Os AnimAtores apresentam Uma das de Pedro Malasarte, sobre o personagem do folclore paulista imortalizado por Monteiro Lobato.
Foto de Jorge Cecílio

Matéria publicada no  Jornal do Brasil – Caderno B
Por Eduardo Graça – Rio de Janeiro – 01.07.1998

Comemorações incluem temporada de peças só de autores brasileiros

A comemoração de 50 anos do teatro infantil no país começam neste sábado com o lançamento da temporada de peças gratuitas no Museu da República. Até outubro, quatro peças infanto-juvenis, com um pé no folclore brasileiro serão apresentadas na varanda do Palácio do Catete. Os espetáculos, sempre aos sábados e domingos, às 11h, são todos baseados em textos nacionais. “A programação de teatro do museu, aliás, terá esta ênfase: apresentar sempre textos nacionais”, conta Antonio C. Bernardes, coordenador do setor no Museu.

Cia. de Teatro AnimAtores abre a programação com seu Uma das de Pedro Malasarte, premiado espetáculo infantil no último Festival de Teatro de Ponta Grossa, no Paraná. A peça, apresentada em março no Castelinho do Flamengo, conta a história do caipira Pedro Malasarte, personagem tradicional das histórias de tradição oral do interior paulista, imortalizado por Monteiro Lobato. “A peça mostra um grupo de atores que pretende encenar uma peça e se mete em hilárias confusões”, conta o diretor e autor da peça Jefferson Rocha. A transposição do universo medieval europeu para o cenário sertanejo se dá inclusive através de um dos cenários utilizados pela trupe: um coração itinerante próprio do teatro mambembe.

Se Uma das de Pedro Malasarte quase namora com os espetáculos circenses, com os atores Fábio Freitas, Leonardo Carnevale, Miriam Mastesouz e Ricardo Alves se revezando em pernas-de-pau, acrobacias e marionetes, as demais atrações trilham por outras tradições. O grupo Cordão do Boi Tatá, apresenta em cada fim de semana de agosto, uma faceta de seu trabalho: a banda de pífanos, as cirandas, os contos indígenas, os contos folclóricos, o forró e o Auto do Boi. O Cordão é formado por treze atores-músicos-dançarinos, que há anos pesquisam manifestações como o bumba meu boi maranhense, o boi-bumbá da Amazônia, o jogo da Serinha e o calango mineiro.

Nos meses seguintes se apresentam a Cia. do Benedito, com a peça Será o Benedito?, de Lula Braga, com enredo inspirado no Mamulengo, o teatro de bonecos nordestino, e a Confraria da Paixão, com o espetáculo A História do amor de Romeu e Julieta, de Ariano Suassuna. Em sua versão brasileira para o clássico de Shakespeare, Ariano incorporou ao text9o o balanço do Cordel. A Confraria da Paixão encerra o ciclo exatamente quando se comemora os 50 anos da apresentação de O Casaco Encantado, de Lucia Benedetti, no Teatro Municipal, marco inaugural do teatro infantil no país. A temporada popular de teatro infanto-juvenil do Museu da República deve se repetir no próximo ano no palco que está sendo construído ao lado do Museu do Folclore. “Nosso objetivo é trazer peças que estejam saindo do circuito para apresentações gratuitas no Museu”, avisa Bernardes.