse mais sendo possível. (…)

Natural. Na Idade do Lixo, é a própria ideia de novo que vai para o lixo. Afinal, essa ideia de buscar o novo já é velha…

(…) Esse raciocínio poderia ser estendido a territórios insuspeitados como o nosso corpo, por exemplo. Que é ele senão um lixo de gestos e reflexos, lembranças e cicatrizes, o lixo de nós mesmos, o lixo em que consistimos, memória nossa irremediável historicidade? E a própria linguagem que mais é senão, um lixo de palavras, frases feitas, lugares comuns e clichês, nosso tesouro e nossa escória?

(…) O computador aboliu o tempo, proclamando o eterno presente, ao incluir o passado com memória e o futuro com programa e projeto.

(…) Não há nenhum lugar para ir. Estamos todos aqui, zelando pelo nosso lixo. Esse lixo vale ouro pessoal.

Artigo publicado na revista Corpo a Corpo nº 2, Editora Símbolo, nas pp 34 a 39.

*A leitura deste artigo de Paulo Leminski ajudou na reflexão para a concepção da montagem, especialmente no que concerne à atualização do conflito.

(Página 16)

Agradecimentos

Adelmo e Bete Fantini, Adilson Monteiro Alves (inclusive Luiz Fernando), Agenor e Neide Domingos, Alaíde Manzam Pontedura, Ana Maria Santeiro e Maria Alice (Carmen Balcells), Analy Alvárez, Andréa Thomé, Maria Valéria, Fernando Portella e Vera Iaconelli, Ariel Moshe, Arte e Leilões, Andréia Brandão, Sérgio Taioli e Marinês Camargo (e ainda Helô Ramalho), Arthur Coma, Carla Faria, Geraldo e Ivone (Jacques Janine), Carlito Maia, Celso Gisele, Cimara do Prado, Christina Zulkiewicz e Fernando (Brasilit), Cláudia e Ella Dottori, Clélia Saraiva (Max Factor), Comissão Estadual de Teatro, Consuelo Leandro, Cristina Pacheco Gomes e Remo lo Leggio, Cristine White, Delia Nicolete, Denise Demétrio, Doriana (Jean Fabian), Eloísa Grimaldi, Engenheiro Eduardo Bradízio, Equipo OP (Lolô, Ibraim, Toninho, Paulão), Escola Oswald de Andrade (Eva, Paim e Paulo Marcos), Fundação SOS-Mata Atlântica, Hans Windmüller, Iara Abbud, Iaraci Rosenfeld Bayer, Irede Cardoso, Iriti (Dastrosa), Irmã Carmem (COMEP), José barros Neto, Jô Acs, Julie e Rosita (Rose Benedetti), Kátia Militello, Lisca e Rodrigo (Estúdio K), Márcia Abreu, Marco Antonio Biasi, Marcos Amaral, Mariângela Alves de Lima, Maria Antonieta Costa, Maria Helena do Carmo de Deus (Nova Fronteira), Marco Schadt, Marcos Fiorellini, Miguel Giannini, Milton Grimaldi, Moacyr Mussetti Naccache (CESP), Mazzuca (Sr. Bruno e Sr. Fábio), Nelson Fernandes (Le Postiche), Oficinas Culturais Três Rios (especialmente Caio), Reolando Silveira Filho (Eletropaulo), Roberta e Rafael, muito especialmente, Ricardo Ferreira, Dr. Sérgio Bettarello, Dr. Sílvio Marcondes (Eletropaulo), Sofia Negrão, Tânia (Lita Mortari), Uebe Reseck (Secretaria do Interior), Yara Czeresnia, Valdo Rezende, e ainda Tia Maria Adelaide, Henrique, Silvana, Mariana, Maria Rita, Aladim (o gato), Maria, Marcello Sarino e Tião, Equipe de RH da Copersucar União (inclusive João Marcos e William), Eron e Giane, Edu, Binho, Bianca, Zezé, Dirce, João, Rosa, Laysa, Evandro, Ana Esther, Tirabosque, Mauro, Raul, Adenil, Inês, Deus e deuses em geral, amigos absolutamente amados.

(Verso da Última Capa – Anúncio: CESP)

(Última Capa – Anúncio : Brasilit)