Crítica publicada no Jornal do Brasil – Coluna Teatros
Por M. N. – Rio de Janeiro – 20.09.1950

Barra de Divisão - 45 cm

Teatro Para Crianças

Esta tomando corpo e alento teatro para crianças, sendo pioneira dessa nova fase Lucia Benedetti com a ideia vitoriosa de que teatro para crianças deve ser feito por adultos.

Associação Brasileira de Críticos Teatrais há cerca de dez anos atrás, e depois em 1942, 43 e 44 realizou no Carlos Gomes, temporadas de operetas por crianças, com grande montagem, orquestra e elencos de 40 e 50 petizes que hoje são figuras do rádio, do teatro e do cinema vocações que foram então despertadas.

Uma delas é essa adorável Daisy Lucidi, que delicia com a meiguice de sua voz sinceras inflexões, os limites do rádio, e que tem no teatro um lugar á sua espera.

O custo desses espetáculos cada vez maior o que os tornava grandemente deficitários sem que a ABCT dispusesse de fontes de renda, tornou-os impraticáveis e o teatro infantil por adultos passou a preocupação esporádica de um ou outro educador.

Lucia Benedetti consegue encenar O Casaco Encantado e os aplausos gerais a alentam. Escreve outras peças e agora nos dá mais duas.

Falta-lhe organização estável, mas é claro que o problema será resolvido e haverá na nossa cidade um ou mais teatros funcionando regularmente para crianças, lhes faltando publico, pois que enorme é a população infantil.

Teatro Monteiro Lobato – Branca de Neve – Adaptação de Lúcia Benedetti

Dary Reis desempenhou-se bem da tarefa que se impôs. Formou um elenco de profissionais. Mara Rubia, uma lindíssima Rainha, Nicette Bruno uma encantadora Branca, Jardel Filho, um Príncipe belo como todos os dos contos de fadas, as vestes regiamente de cetim, veludo e brocados, ornando-as com adereços suntuosos. Escolheu para a Aia, o Botabaixo e o Espelho Mágico figuras convencionais, devidamente caracterizadas: Laís Peres, José Valluzi e ele próprio e fez de sete crianças, sete anõezinhos desajeitados, como devem ser os anõezinhos…

Fez executar por Santana e Maria Rocha os bonitos cenários e figurinos de Nilson Penna e sobre o texto adaptado de Lucia Benedetti, produziu o mais belo espetáculo para crianças dos últimos tempos. O palco é do elegante teatro Copacabana.

A história é conhecida, coube a escritora vencer dificuldades como se diz agora de ordem técnica, reduzir à imaginosa “féerie” as proporções de um espetáculo teatral de limitadas possibilidades financeiras e encenação simples o que conseguiu conservando intacto o sabor do conto, sua dignidade e sua moral.

Agrada plenamente a grandes e pequenos e bem merecia jornadear por todos os palcos da cidade para recreio, gáudio e alegria das crianças da cidade.