Matéria publicada no Jornal do Brasil
Por Eliana Yunes – Rio de Janeiro – 31.10.1987

Barra de Divisão - 45 cm

Do Formato Certo

Raras vezes uma coleção para crianças desperta tanto interesse, como a recém-lançada pela jovem Formato Editorial, de Belo Horizonte. Chama-se Casa Amarela e guarda em todas as obras surpresas e mistérios capazes de envolver o leitor pelas histórias ágeis, inteligentes e criativas vividas pelos habitantes da velha mansão.

São seis os títulos, que por si só se revelam: Acorda Rubião, tem fantasma no porão!; Quem Matou Honorato, o Rato?; Morreu Tio Eurico, Rubião ficou Rico!; Zé Murieta, o Homem da Capa Preta!; Dilermando Constantino Raposo, o Morador Misterioso; Liloca Gatoca Sumiu: Onde está, Você Viu? Todos assinados por Lilian Lypriano, carioca que resolveu deixar de apenas imaginar histórias para escrevê-las e encontrou parceiro perfeito em Cláudio Martins, mineiro que, em traço preto-e-branco, realiza um desenho original para textos idem.

Entre as mesmas personagens, em torno da Casa Amarela, desenrolam-se sequestros, crimes, com moradores misteriosos e ocorrências estranhas; enquanto o leitor vira detetive acaba descobrindo algo mais que os culpados: a curiosa vida de artistas, a riqueza de uma biblioteca, o preconceito contra a velhice, a luta contra medos infundados, mas acaba por escorregar no falso juízo de que pobre sem dinheiro é quem se envolve em sequestro. E tudo acaba nas manchetes de jornal, como manda o figurino do gênero.

O bom acabamento gráfico e a qualidade do material são outros atrativos para as crianças que, dominando os mecanismos da leitura, não resistirão à história, curiosamente menos pela ação e mais pelo discurso cativante. A se manter neste padrão, a Formato está com pé direito no mercado da qualidade.