Ricardo Blat está sozinho no palco para contar a história do patinho feio que vira cisne.

Matéria publicada em O Globo – Segundo Caderno
Por Mànya Millen – Rio de Janeiro – 01.09.1995

Barra de Divisão - 45 cm

O Belo Estranho no Ninho

O Patinho Feio encerra o ótimo projeto Andersen, o Contador de Histórias

As histórias do escrito dinamarquês Hans Christian Andersen seduziram, há três anos, o grupo formado pela produtora Eveli Ficher, pelo autor Rogério Blat, pelo ator Ricardo Blat, e pelo diretor Gilberto Gawronski. Juntos, eles levaram ao palco dois deliciosos contos infantis: O Soldadinho de Chumbo e a divertida A Roupa Nova do Imperador, Amanhã, eles estreiam na Casa da Gávea as desventuras de O Patinho Feio, encerrando assim com um belo texto a fértil parceria do projeto Andersen, o Contador de Histórias. E, ao contrário dos espetáculos anteriores, Ricardo Blat estará sozinho no palco para interpretar o criador e a criatura.

– As crianças que nos acompanharam (Fabricio Bittar e Fernanda Rodrigues) cresceram e não queríamos simplesmente substituí-las – conta Rogério Blat. – Além disso, o próprio Ricardo já havia me dito que gostaria de estar no palco sozinho. E Eveli adorou a ideia porque ela concretiza a essência do computador de histórias. Mas, acima de tudo, fizemos porque gostamos de correr riscos.

Para o autor, quem vai estar no fogo é mesmo seu irmão Ricardo Blat:

– Ele não vai apenas contar a história. É como se a inventasse na hora, procurando as ideias. A força desse espetáculo está nele.

E Ricardo, que admira a forma como Andersen trabalha os sentimentos de rejeição neste conto, diz que “só faz teatro para estar no fogo”.

Além de encerrar o ótimo projeto, a encenação de O Patinho Feio traz outro significado especial: ela acontece no ano que se comemora os 150 anos da primeira publicação do conto.