(INFORMAÇÕES DO CATÁLOGO)
(Capa)
TEATRO VENTOFORTE
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Teatro para um Homem de Olhos Abertos
Debaixo de água tem terra.
Debaixo da terra tem água.
Dentro de cada criança existe um homem de olhos abertos para o mistério de crescer da noite para o dia e do dia para noite.
Dentro de cada homem existe uma criança recolhida numa sombra de crepúsculo que teima em evocar…”eu era”…
Debaixo do asfalto de São Paulo e do Rio de Janeiro tem muita água e muita terra; dentro dos prédios de concreto tem homens e crianças que mal conjugam os passados e futuros imperfeitos.
Tudo isso para esboçar um universo relativo em volta da pergunta que mais nos acompanha. “Por que continuar a fazer teatro para crianças?” A resposta estaria talvez nas frases criadas pelos atores, num dos nossos espetáculos, quando são escolhidos os caminhos a seguir pelo rio ou pela estrada:
Debaixo de água tem terra,
Debaixo da terra tem água!
É este então um caminho de continuidade por dentro ou por fora de nós adultos e da nossa criança. É esta então mais uma forma do risco de expressar a nossa procura de liberdade e sobrevivência, num momento em que cada vez mais os espaços do homem estão sendo determinados e condicionados a processos econômicos dependentes, e produtos culturais impostos e massificados.
Fazemos teatro para que os nossos pés e mãos não esqueçam sua longa e maravilhosa história de artesãos do movimento da alma do homem no amar e criar. E das nossas mãos saíram barcos pequenos e lenços azuis como o céu à procura da liberdade e de um destino escolhido.
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O Ventoforte, sua História, seus Trabalhos
O grupo Ventoforte nasce em 1974, com História de Lenços e Ventos estreando no Festival de Teatro Infantil de Curitiba. A marca definidora do trabalho do Ventoforte é a opção pelo coletivo e seu significado. O Grupo não representa apenas uma forma nova de organização social – a cooperativa, mas uma nova maneira de pensar teatro. Para o Grupo, o teatro é, primordialmente, forma de conhecimento. E foi partindo do trabalho em educação na periferia do Méier – Rio de Janeiro, no Centro de Arte e Criatividade Infanto-juvenil, que começou essa maneira de pensar. Não interessava restringir a atividade do Grupo à escola, mas sair para a comunidade – e a forma escolhida foi a festa, que tem característica a tentativa de eliminar a distância entre quem faz e quem vê. A comunhão coletiva que ela propicia elimina o produto final acabado, doado a quem passivamente o recebe. E os espetáculos do Ventoforte, tentativa de abertura em direção ao público, seguem a linha da festa popular. A perspectiva de abrir o espaço cênico também é uma das preocupações do Ventoforte. As pequenas Histórias de F. Garcia Lorca terminava na rua; O Mistério das Nove Luas começava na porta dos teatros. Existe a preocupação constante em descobrir novas formas de utilização do espaço, quebrando a moldura cênica e envolvendo o público na representação.
Outra preocupação é a abordagem temática: a busca das raízes do homem. Como a nossa sociedade é fruto da união das mais diversas culturas e povos, a criança pode ser raiz. Porque é uma coisa verdadeira; é a cultura arcaica, primitiva do homem. Assim, o trabalho com as crianças realizado pelo Ventoforte em sua Escola, funciona como alimento para as encenações fornecendo as ligações perdidas entre o homem e o mundo. Com isto o Grupo de Teatro Ventoforte conquistou o fundamental para a sobrevivência e continuidade.
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De seus trabalhos, uma linguagem teatral e um processo de trabalho próprios.
1974
– Fevereiro: começam as atividades do grupo Ventoforte, no Festival de Teatro Infantil de Curitiba, com História de Lenços e Ventos;
– Temporada de 10 meses no MAM (Museu de Arte Moderna) e no Teatro Oficina;
– Participação no Festival de Inverno em Ouro Preto e São João Del Rei;
– Participação no Seminário de Teatro do Instituto Cultural Brasil – Alemanha, em Salvador.
1975
– Estreias no MAM e Teatro Gláucio Gill, da peça Da Metade do Caminho ao País do Último Círculo em diversas cidades do interior do Estado do Rio de Janeiro.
1976
Remontagem de História de Lenços e Ventos e viagem a Brasília, a convite da Fundação Cultural do Distrito Federal;
– Temporada de 3 meses de História de Lenços e Ventos no teatro Gláucio Gill;
– Apresentação de História de Lenços e Ventos no Festival de Teatro Infantil de Curitiba;
– Apresentações de História de Lenço e Ventos no interior do estado do Rio de Janeiro, em diversas cidades;
– Apresentações de História de Lenços e Ventos em parques e praças públicas da cidade do Rio de Janeiro;
– Apresentações de História de Lenços e Ventos na Rede Penitenciária do Rio de Janeiro;
– Outubro: estreia, em Porto Alegre, As Pequenas Histórias de Lorca , a convite do Departamento Cultural do RS;
– Novembro/dezembro: temporada de As Pequenas Histórias de Lorca , no Teatro Cacilda Becker, no Rio de Janeiro.
1977
– Janeiro/fevereiro: temporada de As Pequenas Histórias de Lorca no Teatro Gláucio Gill, no Rio de Janeiro;
– Abril/maio: temporada de As Pequenas Histórias de Lorca em Vitória, Brasília e Belo Horizonte;
– Junho: inauguração do Teatro Experimental Eugênio Kusnet, em São Paulo, ex-Teatro de Arena, com temporada de um mês de As Pequenas Histórias de Lorca;
– Agosto: principia a elaboração do texto e da montagem de Mistério das Nove Luas;
– Novembro: estreia de Mistério das Nove Luas, no Teatro Ginástico.
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1978
– Janeiro/ fevereiro: continuação da temporada do Mistério das Nove Luas, no Teatro Ginástico; – Março: Mistério das Nove Luas se apresenta, dentro do projeto Mambembinho, no Teatro Dulcina (Rio), Teatro Municipal de Niterói e Teatro Pixinguinha (SP);
– Maio/junho: Temporada de Mistério das Nove Luas no Teatro SESC da Tijuca;
– Junho: Mistério das Nove Luas é escolhido pelo Departamento de Cultura do Estado para realizar apresentações em toda a Rede Penitenciária do Grande Rio;
– Julho: Mistério das Nove Luas participa do Festival de Teatro Infantil da Fundação Guairá, de Curitiba;
– Julho/agosto: Mistério das Nove Luas excursiona pelo país, sob o patrocínio do Serviço Nacional de Teatro, percorrendo; Ouro Preto, Belo Horizonte, Goiânia, Brasília e São Luís do Maranhão;
– Setembro: Ilo Krugli projeta, para a “Mostra de Arte Popular” promovida pelo Serviço Social do Comércio, o espaço cênico, cuja execução fica a cargo de integrantes do Ventoforte;
– Setembro/outubro/novembro: a Companhia Dramática Brasileira do Serviço Nacional de Teatro, decide montar o texto Sonhos de um Coração Naufragado de Ilusão do pernambucano Ernesto de Albuquerque, premiado pelo SNT no 1º Concurso de Texto para Teatros de Bonecos (1977), Ilo Krugli é convidado para dirigir o espetáculo e o elenco é formado por integrantes do Teatro Ventoforte;
– Novembro: estreia de Sonhos de um Coração Naufragado de Ilusão em Artigas no Uruguai, no 1º Festival Internacional de Bonecos, onde recebeu um prêmio especial do júri: Títere de Ouro;
– Novembro/dezembro: Sonhos de um Coração Naufragado de Ilusão excursiona pelo Sul: Artigas, Montevidéu, Buenos Aires, Porto Alegre, Curitiba;
1979
– Janeiro: Sonhos de um Coração Naufragado de Ilusão participa do Festival de Teatro de Bonecos, em Ouro Preto e se apresenta em São João Del Rei;
– Março/abril: temporada de Sonhos de um Coração Naufragado de Ilusão no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro;
– Abril/maio: Sonhos de um Coração Naufragado de Ilusão excursiona pelos EUA, Washington (Kennedy Center), Nova York (Teatro La Mama), e mais um circuito universitário (Kansas City, Tucson, San Francisco);
– Junho: Sonhos de um Coração Naufragado de Ilusão apresenta-se em Brasília (Teatro Martins Pena) e em São Paulo (Teatro Municipal e Teatro Arthur Azevedo);
– Julho: Mistério das Nove Luas apresenta-se no Festival Horizonte, de Berlim (Alemanha Ocidental) representando o Brasil;
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– Julho: Sonhos de um Coração Naufragado de Ilusão apresenta-se em Lisboa (Portugal) no Teatro São Luís;
– Agosto: Sonhos de um Coração Naufragado de Ilusão excursiona pelo Norte/Nordeste (Salvador, Recife, Aracaju, Maceió e Vitória);
– Outubro: Mistério da Nove Luas estreia em São Paulo, no Teatro Procópio Ferreira;
– Novembro: o Teatro Ventoforte promove um curso intensivo de Teatro de Bonecos e Figuras de Animação, ministrado por Ilo Krugli.
1980
– Janeiro: temporada de Mistério das Nove Luas no Teatro Paulo Eiró (Santo Amaro – SP), na promoção do Mês Teatral;
– Junho: História de Lenços e Ventos estreia em São Paulo, no Teatro Ruth Escobar;
– Agosto: História de Lenços e Ventos se apresenta no Fórum de Teatro, em Salvador; o Ventoforte ministra curso para professores e alunos da UFBa em teatro e educação artística;
– Setembro: História de Lenços e Ventos volta para São Paulo e retoma apresentações no Teatro Ruth Escobar- Sala do Meio;
– Outubro: História de Lenços e Ventos participa da Campanha pela Popularização do Teatro, organizada pela Prefeitura Municipal de São Paulo, no Teatro João Caetano;
– Novembro: História de Lenços e Ventos na mesma Campanha, se apresenta no Teatro Paulo Eiró.
1981
– Janeiro: História de Lenços e Ventos participa do Mês Teatral fazendo apresentações no Teatro Arthur Azevedo;
– Março: História de Lenços e Ventos inaugura o Teatro Ventoforte na Casa do Ventoforte, espaço alternativo criado pelo Grupo Ventoforte; História de Lenços e Ventos é convidado para participar do Festival de Teatro AM Stram Gram em Genebra.
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PRÊMIOS
História de Lenços e Ventos
– Melhor Espetáculo Infantil do Ano 1974, Rio, Associação Carioca de Críticos Teatrais;
– Um dos Cinco Melhores do Ano, 1974, Rio, SNT
– MOLIÉRE, 1974, para Ilo Krugli DA METADE DO CAMINHO AO PAÍS DO ÚLTIMO CÍRCULO
– Concurso de Dramaturgia Infantil da Fundação Guaíra, Premiação de texto para Ilo Krugli;
– Um dos Cinco Melhores do Ano, 1975, Rio, SNT
As Pequenas Histórias de Lorca
– Um dos Cinco Melhores do Ano, 1976, Rio, SNT Considerada pela Imprensa de Porto Alegre como:
– Um dos Cinco Melhores do Ano, 1976, Porto Alegre
– Indicação Prêmio Mambembe, Rio,1977, direção, figurinos, música;
– Indicação Prêmio Mambembe, 1977, São Paulo, direção, produção;
– Um dos Cinco Melhores do Ano, 1977, São Paulo, SNT
Sonhos de um Coração Brejeiro Naufragado de Ilusão
– Títere de Ouro, 1979, Uruguai, 1o Festival Internacional de Bonecos, Artigas;
– Prêmio Mambembe, 1979, Rio, música/ figurino
Mistério das Nove Luas
– Um dos Cinco Melhores do Ano, 1977, Rio, SNT
– Prêmio Mambembe, Infantil, 1978, Rio, direção, cenário, figurino, iluminação;
– Prêmio Mambembe, Infantil, 1979, São Paulo, personalidade: Ilo Krugli;
– Melhor Espetáculo Infantil do Ano, 1979, SP, APCA
História de Lenços e Ventos
– Indicações Prêmio Mambembe, SNT, 1980, diretor, ator, grupo ou personalidade, texto;
– Prêmio Mambembe de direção e Cinco Melhores do Ano 1980;
– Melhor Espetáculo do Ano,1980, SP, APCA
– Grande Prêmio da Crítica, 1980, APCA
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História de Lenços e Ventos
História de Lenços e Ventos foi criado em fevereiro de1974 paralelamente ao Festival do Vento, manifestação popular realizada no Aterro do Flamengo. Estreou no Museu de Arte Moderna em maio de 1974, permanecendo um ano em cartaz. Retornou aos palcos cariocas em 1976, viajou pelo interior do Rio de Janeiro e outros estados e realizou espetáculos nos presídios desta capital. Foi visto por mais de cem mil pessoas.
“A melhor escolha do setor teatro infantil não se limita à indagação de um único crítico, mas é uma recomendação especial dada pela Associação Carioca de Críticos Teatrais, em caráter extraordinário a um espetáculo de nível realmente excepcional. Trata-se da História de Lenços e Ventos de Ilo Krugli, uma montagem que parece mesmo destinada a dividir o teatro infantil carioca em antes e depois, um espetáculo que não pode se perder, por sua vitalidade, sua inteligência, sua beleza plástica e pelas qualidades eminentemente teatrais que estabelecem com a plateia uma comunicação rica e rara.”
Ana Maria Machado – Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,15/06/1974
Transferindo-se o grupo Ventoforte parar São Paulo, História de Lenços e Ventos é montado e realizado pela primeira vez nesta capital, estreando no Teatro Ruth Escobar em junho de 1980. Em agosto do mesmo ano viaja para Salvador e realiza espetáculos no Fórum de Teatro do Parque da Cidade. Volta para São Paulo e reinicia sua trajetória por vários teatros. Em 1981 inaugura o Teatro Ventoforte, espaço alternativo criado pelo grupo na Casa do Ventoforte.
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Formação do quintal:
– Como nosso espetáculo precisa ser quente, fazemos teatro com fósforos!
Mas se esquentar muito temos água!
E também temos música!
São muitas histórias cantando
Ai bate cora/coração
É tempo de sopros e ventos
Ai treme e respira violão…
História de Lenços e Ventos
Prólogo
Os atores acham uma mala com bonecos. “Vamos fazer teatro com bonecos!” Os bonecos discutem com os atores e se recusam a representar se fechando na mala. Os atores resolvem fazer teatro de qualquer jeito. Até que um ator encontra um lenço.
Eu sou de seda
Eu sou de pano
Sou bordada de lua…
Tenho flores de prata
Eu sou de chita
Eu sou de lã
Sou dura engomada
de flor floreada
Sou uma bandeira
uma saia rodada
lencinho pequeno
de espirro e de mágoa
(Página 09 – Gravura)
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1ª Parte
E era uma vez um quintal, onde voavam o passarinhos, as borboletas, as nuvens e até aviões.
Azulzinha (um lencinho azul)
-Ai, eu queria tanto voar!
Será que vai ter vento hoje?
Os lenços grandes consultam o jornal sobre o tempo e descobrem que um grande perigo se aproxima. Surge a noite.
Lá vem, lá vem a noite
E vem de capa preta
Traz uma estrela grande
Três mil e um cometas
Azulzinha aprende a voar com um lencinho branco da casa do lado. Ela sai voando e acaba caindo num laguinho. Enquanto seca, os atores brincam com as latas que antecipam um personagem desconhecido. Azulzinha seca quer aprender a voar mesmo com o vento da madrugada.
O vento da madrugada
Nunca chega só
Numa mão traz o sol
Na outra um beija-flor…
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(Página 12)
2ª Parte
É criado um novo personagem: “Ele não é de seda, nem de pano, nem de metal. Ele é de jornal”.
Papel
– Meu nome é papel. Eu sei voar. Eu tenho altos e baixos, mas eu sempre consigo chegar onde eu quero chegar.
Ele parte em busca de azulzinha (com ventos moderados). Os lenços do quintal ficam brincando de roda, tristes, com saudades de azulzinha.
Da cor do céu (bis)
Da cor do teu olhar
A roda nasce
A roda gira
Aqui no meu quintal
Entra em cena, um personagem estranho, que não é do quintal.
Ele é grande
Ele é forte
Ele é brilhante
É soldado que voa
Num país distante
Ele é grande, ele é forte
Não tem vida nem morte
Ele é grande, ele é mau
Ele é medieval
Uma nuvem responde que vai ser difícil achar Azulzinha porque ela é da cor do céu e não vai dar contraste! Começa a chover. Papel vai ficando molhado, quase se desmanchando.
Se é de papel
Voa no céu
Se é de metal Brilha na Mão
Se é de jornal
Me faz chorar!
O Papel todo molhado noutro quintal encontra uma Guarda-Chuva toda quebrada, desparafusada pelo vento da madrugada. Passada a chuva de repente, Papel vê passar Azulzinha numa nuvem.
– Azulzinha! Sou eu, Papel, do jornal do quintal.
Volta Azulzinha.
– Não. Eu estou aprendendo a voar.
Surge o personagem de metal que rouba Azulzinha. No ônibus. Papel parte atrás de Azulzinha roubada.
(Página 13 – Gravura)
(Página 14)
3ª Parte
E surge a Cidade Medieval, linda, brilhante, de metal e cristal. Tudo nela é certo, arrumado, perfeito. Não é mesmo como no quintal. Não entram nuvens nem papéis. Lá é tudo igual, em série, e tem um tédio medieval. Entram soldados do Rei Metal Mau. Azulzinha foi escolhida para ficar e casar com ele. Para guardar as aparências ele vai organizar um torneio. Os lenços soam presos numa caixa estratosférica. Papel chega na Cidade Medieval, mas é barrado pelo cartaz na entrada do castelo. Na cidade medieval só entra metal, cristal, ouro, prata. Papel, não! Os atores fazem uma serenata para ajudar a chamar Azulzinha. Ela escuta e aparece.
– Azulzinha, eu vou te salvar.
– Agora vai ser muito difícil, e depois porque voltar ao quintal? Os meus amigos, os lenços, estão todos presos e vão virar bandeiras, cortinas, nunca mais poderão voar. Nunca mais vão dançar com as ventanias e o ar.
O Rei dá ordens para que os soldados limpem e queimem todos os papéis em volta do castelo. Papel volta e encontra a Guarda-Chuva e conta que quase foi queimado junto com os outros. Os amigos do quintal resolvem vigiar para que ele durma. Oculto entra um soldado e queima o papel. A história para. Como continuar?
(Página 15 – Gravura)
(Página 16)
4ª Parte
Para continuar, os atores reconstroem um “papel” mais forte, protegido e disfarçado com um coração de metal. Depois soltam os lenços e constroem um dragão para voar.
E vamos fazer um dragão
De cabeça
E um par de asas lindas, para voar
Na Cidade Medieval começa o torneio. O Rei como não tem que o enfrente, luta com sua própria sombra. Papel entra e o enfrenta.
– De quem é essa sombra que aí se apresenta?
– Essa sombra é minha.
– Quem é você?
– Eu sou o Papel Coração de Celofane.
– Como ousas me enfrentar?
– Eu não, é minha sombra que ousa!
A sombra do Papel vence. O Rei então resolve usar seus soldados que lutam com o dragão. Derrotados, o Rei se desespera.
– Eu sou apenas um boneco, um pobre Rei de Metal
Azulzinha e Papel voltam para o quintal com os ventos de todo o mundo.
São muitas histórias…
Se é de papel…
(Página 17 – Gravura)
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História de Lenços e Ventos
De Ilo Krugli
Músicas: Beto Coimbra e Caíque Botkay
Com
Thaia Perez: Azulzinha
Paulo César Brito: Rei Metal Mau, Telefonista
Paulo Freire: músico: violão e guitarra
Márcia Correa: Branquinho, Cartaz Giratória, Chuva
Marilda Alface: Galinha, Nuvem
Ilo Krugli: Papel, Guarda-Chuva
Cynthia de Gusmão – músico: flauta, viola, percussão
Tião de Carvalho – músico: cavaquinho, percussão
Todos: Lenços grandes, lencinhos, nuvens, soldados, telefone, vento.
Bonecos: Ilo Krugli, Márcia Correa, Paulo César Brito
Luz: Roberto Mello
Objetos de Cena: Márcia Correa
Cenários e figurinos: Ilo Krugli
Direção musical: David Tygel
Produção: Teatro Ventoforte
Direção Geral: Ilo Krugli
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História de um Barquinho
Esse espetáculo foi criado como exercício de expressão para as mãos em 1963. Só foi realizado como espetáculo em 1972 no Rio de Janeiro, onde recebeu prêmios de melhor espetáculo do ano, melhor direção, melhor trilha musical. Em 1973 é encenada no Chile, em Santiago. A partir de 1974, com a criação do Grupo Ventoforte é apresentado em espetáculos abertos em praças públicas do Rio de Janeiro. Em 1981, será montado em São Paulo.
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1° Momento
Os atores se preparam para contar a história. Começa o relato, o narrador coloca uma corda com uma âncora no barquinho Pingo Primeiro.
2° Momento
Pingo está muito triste por não poder navegar. Nisto, vê passar uma flor, quer falar com ela, mas ela é carregada pelas ondas do rio.
3° Momento
Aparece uma borboleta que diz para o barquinho: – Só se vive um dia. A vida é curta, termina com o dia, e eu preciso fazer muitas coisas.
4° Momento
Pingo oferece a âncora a um personagem diferente, a aranha. Esta, solta o barco e diz: – Estou livre! Vou voltar a ver Irupê, a flor.
5° Momento
O barquinho navega pelo rio até que encontra Irupê, a flor. Mas agora é ele que não pode parar. Mais adiante ele vê um moinho empurrado pelo vento e pede ao vento que o empurre também.
6° Momento
O barquinho foi empurrado tão rápido que logo chegou a um rio imenso com ondas altas como montanhas. Era o mar. Continua sozinho. Passa por ele um barco que vai à china. Depois, um poderoso transatlântico, que quase o afunda, e lhe diz que, para navegar ele precisa de tripulação, de marinheiros.
(Página 21 – Gravura)
(Página 22)
7° Momento
Começa a escurecer. Ele lembra dos amigos do rio e quase chora. Sobretudo porque se lembra do lhe disse a borboleta. E pensa consigo mesmo:- Será que os barquinhos também vivem só um dia?
8° Momento
Chega uma grande tempestade. Pingo é engolido pelas altas ondas, está quase naufragando.
9° Momento
Ele chega junto a um farol e lá aparece um marinheiro. Pingo Não quer deixar que ele lhe coloque uma âncora e ameaça abandonar a história: – Eu já estive preso uma vez. Se é para viver preso, prefiro me afogar no mar.
10° Momento
O marinheiro o ensina a usar a âncora: – Quando queremos navegar, levantamos a âncora. Quando queremos parar, baixamos a âncora. Nós marinheiros sabemos dessas coisas.
11° Momento
Pingo e o Marinheiro voltam ao rio para procurar a flor.
12° Momento
– Irupê! Agora eu posso parar! O marinheiro baixa a âncora e Pingo Primeiro pode conversar com a flor, tanto!, tanto!, que o tempo de hoje não dá para contar.
(Página 23 – Gravura)
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Colaboração e Patrocínio
Embratur – Empresa Brasileira de Turismo
Alitalia – Linee Aeree Italiane
Ministério das Relações Exteriores – Itamarati
SNT – Serviço Nacional de Teatro