Matéria publicada no Boletim Corta Jaca
Informação virtual do Instituto Cultural Chiquinha Gonzaga – Ano II, edição nº 19
Por Antonio Carlos Bernardes – Rio de Janeiro –  Mar 2006

Foco Geral

Os leitores habituais do Boletim CORTA JACA sabem que, na seção Foco Geral, associados do Instituto Cultural Chiquinha Gonzaga e não associados interessados em Arte, encontram aqui um espaço aberto para uma reflexão cultural sobre qualquer segmento ligado a ela. Desta vez abrimos nosso Foco Geral sobre o perseverante e atuante Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e Juventude, atualmente sob a presidência de Ludoval Campos, que comemorou seu décimo aniversário homenageando Maria Clara Machado e os 55 anos d’O Tablado com muita festa no SESC Flamengo (RJ), além de uma divertida entrega de prêmios com cerimônia apresentada pela dupla de atores Márcia do Vale e Augusto Madeira, roteiro de Cláudia Valli e direção de Antonio Carlos Bernardes, E é Bernardes, um dos membro do Conselho, quem fala:

O CBTIJ está com dez anos. Nestes últimos anos, muita coisa mudou para melhor no panorama do teatro para crianças. Muita coisa continua igual. Algumas coisas regrediram. Acabaram as premiações e os patrocínios diminuíram e o principal jornal do Rio acabou com a coluna de críticas de espetáculos.

Mas o Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e Juventude , em uma parceria com o SESC Rio, conseguiu nestes últimos anos realizar um circuito de espetáculos que ultrapassam 1000 apresentações, com um montante de mais de 190.000 espectadores. Foram mais de 50 espetáculos de qualidade levados a um público carente de entretenimento. Começamos em 2001 com 17.000 espectadores e já atingimos em 2006 mais de 50.000.

Desde 2001, com a criação do Dia Mundial do Teatro para a Infância e Juventude fazemos anualmente homenagens aos que se dedicam ao teatro para crianças. Mas com a ausência das premiações, desde 2005, o CBTIJ criou uma homenagem aos que se destacaram no ano anterior. Assim, este ano receberam o Prêmio CBTIJ, entre outros Carmen Frenzel, atriz pelo espetáculo Mamãe, como eu Nasci? Ludoval Campos, ator, pelo espetáculo Um Conto pra Rosa e Dudu Sandroni, diretor, pelo espetáculo Os Diferentes.

Na medida de nossas possibilidades tentamos interferir em algumas áreas. Com o MINC / FUNARTE, conseguimos que os editais estejam no mesmo nível de condições de projetos para crianças e projetos para o público adulto. Com o estado e a prefeitura, embora tenhamos tentado por algumas vezes, realizar ações específicas, a falta de uma política séria para a cultura de uma maneira geral, por parte de ambos os poderes, fez que encontremos enormes barreiras. Acreditamos que o CBTIJ interferindo nestas e em outras questões, possa auxiliar na conquista de uma igualdade de tratamento dos profissionais que trabalham para as crianças.

O desenvolvimento da infância pode ser visto de diversas maneiras. Quando reivindicamos igualdade dos profissionais dentro dos teatros e  o valor das produções, prêmios, patrocínios, etc. a primeira beneficiada é justamente a criança que desfrutará de espetáculos à altura de sua sensibilidade e inteligência, em espaços melhores, mais adequados e produções com maior qualidade. Quando falamos em espetáculos de qualidade, imaginamos profissionais que pensam a criança como cidadão de primeira categoria, encaram o teatro como a arte mais próxima do universo infantil pelo jogo simbólico que ele desperta, podendo através de seus espetáculos contribuir para o desenvolvimento de cidadãos mais críticos e participativos em nossa sociedade.

Portanto o CBTIJ interferindo em políticas do desenvolvimento do teatro junto a governos, imprensa e entidades particulares, bem como, na organização e na informação de seus associados, contribui para a dignidade tanto do profissional de teatro, quanto à da criança no Brasil.

O CBTIJ está com 10 anos. É uma grande vitória, mas ainda necessitaremos de outros tantos anos de luta e conquistas para que o teatro para crianças e jovens tenha o destaque que merece.