Matéria publicada no Jornal do Brasil – Caderno B
Por Eliana Yunes – Rio de Janeiro – 16.04.1987

E a eterna magia de Mogli, são alguns dos encantos dos feriados

O encanto dos elefantes no Bartolo Circus

A beleza plástica de Irmão Grimm, Irmão Grimm

Barra de Divisão - 45 cm

Para Sair de Casa

As crianças ficaram em casa nestes últimos dias, mas… nada tão insosso e distante das folgas sonhadas! Não tendo “com quem ficar em casa”, o jeito foi mesmo ir para o trabalho com os pais, coisa interessante nos primeiros lances da novidade; depois penosa com o controle e o horário impostos. Ou o remédio foi se consolar com os desenhos animados da TV, em reprises sem pudor, não importa o canal ajustado; aí também as gracinhas dos apresentadores já viraram clichê. Depois de tanto sofrimento, o céu por recompensa nestes santos feriados que prometem, se o tempo estiver bom.

Para quem fica no Rio, sugestões que se espera sejam preferidas ao menos por aquela uma entre 10 crianças que se mantém rebelde à pasteurização dos programas:

Circo. Para ver o Bartholo tem fila, poeira, calor, mas a fascinação do trapézio, dos mágicos e a doçura dos velhos elefantes são cativantes. Antes ou depois, passar pelo museu Édison Carneiro, no Catete, para ver uma exposição em miniaturas de argila, madeira e muitas cores, que fala do Circo, Arte e Tradição, com a ótica da cultura popular.

Cinema. De sexta a segunda, no Cine Estação Botafogo, três chances diárias de ver preciosidades do cinema, fora dos circuitos comerciais. Às 14 hs, Mogli, o Menino Lobo, de Zoltan Korda (1942), primeira versão para as telas do Jungle Book; às 15h e às 16h, Festival Carlitos e O Gordo e o Magro, numa seleção de curtas que faz surpresa para os novos espectadores desses velhos personagens.

Teatro. Para quem prefere os contos de fada, há duas super montagens em cartaz Irmão Grimm, Irmão Grimm (um livro aberto no palco), e A Bela Adormecida, com tudo a que o sonho manifesto tem direito. Vale a pena, ainda, ver as reprises de O Mágico de Oz e O Menino Maluquinho, apesar de algumas limitações dos teatros. E como domingo é Dia do Índio, quem sabe? Semente de Tupã, que estreia no fim de semana. Para os jovens, o programa é assistir a montagem de O Ateneu.

Exposições. Mesmo com as galerias fechadas, há para todos os gostos, desde Dom Pedro, no Paço Imperial, até a importante Macuxi: Uma Campanha para a Constituinte, no Museu do Indio, que testemunha o esforço de uma raça para emergir de uma dominação de 500 anos. No Cine Ricamar, a mostra das peças do Ritual de Cura Pankararu, áudio visual projetado entre as sessões de cinema. No mínimo, curiosa e desmistificadora, no Museu da Chácara do Céu, está Banheiros: História e Arte, que põe a nu uma intimidade cercada de muitos véus.

Passeio. Imagine o Jardim Botânico, esse lugar comum, povoado de vitórias-régias que se abrem neste abril à visitação, embora as crianças não possam provar que suas folhas suportam até 45 quilos de peso. Na grama, homenageie Lobato (que aniversariava dia 18 de abril) lendo em voz alta (olá, pais!) algum livro em que os filhos “desejassem morar”. Fora isto, uma visita à exposição do Centro Cultural, sonho inspirado na própria natureza do Jardim Botânico.