Dilmar Messias. Foto: Antonio Carlos Bernardes

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Teatro para Crianças: A Primeira Lembrança

A primeira peça que assisti, e creio que pouca gente ouviu falar, chamava-se A Fada Macambira. O texto de Glênio Peres, – que foi Prefeito de Porto Alegre – abordava os valores regionais de uma forma muito interessante.
As músicas eram de Lupicínio Rodrigues. Fui ver essa peça porque o Darcílio meu irmão atuava nela como cantor. Eu devia ter uns nove ou dez anos de idade. Era início dos anos sessenta.

Lembro até hoje da música. E olha que a peça teve uma única apresentação no Teatro São Pedro. Às vezes, quando assisto alguma peça, ou filme marcante, naturalmente memorizo a música ou a letra o que funciona como uma ponte para memória, um recurso mnemônico. Quando me lembro da melodia, as cores, a imagem de todo o espetáculo vem à minha cabeça. Foi a primeira peça e o primeiro sobressalto porque a certa altura um dos atores dirigiu-se a plateia e fez uma pergunta sobre a tabuada e eu fiquei em pânico, travei e não soube responder, o que fez um outro menino menos tímido. Por isto eu evito este tipo de participação em meu trabalho.

A Trajetória

Eu venho de uma família muito grande e de alguma forma todos atuaram artisticamente do Estado do Rio Grande do Sul. Éramos nove irmãos e sempre quando tinha algum aniversário lá em casa, cada um fazia algum tipo de apresentação: um tocava um instrumento, outro dançava, outro cantava. Meus irmãos cantavam na rádio e o Darcílio chegou a cantar com a Elis Regina. Ele era muito querido por ela, pois, é um ótimo cantor. No Clube do Guri era imbatível, ganhou durante três anos seguidos o prêmio de melhor cantor.

Mas voltando à minha trajetória. Por ser muito tímido, sempre fui mais um espectador do que artista. Cheguei a fazer algumas tentativas de cantar no Clube do Guri, mas não conseguia superar a timidez. Em 1967, atuei como figurante num espetáculo chamado Casta Suzana, junto com minha irmã bailarina. Essa foi minha primeira experiência teatral, minha estreia no palco. Até entrar na Escola de Arte Dramática, fiz algumas participações no teatro estudantil da Escola Irmão Pedro, da minha cidade. Mas era um trabalho mais político do que artístico, justamente por causa do momento que vivíamos.

Até decidir fazer apenas teatro, trabalhei duro, fui balconista na tabacaria de meu pai, fui garçom na boate do meu irmão, e vendi livros, entre outras atividades. Quando comecei a fazer o curso de arte dramática, trabalhava no escritório de uma construtora. E lembro muito bem quando resolvi me dedicar apenas ao o teatro. Foi num período que estava tendo dificuldades de conciliar o emprego com as aulas e os ensaios. Eu estava na Praça Conde de Porto Alegre, perto da Escola de Arte Dramática conversando com uma colega de Escola, que viria a ser minha primeira esposa. Eu disse então para ela, sob a estatua num tom heroico, que não iria me dedicar mais a outra coisa senão ao Teatro.

Foi em 1971, que eu entrei para Escola de Arte Dramática. Naquela época eu costumava escrever poemas e peças teatrais e por isso resolvi conhecer um pouco mais sobre a carpintaria teatral para poder desenvolver este meu gosto pela literatura dramática. No começo, por conta da minha timidez, sofri muito, o palco tirava a minha tranquilidade, desnudava a minha insegurança. Foi ai que descobri que nos bastidores eu tinha um refugio, que se não me deixava mais tranquilo, me protegia. Então vi que eu podia falar sem aparecer, que eu podia me expressar com muitas vozes e corpos, como Cyrano de Bergerac o herói romântico de Edmod Rostand. Assim acabei diretor. Em 1972, na comemoração da Semana de Arte Moderna, fiz meu primeiro trabalho como diretor, era uma pantomima chamada O Presente. Neste mesmo ano também participei da Primeira Mostra de Música, Teatro e Artes Plásticas – Mutepla, promovida pelo Centro Acadêmico Tasso Correa, do Instituto de Artes, com a peça Babel, quando ganhei os prêmios de direção e dramaturgia.

Tive várias idas e vindas na Escola de Artes. Saí em 74, voltei em 78, fiz curso de ator e de direção, mas não me graduei em nenhum dos dois, por causa da minha atividade teatral, do excesso de ensaios, da luta pela sobrevivência… Meu professor Luiz Paulo Vasconcelos me dizia: – “Dilmar, vai trabalhar descansado. Não tens mais nada que aprender aqui”. Talvez comovido com meu esforço e com as minhas dificuldades. Eu estava em temporada com a peça A Viagem de André, que eu escrevi, dirigi e acabei atuando. Esta peça resumia todo meu universo infantil, a partir de referências como Monteiro Lobato, La Fontaine e algumas figuras mitológicas. Todas as imagens que povoaram minha infância foram materializadas nesse espetáculo.

No mesmo ano, 1973, eu fiz Terra dos Girassóis com alguns colegas do Curso de Arte Dramática. Era um elenco muito bom e tivemos uma ótima repercussão. A peça retratava de forma ingênua o ideário hippie e procurava representar um estado ideal e harmonioso. Assim começou o Grupo Girassol que posteriormente se transformou no Circo Girassol. Havia uma grande cumplicidade entre nós, tentávamos reproduzir aquilo que acreditávamos, vivíamos juntos, trabalhávamos muito e sempre discutindo o que se fazia. Depois montamos Jota Vilão na Terra dos Girassóis e, em seguida, em 1974, fizemos mais dois espetáculos: A Tragicomédia de Dom Cristóvão e da Senhorita Rosita de Federico Garcia Lorca e Os Reis, de Júlio Cortazar, com autorização do próprio. A Tragicomédia, meu primeiro trabalho para o público adulto fora da escola, foi um sucesso de público, atraindo crianças e adultos e tinha também um ótimo elenco, onde se destacavam a Irene Brietzke e o Luiz Carlos de Magalhães, o Maga, figuras representativas da cena teatral gaúcha. Os Reis foi uma experiência muito forte para nós. Ensaiamos durante seis meses, oito horas por dia. Foi extremamente desgastante em todos os sentidos, e por causa disso, o grupo acabou se dissolvendo. Posteriormente voltamos a trabalhar juntos em outros espetáculos, mas nunca mais todos juntos. O Grupo Girassol foi uma das experiências mais ricas que eu tive, com toda a sua delícia e sua dor. Eu amadureci muito, todos amadureceram.

Depois de Três Infantis, Um Adulto.

No ano seguinte, 1976, dirigi Hoje é dia de Rock de José Vicente. Essa montagem foi realizada após aquela produzida no Rio de Janeiro, com a Ivone Hoffman, Rubens Correa e Ivan Albuquerque e que marcou época. A Ivone, que eu considero uma ótima atriz, inclusive, assistiu ao espetáculo que fizemos aqui no Rio Grande do Sul.

Montamos a peça num circo, seguindo um caminho distinto ao usado na versão carioca. Pegamos a linha brejeira da primeira parte do texto, que fala de uma família que se muda do interior para a cidade grande. Estreamos a peça no Circo Catavento, que armamos na margem do Rio Guaíba. Só que no dia da estreia fez um frio absurdo. Chegou a dois graus abaixo de zero dentro do circo. A imagem que me vem à cabeça nesse dia é a do Luiz Artur Nunes, na arquibancada, assistindo a peça todo enrolado num cobertor. Essa foi minha primeira experiência num teatro não convencional, popular e meu primeiro contato com uma lona de circo, o que deixou marcas profundas em meu trabalho. Foi uma proposta muito corajosa pela ousadia dos produtores, o Fernando Strehlau, Nilton Negri e eu, mas que acabou nos deixando cheio de dívidas. Apesar disso, artisticamente foi uma aventura tão prodigiosa que gostaria de repetir um dia.

Do Adulto, Novamente para o Infantil

Em seguida, voltei a fazer teatro para crianças, montando Os Saltimbancos numa coprodução com o José de Abreu, que fez o papel do Jumento, a Nara Keiserman era a gata, e o Guto Pereira o cachorro. Engraçado foi quando a Pilly Calvin me perguntou qual o papel que faria, eu hesitei um instante antes de dizer: a galinha! Foi uma gargalhada. Era bom, pois todos nós gostávamos muito de fazer a peça e o público, adultos e crianças, ficava contente. A cenografia ficou a cargo do saudoso Alziro Azevedo, um dos maiores artistas que conheci e um dos melhores amigos que tive. A montagem era belíssima, e o elenco foi preparado por Celso Loureiro Chaves para cantar no espetáculo.

Posteriormente, em 1978, escrevi e dirigi a peça O Duque, a Cantora e a Linguiça, um trabalho com atores populares sobre a história de Porto Alegre. Na época eu trabalhava na boate do meu irmão e tudo que eu ganhava eu investia na produção do espetáculo, que também contou com o talento do Alziro Azevedo, e era cheio de invenções cenotécnicas.

O Contato com o Teatro Alemão

No começo da década de 80, fui convidado pelo governo alemão para conhecer a arte teatral daquele país. Assim tivemos um contato com o teatro alemão através da experiência com o Grips de Berlim. Antes, nos encontramos com seus diretores aqui em Porto Alegre, e eles mostraram alguns textos que haviam sido traduzidos para o português e logo nos interessamos por um destes textos: Banana, que era a visão europeia da América Latina.

Era a história de uma família de técnicos alemães, que vinham para a América Latina trabalharem numa Multinacional, e entravam em contato com a miséria do terceiro mundo. Esta troca de informações e de visões foi extremamente instigante. Tivemos o apoio do Instituto Goethe para fazer a peça e o resultado foi distinto do que de Berlim, pois o espetáculo dos alemães era sobre uma América de quem vê e a nossa era, logicamente, de quem vive. Assim, conseguimos abordar a questão política da obra, com conhecimento de causa. Por ter este engajamento, e propor uma discussão sobre nossa realidade, de forma didática, endereçamos a peça para um público menos infantil.

Na Alemanha, fiquei impressionado com a cultura do povo com o seu teatro, com apoio que os artistas recebem e a importância que dão a sua produção artística. Em 1983, fui a Berlin Oriental para assistir o polêmico Fausto, de Eisler, que era um libreto com fortes referências da cultura popular. E a essência da obra tinha muito a ver com o que eu estava sentindo. Em consequência disso, quando voltei, dirigi Faça-se a Luz para o Esclarecimento do Povo, que o título, por si só já era uma provocação política, tanto que após espalharmos os cartazes pela cidade inteira, fomos mais uma vez instados a prestar esclarecimento. Mas Faça-se a Luz… reunia dois extremos da obra do grande dramaturgo alemão Bertold Brecht: o dialético do Lux in Tenebris e o nonsense de Filhote do Elefante, que é um entreato do Homem é um Homem. E foi com a liberdade desta experiência e o Hans Wurst do Eisler, que encerrei uma etapa de minha trajetória artística. Assumi definitivamente este gosto pelo teatro popular, movimento que já pesquisava. Entretanto meu teatro popular passou a se comportar mais liricamente, trabalhando com os arquétipos facilmente identificados com figuras e fatos políticos, sem ser panfletário, como era a característica de alguns grupos da época. Este lirismo já era uma presença notável em meu teatro para crianças. Realizei naturalmente este lirismo quando montamos a Tragicomédia do Lorca, que apesar de ser num espetáculo para adulto, muitas crianças iam assistir. Isso também acontecia com as peças que dirigi e atuei do Karl Valentim, que com sua comicidade ingênua criava empatia imediata com este público variado.

A História de Chapeuzinho Amarelo

Eu nem lembro muito bem quem me trouxe este texto, que é de autoria do Chico Buarque. Mas a questão é que eu li e comecei a trabalhar algumas ideias e fui me interessando… Então fizemos um trabalho com a linguagem de teatro de bonecos junto com o grupo gaúcho Cem Modos. Foi um grande aprendizado, e como resultado, nós ganhamos o Prêmio Tibicuera de Teatro Infantil, em 1982, na categoria melhor espetáculo. Foi a primeira vez que ganhamos um prêmio nessa categoria.

Dizem que quando a gente passa a ganhar prêmios, o peso da responsabilidade é maior. Entretanto apesar da alta cobrança, eu sempre procurei fazer tudo com naturalidade, especialmente o teatro para crianças. Foi o que aconteceu quando em 1993, montamos Lili Inventa o Mundo. Nós não tínhamos dinheiro, produtor, nem material para produção. Figurinos, cenários, tudo montamos a partir de sobras de materiais de outras produções. E mesmo assim conseguimos alcançar nosso objetivo que era atingir a atenção do público infantil e sem querer acabamos comovendo os adultos e nós também.

A Busca por Novos Textos

Não tenho um método de escolha de texto. Não acompanho a tendência, sigo simplesmente a minha intuição. Na verdade, isto está muito relacionado com meu estado de espírito. Procuro não me precipitar na escolha do texto. Espero que esta escolha ocorra de forma espontânea. Como artista estou sempre ligado no que acontece ao meu redor. Assim procedo, mesmo quando me convidam para dirigir um texto, com produção pronta, e tudo. Com Bonequinha de Pano, foi assim. Me ofereceram o texto, gostei e acabamos montando. Da minha maneira, sem formulas. Quando eu leio um texto não fico pensando em formulas de sucesso, se isto está na moda, em prêmios ou coisa parecida. Para eu montar um texto ele tem que bater: ou por amor ou desafio.

Depois de Lili Inventa o Mundo veio As Aventuras do Avião Vermelho, com o qual percorremos vários estados. Foi a primeira vez que viajei com um espetáculo. Foi muito bom, apesar de não acompanhar todas as viagens, pois sou muito arraigado, muito “gauchista”. Eu gosto muito de viajar pelo interior do Rio Grande do Sul. Quando nos apresentamos no Rio com o Avião Vermelho, alguns gaúchos vinham falar conosco que já tinham assistido à peça em Porto Alegre. Em Santos participamos do festival Porto Cultural Primavera de Artes Cênicas e recebemos alguns prêmios, mas o que mais me emocionou, foi o premio de Melhor Espetáculo do Júri Popular.

Em 1997, três anos depois de As Aventuras do Avião, chegou a vez de A Vida Íntima de Laura, de Clarice Lispector. A recepção do público, na estreia, foi um pouco contida, e dividida, parece que alguns não sabiam o que dizer e o que outros diziam, me parecia excessivo, gosto muito quando os espetáculos mexem desta forma. Não me preocupei, pois gostei do resultado, embora reconheça certa dose de sofisticação. O prêmio que ganhei foi quando minha filha Mariana disse que este tinha sido o meu melhor espetáculo. Nos dedicamos muito para fazer um bom trabalho, uma pesquisa muito grande de observação e treinamento. A história se passava num galinheiro e a Laura era uma galinha. Estudamos e selecionamos uma série de movimentos que eram como se fossem notas de uma melodia e funcionavam por combinação, dependendo a cena. A encenação era acompanhada de música ao vivo, com o excelente Trio de Madeiras de Porto Alegre. Tocavam fagote, clarinete e clarone. Foi um trabalho muito delicado, e um dos mais elaborados que fizemos.

Do Teatro para o Circo

Em 99, depois de ler De Profundis, que é um dos relatos mais tocantes produzidos pela literatura de todos os tempos, dirigi O Retrato de Oscar Wilde, uma reunião de textos deste grande escritor irlandês. Fiquei apaixonado pela sua rica história e pela sua tumultuada vida. Produzimos um espetáculo que tentava mostrar sua vida através de sua obra, Ao lê-la descobri um rico material: as histórias que escreveu para crianças, e que contava para seus filhos. Gosto muito de sua contribuição ao universo infantil incluindo O Fantasma de Canterville, conto que eu tenho vontade de um dia levar ao palco. O Retrato foi outro trabalho que gostei fazer. Apesar de ser um espetáculo polêmico, que suscitava reações extremas, havia nele porém, uma cena em que a opinião era unânime: O Príncipe Feliz, que é uma de suas belas histórias para crianças.

Após essa experiência com Oscar Wilde, eu voltei a trabalhar na lona de circo. O que me levou a esta mudança? A lona sempre esteve presente na minha vida. Em O Circo Catavento, em Serragem, Farinha e Farofa, depois em As Aventuras do Avião Vermelho, que era contada, pelos três palhaços. O circo preencheu esta necessidade, este caminho que eu percorro no teatro, na vida, esta sintonia lírica, poética. O circo é a “cabaninha” da infância. As pessoas entram no circo e se transformam em crianças. É fantástica esta experiência que a gente tem com a lona. Um dia, uma amiga minha a Carmem Ferrão, empresária brilhante, queria fazer um espetáculo foi aí que apareceu a oportunidade de montar um circo, então nasceu o Circo Girassol.

Levei para o circo a experiência do teatro, mas desta vez queria um circo com equilibrista, malabarista, trapezista. Com esta mesma estética circense, com esta alegria, com este colorido que procuro imprimir nos meus espetáculos. Refiro-me a essa coisa lúdica e lírica que me acompanha e que está presente no nosso circo, junto deste trabalho de direção de espetáculo. Não queria fazer o que algumas pessoas fazem normalmente com o circo, montam um espetáculo, imitando um malabarista, imitando a trapezista, etc.. Não, eu queria uma coisa tecnicamente um pouco mais completa, ousada.

Então começamos a nos preparar, no Circo Girassol. Quando fizemos audição para o primeiro espetáculo, eu tinha escrito um texto e as pessoas, que se apresentaram para audição não se encaixavam nele, tecnicamente falando. Eu tinha uma personagem, era uma amazonas que fazia acrobacias no dorso de um cavalo, e não tinha quem tivesse esta habilidade, entre as pessoas que se apresentaram na audição. Por isso tive que mudar completamente o texto. Acabei escrevendo outro, no meio do trabalho, foi uma epopeia. Escrevi um texto que se adaptava ao elenco que dispunha e que foi sendo aprimorado durante os ensaios.

Foi aí que eu vi que nós estávamos precisando de um refinamento maior, então trouxemos professores da Escola Nacional de Circo, e de outros países, e a gente começou a desenvolver isso. Me preocupei tanto com a questão técnica, que acabei deixando de lado um pouco os números de palhaços, que dominava mais. Esta que é a parte mais teatral do circo tem uma força de sustentação muito grande e um poder de aproximação superior. Hoje compreendo mais claramente a importância do palhaço no universo circense. Mesmo assim, nosso circo é contemporâneo, abrangendo as mais variadas linguagens, como o uso da dramaturgia como pretexto para os números apresentados. Claro que hoje a gente já está muito melhor tecnicamente.

Existem algumas diferenças em relação aos espetáculos. Em Pão e Circo, por exemplo, tínhamos algumas dificuldades técnicas, o número dos palhaços foi muito forte e musicalmente também foi muito interessante. De lá para cá, a última peça que montamos foi O Mundo da Lua, que foi um espetáculo de rua com textos e música interpretada pelos integrantes do circo. Já o Cyrano nas Nuvens, foi diferente, dramaturgicamente falando foi o trabalho circense mais completo que apresentamos até agora. O espetáculo poético, e a música executada por um conjunto de música barroca e instrumentos de época. Enfim, cada espetáculo tem uma necessidade que se complementa com as lições aprendidas e as e as perspectivas vislumbradas no espetáculo anterior.

E no meio dessa fase circense, resolvemos fazer um espetáculo que também tem muito a ver com circo, mas que retorna ao teatro. Diferentemente dos espetáculos com linguagem circense e a estrutura teatral no Hipnotizador de Jacarés, a linguagem é teatral e tem os palhaços, as entradas, reprises e rotinas circenses como matéria.

Realização de Novos Projetos

Eu tenho vontade, de reunir, neste próximo ano, as peças de teatro que dirigi, e que ainda estão em cartaz. Tem Lili Inventa o Mundo, que já está em cartaz há quinze anos, O Marido do Dr. Pompeu, texto de Luis Fernando Veríssimo. O Hipnotizador de Jacarés, de minha autoria, Cristina, cena que dirigi do espetáculo Três Vezes Amor e Morte, e que é de Viviane Juguero jovem e talentosa escritora gaúcha e mais os espetáculos todos de minha autoria e que permanecem no repertório do Circo Girassol.

Às vezes eu penso em dar uma parada, dar uma reciclada, viajar, estudar fora, mas eu sei que isto é difícil, porque o meu trabalho é sempre motivado pela necessidade. Faço planos, me organizo e aí aparece uma ideia inadiável, e aquilo fica me instigando, me cutucando, enquanto eu não a expresse. Aí tenho que parar tudo e começar a trabalhar. Faço teatro e circo, dança, ópera pela necessidade de me expressar. E é através dessas artes que eu consigo me comunicar com as pessoas de uma forma pacífica, inventiva e lírica.

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Participação em Espetáculos para Crianças e Jovens

Como Diretor

1973 – A Viagem de André, também autor
1973 – A Terra dos Girassóis, também autor
1975 – Jota Vilão na Terra dos Girassóis, também autor
1977 – Os Saltimbancos, de Chico Buarque de Holanda
1978 – Que lugar é este?, criação coletiva
1978 – O Avarento, de Molière, adaptação de Dilmar Messias
1979 – Os Saltimbancos, de Chico Buarque
1980 – Banana, de Rainer Hachfeld
1982 – Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque de Holanda
1982 – A Galinha dos Ovos de Ouro, de Fraga
1985 – Lendas do Sul, de Simões Lopes Neto, adaptação de Dilmar Messias
1986 – As Aventuras de Mime Apestovich do Início ao Meio, também autor
1987 – Serragem, Farinha e Farofa, também autor
1992 – Anil, também autor
1993 – Lili Inventa o Mundo, de Mário Quintana
1994 – As Aventuras do Avião Vermelho, de Érico Veríssimo, adaptação de Dilmar Messias
1997 – A Vida Íntima de Laura, de Clarice Lispector, adaptação de Dilmar Messias
1998 – As Aventuras do Avião Vermelho, de Érico Veríssimo
2004 – Bonequinha de Pano, de Ziraldo, adaptação de Dilmar Messias
2006 – O Hipnotizador de Jacarés, também autor
2006 – Lili Inventa o Mundo, de Mário Quintana

Participação em Espetáculos Circenses

Como Diretor

2000 – Circo Girassol – Pão e Circo, também autor
2001 – Circo Girassol, também autor (Folder)
2002 – Cyrano nas Nuvens, Circo Teatro Girassol, também autor
2003 – Cabaré, Circo Teatro Girassol, também autor
2004 – Circo Eletrônico, também autor
2007 – O Mundo da Lua, Circo Girassol, também autor

Participação em Espetáculos Adultos

Como Diretor

1972 – Babel, também autor
1974 – A Tragicomédia de Dom Cristóvão e da Srta. Rosita, de Garcia Lorca
1975 – Os Reis, de Júlio Cortazar
1976 – Hoje é Dia de Rock, de José Vicente
1977 – O Homem que Não Quis Morrer, também autor
1978 – O Duque, a Cantora e a Lingüiça, também autor
1978 – A Patética, Leitura Dramática
1979 – Faça-se a Luz para o Esclarecimento do Povo, de Bertold Brecht
1980 – Lisarb ou Multi Antes pelo Contrário, de Luís Fernando Veríssimo
1981 – Apocalipse, também autor
1982 – Esta é a Nossa Vida, de Carlos Carvalho
1982 – Chereça Y – Os Sete Povos das Missões, também autor
1982 – A Galinha dos Ovos de Ouro, de Fraga
1983 – Calabar, de Chico Buarque e Ruy Guerra
1984 – Certo Dia Numa Estação de Rádio, de Karl Valentin
1985 – Tangos e Tragédia, também autor e ator
1986 – A Ronda, de A. Schnitzler, também ator e produtor
1988 – Ubu Rei, de Alfred Jarry, também ator
1991 – Entre Nós – Ballet Phoenix
1993 – Um Inimigo do Povo, de Henrik Ibsen
1993 – Perdoa-me Por me Traíres, de Nelson Rodrigue, leitura dramática
1994 – O Último Tango em Poá, também autor
1994 – O Parturião, de Luis Abreu, direção Nestor Monastério, como ator
1996 – A Mãe, de Brecht, leitura dramática
1997 – O Marido do Dr. Pompeu, de Luis Fernando Veríssimo, como adaptador e produtor
1998 – Tudo por Roma, ópera de L. F. Veríssimo, música Ronei Alberti, como adaptador
1999 – O Retrato de Oscar Wilde, também autor
2001- Ópera Boiúna, Ospa
2003 – O Quebra Nozes, de Tchaikovsky, como adaptador
2005 – Três Vezes Amor e Morte, vários autores

Prêmios de Teatro

Prêmio Mostra de Musica Teatro e Artes Plásticas – CATC / Instituto de Artes – UFRGS

1972 – Babel, Prêmio de Dramaturgia e Direção
1974 – A Tragicomédia de Dom Cristóvão e da Srta. Rosita, Prêmio Ex-CAD-A (Centro de Artes Dramáticas – UFRGS), Prêmio de Melhor Espetáculo, Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Música, Melhor Cenários e Figurinos; um dos dez Melhores Espetáculos do Ano pela Revista Fatos e Fotos
1982 – Chapeuzinho Amarelo, Prêmio Tibicuera/RS, Prêmio de Melhor Espetáculo e Melhor Direção
1987 – Serragem, Farinha e Farofa, Prêmio Tibicuera/RS de Melhor Espetáculo e Melhor Direção.
1992 – Anil, Prêmio Tibicuera/RS de Melhor Espetáculo
1993 – Lili Inventa o Mundo, Prêmio Tibicuera de Melhor Espetáculo e Melhor Direção. Prêmio Quero-Quero – SATED, Prêmio de Melhor Espetáculo e Melhor Direção, RS
1995 – As Aventuras do Avião Vermelho, Prêmio Tibicuera de Melhor Espetáculo e Melhor, RS, Direção, Festival Nacional de Teatro Isnard Azevedo, Prêmio de Melhor Espetáculo pelo Júri Popular e Melhor Direção, SC
1996 – As Aventuras do Avião Vermelho, Prêmio Especial do Júri no Festival Nacional de Teatro de São José do Rio Preto, SP. Prêmio Porto Cultural Primavera de Artes Cênicas de Santos, Melhor Espetáculo – Júri Popular, Prêmio Especial do Júri, SP
2004 – Bonequinha de Pano, Prêmio Tibicuera de Melhor Direção e Melhor Produção

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Depoimento dado à Antonio Carlos Bernardes, em Porto Alegre, em 7 de dezembro de 2007.