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A Educação pela Arte visa a estimular o comportamento criativo, desenvolvendo o senso artístico, sob forma de expressão e comunicação artística através de uma linguagem inerente ao homem que irá situá-lo no seu momento histórico e sociológico.

Através da atividade do Teatro, o indivíduo – criança, adolescente ou pré-adolescente – vivência as mais diversas formas de comportamento humano: chora, ri, luta, agride, indaga e descobre uma série de valores; desenvolve uma série de hábitos e atitudes, tais como, concentração, autenticidade, relaxação, confiança, poder de crítica e de diálogo que irão influenciar no seu comportamento afetivo e cognitivo, proporcionando ao indivíduo um crescimento global e harmonioso.

Durante a atividade, o indivíduo tem necessidade de sentir confiança no ambiente principalmente no educador. Sem essa confiança, não poderá expressar-se livremente e consequentemente haverá um bloqueio na sua busca de conhecimento próprio e de equilíbrio interior.

A confiança é fator indispensável:

– Para que a criança possa manifestar-se através da atividade criadora de forma catártica e liberadora e, através desse processo, desenvolver a sua capacidade de relacionamento consigo mesmo e com o grupo.

– Para que possa aceitar a manifestação das ideias ou da problemática dos seus companheiros, em detrimento da sua, ou vice-versa.

– Para que sinta que o grupo e o professor o aceitam com toda a sua carga, alcançando, através dessa dinâmica, um dos maiores objetivos do Teatro na Educação, que é a socialização.

Desde o berço, a criança balança as suas pernas e a cabeça para os lados, numa expressão de contentamento ou insatisfação. Mais tarde, faz caretas, gestos e trejeitos, sem se preocupar com a sua primeira plateia que é a família. Mas sente uma necessidade vital de expressar-se através do corpo. Depois, com os primeiros engatinhos e passos, busca o controle motor e o domínio do próprio corpo, aliados a uma necessidade de domínio espacial, que depois irá ajudá-la no desenvolvimento global. Em seguida, os gestos tornam-se mais amplos, os espaços dominados são maiores e ela é ajudada nessa pré-escolar pelo desenvolvimento da linguagem verbal e do grafismo, havendo inclusive um paralelismo entre o grafismo e a movimentação da criança no espaço.

Quando chega à escola, a criança ainda está muito ligada ao seu ambiente de casa, e durante as dramatizações vivência problemas familiares, imitando vocabulários, gestos e posturas assimilados da família.

Atualmente, com a penetração dos meios de comunicação, como a televisão, rádio e cinema, ela percebe, assimila, elabora incorpora ao seu processo de formação essas informações extraescolares e as vivências no Teatro, tais como, o fascinante mundo dos animais selvagens de expedições científicas e até mesmo ficções científicas. Ela traz de casa uma carga muito grande desses meios de comunicação. A criança que eu trabalhei há 15 anos atrás á realmente uma criança muito diferente daquela que eu trabalho hoje, modificou muito em termos do seu mundo. Quando eu digo “Mundo”, refiro-me ao seu campo de conhecimento que sofreu uma abertura muito grande através dos meios de comunicação.

Esta é uma fase muito ligada ao desenvolvimento sensório-motor, como já foi visto por educadores, tais como Piaget. Toda a sua dramaticidade está ligada à constante aventura dos sentidos. Ela entra numa sala de aula, rola pelo chão, pula; se agarra às paredes, às pilastras, aos outros companheiros, buscando desenvolver toda a sua percepção.

A sensibilização, que é treinada no adulto, na criança é espontânea e inconsciente: ela roda pelo chão, alisa com o pé procurando sentir as diferentes texturas, temperaturas dos objetos que a cercam.

É uma fase sensorial e implica numa percepção e absorção dos ambientes que a rodeiam.

Exatamente nessa fase, vocês verão as crianças cheirando paredes, subindo escadas, se escondendo e buscando o domínio viso-espacial. É também a fase do MAIS ALTO, MAIS BAIXO, À FRENTE, ATRÁS, ANTES, DEPOIS, EM CIMA, EM BAIXO. Isso tudo vai ter grande influência no seu desenvolvimento, inclusive na alfabetização. Além dessa procura, há uma necessidade do conhecimento do esquema corporal, pois a criança só está madura para ler depois que o domina. O Teatro tem grande importância nisso, pois esse domínio do esquema corporal pode ser muito ajudado pela atividade teatral através de jogos dramáticos específicos, como por exemplo: um espantalho preso ou um robô, onde as crianças sintam todas as suas partes do corpo, ou jogos criados pela própria criança consigo mesma, associando o seu corpo ao personagem que está representando.

Após o domínio do esquema corporal, a criança passa por uma fase muito rica de imaginação e fantasia. Esses aspectos fazem parte do desenvolvimento do pensamento. Nessa fase, a sua dramatização é construída dentro de um simbolismo muito pessoal, usando ou não a palavra, numa busca de seus próprios símbolos (aliás, um dos objetivos da arte na educação é a busca dos símbolos, num processo de individualização que só cessa quando o homem morre). A expressão está ligada à tônica do personagem escolhido por ele. Assim, o leão é o mais forte; a pantera, a onça e o puma os mais agressivos; a baleia é a maior, muitas vezes dimensionada com os edifícios da cidade e até mesmo o hippie, que é símbolo de liberdade e anarquia para a criança, serve como elemento quando a mesma quer liberar toda a carga emocional que traz para a aula de teatro.

A escolha do personagem é muitas vezes antagônica com a estrutura física ou emocional da criança e mesmo do pré-adolescente e do adolescente. Este antagonismo visa sempre uma identificação para satisfazer os seus anseios.

Depois dessa fase, a criança já domina o esquema corporal, tem o domínio viso-espacial e o pensamento em desenvolvimento, entra numa fase de interação de todos esses aspectos, aumentando o seu universo dramático e vivencial em busca de um universo global. É uma fase épica em que os personagens escolhidos por ela são heróis. Os meios de comunicação, nessa época, têm influência direta na orientação da escolha desses heróis que serão utilizados pela criança num processo de identificação. São os meninos querendo dramatizar National Kid, aqueles desenhos japoneses terríveis, horrorosos e de um tremendo mau gosto. Acredito que tudo isso vai depender da sensibilidade e do chamado “clic” (insight) do professor, de sua capacidade para levar a criança a desenvolver a sua própria criação e achar o seu herói, levando-a à descoberta do que ele intui o que seja um herói, suas qualidades e seus valores.

É importante que o educador não interfira na escolha mas que faça uma avaliação do personagem escolhido.

Sabemos que uma proposição inteligente e estimulante do potencial criador é ponto básico no desenvolvimento do processo criador.

É nessa fase que o Clube do Bolinha está no auge, como uma primeira manifestação de afirmação sexual. É necessário muitas vezes deixar que as meninas e os meninos dramatizem em grupos separados, porque as dramatizações que interessam ou satisfazem aos meninos não interessam absolutamente às meninas, que nesta fase estão muito ligadas às fadas, princesas, às mocinhas em busca da felicidade, passeio pelo campo, enquanto o menino está na selva “curtindo” uma de Tarzã ou vivendo realmente polícia, bandido, ladrão, drácula, lobisomem ou vivenciando o assalto da esquina.

É a fase realmente do “homem com homem, mulher com mulher, faca sem ponta, galinha sem pé”, e às vezes deve-se novamente reunir os dois (menino e menina) para que vá havendo a aceitação de um com o outro e se caminhe para uma sociabilização. Nesse processo, inicia-se o respeito mútuo e a conscientização da divisão dos papéis em sua sociedade.

Até os 11 anos de idade os alunos criam personagens sem muitas nuances psicológicas. A partir dos 11 anos coincidindo com o início da fase de abstração (hipotético-dedutivo) o aluno vai colorindo e aprofundando seus personagens, além de uma necessidade de preparar o ambiente, em que vão dramatizar com praticáveis, panos, biombos e toda a sorte de material que sugira a divisão de espaços.

A luz representa um trabalho fascinante. São atraídas por ela, pelo seu uso e pela transformação das cores, até mesmo quando a luz se projeta na parede, eles podem adquirir conhecimentos de cores primárias e complementares, numa ampliação de conhecimentos.

A preocupação com os figurinos começa a surgir nessa fase e vai se desenvolvendo com a necessidade de realismo. Na pré-adolescência, a dramatização infantil tem a forma definida para a criança já como meio de expressão. Através das dramatizações, demonstra ter adquirido consciência da sociedade entra num processo imitativo dos valores estabelecidos. Sente necessidade de preparação de ambiente para o trabalho com cenários, figurinos, pertencentes de cena e muitas vezes esboços de enredos, de peças ou jogos dramáticos escritos dentro de uma linguagem cênica que lhes é peculiar. Aliás, gostaria de lembrar que, até hoje, a criança aprende poesia e prosa, mas a dramaturgia nunca foi pensada e lhe é negada a não ser de forma latente na literatura infantil.

Teatro é conflito. Então, por que não começar com as estórias infantis e mostrar conflito às crianças? Conflito entre o Lobo e o Chapeuzinho Vermelho, e através disso fazer uma pesquisa, um levantamento de toda uma linguagem dramática da criança sob forma de conflito.

Na adolescência, o Teatro assume dois aspectos: o da crítica social e o da crítica a si mesmo, numa busca de conhecimento e de aceitação de sua problemática. No Teatro de crítica social, o adolescente joga toda a sua carga de conflito, quando descobre que há uma divergência entre os valores que lhe foram transmitidos e a realidade do contexto que o cerca. Durante a adolescência, há uma fragmentação da personalidade e uma busca das diversas identidades que mobilizam o adolescente.

O objetivo do educador é incentivar o educando a vivenciar nas diversas identidades, levá-lo a por em prática os valores recebidos e, através da sua capacidade de discernimento, descobrir suas verdades e valores num período demasiado conflituoso e contestatório de desenvolvimento para que não tenhamos comportamentos divergentes. A atividade teatral ajuda muito o adolescente a superar essa fase de maneira harmoniosa.

O Teatro de crítica de si mesmo e da busca do conhecimento ou aceitação de seus conflitos, ele o faz na maioria das vezes de forma violenta e numa linguagem que poderíamos chamar de Teatro absurdo, irracional e ilógico. Exemplificando, cito um grupo cuja preparação de trabalho era uma improvisação sobre futebol. A dramatização passa-se num hospício, onde a enfermeira era na verdade a única louca, pois queria que todos aceitassem a sua forma de vida. E cada um queria viver a sua própria. Aí já é o conflito do adolescente com a autoridade. A autoridade querendo ser padrão e ele sem querer aceitar os padrões. O rádio do hospício era uma caixa que tinha vida própria e animada, e transmitia partidas de futebol, dava espirros, marcava horas e temperaturas e só era ligado por meio de socos. A certa altura do trabalho, o rádio para de transmitir e sai de dentro um velho surdo e abobalhado. Para mim é irracional e ilógico. Mas tem a lógica do conflito deles.

O sexo é uma das maiores preocupações e inquietações do adolescente. Manifesta-se claramente através da busca de identificação dentro das suas dramatizações, muitas vezes sob forma de travestis.

Com isso, ele vivência situações que na maioria das vezes está em desacordo com seu comportamento social, mas que é muito mais característico do seu desenvolvimento emocional.

Todas essas afirmações são dependentes do indivíduo e do contexto econômico e sociocultural que o rodeia.

Estruturas Intelectuais

Além de todo o trabalho intelectual realizado na escolha, no sentido de aquisição de conhecimento através das diversas matérias, e que pode ser auxiliado pelo Teatro, há o aspecto por demais ligado à dramatização espontânea, que é o desenvolvimento do código verbal.

A criança começa a expressar-se através de sons onomatopaicos, imitativos, seguidos de palavras próprias, que muitas vezes são perdidas e vai também adquirindo do meio, palavras e frases curtas. Mais tarde, durante a fase pré-escolar e o início da escolar, através do Teatro projetivo a criança pega um pedaço de madeira e transforma em automóvel ou outra verdade dele. Somente o seu braço está se movimentando, enquanto ele está dramatizando toda uma situação, falando muitas vezes com o pedaço de madeira. O desenho é uma forma, durante essa fase do Teatro projetivo: a criança pega o lápis e vai falando, projetando e desenhando. Mais tarde, durante a fase do pré-escolar e o início da escolar – me refiro aqui a monólogo, porque no Teatro projetivo a criança fala por diversos personagens – vai então, procurando através disso, uma forma de expressão própria. Na maioria das vezes, ao entrar na sala de aula, a primeira coisa que a criança ouve ou vê escrito no quadro negro é “Silêncio”. Através do Teatro, dá-se oportunidade a ela de falar com liberdade, pois se ela não fala, não aprendo a ouvir, e se não ouve, não consegue comunicar-se através do código verbal que é uma forma mais direta de comunicação.

A criança nos dias de hoje recebe uma carga muito forte de linguagem verbal, se compararmos com a criança de há vinte anos: através da televisão, do cinema,do radio. Essa carga fica assimilada e recalcada, sem possibilidade de expandir-se e criar formas novas. A criança tem sempre que estar calada para não incomodar o adulto, não fazer barulho e muitas vezes tem que buscar sons, procurar, pesquisar. Dentro da atividade do Teatro ela tem essa possibilidade, o que é muito importante. Na dramatização infantil, felizmente não temos lugar para o “sente-se e fique calado”, porque se isso acontecer, não vai acontecer Teatro. Por isso mesmo, não aconselho o trabalho essencialmente mímico até os 10 anos. Não que a criança não faça mímica, refiro-me ao trabalho de mímica pura. Porque nessa fase é mais importante o Teatro estar a serviço também do desenvolvimento da linguagem. Embora a mímica seja uma das técnicas para concentração e o desenvolvimento de um trabalho de elaboração interior, acho que ela pode vir depois. Até essa fase, o trabalho de mímica deve estar inserido nos trabalhos de expressão corporal e dança dramática. Durante as dramatizações, a linguagem verbal possibilita o indivíduo a fazer proposições, frases, juízos e critérios, reflexões lógicas ou não, discussões coerentes ou incoerentes, que o auxiliarão na interação, pensamento e ação que estão a serviço do desenvolvimento da linguagem, da criação de vocábulos e expressões novas que o adulto (a não ser em forma de gíria ou piada) perdeu, devido a um tipo de educação formal linear, limitadora, e que a criança sempre toma como modelos e padrões para falar ou dialogar. Da mesma forma que a criança na sua expressão corporal assimila padrões de comunicação gestual, os quais repete para se fazer mais rapidamente entendida e aceita, com a linguagem verbal, falada ou escrita, acontece o mesmo; para efeito de rapidez, melhores notas ou aprovação ela passa a imitar padrões, quando na verdade o que precisa é o estímulo do potencial criador para expressar-se de forma muito pessoal.

Toda a Pedagogia Moderna está voltada para o processo da descoberta e o Teatro é sem dúvida um dos maiores veículos de informação da criança. Podemos levar a criança a vivenciar, por meio da atividade teatral, assuntos ligados a todas as áreas de conhecimento, através da vivência de grande parte das matérias que são fundamentais na escola. Por isso Teatro é capaz de exercer a função de elemento centralizador da expressão criativa, ou da atividade artística integrada.

Além de exercer papel formador e informador na educação, o Teatro possibilita, ao homem moderno a aquisição do que ele necessita: – estruturas mentais flexíveis, coragem para se arriscar e ausência de preconceitos. Isso é muito importante, na medida em que, atualmente, a criança mais do que nunca tem que estar amada para as constantes mudanças que se operam no objeto mundo com o qual tem que se relacionar. Dando o Teatro a vivência dessas múltiplas situações, possibilita o encontro do indivíduo consigo mesmo e com o mundo, na medida de cada um.

Conclusão

A arte deve comunicar sua mensagem., o seu conteúdo, não como simples meio de comunicação do indivíduo, mas como reflexo ou reflexão de uma sociedade. Na. Educação, a Arte também ultrapassa os limites da sua função meramente comunicativa e fica a serviço da formação do educando, provocando nele um conhecimento de si mesmo, do mundo que o cerca, da, época em que vive e da cultura à qual pertence. A Dramatização do educando, seja ele criança, adolescente ou pré-adolescente, é uma forma de educação com características próprias e fases representativas, assim como é o desenho, a pintura, a modelagem, a música ou a dança espontânea. Sendo uma forma intrínseca ao ser humano, está, portanto presente nas diversas fases da sua vida.
Da mesma forma que a criação de Teatro só é válida na medida que reflete o momento em que o ser está vivendo com sua problemática dentro do contexto-mundo, (assim foi desde a pré-história com seus rituais primitivos, passando pelo Egito, Grécia e pela Idade Média até nossos dias) assim também, a dramatização deve ser encarada, compreendida e trabalhada como reflexo de uma fase evolutiva da criança ou do adolescente.

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Helena Barcelos
É professora de Arte na Educação com estágio na Escolinha de Arte do Brasil e 16 anos de experiência no campo. Coordenadora de Arte do Instituto Souza Leão. Fundadora da Escolinha de Arte Santa Bernadete. Diretora Fundadora do Núcleo de Atividades Criativas no Rio. Técnico convidado para o I Encontro Especialista em Arte na Educação – Brasília, 1973. Professora de Criatividade – Projeto 3 – MEC. Pro­fessora dos Cursos de Teatro, da Secretaria de Educação e Cultura (Brasília – out. 1974) e do MEC-SEDEP e Centro Calouste Gulbenkian (dez. 1974).

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Obs.
Este texto foi retirado da edição especial da Revista de Teatro da SBAT, referente ao Seminário de Teatro Infantil de Curitiba de 1975, organizado pelo antigo Serviço Nacional de Teatro, do MEC, realizado no Auditório Salvador de Ferrante da Fundação Teatro Guairá, em Curitiba, no período de 3 a 7 de fevereiro de 1975.

Fazem também parte desta Revista os seguintes textos:

Apresentação do Seminário de Teatro Infantil – 1975, de Orlando Miranda de Carvalho e Beatriz Veiga
A Criança e a Linguagem Televisual, de José Renato Monteiro
A Coragem de Fazer Teatro Infantil, de Maria Helena Kühner
A Propósito de um Concurso de Textos para Teatro Infantil, de Oscar Von Pfull
Desenvolvimento da Linguagem Teatral da Criança, de Helena Barcelos
Possibilidades do Teatro como Processo Educativo, de José Antônio Domingues
Observação Pessoal sobre o Julgamento de Textos para Teatro Infantil, de Zuleika Mello
O Mundo Subjetivo da Criança e sua Interação com o Teatro, de Monica Laport
Realidade Atual do Teatro Infantil no Estado da Guanabara, de Ana Maria Machado
Teatro, Educação Tridimensional, de Joana Lopes