Ilo Krugli

Barra

Desde Criança, Teatro de Bonecos

Nasci em dezembro de 1930, em Buenos Aires. Em 1935 ou 36 o Garcia Lorca esteve em Bueno Aires. Ele adorava teatro de bonecos e juntamente com artistas plásticos, poetas e atores, faziam apresentações no saguão do teatro, Onde ele tinha o espetáculo noturno. Isso deflagrou em Bueno Aires um grande movimento de teatro de bonecos. Ele ficou quase um ano na cidade, mas lamentavelmente teve que voltar para Espanha, o movimento continuou e pouco tempo depois foi fuzilado.

Eu tinha oito anos quando a professora do primário me ensinou a fazer bonecos. Ela me deu de presente um livro de um poeta e titeriteiro Javier Villafañe. Ele percorreu toda a América Latina, inclusive o Brasil, fazendo principalmente teatro para crianças. Foi a partir daí que eu comecei a fazer bonecos. A base dos bonecos era uma cabaça que trabalhávamos com papel maché. A impaciência de fazer um espetáculo no mesmo dia fazia com bolássemos o espetáculo e nem deixássemos a massa do boneco secar. No final da tarde despencava o nariz, despencava tudo. A grande brincadeira era fazer teatro mesmo. Lembro que fazia um espetáculo chamado O Príncipe Feliz. Só na adolescência é que eu descobri que o autor era Oscar Wilde.

Tenho impressão que aprendi essa história numa das escolas primárias que frequentei. Eles nos levavam regularmente para ver espetáculos, que hoje seriam considerados apenas para adultos. O espetáculo do Oscar Wilde deve ter sido programado e eu não pude ir, talvez por falta de dinheiro, pois os alunos é que pagavam os ingressos e a passagem. Acho que um dos alunos me contou como tinha sido a peça e partir daí comecei a representar O Príncipe Feliz, que era até bastante fiel ao original. Mas acho que a primeira peça que vi foi de Tolstoi.

Eu morava numa espécie de cortiço, no segundo andar de um sobrado. A gente se apresentava na escada. Às vezes, eu invertia e o público sentava na escada e nós ficávamos embaixo fazendo o espetáculo e por isso a gente chamava de “Teatro ao Pé da Escada”.

De quatorze aos dezesseis anos minha formação profissional foi uma escola técnica de artes gráficas que não acabei. Fiz dois dos três anos necessários para o diploma. Fiz litografia, e frequentei alguns ateliês de escultura, pintura e cerâmica.

Num dos ateliês, trabalhei com uma escultora e pintora chamada Cecília Marcovith. Ela era romena e afiliada a um grupo de artistas plásticos neocubistas. Tinha estudado em Paris com André Loth. Parece que este não foi um pintor brilhante, mas muita gente estudou com ele. Também era do grupo dos Cubistas. Depois fui para uma oficina de artes plásticas onde se fazia realismo socialista. Fiquei lá pouco tempo e a partir daí resolvi trabalhar sozinho.

Entre dezesseis e dezoito anos trabalhei muito com cerâmica e com teatro de bonecos. Montamos um grupo e fizemos inclusive algumas peças do Javier Villafañe. Também trabalhei com bonecos na periferia de Buenos Aires e isto durou uns dez anos. Éramos um grupo pequeno e teve uma pessoa que trabalhou comigo durante muitos anos, o Pedro Dominguez.

Com vinte anos eu tinha uma oficina de cerâmica. O Pedro devia ter uns quinze e ele se ofereceu para trabalhar como aprendiz. Era super habilidoso e rapidamente aprendeu a fazer de tudo, inclusive bonecos. Isso durante uns cinco, sete anos. O grupo chamava TA-TE-TI e trabalhávamos num teatro, desses experimentais que na época tinha muitos em Bueno Aires.

Mambembando pela América Latina

Quando recebemos um convite para fazer espetáculos no norte do país, na região dos Andes, num estado chamado Jujuy, na fronteira com a Bolívia, ele foi comigo. Acabamos passando para o outro lado da fronteira e para mim foi uma experiência rica reveladora, pois para quem morou em Buenos Aires era um estilo de vida totalmente diferente. Foi uma mudança que mudou minha cabeça.

Com a expectativa de viajar pela América Latina, mudamos o nome do grupo para Cocuyo, que é uma espécie de cigarra e atravessamos a Bolívia. Passamos numa cidade fantástica chamada São Luiz de Potossi, onde devíamos ficar uns dias e passamos mais de mês. Chegamos até a ganhar dinheiro. Na época tinha ocorrido uma revolução na Bolívia e o pessoal do sindicado mineiro nos adotou junto com a Universidade e começamos a fazer espetáculos em muitos lugares da cidade. Coincidiu que a Universidade também ia receber um forno para cerâmica e nos ofereceram trabalho. Pedro eu voltamos então para Bueno Aires para fechar o ateliê de cerâmica, onde ainda ficamos uns oito meses, antes de retornar para Bolívia. Acabamos que não retornamos para a cidade de São Luiz de Potossi. Os Estados Unidos que ia doar o forno recuou por problemas com o reitor da Universidade. Só que eu já tinha recebido outro convite em La Paz, o de ocupar o lugar de uma pessoa que estava viajando para Europa. Acabei também não assumindo o posto nesta escola, pois se ganhava muito pouco e voltamos a mambembar e rodar por todo país. No início éramos umas quatro pessoas, mas no final acabamos mesmo só eu e o Pedro. Fomos para o Peru, chegamos a Cuzco e trabalhamos por lá, durante quase um ano. Acabamos sendo expulso do Peru, por falta de documentação.

Na Bolívia, nós tínhamos ficado muito amigos do pessoal da embaixada brasileira, na época o adido cultural era o Thiago de Mello. Quando voltamos, o adido era um jornalista chamado Carlos David e ele sugeriu para nós viéssemos para o Brasil trabalhar com o Augusto Rodrigues, na Escolinha de Arte do Brasil, que ele conhecia. Ele conseguiu uma passagem bem barata, naquele Trem da Morte e assim chegamos ao Brasil, com local e indicação certa.

A Chegada ao Brasil

Por isso é que eu te digo como as coisas se encaixavam, parecia que já estava planejado. Quando Javier Villafañe esteve no Rio de Janeiro ficou amigo do Augusto Rodrigues, influenciou-o e deflagrou seu trabalho de Arte Educação. Além disso, o Javier também ensinou a Maria Clara Machado a fazer bonecos, quando a conheceu nas famosas domingueiras do pai dela, o Aníbal Machado.

Primeiro procuramos a Embaixada Argentina e eles também conheciam o Augusto Rodrigues. Acabei no dia seguinte conhecendo o ateliê de gravura do Museu de Arte Moderna e me informaram que o Augusto estava lá. Já no sábado seguinte estávamos fazendo o primeiro espetáculo na Escolinha de Arte do Brasil.

A Escolinha ficava na Av. Marechal Câmara, no 4º andar da Secretária de Agricultura, e foi lá que foi criado o primeiro espaço de trabalho, onde iniciamos um curso de teatro de bonecos. Muita gente participou e foram alunas, Lúcia Coelho, que era professora do Bennet, Silvia Aderne e a irmã, Laís Aderne, a Cecília Conde. Teve gente do Museu do Inconsciente que a Nice da Silveira enviou para fazer o curso, e ai começamos também a tocar em outra realidade. Uma pessoa que para mim foi muito importante foi a Margarida Trindade, que era a mulher do poeta Solano Trindade. Enfim, foi passando muita gente e nós sempre fazendo um trabalho com crianças e jovens.

Segundo a Lúcia Coelho, foi em 1963, durante uma aula que dei para desenvolver uma experiência de bonecos sem bonecos, é que eu criei um trabalho, que seria a base do espetáculo História de um Barquinho ou Um Rio que Vem de Longe, que até hoje apresento com animação de mãos.

Trabalhei onze anos na Escolinha de Arte do Brasil. Depois saí do país por alguns meses, voltei nos anos 70 e criamos uma escola chamada Núcleo de Atividades Criativas, que ficava no Humaitá. Passaram dois anos e resolvi que viajar para o Chile.

História de um Barquinho

Como eu disse foi em 1963, que o Barquinho começou a ser apresentado com alunos na Escolinha. Lembro que fizemos também na Casa das Palmeiras, que era uma Clínica que a Nice da Silveira coordenava. Apresentamos no Conservatório Brasileiro de Música. Ainda uma parte das músicas que uso, foram pesquisadas pela Cecília Conde, a outra parte é criação do Ronaldo Motta. Mas só em 1972 é que realmente virou um espetáculo. A Secretaria de Cultura realizou um Festival no Teatro Gláucio Gill e ganhamos o primeiro lugar.

Depois desse festival, em 1973, mais uma vez resolvi viajar e fui para o Chile. Lá também trabalhei com o Barquinho, e criei o Grupo Manos.

Quando ocorreu o golpe militar e a derrubada de Salvador Allende, fui preso. Acho que me salvei porque no Brasil tinha muita gente rezando por mim Fiquei ainda um pequeno tempo em Buenos Aires, querendo saber o que ia fazer da minha vida, com um pouco de medo de voltar para o Brasil, porque a situação política também estava difícil, mas no Chile era dez vezes pior.

No final de 1973, acabei decidindo voltar para o Brasil, pela fronteira como cidadão argentino e quando cheguei ao Rio, comecei a fazer um trabalho numa escolinha que tinha no Aterro do Flamengo, no Pavilhão Japonês.

História de Lenços e Ventos
 
No início de 1974, recebo um telefonema de Curitiba me pedindo para participar de um Festival de Teatro de Bonecos para Crianças. Eu disse que não tinha nada para apresentar, que não tinha grupo, que tinha voltado fazia pouco tempo. Devia ser alguém que conhecia meu trabalho, porque me disse para levar um boneco e improvisar algo.

Eu comentei com Caíque Botkay, que tinha sido meu aluno no Conservatório de Música e ficado meu amigo e ele me incentivou a fazer alguma coisa. A verdade é que eu estava carente de teatro e decidi fazer alguma coisa. Juntamos outros amigos, a Alice Reis, a Bel, que foi morar em Portugal, o Beto Coimbra que trabalhava como fotógrafo e de uma maneira pouco pretensiosa – não que agora eu seja pretensioso, era espontâneo – que começamos o trabalho, nós cinco.

Um dia o ensaio era na minha casa, outro dia na casa do Beto. No primeiro dia não tínhamos nada. Reunimos alguns objetos, papéis, latas, panos, lenços alguns bonecos – que quase nem foram usados – e começamos a improvisar. No segundo dia eu já tinha escrito as primeiras cenas.

No décimo primeiro dia a história estava completa e chamamos de História de Lenços e Ventos. Até as canções estavam prontas, pois o Caíque começou a compor logo nos primeiros ensaios e o Beto se somou à experiência musical.

Foi um trabalho lindo. No décimo segundo dia, apresentamos na Escolinha do Pavilhão Japonês, no Aterro e no décimo terceiro estávamos a caminho de Curitiba, no carro do Caíque. De repente percebemos que o grupo ia apresentar um espetáculo e não tinha sequer nome. É claro que as pessoas me conheciam, mas tentamos descobrir um nome durante a viagem, mas nada vingou. Pensamos em Geomagia, mas realmente não vingou. Apresentamos o espetáculo no Centro de Criatividade, forramos o chão com papeis e jornais. Deixamos algumas cadeiras em volta, mas a maioria sentava mesmo no chão. Quando as músicas começaram e o público acompanhou batendo palma eu interrompi o espetáculo e disse que não batessem palmas, pois não era um programa de auditório.

Às vezes ainda uso esse argumento com o público. Eu pensei até que o público iria me odiar por interromper a alegria deles. Mas o espetáculo foi muito bem até o final e foi muito aplaudido. Foi um impacto muito grande. O público ficou muito entusiasmado, inclusive pessoas do SNT – Serviço Nacional de Teatro que lá estavam. Fez tanto sucesso que quando voltamos, decidimos continuar nos apresentando. Nesta época era assim, era quase como quando eu era criança, fazia os bonecos de manhã e nos apresentávamos a tarde. Bastava a vontade de fazer e o grupo me estimulava.

Nasce o Ventoforte

Quando voltamos de Curitiba, a Silvia Aderne se integrou ao grupo, pois a Bel queria sair. Ensaiamos ainda um mês e estreamos no Museu de Arte Moderna. Ainda não tínhamos nome, éramos um grupo sem nome. O programa era de papel de jornal, só com o nome do espetáculo e dos atores. O sucesso foi enorme e a Ana Maria Machado publicou uma matéria grande – naquela época os jornais davam bastante espaço – de duas páginas com fotos e o título era Vento Forte no Teatro para Criança do Brasil. E esse nome ficou. Ficamos com o espetáculo no MAM o ano todo. Passaram por lá mais de cem mil espectadores. Depois fizemos uma temporada de dois ou três meses no Teatro Opinião e voltamos em 1976 no Teatro Gláucio Gill.

Os Primeiros Prêmios

Em 1974, a Associação de Críticos do Rio de Janeiro premia História de Lenços e Ventos e em 1976 quando voltamos a fazer o mesmo espetáculo ganhamos o Molière de Incentivo ao Teatro Infantil, que havia sido criado um ano antes. Na primeira premiação quem ganhou foi o Grupo Quintal.

Eu soube pela Ana Maria que fazia parte de parte do Júri, que eles não queriam me dar o prêmio, alegando que a peça era de 1974. Naquele ano eu tinha sido indicado a um premio numa categoria especial, mas quem ganhou foi o Orlando Miranda pelo trabalho frente ao SNT. Em 76 a Ana Maria discute com o júri até conseguir que o prêmio fosse dado a Lenços e Ventos pela sua importância, sem dúvida.

Em 1975, também no MAM, estreamos Da Metade do Caminho ao País do Último Circulo, que recebeu o Prêmio SNT. O texto ganhou o Concurso de Textos da Fundação Guairá e foi publicado em Curitiba. A primeira versão do texto era realizada em dois dias. A primeira parte num dia e a segunda no dia seguinte. Logo percebemos o quanto essa novidade era difícil para o público. Tanto para eles voltarem logo no dia seguinte, como para os que chegavam e estávamos na segunda parte.

Como o Lenços e Ventos teve muito sucesso, tínhamos dois horários a tarde, inicialmente as 16 e 18 horas e depois as 15 e 17 horas, pois acrescentamos mais um horário só para o público adulto às 20 ou 21 horas, não lembro.

Foi daí que surgiu a ideia fazer uma versão para crianças e outra para adultos com o Último Circulo com uma proposta que fosse diferente. A diferença mais fundamental é que a tarde não tinha a personagem Morte, e também a sequência de cenas do espetáculo era diferente. Então nós tínhamos que ter na cabeça duas peças diferentes.

Um dos atores que ficava sentado na plateia – o Pedro Veras que já faleceu é quem fazia a personagem – comentava, discutia e questionava com os atores sobre o espetáculo. Numa sessão vespertina, uma mulher da plateia, foi até a bilheteria e mandou chamar a polícia, pois ela achava que tinha um homem que esta incomodando o tempo todo e atrapalhava o espetáculo. Esse tipo de intervenção era novidade.

A seguir veio Frederico Garcia Lorca e suas Pequenas Histórias, que com o tempo acabamos chamando de Pequenas Histórias de Lorca. Um espetáculo adulto, falando de Lorca de quem eu já era admirador.

O Mistério das Nove Luas

O processo de trabalho do O Mistério das Nove Luas foi um pouco diferente. O grupo começou a reivindicar uma criação coletiva. Uma coisa é certa, ninguém tem dúvida que realmente eu centralizo muito o trabalho. Eu coloquei algumas ideias de um novo espetáculo que eu queria fazer. Mas o Beto e a Sílvia não queriam mais fazer espetáculos adultos. Não queriam viajar com o “Lorca” pelo país, e acabaram se afastando e montando outro grupo, o Hombu. O Caíque já tinha saído porque ficou doente.

Eu tinha essa ideia sobre O Mistério, mesmo assim ficou essa história de criação coletiva e eu chamei duas pessoas do grupo, o Paulo César Brito e a Sônia Piccinin e com os dois comecei a elaborar o texto. Eu achava que muito mais coletivo que isso não daria certo. Acho que teatro é sempre coletivo, mas tem que ter alguma afinidade para se trabalhar em conjunto no texto.

A divisão do grupo foi muito sentida, difícil e eu propus elaborar essa separação de uma forma mítica. Assim como elaboraria uma comunidade. A coisa pessoal não interessava. Estreamos no final de 1977, Teatro Ginástico, mas não deu certo. Tivemos problemas com o espetáculo adulto. No começo do ano seguinte voltamos a estrear no Teatro do SESC Tijuca e foi uma temporada maravilhosa. Depois então começamos a viajar por várias cidades em Goiás, Minas, Brasília, Maranhão. Quando estávamos em São Luiz, o Humberto Braga me telefonou para dizer que havíamos sido premiados pelo SNT e queria saber se poderia chamar a Vanderléia para receber o premio.

Essa história é engraçada. A Vanderléia tinha visto O Mistério e se apaixonado pelo espetáculo e queria que eu dirigisse um show para ela – coisa que nunca aconteceu. Vinha conversar comigo e ficamos horas papeando – é uma pessoa incrível e tem uma boa cabeça. Um dia ela me convida para ir com ela ver o show do Caetano e da Bethânia no Canecão. Quando entramos é que pude notar a popularidade que ela tinha. O Humberto estava lá e nos viu. Quando ele falou na Vanderléia, eu fiquei meio receoso. Me parecia meio exploração. Mas eles acabaram convidando-a e ela foi receber o meu prêmio. O Mistério recebeu várias indicações, premio de direção e figurino e foi um dos cinco melhores espetáculos. Logo em seguida ligaram de novo, me convidando para montar um texto de teatro de bonecos chamado Sonhos de um Coração Brejeiro Naufragado de Ilusão de Ernesto de Albuquerque, que tinha recebido o primeiro prêmio num Concurso de Teatro de Bonecos, onde eu fui um dos jurados e que o INACEN iria produzir. O Humberto queria que essa montagem fosse apresentada num Festival no Uruguai. Viajamos então, com o nome oficial de Companhia Dramática Brasileira.

Era um cordel que apresentávamos tanto para crianças como para adultos, de tarde e de noite. Montamos em um mês com o pessoal do Ventoforte. Estreamos em 1978, no Uruguai, numa cidade perto da fronteira chamada Artigas, muito linda. Depois fomos para Montevidéu, Buenos Aires, Porto Alegre, Curitiba e ao voltar o Rio eu fiquei doente, peguei hepatite e não conseguimos estrear. Finalmente estreamos no Rio, no Glauce Rocha e recebemos convite para irmos aos USA, num Festival em Washington.

Na época, também recebemos um convite para o Festival Horizonte na Alemanha apresentar O Mistério das Nove Luas. Aproveitamos para ir a Portugal, onde apresentamos o espetáculo Coração Brejeiro. A repercussão na Alemanha foi muito boa. Até diria muito fácil. Eles pediram para fazer mais apresentações do que tinha sido combinado. Eram cenas o que facilitava a compreensão. Nos Estados Unidos, O Sonho de um Coração ia acompanhando de um programa traduzido, com alguns desenhos que eu fiz, que recriava cena por cena. A receptividade foi muito boa e nos apresentamos em cinco cidades.

A mudança para São Paulo

Quando voltamos dessa viajem, pensei em mudar para São Paulo. Toda vez que a gente vinha aqui, era muito sucesso. As pessoas diziam, vem pra cá, porque vai ser tudo melhor, vamos conseguir espaço para vocês trabalharem. Foi uma nova migração. Viemos com O Mistério das Nove Luas. Isto foi em 1980. Alugamos um espaço, construímos uma arquibancada, chamamos de Casa Ventoforte e montamos Lenços e Ventos, que em São Paulo volta a ganhar como um dos cinco melhores espetáculos do SNT, direção no Mambembe e o Prêmio APCA de melhor espetáculo e um especial grande Prêmio da Crítica.

Começamos a trabalhar com oficinas e com muitos alunos e o nosso primeiro espetáculo, em 1981, foi Luzes e Sombras. Era um espetáculo com brincadeiras, cirandas, jogos participativos.

Paralelamente a este trabalho o espetáculo A História de um Barquinho seguia seu percurso, ganhando como um dos cinco melhores espetáculos do SNT, e direção no Mambembe. Eu também ganhei o Prêmio APCA como diretor pelo Barquinho e Luzes e Sombras.

Osvaldo Gabriele Chega ao Ventoforte

Quando estivemos em Buenos Aires levando Sonho de um Coração, o Osvaldo trabalhava como contratado num dos melhores grupos de teatro de bonecos – o do Teatro San Martin – que é do Estado e que tem muitas salas. Ele se aproximou do Ventoforte, ficou amigo e quando voltamos, ele começou a se corresponder principalmente com a Sônia Piccinin e comigo e numa ocasião ele nos escreveu dizendo que estava servindo o exército e que depois disso queria sair da Argentina e vir trabalhar com a gente aqui no Brasil. Chegou em São Paulo e começou a trabalhar, no espetáculo Luzes e Sombras, substituindo alguns  atores. Em 1982, dirigiu O Misterioso Pássaro de Barro, que era um espetáculo totalmente dele, mas produzido pelo Ventoforte.

Em 1983, resolvemos fazer outro espetáculo adulto História de Fuga, Paixão e Fogo. Foi um trabalho maluco e não deu muito certo. Essa montagem levou um ano para ficar pronta e foi complicado, tinha muita gente trabalhando, quase vinte pessoas. Estreamos no SESC Pompéia.

Voltamos para o infantil e em 1984, na comemoração dos nove anos do Ventoforte montamos Fazendo uma Flor, que fiz em parceria com o Osvaldo. Levamos duas semanas para montar. Tem uma música linda, do maranhense Tião de Carvalho: “Estou fazendo uma Flor. Com que? Com que? Com as minhas mãos. Com o meu violão. A minha emoção e o meu coração e a saudade de você”. São três histórias e a gente brinca com elas.

Continuamos a trabalhar com os alunos e com eles montamos Brinquedo da Noite, que era uma espécie de continuação de Luzes e Sombras, só que a temática era sobre o que as crianças faziam de noite? Mostrava a questão da desobediência, dos pais… A ideia e o roteiro são meus, mas a direção era do Paulo César Brito. O texto foi feito com depoimento dos alunos, escrito junto eles. Foi uma experiência tão boa, que tenho vontade de refazer com uma turma que começou este ano.

Depois fizemos com os alunos As Quatro Chaves, que foi montado em uma semana. Era mais um roteiro que se desenvolvia frente ao público. Mas tinha uma sequência certa, com a apresentação dos personagens. Fazíamos o público organizar as vontades e desejos dos personagens. Era um espetáculo completamente participativo e este espetáculo foi apresentado durante anos. Paramos há uns cinco anos atrás e este ano voltamos a fazê-lo. Como disse eram espetáculos feitos com os alunos, mas entravam em cartaz na Casa do Ventoforte.

Um Novo Espaço

A Casa do Ventoforte era alugada, o aluguel era alto, a manutenção difícil. Então em 1984 decidimos sair à procura de um espaço. Começamos a solicitar, pesquisar, fomos a muitos lugares conversar com as autoridades. O local onde agora estamos era um lixão, um terreno vazio e com catadores de lixo recolhendo material. Em 29 de junho de 1984, dia de São Pedro, resolvemos invadir esse terreno. Fizemos uma fogueira, uma mesa com comida e começamos a limpar o local. A Administração Regional da Prefeitura nos autorizou a ficar, mas não tínhamos nenhum papel. Como não tínhamos dinheiro, alguém conseguiu um contato com a Petrobrás e com a verba conseguida, cercamos o terreno, começamos a construir e a plantar. Não existia essa floresta antes, tudo isso foi plantado.

Nosso primeiro espetáculo no novo local foi Labirinto de Januário, em 1985. No ano anterior, o texto já havia sido premiado no Concurso de Textos do INACEN. A montagem recebeu o Molière e o APCA de 1985 e em 1986, o Prêmio INACEN como um dos cinco melhores do ano, além do Mambembe pela produção e música.

É a história de um menino da cidade, que sonha em andar de cavalo e ir às festas de mouros e cristãos. Foi inspirado nas cavalhadas. Antes de começar o espetáculo, eu contava para as crianças que as roupas penduradas no varal eram de pessoas muito pobres e que elas estavam esperando que as roupas secassem para se vestir e começar o teatro, pois era a única roupa que tinham. Só que alguém rouba as roupas e eles são obrigados a vir para o palco enrolados em panos. Então a personagem Censura que está sentada junto ao público diz que eles não vão poder ficar, pois os panos podem cair e eles ficarão nus e ela não ia autorizar que eles participem do espetáculo.

Nesta época tínhamos que apresentar o espetáculo para os censores da Polícia Federal. Aqui vinham sempre duas mulheres para averiguar o que podia ou não ser mostrado para o público. Nossa personagem Censura do Labirinto, chegou a conversar muito com elas antes de se apresentar como Censura do espetáculo. Foi muito engraçado. Realidade e teatro misturados.

Premiados em Cuba

Em 1986 fomos para Cuba. Apresentamos História de Lenços e Ventos no Teatro Nacional. As 4 Chaves  e História do Barquinho na Praça de Armas. Foram umas três apresentações de cada espetáculo e com um elenco todo novo. Tempos depois soubemos que o Lenços e Ventos ganhou o premio de melhor espetáculo visitante da temporada.

De volta a São Paulo, ainda em 1986, montamos Qualquer Homem é Suspeito. Foi a primeira versão do espetáculo que realizei em 1996 chamado Sete Corações, Poesia Rasgada. Como você pode notar a cada dez anos, montamos algo baseado em Lorca. Qualquer Homem é Suspeito era para crianças e para adultos montamos Choro Lorca.

Muita gente telefonava e perguntava: suspeito de que? Esse título mexia muito com as pessoas, com a estrutura familiar, com a moral… Porque na minha família não tem ninguém suspeito! – era a reação das pessoas. Na verdade, o nome inicial do espetáculo era Sete Corações – Qualquer Homem é Suspeito – Suspeito de ser Poeta, mas acabamos não usando tudo.

Continuamos a fazer montagens com alunos e em 1988 recebemos uma indicação do Mambembe pela produção de Dois Irmãos – Pássaro e Ouro e um prêmio pelos quinze anos do trabalho cultural que realizamos. Fizemos outro espetáculo que teve apenas uma pequena temporada que foi Mistério do Fundo do Pote. Foi importante nesta época A Tempestade, de Shakespeare, apresentando para jovens e adultos e participando de um festival em Córdoba, na Argentina.

Barquinho Muda de Nome

Eu queria remontar História de um Barquinho, mas a Silvia Orthof tinha escrito e montado A Viagem de um Barquinho e os espetáculos se confundiam, como também tem também um espetáculo escrito pelo Vladimir Capela que se chama Panos e Lendas e está sempre em cartaz, e que confundem com História de Lenços e Ventos.

Acho que a influência que pode ter um espetáculo meu nos outros me deixa feliz, claro. O processo da arte é uma continuidade. Eu já disse que “neto do Lorca é bisneto de outros teatrólogos e pintores”. Esse é meu processo com influência. Mas voltando ao Vladimir Capela, eu gosto muito do espetáculo dele, é interessante. Mas o público sacou a situação. Frequentemente alguém me pergunta se sou o autor de Panos e Lendas. Respondo:  “não, sou do Lenços e Ventos”. Aí a Sílvia fez A Viagem de um Barquinho e eu já tinha feito História de um Barquinho. As histórias são bem diferentes, mas me cansava um pouco essa repetição.

Uma pessoa do teatro Guairá, fez até uma piada, quando nos encontramos certa vez por com a Silvia por lá. Ela apresentava Eu Chovo, Tu Choves, Ele Chove, e esta pessoa dizia que meu próximo espetáculo seria Eu Vento, Tu Ventas, Ele Venta. Ela ria, eu ria, mas a verdade, é que tem uma raiz comum, um movimento, uma intenção, Como também existe algo em relação aos nomes dos grupos. O nosso não se insere, mas tem uma moda de colocar nomes agressivos, malcriados, alguns até feios. Virou uma moda. Mas ao mesmo tempo surgiram vários com o Vento e o que mais se destaca é o Sobrevento.

Voltando ao Barquinho, quando eu recebi o Premio Molière e fui para Europa sozinho, minha amiga bailarina Maria Fux perguntou se eu ia levar algum espetáculo. Eu disse que não, que ia sozinho. Ela me disse que viajava sozinha e fazia apresentações e que eu devia fazer algo parecido. Fiquei pensando no assunto me deu vontade de fazer um solo, com uma fita gravada. Aproveitei e mudei o nome do espetáculo para Um Rio que vem de Longe. Foi uma excelente experiência, mas continuo preferindo trabalhar em grupo.

A cada dez anos, Lorca em cena

Dez anos depois de Qualquer Homem é Suspeito, voltamos com uma segunda versão chamada Sete Corações – Poesia. Devo dizer que é mais uma homenagem ao Lorca. O texto não é dele. Escolhi alguns poemas, entre eles Sete Corações. Eu construí uma parábola em que o Tenente Coronel vai se queixar ao Rei contra o poeta e o Rei manda acabar com ele, não deixar ele fazer mais poema. Quem é fuzilado é um boneco grande que cai no chão. Os guardas se aproximam, mexem nele para ver o que o poeta tinha de diferente e eles começam a tirar do peito um rio de pano, um pão, uma flor, um espelho. Enfim, tem várias coisas que estão dentro do boneco e os atores cantando uma música,  começam um movimento para renascer o poeta.

Neste momento do espetáculo tem uma divisão do público. Alguns querem ficar com os ciganos e o poeta, Outros podem ficar com soldados. Sempre tem um garoto mais levado que quer ser soldado. Metade da plateia fica dentro do espaço com os ciganos e a outra sai vai fazendo exercícios similares.

A censura também implicou com o fuzilamento. Diziam que não era um espetáculo apropriado para crianças. Eu rebati dizendo que se fizéssemos um espetáculo sobre a vida do Tiradentes, devíamos ocultar o que aconteceu com ele? Tem um valor histórico, só que nós não queríamos encher o palco de sangue nem usar nenhuma arma verdadeira. Vamos fazer como a criança que brinca com a vassoura. No final os soldados vinham para espiar o que os outros estavam fazendo. Os ciganos pediam para todo mundo esconder os poemas. Os soldados enfurecidos fuzilavam praticamente toda a plateia, Mas quem vivia, começava a ressuscitar os outros, falando poemas no ouvido das pessoas.

Em 1996-97 montamos a Tragicomédia da Lua Branca, de Lorca, e logo a seguir, o Círculo de Giz Caucasiano de B. Brecht.

Em 1997 fui convidado para dirigir o espetáculo Entre o Céu e o Mar. Embora tenha sido realizado aqui, onde fizemos o trabalho corporal, artesanal, a direção musical, a produção não era nossa.

Em 1998 remontei Um Rio que Vem de Longe, desta vez com música ao vivo e partir desta montagem sempre procurei acrescentar algo de novo. Depois a Marilda entrou no espetáculo e na montagem de 2001, o Dinho Flores também começou a participar, um solo “bem acompanhado”.

Em 1999, remontamos o espetáculo O Mistério das Nove Luas, que voltamos a remontar em 2002.

O Público se Renova

O público está sempre se renovando, e nós achamos que vale a pena fazer uma nova temporada de antigos espetáculos, mesmo que pequena. O grande problema é sempre o tempo que temos para ensaiar um espetáculo. Eu gosto de ensaiar, de criar, mas também acho importante resgatar espetáculos já montados. Já está decido que no próximo ano vamos fazer um Lorca para adultos, que se chamara Lorquianas, e estamos pensando em remontar Sete Corações.

No ano passado fizemos um espetáculo para adultos Portal das Maravilhas e este ano eu pensei fazer um para crianças Vitor Hugo. Ocorre que durante o processo de ensaios constatamos que o tema era mais para jovens, ou adultos.

Aliás, essa questão do que é teatro para crianças ou teatro para adultos, é algo que deve ser muito bem analisado. Acho que temas difíceis podem ser apresentados para crianças. A questão é de como tratar essas questões. Por exemplo, falar de fogo pode ser um problema, a criança pode ficar atraída a brincar com fogo. É algo difícil de ser tratado. Assim como falar de morte. Muitos dos meus espetáculos propõem quase como um ritual a morte e a ressurreição. No Mistério das Nove Luas as personagens morrem e renascem. Acho que quando a gente fala de morte deve sempre deixar uma possibilidade de voltar para a vida.

Nesta última montagem de Sete Corações eu começava fazendo um prólogo onde dizia… “hoje tal data, nessa cidade morreram vinte e cinco mil pessoas, também caíram das arvores oitocentas mil folhas e outras tantas mil flores”…, Mas em seguida eu falava “não se preocupem, pois vão nascer mais crianças, mais folhas, mais flores”. No final do espetáculo, havia uma cena de fuzilamento. Os militares matavam os ciganos e o povo. Eu nunca fazia parte dos militares, eu sempre estava do lado dos ciganos, dos poetas, e eu me fazia de morto, esperando o momento da ressurreição e um dia eu escutei uma criança de uns oito ou nove anos brigando com os guardas, e ela gritava “vocês não vão acabar com os poetas porque não vão conseguir matar os poetas que ainda não nasceram”. Acho que isso ocorreu porque no principio do espetáculo a gente deixava claro o processo da natureza. A gente não pode negar a morte a uma criança. Quando morre alguém da família, como dizer para uma criança que morreu alguém? Desde então, toda vez que eu encerro o espetáculo, eu conto o ocorrido com aquela criança que brigou com o soldado e faço uma reflexão junto ao público, sobre todos os poetas que ainda vão nascer. E como o poeta, nós vamos voltar um dia para contar novamente essa história.

Trabalhar para Crianças é uma Emoção

Depois do sucesso de Pequenas Histórias de Lorca, as pessoas diziam que o grupo não devia fazer mais espetáculos para crianças, só para adultos. E eu dizia que não fiz Pequenas Histórias de Lorca para ver se conseguia montar um espetáculo para adultos. E te digo mais, eu acho que não é tão fácil fazer um bom espetáculo para criança. Para adulto você pode pecar por excesso, para criança não. Então quando falávamos que íamos continuar fazendo os espetáculos para crianças, isso acabou nos criando alguns problemas, porque quando falava do Ventoforte diziam “ah! Esse pessoal do Ilo, eles fazem teatro infantil, não é? Não fazem teatro para adulto”. Uma vez eu convidei o Sábato Magaldi para um debate e ele me disse “Ilo, eu não entendo nada de teatro infantil, eu vou acabar falando alguma besteira”. Um crítico! E bom crítico. Mas é uma incompreensão geral. É como se houvesse alguma diferença fazer teatro adulto e teatro para criança.

Todo adulto tem que resgatar a criança que está dentro dele. O próprio Zé Celso disse uma vez, que não lembrava nada da infância dele. Eu acho isso impossível, tem que estar lá dentro, em algum canto. Com meus alunos, a gente faz um processo de trabalho em que damos uma sacudida neles, para resgatar o passado, os brinquedos, o espaço esquecido, para justamente fazer surgir a criança, que talvez esteja recolhida. Por exemplo, quando fiz O Rio que Veio de Longe para levar em alguns festivais na Europa e viajar, as pessoas diziam “é para adultos, não é?”. Eu disse que era é para todo mundo, e as pessoas insistiam esse espetáculo é para adulto, que a criança não ia entender, que a linguagem era sofisticada, abstratamente corporal. Mas quando me apresentei aqui mesmo, antes de viajar, as crianças começaram logo a se aproximar e participar.

Estou com 71 anos e sou protagonista desse espetáculo. Maquio-me sempre um pouco, mas durante o espetáculo fico suado, a tinta escorre, fico molhado, porque jogo muita água no palco quando faço a cena da tempestade, mas quando o espetáculo acaba, depois das palmas, tem muita criança que sobe para me dar um abraço e me pede um beijo. A reação do adulto é sempre mais distante, não quer se encostar, se molhar. A criança não se importa e isso é uma loucura de emoção.

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Participação em Espetáculos para Crianças e Jovens

Nos espetáculos de O TEATRO DE ILO E PEDRO

1964 – O Aniversário do Rei, de Pedro Touron
1964 – Mistérios da Bruxa Trapaceira ou De como a Colher tirou o Feitiço, de Pedro Touron
1965 – A História de um Barquinho, texto e direção Ilo Krugli
1965 – O Ovo de Ouro Falso, de Pedro Touron, direção Ilo Krugli
1966 – Laurinho vai ao Teatro, de Pedro Touron
1966 – Senhor Rei Mandou Dizer, de Pedro Touron, direção Ilo Krougli
1966 – El Retablo de Maese Pedro, de Manuel de Falla, direção Gianni Ratto, cenários e manipulação Ilo Krougli
1967 – As Aventuras do Valente Cavaleiro a Caminho de Belém, direção Ilo Krugli
1968 – História do Príncipe Africano e o Talismã Escondido com as Aventuras do Anjo de Ouro que Veio da Espanha, texto e direção Pedro Touron, cenários e manipulaçao Ilo Krugli
1968 – Músicasdo Mar
1970 – Concerto para os Mais Pequenos
1982 – Arlequinada (Prêmio Maria Mazzetti
O Faroleiro

Participação em Espetáculos Adultos

Nos espetáculos de O TEATRO DE ILO E PEDRO

1969 – Ubu, Rei, de Alfred Jarry, SP,  direção Gianni Ratto
1969 – Ubu, Rei, de Alfred Jarry, RJ,  direção Gianni Ratto
1970 – Hoje Sou Um, Amanhã Outro, de Qorpo Santo, direção Pedro Toulon
1970 – Retábulo das Maravilhas, de Cervantes, direção Pedro Toulon

Participação em Espetáculos para Crianças e Jovens

Como Diretor

Do Grupo Ventoforte

1972 – Estória de um Barquinho, texto de Ilo Krugli, Teatro Gláucio Gill
1974 – Estória de Lenços e Ventos, estreia no Museu de Arte Moderna
1975 – Da Metade do Caminho ao País… , (duas versões), estreia no MAuseu de Arte Moderna, RJ
1976 – Estória de Lenços e Ventos, estreia em Curitiba, temporada Teatro Gláucio Gill, RJ
1977 – O Mistério das Nove Luas, estreia Teatro Ginástico / RJ
1978 – Sonhos de um Coração Brejeiro Naufragado de Ilusão (duas versões) Teatro Glauce Rocha, RJ
1979 – O Mistério das Nove Luas, estreia Teatro Procópio Ferreira, SP e SESC Tijuca
1980 – História de Lenços e Ventos e História de um Barquinho – Catálogo
1981 – História de Lenços e Ventos
1983 – Estou Fazendo uma Flor, comemorando 9 anos do Grupo
1984 – Caminhadas
1985 – História do Barquinho
1985 – Labirinto de Januário
1986 – História de Lenços e Ventos, em Cuba
1988 – Qualquer Homem é Suspeito
1988 – Dois Irmãos – O Pássaro de Ouro
1990 – Um Rio que vem de Longe
1991 – História de Lenços e Ventos, com o Grupo Hombu RJ
1991 – História de Lenços e Ventos, Catálogo
1993 – História de Lenços e Ventos
1993 – História que o Eco Canta
1994 – História de Lenços e Ventos
1994 – Um Rio que Vem de Longe, solo para viagem pela Europa
1996 – História de Lenços e Ventos
1996 – Sete Corações, Poesia Rasgada
1997 – Entre o Céu e o Mar
1998 – Sete Corações, Poesia Rasgada
1998 – Um Rio que vem de Longe
1999 – O Mistério das Nove Luas
1999 – O Rio que vem de Longe
2000 – História de Lenços e Ventos
2001 – Um Rio que vem de Longe, remontagem
2001 – O Mistério das Nove Luas, Palco Giratório SESC
2002 – O Mistério das Nove Luas
2004 – História de Lenços e Ventos – 30 Anos
2004 – História de Lenços e Ventos
2004 – A Zeropéia – A Centopeia e o Cavaleiro, da obra de Betinho, com o Grupo Hombu, Teatro do Jockey
2007 – A Centopeia e o Cavaleiro
, SP, Teatro Ventoforte
2012 – Histórias que o Eco Canta
, RJ, Teatro do Jóckey

Participação em Espetáculos Adultos

Como Diretor

Do Grupo Ventoforte

1977 – As Pequenas Histórias de Garcia Lorca, de Frederico Garcia Lorca, adaptação Ilo Krugli

Das Oficinas de Formação

1981 – Luzes e Sombras, direção Ilo Krugli
1982 – Os Cisnes Selvagens
1982 – Os Misteriosos Pássaros de Barros, texto e direção Osvaldo Gabrieli
1983 – Brisa Branda, espetáculo de rua
1983 – Caminhadas, espetáculo de dança e teatro com poesias
1983 – As Quatro Chaves, espetáculo em espaço aberto
1984 – Brinquedo da Noite, continuidade de Luzes e Sombras, direção Paulo César Brito
1984 – Vai Começar Tudo de Novo, coletivo dos alunos, poemas de Drummond, Baudelaire
1984 – Junto ao Muro, espetáculo de Rua, Dança e Teatro
1984 – Os Cisnes Selvagens
1989 – O Pássaro de Ouro
1989 – O Mistério do Fundo do Pote ou Como Nasceu a Fome
1993 – Casamento de Manuel e Manuela – Uma Rosa para Bela

Prêmios de Teatro

1974
Prêmio Molière
Indicação para Prêmio Especial por História de Lenços e Ventos

Associação de Críticos do Estado do Rio de Janeiro
Recomendação Especial para História de Lenços e Ventos

1975
Prêmio SNT – Rio de Janeiro
Um dos Cinco Melhores Espetáculos por Da Metade do Caminho ao País do Último Círculo

1976
Prêmio Molière de Incentivo ao Teatro Infantil
História de Lenços e Ventos

Premio de Porto Alegre Açorianos 
Melhor Espetáculo do Ano por Pequenas Histórias de Lorca 

1977
Prêmio SNT – Rio de Janeiro
Um dos Cinco Melhores espetáculos por O Mistério das Nove Luas 

Prêmio Mambembe – Rio de Janeiro para O Mistério das Nove Luas 
Prêmio pela Direção: Ilo Krugli
Prêmio pelo Figurino: Ilo Krugli
Indicação para Autor: Ilo Krugli
Indicação para Cenógrafo: Ilo Krugli
Indicação para Produtor ou Empresário: Grupo Ventoforte
Indicação para Categoria Especial: Jorginho de Carvalho (Iluminação)

Títere de Ouro para Coração Naufragado de Ilusão
Prêmio Especial do júri no 1o. Festival Internacional de Bonecos, Artigas, Uruguai

1978
Prêmio Mambembe – São Paulo
Indicação para Grupo, Movimento ou Personalidade: Grupo Ventoforte

1979
Prêmio APCA
Melhor Espetáculo para O Mistério das Nove Luas

Prêmio Mambembe – Rio de Janeiro para Sonhos de um Coração Brejeiro 
Prêmio pelo Figurino: Ilo Krugli
Indicação para Direção: Ilo Krugli

1980
Prêmio SNT – São Paulo
Um dos Cinco Melhores Espetáculos para Histórias de Lenços e Ventos

Prêmio Mambembe – São Paulo
Prêmio pela Direção: Ilo Krugli para Histórias de Lenços e Ventos

Prêmio APCA
Melhor Espetáculo para Histórias de Lenços e Ventos

Prêmio APCA
Grande Prêmio da Crítica – Prêmio pela Contribuição ao Teatro Infantil

1981
Prêmio SNT – São Paulo
Um dos Cinco Melhores Espetáculos para A História de um Barquinho

Prêmio Mambembe – São Paulo
Prêmio pela Direção Ilo Krugli para A História de um Barquinho
Indicação para Grupo, Movimento ou Personalidade: Casa do Ventoforte – Pelo Conjunto de Trabalhos na Área do Teatro Infantil, como o Curso de Atores e a Montagem do Espetáculo Luzes e Sombras

Prêmio APCA
Prêmio para Melhor Diretor: Ilo Krugli por História de um Barquinho e Luzes e Sombras
Prêmio para Melhor Música: Ronaldo Motta por História de um Barquinho

1983
Premio INACEN – São Paulo
Melhor Espetáculo Infanto-Juvenil por Brinquedo da Noite 

Prêmio Mambembe – São Paulo
Indicação para Grupo, Movimento ou Personalidade: Teatro Ventoforte – pela Pesquisa da Cultura Popular em suas Montagens

1983/1984
Concurso Nacional de Dramaturgia
1o Lugar: Ilo Krugli para Labirinto de Januário

1984
Prêmio Mambembe – São Paulo
Prêmio para Grupo, Movimento ou Personalidade: Grupo Ventoforte – pelo Conjunto de Trabalhos Apresentados nas Comemorações dos 10 Anos do Grupo

Prêmio APETESP de Teatro
Indicação para Produtor Executivo: Casa do Ventoforte
(Obs.: não consta o nome do espetáculo no programa)

1985
Prêmio Mambembe – São Paulo
Prêmio para Grupo, Movimento ou Personalidade: Casa do Ventoforte / Centro de Arte e Cultura Integrada – pela Conquista e Inauguração de seu Espaço.

Prêmio Molière de Incentivo ao Teatro Infantil para Labirinto de Januário

Prêmio APCA
Prêmio para o Melhor Espetáculo para Labirinto de Januário
Prêmio Governador do Estado – Teatro para Labirinto de Januário

Prêmio APETESP de Teatro para Labirinto de Januário
Indicação para Diretor: Ilo Krugli
Indicação para Cenografia: Ilo Krugli, Luiz Laranjeiras e Edílson Castanheira
Indicação para Figurino: Ilo Krugli e Ana Maria Carvalho
Indicação para Produtor: Casa do Ventoforte – Centro de Arte e Cultura Integrado

1986
Premio INACEN – São Paulo
Um dos Cinco Melhores Espetáculos Infantis para Labirinto de Januário

Prêmio Mambembe – São Paulo para Labirinto de Januário
Prêmio para Produtor ou Empresário: Teatro Ventoforte
Prêmio para Categoria Especial: Edgar Lippo, Maria Ozetti, Fernando Gatti, Pedrão do Maranhão e Wagner Benetti (pela Música)
Indicação para Autor: Ilo Krugli

Prêmio APCA
Prêmio de Melhor Espetáculo para Labirinto de Januário

Prêmio Governador do Estado para Labirinto de Januário
Melhor Espetáculo de Teatro Infantil
Melhor Diretor

Melhor Espetáculo Visitante em Cuba para História de Lenços e Ventos

1987
Prêmio Mambembe – São Paulo
Prêmio para Grupo, Movimento ou Personalidade: Casa Ventoforte e Centro de Arte e Cultura Integrada – Pelo Projeto De quem é a Criança?

1988
Prêmio Mambembe – São Paulo
Prêmio para Grupo, Movimento ou Personalidade: Casa Ventoforte – por 15 Anos de Trabalho Cultural.
Indicação para Produtor ou Empresário: Casa Ventoforte – Centro de Arte e Cultura Integrada por Dois Irmãos – O Pássaro de Ouro

Prêmio APCA
Prêmio de Cenógrafo: Ilo Krugli e Roberto Mello por Dois Irmãos – O Pássaro de Ouro

Prêmio APETESP de Teatro
Indicação para Dramaturgo: Ilo Krugli por Dois Irmãos – O Pássaro de Ouro

Indicação para Produtor: Casa do Ventoforte por Dois Irmãos – O Pássaro de Ouro

1993
Prêmio APETESP de Teatro
Indicação para Dramaturgo: Ilo Krugli para O Casamento de Manuel e Manuela
Indicação para Produtor: Casa do Ventoforte para O Casamento de Manuel e Manuela

1995
Prêmio Mambembe – São Paulo para Histórias que o Eco Canta
Um dos Cinco Melhores Espetáculos
Prêmio pela Direção: Ilo Krugli
Indicação para Autor: Ilo Krugli
Indicação para Atriz: Elaine Weinfurter
Indicação para Figurino: Ilo Krugli
Indicação para Categoria Especial: João Politto e Grupo Musical

Prêmio APCA
Grande Prêmio da Crítica – Prêmio pelos 20 Anos do Grupo Ventoforte

Prêmio APETESP de Teatro
Indicação para Autor: Ilo Krugli
Indicação para Cenografia: Ilo Krugli
Indicação para Figurino: Ilo Krugli
Indicação para Coreografia: Ilo Krugli
(Obs.: falta o nome do espetáculo no programa)

1996
Prêmio Mambembe
Indicação para Categoria Especial: Teatro Ventoforte – pela Música
Indicação para Grupo, Movimento ou Personalidade: Teatro Ventoforte – pelo Espetáculo Sete Corações – Poesia Rasgada

Prêmio APETESP de Teatro
Prêmio para Ator Protagonista: Ilo Krugli por Sete Corações – Poesia Rasgada

1997
Prêmio Mambembe – São Paulo para Entre o Céu e o Mar
Prêmio para Cenógrafo: Ilo Krugli
Indicação para Direção: Ilo Krugli
Indicação para Ator: Dinho Lima
Indicação para Categoria Especial: João Politto – pela Direção Musical
Indicação para Grupo, Movimento ou Personalidade: Teatro Ventoforte – pelo Conjunto de Trabalhos

1999
Prêmio Coca-Cola de Teatro Jovem para O Mistério das Nove Luas
Indicação para Cenografia: Ilo Krugli

2001
Prêmio para Montagem Flávio Rangel para O Portal das Maravilhas 
Secretaria Estadual de Cultura se São Paulo

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Depoimento dado à Antonio Carlos Bernardes, na sede do Grupo Ventoforte, em São Paulo, em 02 de Agosto de 2002.

Elias Kruglianski, mais conhecido por Ilo Krugli, nasceu em Buenos Aires, em 10 de dezembro de 1930 e faleceu em São Paulo, em 7 de setembro de 2019.

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Leia também a entrevista retirada da Revista São Jorges (Fanzine da Companhia São Jorge de Variedades), número quatro, de 2005 e realizada por Georgette Vidal e Rogério Tarifa (clique aqui)