Da esquerda para a direita, Guta França, Ana Luísa Lacombe, Thereza Falcão e Mônica Nunes, do elenco de A Bruxinha que era Boa.

Crítica publicada no O Globo
Por Rita Kauffman – Rio de Janeiro – 24.08.1983

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A Bruxinha Que Era Boa, bom texto de Maria Clara

A Bruxinha que era Boa, texto de Maria Clara Machado, escrito em 1995, conta a história de uma escola (de bruxas), onde a aluna que mais se destacar no cumprimento das tarefas escolares (bruxarias) ganhará um prêmio (vassoura voadora). E a peça se desenvolve em torno dos conflitos causados pela Bruxinha Ângela (Cássia Foureaux) que, apesar de desejar profundamente a vassoura voadora – nesta encenação é uma moderna vassoura a jato, que fascina adultos e crianças, concebida por Cláudio Neves, responsável pelos cenários inteligentes e pela boa iluminação do espetáculo – não se adapta aos padrões escolares, ou seja, não brilha como aluna.

É um bom espetáculo, correto, em cartaz no Teatro Senac Copacabana. O grupo Ponto de Partida, dirigido por Toninho Lopes, se apresenta seguro e coeso, destacando-se os desempenhos de Ana Luísa Lacombe (Bruxinha Caolha) e Cássia Foureaux (Ângela). Mas Toninho Lopes não conseguiu atender à sua própria proposta de não abordar os personagens como bons ou maus, mas sim como contestadores ou não das instituições e suas regras (no caso a escola). A “bondade” de Ângela supera a vivacidade e o espírito crítico até no vestido old wave e na ausência de maquilagem, em contraste com a concepção dos outros figurinos, do cenário, do som e da iluminação, que seguem a linha punk. O que não chega a comprometer o espetáculo, que as crianças adora, mas merece uma revisão.