Programa de São Paulo, 1969

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(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA DE SÃO PAULO)

(Capa)

A Companhia Dramática
Reta 3 apresenta

UBU REI – (São Paulo)

Drama em cinco atos de Alfred Jarry
Direção e tradução de Gianni Ratto

(Interior)

“Do senhor Ubu, ainda no estágio de esboço, poderá sair uma personagem de um sinistro amplamente cômico. O Senhor Ubu tem certamente muitas coisas para dizer. Coisas sobre as quais ainda não falou e que, certamente, irá dizer.”

Remy de Gourmont

“Quanto à estória que está para começar, ela se passa na Poronha, quer dizer em Lugar Nenhum.”

Alfred Jarry

“Essas desordens da inteligência nas quais os sentimentos não tem direito de cidadania, somente foram possíveis na Renascência, e Jarry, por um milagre, foi o último de seus alucinados sublimes.”

Guillaume Apolllinaire

“Jarry fez coisa melhor do que ter escrito Ubu: ele foi Ubu… Shakespeare ator, desta vez devorou Shakespeare autor. No caminho onde Homais, Prudhomme e Bonhomet reencontram-se, o luar mistura suas sobras numa criação que os supera e que alcança diretamente as marionetes de Deus: Ubu.”

Albert Thibaudet

Apresentação (Ou Quase)

Ubu Rei é uma peça jovem. Ela atravessa os tempos guardando o frescor, a mordacidade, a irreverência e o humor satírico de que foi impregnada desde que uma turma de colegiais – num longínquo fim de século – a imaginou.

Nossa companhia é jovem, tanto pela idade de seus componentes como pelo espírito que a anima.

O espetáculo que apresentamos é a consequência, portanto, de um encontro que procura guardar as motivações e reconhecer as coincidências daquele e de nosso tempo.

Mas explicar um espetáculo é inútil: ele vive no palco e se não passa a ribalta, os esclarecimentos pouco valem: se o público não entende, o defeito é nosso. Além do mais me parece, cada espectador tem o direito de interpreta-lo segundo seu próprio ponto de vista.

Portanto, nós, como os antigos comediantes no prólogo de suas peças, só podemos pedir a clemência da “distinta” plateia.

Gianni Ratto

Elenco

As personagens, os intérpretes e os responsáveis:

Pae Ubu: Ivan Setta
Mãe Ubu: Maria Francisca
Capitão Borgária: Fernando Bezerra

Reino de Venceslau, Rei da Poronha:
Venceslau: Sérgio Mauro
Rainha Rosamunda: Dayse Lourenço
Bougrelau, Seu Filho: Sonny Albertson
Ladislau, Seu Filho: Pedro Touron
Boleslau, Seu Filho: Vicente Rocha
Fantasmas dos Ancentrais: Ilo Krugli
Convidados e Conjurados: Pedro Touron
Oficiais Poronheses: Cecília Conde
A Armada Poronhesa: Sonny Albertson
Mensageiro: Vicente Rocha

Reino de Ubu
Povo, camponeses, nobres, conselheiros, magistrados, financistas, fiscais das Finanças, toda a armada poronhesa, etc: Todos
Giron, guarda do corpo da M. Ubu: Pedro Touron

Império da Rússia
Czar Aléxis: Sérgio Mauro
A Batalha: Todos
Oficiais russos e toda a armada russa: Todos

A Fuga
O Urso: Dayse Lourenço
Pile: Sérgio Mauro
Cotice: Fernando Bezerra
A Equipagem do navio: Todos
O Mar: Cecília Conde, Dayse Lourenço
E ainda: artilharia, infantaria, cavalaria poronhesa e russa, a burra financeira

Ficha Técnica

Figurinos e Desenhos: Pedro Touron
Fantoches e Bonecos: Ilo e Pedro
Música: Cecília Conde
Direção Geral: Gianni Ratto
Direção e Produção Executiva: Tatiana Memória
Promoção: Eugênio Fernandes
Confecção dos Trajes: Leia e Odaléia
Contrarregra: Aureny Santos

(Contra Capa)

Cronologia (Parcial) do Pae Ubu

1873 – Nascimento de Alfred Jarry na cidade de Laval.

1878/79 – Jarry é aluno do “Petit Lycée” de Laval.

1879/88 – Aluno do Liceu Sait Brieuc. Escreve várias comédias em prosa e em versos. Nesse mesmo período, no Liceu de Rennes, um professor de física, M. Hébert, alcunhado o P.H. ou Père Heb, Eb, Ebou, Ebance, Ebouille, encarna para os alunos “todo o grotesco do mundo”. Herói de pantagruélicas caçoadas escolares será elevado a Rei da Polônia no texto L Polonais, redigido por Charles Morin.

1888/91 – Jarry toma conhecimento do texto de Morin e o adapta para teatro. Representa por marionetes, é esta a mais antiga versão de Ubu Rei.

1891/93 – Em Parais, no decorrer dos estudos de Jarry, o P.H. assume definitivamente o nome de Pae Ubu. O “Echo de Paria Literaire Illustré” publica trechos de “L’Autoclète” e de “Ubu Cocu” sob o título de “Guinhol”.

1894 – Ubu Rei é lido pelo próprio Jarry, nas salas do “Mercure de France” no meio da hilaridade geral. A esta revista, à Alfred Vallette e sua esposa Rachilde, Jarry ficará ligado para sempre.”” (cenas de Uru Rei) no “Mercure”.

1896 – Ubu Rei é publicado no “Livre D’Art”. Jarry trabalha ao lado de Lunhé-Poe, Diretor do “Théâtre de l’Oevre”. A programação por eles estabelecida, inclui Peer Gynt de Ibsen e Ubu Rei. A peça é publicada integralmente no “Mercure”. Um artigo: “Da inutilidade do teatro no teatro”, prepara a apresentação do espetáculo. Dia dez de dezembro: estreia de Ubu Rei, com direção de Lugné-Poe, cenários de Bonnard, Toulouse Loutrec, Vuillard, Ranson e Jarry. Intérprete de Ubu: Firmin Gemier. Escândalo e admiração: o mito Ubu nasaceu.

1898 – Ubu Rei é apresentado no “Théâtre de Pantin” pelas marionetas de Pierre Bonnard.

1899 – O terceiro ciclo de Ubu inclui Ubu Acorrentado. O “Almanaque Ilustrado do Pae Ubu” inicia o quarto ciclo de Ubu, tocando todos os temas da atualidade.

1900 – A “Revue Blanche” publica Ubu Acorrentado.

1901 – Ubu sur la Utte é apresentado em Montmartre no “Théâtre Guinhol des Gueles de Bois”. Este Ubu pertence ao quinto ciclo.

1906 – As “Edições de Sansot” publicam o quinto ciclo de Ubu. Jarry está doente, a beira da morte e recebe os últimos sacramentos. Consegue todavia sobreviver, assistido por seus amigos e sua irmã.

1907 – o 1º de novembro, às 16 horas e 15 minutos, no Hospital da Caridade, em Paris, Jarry morre.

Dedicamos nosso espetáculo à Cacilda Becker

A C.E.T. de São Paulo possibilitou a realização de Ubu Rei, a Soc. Reta 3 sua Companhia Dramática, expressa sua gratidão.