Crítica publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo –  16.04.2013

Barra

O mar invade o teatro infantil

O barquinho vai, a tardinha cai. Teatro infantil dentro do mar? Sim. Três espetáculos para crianças, em cartaz simultaneamente em São Paulo, se passam no mar ou suas histórias se referem aos mitos do fundo do mar. Os três são ótimos. Programe-se, pois muitas crianças já estão em férias escolares e merecem se divertir e se emocionar com boas peças de teatro. As três temporadas terminam antes do Natal, no dia 16.

A História do Incrível Peixe-Orelha

O craque na dramaturgia para crianças, Paulo Rogério Lopes, adaptou o livro homônimo de Edson Natale e o resultado é esta divertida peça dirigida por outro nome de destaque no cenário do teatro infanto-juvenil, Kleber Montanheiro. Aqui, ele assina também cenários (painéis espelhados) e figurinos. Pode-se dizer que é uma peça sem muita ação, mas com muita movimentação. É quase um desfile de personagens paródicos do fundo do mar, como uma dupla hilária de peixes-palhaços, um menino Baleia, as trutas descoladas, uma tartaruga marinha formada por sombrinhas e assim por diante. O enredo é um mero fiapo: o peixe-orelha (Fabiano Augusto, sempre ótimo) finalmente acorda de seu longo sono e surge para fazer um pronunciamento ecológico. É só. Adilson Rodrigues assina as excelentes canções e elas são, a meu ver, a chave do espetáculo, pois as lições ecológicas que se quer transmitir estão contidas apenas nas letras das músicas, e não em falatórios e pregações dos personagens. Isso é sensacional. No elenco, quem melhor defende as canções é Mariana Elizabetsky. Não deixe de reparar também na criatividade dos figurinos, com roupas amplas e coloridas, repletas de objetos acoplados, como colheres de pau, peneiras, coadores, bichos de pelúcia. A melhor coadjuvante, entre um elenco de bons nomes, me parece ser Luciana Ramanzini, esbanjando alegria e empatia como Noé, Piririca e o Peixe-Espada. Faço apenas a ressalva de que os microfones são desnecessários. Vira uma gritaria inútil, que desmerece um grupo excelente de atores de vozes naturalmente potentes. Ah, e o programa da peça não traz os nomes completos dos atores, só seus primeiros nomes, o que se configura em um deslize desrespeitoso com todos eles.

Serviço

Teatro Aliança Francesa
Rua General Jardim, 182 – Vila Buarque
Tel.: (11) 3017-5699
Sábados e domingos, às 16 horas
Ingressos a R$ 30 inteira e R$ 15 meia
Até 16/12

Por uma Estrela

A premiada Cia. Truks de Animação, dirigida por Henrique Sitchin, que este ano já nos brindou com o sensacional Sonhatório, nos conta a história de um casal de garotos que nasce no mesmo dia. Os dois crescem juntos, numa aldeia de pescadores, até que a menina tem de ir embora com o pai… A peça é baseada em uma ideia original de Luciana Semensatto. Se seu filho ou filha estão agitados demais neste fim de ano, ligados na tomada, esta é uma indicação perfeita. É uma peça calminha, com ritmo lento, temática delicada, enfim, um verdadeiro oásis no mundo atual, por demais agitado e tecnológico. A história é bem romântica, com uma bela trilha sonora melancólica. Sitchin mais uma vez demonstra uma incrível coragem, pois não abre mão de sua linguagem sensível e de sua louvável meta como encenador: atingir o coração da plateia, menos do que a razão. Os manipuladores dos bonecos são tecnicamente muito bem preparados, mas nota-se que vão além da pura técnica e realmente sentem cada gesto que imprimem nos personagens. Quando os bonecos vão nadar no fundo do mar (panos transparentes), é perfeita a movimentação de braços e pernas, como se os bonecos estivessem mesmo mergulhando em águas profundas. Também é muito linda a solução para a passagem do tempo, utilizando o balanço do mar.

Serviço

Sesc Pompeia
Rua Clélia, 93, Pompeia
Tel. (11) 3871-7700
Sábados e domingos ao meio-dia
Ingressos a R$ 8,00
Até 16/12

A História do Incrível Peixe-Orelha

O craque na dramaturgia para crianças, Paulo Rogério Lopes, adaptou o livro homônimo de Edson Natale e o resultado é esta divertida peça dirigida por outro nome de destaque no cenário do teatro infanto-juvenil, Kleber Montanheiro. Aqui, ele assina também cenários (painéis espelhados) e figurinos. Pode-se dizer que é uma peça sem muita ação, mas com muita movimentação. É quase um desfile de personagens paródicos do fundo do mar, como uma dupla hilária de peixes-palhaços, um menino Baleia, as trutas descoladas, uma tartaruga marinha formada por sombrinhas e assim por diante. O enredo é um mero fiapo: o peixe-orelha (Fabiano Augusto, sempre ótimo) finalmente acorda de seu longo sono e surge para fazer um pronunciamento ecológico. É só. Adilson Rodrigues assina as excelentes canções e elas são, a meu ver, a chave do espetáculo, pois as lições ecológicas que se quer transmitir estão contidas apenas nas letras das músicas, e não em falatórios e pregações dos personagens. Isso é sensacional. No elenco, quem melhor defende as canções é Mariana Elizabetsky. Não deixe de reparar também na criatividade dos figurinos, com roupas amplas e coloridas, repletas de objetos acoplados, como colheres de pau, peneiras, coadores, bichos de pelúcia. A melhor coadjuvante, entre um elenco de bons nomes, me parece ser Luciana Ramanzini, esbanjando alegria e empatia como Noé, Piririca e o Peixe-Espada. Faço apenas a ressalva de que os microfones são desnecessários. Vira uma gritaria inútil, que desmerece um grupo excelente de atores de vozes naturalmente potentes. Ah, e o programa da peça não traz os nomes completos dos atores, só seus primeiros nomes, o que se configura em um deslize desrespeitoso com todos eles.

Serviço

Teatro Aliança Francesa
Rua General Jardim, 182 – Vila Buarque
Tel.: (11) 3017-5699
Sábados e domingos, às 16 horas
Ingressos a R$ 30 inteira e R$ 15 meia
Até 16/12

Maresias

A competente Cia. Fios de Sombra, de Campinas, teve a ótima ideia de realizar uma animação que se passa na areia da praia, sendo que o boneco é um boneco de areia. O resultado é muito bonito, não só plasticamente, mas poeticamente. E também, como o da Truks, esse é um espetáculo singelo, romântico e com ponto alto na manipulação do boneco no fundo do mar, em busca de sua sereia. Em cena, um único ator-manipulador, Lucas Rodrigues, que compõe a cia. ao lado de Rafael Curci e Paloma Barreto. Lucas emociona por sua interação divertida e emotiva com o personagem. A trilha sonora, criada pelo compositor argentino Gustavo “Popi” Spatocco, serve de base e de roteiro condutor dos movimentos da animação, bem à moda dos desenhos animados e do cinema mudo. O espetáculo, de quebra, também faz bom uso da técnica de teatro de sombras, culminando com a linda cena final, em que o manipulador também vira sombra. Grande e encantadora sacada do dramaturgo uruguaio e diretor da peça, Rafael Curci.

Serviço

SESC Santana
Rua Avenida Luiz Dumont Villares, 579, Santana
Tel. (11) 2971-8700
Domingos às 14 horas
Ingressos a R$ 8,00
Até 16/12

*Este texto foi publicado anteriormente em 07.12.2012 no Blog Pecinha é a Vovozinha.