Script 1 – Programa de Transição entre Angélica e Jardim Encantado – 24/11/1959

Camera abre em Júlio Gouveia (JG)

JG – Boa noite, telespectadores. Pois é. Terminamos Angélica, a sexta história da Programações Lacta. Poucos dias atrás, no dia 5 de outubro, completamos três anos deste programa e entramos no quarto ano. Programações Lacta já tem, pois, uma história. Essa história, porém, começa onze anos atrás, no dia 29 de novembro de 1949.

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VOZ DE JG – Era o aniversário da Susi, filhinha de um grande amigo. E os papais resolveram se divertir mais que as criancinhas e inventaram fazer um teatrinho na sala de visitas. Representamos Peter Pan. As reações do público nos deixaram encantados. E vai daí, veio a vontade de fazer espetáculos para crianças, em teatro de verdade. Estava organizado o TESP – Teatro Escola de São Paulo.

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Montamos histórias de bichos e contos de fadas, que representávamos em colaboração com a Secretaria de Educação – isso durante quase dois anos. Fizemos mais de uma centena de espetáculos cada vez para um público diferente. Adquirimos uma experiência enorme sobre a psicologia e o comportamento do público infantil.

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Uma das histórias, Os Três Ursos, com Lúcia Lambertini e Davi Neto, uma história de Natal, teve um êxito muito grande e fomos convidados a apresentá-lo na televisão. Por que isso aconteceu, nem eu saberia dizer. O fato é que, no Natal de 1951, estávamos na televisão pela primeira vez.

E poucos dias depois iniciávamos Fábulas Animadas

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…um programa dedicado à infância. Estreou com A Cigarra e a Formiga, com Lúcia Lambertini na Cigarra – papel que até hoje Lúcia Lambertini lembra com saudade. Estreava também, naquele dia, na direção de TV, Luiz Galon.

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Foram onze os diretores de TV que desde então dirigiram a nossa equipe. Além de Luiz Galon, Elio Tozzi, Antonino Seabra e agora Humberto Pucca. Os três primeiros receberam os maiores prêmios anuais de televisão pela direção de Programações Lacta. Fazemos votos para que também Humberto Pucca receba este ano e merecidamente, os cobiçados prêmios anuais.

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O Teatro Escola de São Paulo sempre procurou formar técnicos e atores novos. Aqui está Odete Lara, em sua estreia em Branca de Neve. Inúmeros atores e produtores hoje em grande projeção na TV e no teatro tiveram seu início neste programa.

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Além de José Serber, o Gênio da Lâmpada de Aladin e todos aqueles que ainda hoje estão conosco como Lúcia Lambertini, Wilma Camargo, Hernê Lebon e todos aqueles tão conhecidos, outros foram levar o seu talento para outros lugares como Ítalo Rossi, Líbero Miguel, Odete Lara e tantos outros que seria longo demais enumerar.

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O Sítio do Picapau Amarelo também começou naquele tempo. Este é O Casamento de Emília. O criador do Marquês de Rabicó, Ricardo Gouveia, está hoje com mais de 1,80m de altura e é autor e diretor de teatro para crianças.

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O Teatro Escola de São Paulo deixara de ser uma brincadeira e começamos a nos dedicar seriamente a um trabalho educacional e de higiene mental procurando contribuir para a formação de novas gerações.

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Gradativamente fomos percebendo que um trabalho dessa natureza poderia ser dirigido não só à criança, mas a todas as idades. Idade é, antes de mais nada, um estado de espírito e sempre é tempo para rever os nossos conceitos de bem e de mal.

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Na nova orientação, estávamos apresentando às quintas-feiras, histórias em série como Heidi. Verinha Darcy era bem pequenininha. E as terças-feiras…

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…no mesmo horário, continuava o Sítio do Picapau Amarelo. Foi então..

GT  “TERÇAS E QUINTAS FEIRAS”

…que os dois horários diferentes se juntaram num só.

GT  “PROGRAMAÇÕES LACTA”

No dia 9 de outubro de 1956, iniciava-se Programações Lacta com…

GT  “POLLYANNA”

Pollyanna, a história sentimental e transbordante de amor e de carinho.

Foto 13 (POLLYANNA)

…que enterneceu tanta gente… E a nós também. Verinha Darcy…

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…e David José e mais Lúcia Lambertini, Wilma Camargo, Rafael Golombeck, Moacyr Costa foram os intérpretes daqueles personagens tão vivas e tão humanas e que fizeram tanto bem a tanta gente. Nós mesmos ficamos surpresos com a extensão do êxito. Parecia impossível realizar algo da mesma qualidade e mesmo conteúdo.

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Mas depois de Pollyanna, veio O Pequeno Lorde. Lúcia Lambertini e John Herbert começaram muito bem a nova história. A fórmula de Pollyanna, de certa maneira, se repetia em O Pequeno Lorde. Porém, novos ingredientes

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…como o senso de humor de Mr. Hobbs, aliado à extrema simpatia e naturalidade de Faelzinho Neto, deram tamanha força à história que o êxito se repetiu. Desta vez, era o velho lorde e Conde de Dorincourt…

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…brilhantemente interpretado por Líbero Miguel, quem conquistava os corações dos telespectadores. A festa de encerramento de O Pequeno Lorde foi muito bonita e deixou também muitas saudades.

Porém, terminada uma história, outra deve começar. O público exigia a volta de Pollyana…

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… Verinha Darcy e David José estavam ficando mocinhos. Estava mesmo na hora de realizar a segunda parte da história – Pollyanna Moça – e os dois simpáticos atorezinhos ao lado de Adriano Stuart, realizaram novamente a façanha de manter presos, centenas de milhares de telespectadores.

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Cassiano Gabus Mendes e Dulce Margarida encerraram lindamente a terceira parte da história e o terceiro grande êxito de Programações Lacta. Mas…

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…a televisão é insaciável. E nós precisávamos continuar. Mas para continuar mantendo entre os telespectadores o mesmo interesse, era preciso encontrar uma história diferente. Nicholas, o Jardinheiro Espanhol…

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Certamente esta história era diferente das outras. Garcia foi durante quase oito meses o homem mais odiado de São Paulo, justamente porque Nicholas era o menino mais querido. Todos nós torcíamos para que o jardineiro espanhol conseguisse escapar da prisão…

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…e provar a sua inocência. Ele fez as duas coisas. O público odiou Garcia, mas odiou com amor e exigiu a recuperação de Garcia.

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E a história original teve de ser modificada. Afinal, Garcia não era um homem mau. Era apenas um homem doente. Tratou-se… e curou-se… E terminou a história. E tudo é bom quando acaba bem…

CAMERA JG

JG – E agora? E daí? Novamente era preciso uma história diferente. O problema de uma criança em conflito com um adulto já havia sido utilizado três vezes. Cada conflito exige uma solução e é através do encaminhamento dessa solução que se leva ao espectador uma mensagem de amizade e de compreensão humana.

É preciso porém, que as crianças se deem conta que os mesmos problemas dos adultos e as mesmas dificuldades podem existir também entre elas.

Foi então que resolvemos fazer uma história só com crianças, que teriam de resolver, sozinhas, os seus próprios problemas, num exemplo útil e positivo para a formação da nova geração.

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E veio Angélica. Todas aquelas meninas, Pintadinho, Paradigma, a Alta, Ventania, o Eco de Alta e Geli devem ter trazido uma importante contribuição para uma maior e melhor compreensão entre as pessoas.

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No dia 23 de abril, a nova história já havia se afirmado. Naquele dia estavam estabelecidos, em definitivo, os laços de carinho e de amor entre o telespectador e as personagens do vídeo.

CAMERA JG

JG – Pois é. Terminou Angélica. É verdade, porém, que terminada na televisão, não está terminada no livro… etc, etc.

Barra-de-divisao - 15 cm

Obs. Infelizmente estas fotos ainda não foram encontradas em nossa pesquisa.