Cartaz, 1986

Envelope do programa, 1986

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(INFORMAÇÕES DO CARTAZ)

(Frente)

ENSAIO Nº 2 – O PINTOR

de Lígia Bojunga Nunes

Teatro SESC Tijuca
Barão de Mesquita, 539

Apoio Cultural: Livraria Agir Editora

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(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Envelope Frente)

Desculpe sim?

(Envelope Verso)

ENSAIO Nº 2 – O PINTOR

SESC Tijuca
Barão de Mesquita, 539

(Folha 01)

Um espetáculo, para quem faz, é a representação da própria vida. A dedicatória, para quem dedica, é a maior homenagem. Minha maior homenagem, hoje, e esse Ensaio nº 2. Amanhã, eu sei, já terei outras coisas dentro de mim. E o teatro, pela própria forma de existir, amanhã já terá apagado essa performance.

Dedico esse espetáculo à pessoas que transformam, sempre que podem, o hoje em amanhã.

A eternidade é o agora, para mim. Pro Paulinho (Niemayer Filho), ao Ricardo (Coelho Costa), Ao Carlos (Fernandes), ao Paulo (Garcia), ao Marcos (Knibil), ao Roberto (Cunha Dias), ao Amigo Guará.

E prá você minha adorada mãe.

Bia Lessa
Desculpa sim?

(Folha 02)

Ensaio

Nada mais difícil do que escrever em poucas linhas, de uma forma objetiva, de uma forma inteligente (?), de uma forma que possa interessar às pessoas, uma síntese do que significa ou do que possa ter significado esse processo de trabalho.

Cada vez acredito (gosto) mais, no momento seguinte. A conclusão por si só já é velha e antiga (chata). O teatro pr’a mim é especial porque ele mexe concretamente com isso, a vida e a morte, a luz e a escuridão. Mal nasce, já acaba. Esse Ensaio teve de especial a consciência dos nossos limites e a necessidade do momento seguinte.

                                                                              Bia Lessa

(Folha 03)

Apesar da intimidade que eu tive no passado com o teatro, desde o meu primeiro livro publicado venho relutando em ver o meu pessoal, quer dizer, os personagens criados nos meus oito livros, tomando corpo num palco. Tive sempre a sensação esquisita de que facilitando a ida deles pro teatro eu estaria de certa forma traindo a tendência natural deles todos, que nasceram e cresceram em livro, sem gostar de sair lá fora… Meses atrás a determinação e o talento de Bia Lessa me fizeram rever essa postura. E então experimentei fazer uma versão teatral de 7 Cartas e 2 Sonhos. O resultado está aí: O Pintor; que o elenco do Ensaio nº 2 vai apresentar daqui a pouco.

O grupo que vem se exercitando nesses Ensaios (o nº 1 no ano passado, e, agora, esse nº 2), diretora, intérpretes, cenógrafo e figurinista, assistentes, todos enfim, enfrentam dificuldades só imagináveis para os que conhecem de perto os mil e um obstáculos de chamado teatro não comercial. E é tão bom ver que essas dificuldades nem de longe afetam a dedicação e o entusiasmo desses novos artesãos teatrais! Continuam trabalhando nos seus exercícios. Semanas. Meses. (Serão anos, eu sei.) Ensaiando. Ensaiando.

Me sinto contente de ver o meu pessoal incluído nesse artesanato experimental; e agradeço à Bia Lessa a oportunidade de me exercitar também nesses Ensaios que, de início, “me bateram” como um verdadeiro ato de amor ao aprendizado teatral.
                                                                                  Lygia Bojunga Nunes, Rio, julho de 1985.

(Folha 04)

Ensaio nº 2 – Pintor

Ficha Técnica

Texto: Lygia Bojunga Nunes
Direção: Bia Lessa
Assistência: Fernando Lyra
Cenário e Figurino: Fernando Mello da Costa
Assistência: Heloisa Stellita
Música e Direção Musical: Caíque Botkay
Músico: Joaquim de Paula
Corpo: Silvia Kirschbaum
Assessoria Teórica: Angela Leite Lopes
Iluminação: Luiz Paulo Nenen
Programação Visual: Fernando Mello da Costa, Heloisa Stellita
Quadros do Pintor: Paula Gordilho
Divulgação: Fernanda Tomassini
Produção: Ensaios
Assistência: Alexandre Ferreira

Elenco

Ana Gabriela: Rosália
Carolina Virgüez: Mãe
Fernanda Tomassini: Janaina
João Salles: Síndico
Joaquim de Paula: Músico
Léo Tomassini: Claudio
Magda Moura: Clarisse
Paulo Miranda: Pintor
Suzana Castro: Irmã
Wagner Coelho: Pai

(Folha 05)

Queria utilizar esse papel prá falar simplesmente de um encontro.

Algo assim como o encontro do Claudio com seu amigo pintor no espaço proposto por Lygia Bojunga Nunes no seu texto.

Que espaço é esse? O teatro.

Um caminho.

Memórias.

Relembrar aqui o Ensaio nº 1, nosso ponto de partida.

Evocar um espetáculo. Trata-se antes de recolocar questões.

Questões sobre as quais não se pretende debater, mas, nos ater, cenicamente, no embalo do Ensaio nº 2. As questões concretas do trabalho do ator, do texto, do espaço cênico são o saldo positivo da nossa primeira etapa. A questão da emoção (ou da ausência de); como situar o trabalho específico do ator dentro, com a direção? Fica para os que participaram, para os que viram o Ensaio nº 1 uma indagação interessante: a luz, a música, o cenário pareciam apontar caminhos próprios dentro da proposta da direção. Por que a interpretação não transcendeu uma dimensão, digamos, primeira, ou seja, a de “interpretar”, “servir” o texto, a direção?

O pintor é o ponto de partida do Ensaio nº2.

Um pintor, o drama de um homem. Que se mata. Suas razões, não cabe a nós revelar.

Uma peça, o drama da arte. Continuidade de uma discussão. Que cabe a nós explorar.

O palco não se apresenta como espaço onde essas questões vão se desenvolver , mas como uma questão em si. Uma concretude a ser trabalhada.

Imagens que a gente sabe que passam, mas que se quer, no entanto, trazer de volta. Não há repetição, mas no diálogo que se estabelece entre a imagem que foi e a que está prestes a surgir.

… um quadro… um ovo…

Fazer teatro é situar-se, tomar posição dentro de um percurso chamado arte.

Nosso primeiro passo nessa segunda etapa foi, então, se voltar prás questões específicas das artes plásticas. Não como fonte de ilustração para a transposição cênica d’O Pintor, mas prá tentar entender uma certa trajetória do olhar. Do gesto de fazer arte. De criar. Percepções outras.

O tempo de uma pausa e a constatação: o hiato existente entre a evolução das ditas Belas-Artes, sua desconstrução, a reflexão proposta pela obra em si, e a evolução do teatro, permanência do encanto da representação.

O que a representação de uma peça pode nos revelar?

As coisas da vida nas coisas do teatro.

Já se foi o tempo em que o palco se armava como um espelho prá vida. Refletir – estranho verbo prá se contemplar e pensar. Cindindo a imagem do espelho, talvez se abra uma fresta prá se pensar as coisas da vida. Romper o encanto da representação e experimentar a vida das coisas do teatro.

Algo assim como um ovo que cai no chão e não quebra.

Algo assim como um barulho na memória.

Algo como o dado.

Algo como o tempo.

Algo assim no espaço de encontro com “o pintor”.

Angela Leite Lopes, Paris, 05.05.85

(Folha 06)

“… Se há alguém, na nossa literatura infanto-juvenil, que dispensa apresentação, esse alguém é Lygia Bojunga Nunes…
A autora, em pouco mais de 10 anos de atividade nesse campo, colecionou todos os prêmios nacionais e, em 1982, foi agraciada com a mais alta distinção internacional de literatura infanto-juvenil: a medalha Hans Christian Andersen, considerada o Nobel dos escritores para a infância e juventude de todo o mundo, concedida pala IBBY (International Board on Books for Young People), com sede na Suíça. Pela primeira vez esse prêmio foi outorgado a um autor latino-americano, ou mesmo outro fora da Europa e dos Estados Unidos”.

                                              Tatiana Belinky, O Estado de São Paulo

 “… Como é que Lygia consegue ser sempre original, ir tão dentro da personagem que inventa, descrevê-la numa linguagem tão sua, tão clara, tão rica?”

                                                                   Laura Sandroni, O Globo

“… Lygia é um caso à parte em nossa literatura para crianças e jovens. Comparada à maioria dos autores brasileiros de sucesso, no campo, ela produz pouco. Mas o pouco numérico é muito que nos falta na literatura juvenil: originalidade, sensibilidade, profundidade, universalidade…”

Edmir Perrotti, O Estado de São Paulo

Legendas das capas dos livros:

Angélica, O Melhor Para a Criança em 1975
A Bolsa Amarela, O Melhor Para a Criança, da F.N.L.I.J., em 1976
A Casa da Madrinha, O Melhor Para o Jovem, da F.N.L.I.J em 1978

Livraria Agir Editora
Rua México, 98 B, tel: 240-1978
Rio de Janeiro, RJ

Rua Bráulio Gomes, 125 (ao lado da Bib. Mun.)
Tel.: 259-4470, São Paulo, SP.

(Folha 07)

Lançamento:

Em Tchau, pela primeira vez, Lygia Bojunga Nunes optou pela narrativa curta, fazendo deste seu novo livro uma reunião de quatro histórias onde contrapõe o realismo de umas ao fantástico de outras.

Lygia Bojunga Nunes ganhou o prêmio Hans Christian Andersen pelo conjunto de seus livros: Os Colegas, Angélica, A Bolsa Amarela, A Casa da Madrinha, Corda Bamba, O Sofá Estampado. Sua obra já foi publicada em alemão, francês, espanhol, sueco, norueguês, islandês, holandês, dinamarquês e será agora traduzida para o japonês, catalão, húngaro, búlgaro e finlandês. Seus livros têm sido altamente recomendados pela crítica europeia, estão sendo radiofonizados em vários países, e um deles, Corda Bamba, foi filmado na Suécia. De 7 Cartas e 2 Sonhos surgiu a peça O Pintor.

            Livraria Agir Editora

Livraria Agir Editora
Rua México, 98 B, tel: 240-1978
Rio de Janeiro, RJ

Rua Bráulio Gomes, 125 (ao lado da Bib. Mun.)
Tel.: 259-4470, São Paulo, SP.