Crítica publicada no Correio da Manhã
Por Paschoal Carlos Magno – Rio de Janeiro – 24.12.1948

O Anel Mágico, no Fênix, e a Revelação de Edgard de Vasconcelos

Sandro encenou o original do Sr. Alberto Rebelo de Almeida O Anel Mágico, especialmente para crianças. Deu-lhe bonitos cenários do Sr. Santa Rosa, que também desenhou os figurinos executados com gosto. A peça dividida em três atos, conta a história da princesa raptada por um mágico, dono de um anel de poderes misteriosos.

Um príncipe que a amava, mais o bobo da corte de seu pai e dois cavaleiros da mesma, aceitam a incumbência de salvá-la dos malefícios do mágico e trazê-la viva e bela ao convívio dos seus. Vão os quatro pelo mundo afora, perdem-se no sombrio de uma mata, amedrontando-se com a voz dos ventos descabelando as árvores, quando o gênio da floresta, (Sr. Marco Aurélio) que tem a graça e agilidade de Ariel e Puck, aparece-lhes para ajudá-los. Guia-os até o mágico que sucumbe ao peso de uma pedra, que não chega a encher sua mão fechada, mas peso como se tivesse o tamanho do mundo. A princesa e seus salvadores, exterminado o mágico voltam, no terceiro ato ao palácio de seus pais, e o anel que tantos, eles espalhava, ao contacto de sua mão se transforma em rosas. Essa é em linhas gerais a história, o Sr. Alberto Rebelo de Almeida a bem conduziu.

Crianças e adultos se interessam pelo desenvolvimento dela. Os grandes mais que os pequeninos melhor avaliarão a beleza de certas passagens, de uma delicadeza poética realmente admirável. É pouca a intervenção da Sra. Maria Della Costa (Princesa), mas a faz com mocidade e graça. O Sr. Augusto Aníbal (Rei) e a Sra. Itália Fausta (Rainha) – tenho a impressão que pouco sabiam seus papeis, assim como a maioria dos intérpretes – fizeram muito rir a plateia superlotada de meninos. Os Srs. Fernando Vilar (Príncipe) e Wallace Viana (Cavaleiro) e Helvécio Alvarez (Sábio). Elídio Costa, Luis Oswaldo, Nilson Penna (Mágico) sofríveis. Este encarregado papel principal da peça tinha seu nome omitido do programa, lapso que a empresa cumpre, nos próximos espetáculos, corrigir O Anel Mágico enriquece nosso teatro com um artista jovem de imenso mérito Sr. Edgar de Vasconcelos que vem dos quadros do “Teatro Universitário”, como o “Bobo” é o ponto alto do espetáculo: vivo, ágil, alegre, dizendo muito bem, sua presença interessa sempre.

P. S. – O Anel Mágico poderá ser hoje visto, às 20 horas e amanhã às 10, 16 e 20 horas. Domingo às 10 e 16 horas.