Crítica publicada em O Globo – Rio Show
Por Luciana Sandroni – Rio de Janeiro – 27.09.1991

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Sopa de Letrinhas

A preguiça fecha as cortinas

Sopa de Letrinhas de Cláudio Ramos, conta a história de um menino que não gosta de ler. Mas a Namorada, a Empregada e um Livro antropomorfo têm um plano para introduzi-lo à leitura. As aventuras do enredo do Livro começam a acontecer e o menino precisa ler o texto para salvar a Namorada e tirá-la do mundo do mal, personificado pela Preguiça. Apesar da boa ideia, Cláudio Ramos empobrece o texto ao trabalhar, sem originalidade, a velha fórmula do bem contra o mal, passando uma ideia maniqueísta.

O texto se torna piegas quando surge a “caixinha da imaginação” que vai matar a Preguiça. Ramos, preocupado com a mensagem, passa ao largo da poesia, esbarrando sempre no banal. A ideia central de incentivar a criança a ler se perde: o Menino lê, não pelo prazer da história bem contada, mas sim para saber como salvar a Namorada.

A direção, do próprio Ramos, é tradicional e sem novidades. Os figurinos e a cenografia, de José Carlos Assumpção, também são óbvios. O Livro (Élcio Contti) é um personagem didático e artificial. A coreografia de Geraldo Laclau é preguiçosa e repetitiva.Cláudio Ramos faz um Cachorro simpático e engraçado. Duda Little, no papel de Namorada certinha e estudiosa, é mal aproveitada. E Eduardo Macieiras está bem como menino.

Sopa de Letrinhas tem boas intenções. Pena que a preguiça vença no fim.