(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)
(Capa)
Vamos Brincar de Ópera
O LIMPADOR DE CHAMINÉS
de Benjamin Britten
Teatro Municipal do Rio de Janeiro
FUNARJ -1984
(Página 1)
Governo do Estado do Rio de Janeiro
Governador Leonel de Moura Brizola
Secretaria Extraordinária de Ciência e Cultura
Fundação de Artes do Estado do Rio de Janeiro FUNARJ
Secretário de Estado e Presidente da FUNARJ
Professor Darcy Ribeiro
Vice Presidente da FUNARJ
Hugo Carvana de Hollanda
Diretora do Teatro Municipal
Dalal Achcar
(Página 2)
Governo do Estado do Rio de Janeiro
Secretaria Extraordinária de Ciências e Cultura
Fundação de Artes do Estado do Rio de Janeiro – FUNARJ
apresentam
Vamos Brincar de Ópera
O Limpador de Chaminés
de Benjamim Britten
Libreto de Eric Crozier
com
O Coro Infantil do Teatro Municipal
e
Ângela Barros
Telmo Cortes
Ivanesca Duarte
Francisco Neri
Regência: Marcos Leite
Direção do Coro: Elza Laksevitz
Cenário: Luiz Carlos Silva
Figurinos: Central Técnica de Produções
Direção Geral: Caíque Botkay
(Página 3)
Benjamin Britten
Edward Benjamin Britten nasceu em Lowestoft, Suffolk, 22 de novembro de 1913. Era o mais novo de quatro irmãos. Seu pai era dentista e sua mãe uma excelente cantora, que atuou por muitos anos como secretária da Sociedade Coral de Lowestoft. A casa em que moravam ficava com toda a frente voltada para o Mar do Norte. Amou a música desde criança, começando a compor aos cinco anos. Teve aulas de piano com uma professora local, Ethel Astle, e aos dez, começou lições de viola com Audrey Alston de Norwich.
A atividade de Britten como compositor foi fenomenal e o seu esforço juvenil foi descrito, por ele mesmo: “Nos primeiros esforços, procurei ficar mais consciente do ‘som’. Comecei a tocar piano e a escrever poemas tonais que duravam cerca de vinte segundos, inspirados em acontecimentos marcantes do dia-a-dia, como a partida de meu pai para Londres, o aparecimento de uma nova namorada ou até um acidente no mar. Minhas tentativas seguintes não se apoiavam mais nessas aspirações emocionais e eu comecei a escrever sonatas e quartetos que não estavam diretamente ligados a minha vida. No colégio, de algum modo, consegui, mesmo ocupado com os meus afazeres, compor bastante. Escrevi uma sinfonia atrás da outra, uma canção seguida de outra e um poema tonal chamado Caos e Cosmos, embora não estivesse muito certo do significado dessas palavras.”
Aos quatorze anos Britten deixou a Escola de Southlodge, para ingressar no Gresham’s School, Holt Tinha composto dez sonatas e três suítes para piano, seis quartetos para cordas, um oratório e uma dúzia de canções. Algumas de suas músicas para piano e três dessas canções foram transformadas em arranjos, compostos para orquestra de cordas na Simple Symphony (1934). As outras canções foram editadas mais tarde. Não há dúvida que esse interesse precoce evidenciou seu talento. Já em 1924, ele estava presente ao Festival de Norwich e Norfolk quando Frank Brigde conduziu sua suíte The Sea e, segundo suas próprias palavras, ficou emocionalmente paralisado. Três anos mais tarde, Bridge voltou ao Festival e a professora de viola, Audrey Alston, lhe apresentou o jovem aluno, que inicia a partir daí estudos de composição em Bridge. Britten, que tanto admirava o maestro, assim resumiu o período. “Ensinou-me a sentir e a pensar através dos instrumentos para os quais eu escrevia”. Essa disciplina foi especialmente salutar para a fluência musical de Britten; com isso, conseguia até mesmo prever o tempo que levaria para compor suas obras.
No período em que Britten passou no Gresham’s School, Holt, (de setembro de 1928 até julho de 1930) seu interesse pela música não parou de crescer – seus colegas freqüentemente o encontravam lendo partituras orquestrais no dormitório. Nessa época, estudou piano com Harold Samuel, em Londres, embora continuasse suas aulas de composição com Frank Bridge, sempre que possível.
Quando deixou o colégio, aos dezessete anos, estava decidido a fazer da música sua carreira. Essa decisão foi bem recebida pelos seus parentes, mas havia muita gente que não a levava a sério. Alguns anos mais tarde, ele relembrou que durante uma partida de tênis em Lowestoft, no verão de 1930, perguntaram-lhe que tipo de carreira iria seguir; quando respondeu que seria compositor, todos se admiraram: – “Sim, mas e o que mais?” Certamente encaravam a música como um mero passatempo. Sua permanência na Faculdade foi infeliz e frustrada. Como ele disse a si mesmo: “Quando você está cheio de energia e idéias não quer perder tempo com exercícios elementares”. Embora compusesse montes de partituras, as oportunidades para apresentá-las dentro da Faculdade eram restritas.
(Página 3 – Continuação)
Durante os três anos que a cursou estudou Composição com John Ireland e Piano com Arthur Benjamin. Ganhou o prêmio de Composição “Ernest Farrar” e, com isso, passou nos exames para membro da Associação da Faculdade e de Solista de piano (1933). A importância desse período prende-se basicamente ao fato de que ele passou a ter maiores oportunidades de ouvir música, em particular música contemporânea, aumentando assim sua percepção intelectual com novas informações. Entre os clássicos, suas principais influências vêm muito mais de Mozart e Schubert do que de Beethoven e Brahms. Seu amor por Purcell apareceu mais tarde. Suas atrações pela melodia e lirismo conduziram-no a Mahler. Entre os compositores contemporâneos, admirou Stravinsky, Schoenberg e Berg. Em 1934, ano em que Holst, Delius e Elgar morreram. Britten, aos 21 anos, tornou-se independente. Ele havia saído da Universidade no ano anterior e enfrentou a difícil perspectiva de sustentar-se como compositor. Já havia escrito a Phantasy Quartet para Oboé, violino, viola e cello, um conjunto de variações para coral de vozes mistas sem acompanhamento, intitulada A Boy was Born. Ainda nesse ano, escreveu Simple Simphony, A Holiday Diary, uma suíte para piano, um conjunto de doze canções para crianças (voz e piano) e Friday Afternoons, escrito para um colégio de rapazes em Prestatyn, do qual seu irmão era diretor. A necessidade de ganhar dinheiro levou-o para o cinema. Assim a partir de 1935 e durante cinco ano produziu música incidental para dezesseis documentários dessa Cia., além de Love from a Stranger (Trafalgar Films dirigido por Rowland V. Lee)
Alguns anos mais tarde, relembrando esse período de sua vida, Britten confessou: “Tinha que trabalhar rapidamente e, às vezes, eu me obrigava a trabalhar mesmo quando não queria, quaisquer fossem as circunstâncias”
Em pouco tempo Britten ganhou uma considerável reputação nesse campo Em 1936, após a apresentação de Coal Face, um estudo sobre a indústria carvoeira na Grã-Bretanha, dirigido por Grierson, com música de Britten, Kurt London escreveu: “É surpreendente observar que, apesar do escasso material disponível, usando somente um piano e um coro, ele conseguiu nos brindar com a fidelidade de sons reais. Essa estilização nos dá uma impressão bem mais forte do que um acompanhamento convencional. Ficou logo claro que este jovem compositor tinha facilidade para trabalhar com música incidental, atendendo a várias encomendas para teatro, rádio e cinema”. Britten estava preparado para todo o tipo de música e seus trabalhos sempre se tornavam grandes sucessos. Ele era um homem de negócios confiável. Podia trabalhar rapidamente, obtendo os melhores resultados dentro das limitações impostas pelas diferentes técnicas dos meios de comunicação que utilizava. O enorme talento de Britten ficou bem conhecido pela fluência, pela variedade, pelo amor na transformação das palavras em música, no sentimento e na simplicidade dos meios melódicos e dos harmônicos nos efeitos empregados. Embora seu sucesso tenha se tornado ocasionalmente motivo de oposição e ciúme, sua carreira não ficou sem as honras merecidas.
A primeira instituição a honrá-lo foi a Universidade de Queen, em Belfast (1951). A iniciativa da Irlanda do Norte foi logo seguida pela Inglaterra e graus de honraria (todos D.M.s) foram dados a ele por Cambridge (1959), Nottingham (1961), Hull (1962), Oxford (1963). Em 1957, ele se tornou Membro Honorário da Academia Americana e do Instituto Nacional de Artes e em 1960 foi sagrado Comandante da Ordem Real da Estrela Polar (Suécia). No ano seguinte, foi agraciado com o prêmio Hanseatic Goethe. O prêmio Asper seguiu-se em 1964 e o Wihuri Sibelius, prêmio do ano seguinte. Em novembro de 1964, ganhou a Medalha de Ouro da Sociedade Filarmônica Real e em 1966, recebeu do Colégio Magdalena o título de Membro Honorário em Cambridge e o Freedom da Irmandade dos Músicos
Aldeburg, a cidade-berço de sua inspiração, com seus portos e povoados de pescadores, igrejas góticas, grandes e pequenas, de rara beleza, pássaros marinhos selvagens e envolvente paisagem rural, fez de Britten um cativo apaixonado por sua terra: “estou firmemente enraizado neste lugar glorioso e consegui provar isso a mim mesmo, quando tentei viver em outro lugar”. Lá, foi sepultado a 4 de dezembro de 1976, para orgulho de seus concidadãos e admiradores.
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O Limpador de Chaminés
O pequeno Limpador de Chaminés é um espetáculo dirigido ao público jovem. Sam, com oito anos de idade é o herói da trama, defendendo uma parte vocal bastante delicada e absorvente
O enredo conta à aventura de um grupo de crianças que morava em Iken Hall, Suffolk na Inglaterra em 1810. Elas conheceram Sam, o Pequeno Limpador de Chaminés, ajudando-o posteriormente a se libertar de seu tutor-explorador, o tirânico Black Bob. A concepção original do enredo está na obra de William Blake, As Canções da Inocência:
Eu era muito pequeno
Meu pai me vendeu
Quando minha mãe morreu
E eu mal sabia chorar
“bua! bua! bua!”
Por isso limpo chaminés
E durmo sempre sujo de carvão
Apesar da aparente alegria, a atmosfera desta pequena ópera é carregada com intenso sentimento de piedade e indignação. Ela resume a luta do pequeno Sam, que devido à pobreza de seus pais, fora vendido como servo.
A prática de utilizar pequenos meninos limpadores nas tarefas mais difíceis e perigosas só foi ser realmente abolida na segunda metade do século XIX.
Sam, o pequeno limpador, tem oito anos. Um grupo de seis crianças, três das quais são residentes em Iken Hall e as demais visitantes, salva o pequeno Sam que ficara entalado numa passagem da chaminé e ainda consegue ajudá-lo a se libertar de Black Bob.
O elenco é composto por sete crianças e quatro adultos, misturando amadores e profissionais. Britten e Crozier tiveram a brilhante e audaciosa ideia de aumentar a participação dos amadores, tentando envolver todo o auditório na performance, dando inclusive canções que o auditório deve interpretar em pontos chaves da ação.
Essa estratégia pouco ortodoxa provou aos autores que era necessário ensaiar a plateia para se obter o sucesso desejado. Realizaram então modificações estruturais com o sentido de tornar as passagens mais claras para o público, facilitando assim sua participação no espetáculo.
A orquestra é bastante simplificada, constituindo-se de um quarteto de cordas, piano (a quatro mãos), e percussão.
A música não é contínua. Existem diálogos entre os números, praticamente não há recitativo.
A partitura concentra-se em torno das partes vocais, que apesar de muito objetivas tem um considerável grau de sofisticação. As melodias, em especial as que são destinadas ao auditório, têm um clima envolvente, com uma harmonia repleta de invenções e sutileza.
O Pequeno Limpador de Chaminés é uma ópera sobre a inocência traída e resgatada – uma obra que recompensa William Blake, cantor da inocência e inspirador do enredo.
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Vamos Brincar de Ópera
O Limpador de Chaminés
de Benjamim Britten
Libreto de Eric Crozier
Personagens Infantis:
João / Marcos: Cláudio Zagari Tupinambá e Sergio César Illa Lopes Jr.
Ana / Julieta: Leptícia Lustosa Alencar
Pedro / Chico: Christian Roberto Kelber
Mônica / Sofia: Eliz Jaccoud Ribeiro, Lídice Bernardes Gonçalves e Lítiza Bernardes Gonçalves.
Luís / Beto: André Luís de Oliveira Clis
Rui / Guto: Maurício Xavier Assunção
Teça / Tina: Ana Gabriela Aranha Macedo e Eurídice Mason
Personagens Adultos:
Ângela: Ângela Barros
Ivanesca: Ivanesca Duarte
Telmo: Telmo Cortes
Francisco: Francisco Neri
Músicos
Sérgio Nogueira Kulmann: Piano
Larry Fountain: Piano
Dexter A. Dwight: Percusão
Regente: Marcos Leite
Regisseur: Caíque Botkay
Cenógrafo: Luiz Carlos Silva
Figurinos: Central Técnica de Inhaúma
Diretora do Coro Infantil: Elza Lakshevitz
Coordenador Artístico: Manuel José Cellario
Assistente: Catherine Anna Hazlehurst
(Página 6 – Fotos)
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Coro Infantil do Teatro Municipal
Adriana Oliveira Clis
Alessandra Barros Bellard
Alexandra Sucupira C. Lins
Ana Gabriela Aranha de Macedo
Ana Márcia Silva
André Luís O. Clis
Beatrice Mason
Betina Dengler
Betina Sachsse Christian
Roberto Kelber
Cláudio Zagari Tupinambá
Dora Rossi Góes
Eda Saturno de Lemos
Eduardo Lyra Krieger
Eida Saturno de Lemos
Eliz Jaccoud Ribeiro
Eurídice Mason
Fernando Lyra Krieger
Joyce de Oliveira Rezende
Juliana Sucupira Costa Lins
Letícia Lustosa Alencar
Lia José Maria
Lídice Bernardes Gonçalves
Litiza Bernardes Gonçalves
Márcia de Carvalho Manzollilo
Marco Aurélio Parodie
Maria Zeliq Faul
Maurício Xavier Assunção
Maurício Zagari Tupinambá
Mônica Freire Illa
Mônica Gouveia
Natália Von Poser
Sergio César Illa Lopes Jr.
Tania Maria Jansen Franken
Valéria Sá Reston
(Verso Última Capa)
Central Técnica de Produções
Direção: Tatiana Chagas Memória
Assistente de Direção: Janete Mary Souchois Parente
Cenotécnica: Luiz Carlos da Silva e Antonio Carlos Ribeiro
Cenografia: Odilon Ferreira Lima
Adereçaria de Cena: José Carlos Couto
Carpintaria: Luiz Antonio Fernandes Correa
Guarda-Roupa: José Levi e Maria de Lourdes Garcia Pacheco
Supervisão de Figurinos: Irani de Alvarenga Rodrigues
Adereçaria de Figurino: Antonio Pedra Branca
Maquilagem: Antonio Domingo Lopez
Perucaria: Divina Lujan Suarez
Contrarregras: Severino Felix de Faria e Juarez Carlos de Araújo
Iluminação: Manoel Peixoto da Silva
Som: José Soares
Serralheria: Luiz Carlos Silva
Coordenação do Palco: Glauco Lopes da Cruz Affonso
Iluminação Cênica: José Bertelli Sobrinho e Ary Santos Ferreira
Teatro Municipal do Rio de Janeiro
Coordenador Gral: Fernando Bicudo
Administrador: Ciro Pereira da Silva
Chefe das Camareiras: Carmem Dias Campos
(Última Capa – Anúncio)
FUNARJ apresenta Seis e Meia Lubrax
O Outro Lado da Petrobrás
Enquanto trabalha intensamente para aumentar nossa produção de petróleo e manter abastecido de derivados todo o território nacional, a Petrobrás também apoia iniciativas culturais.
A música, por exemplo, vem recebendo o nosso incentivo, seja através do Projeto Seis e Meia/Lubrax, em caráter regional, ou do Projeto Pixinguinha, em todo Brasil
Enquanto o Seis e Meia/Lubrax amplia as perspectivas da Música Popular Brasileira, ao oferecer uma opção cultural ao carioca, depois do horário de trabalho, o Projeto Pixinguinha leva a música popular e a erudita a diversas cidades brasileiras, valorizando artistas regionais, ao colocá-los, lado a lado, com grandes nomes nacionais.
O popular e o erudito igualmente fazem parte do trabalho de apoio e de estímulo da Companhia a muitos dos seus empregados que, motivados por uma vontade de produzir, também em arte, criaram os Corais da Petrobrás. Hoje, vinte e um deles estão marcando com a música e o estilo próprios, a cultura de cada região. E deixam a ideia da extensão da Petrobrás nos pontos mais distantes do País.
No térreo do seu Edifício-Sede, a Mostra Petrobrás de Artistas Novos foi uma ideia vitoriosa e que continua oferecendo apoio aos que têm talento, mas pouca chance de mostrar seus trabalhos no fechado universo dos diversos modos de se criar em artes plásticas.
Todos esses eventos existem porque o estímulo a cultura também faz parte de um esforço em nome do desenvolvimento nacional. Afinal, é através das diferentes formas de trabalho e de criação cultural que uma sociedade toma consciência de si mesma.
E vive. E respira.
A Companhia sabe disso. E se tem por função abastecer o mercado nacional de derivados, tem por principio ser útil.
É este o outro lado da Petrobrás.
PETROBRÁS – Petróleo Brasileiro S.A.