A Bruxinha que era Boa: dança
e dublagem de um texto de Maria Clara Machado

Crítica publicada no Jornal do Brasil –  Caderno B
Por Lucia Cerrone – Rio de Janeiro – 23.01.1993

 

 

Barra

A novidade do teatro dublado

Desde que os gregos inventaram o teatro, sua melhor definição, ou pelo menos a mais ampla, pertence a um diretor de cinema. Um Circo de Pulgas, ópera também, rodeios, carnavais, balés, danças tribais indígenas, onde houver a magia da representação e uma plateia, ali está o teatro.”

A Bruxinha que era Boa, em cena no Teatro Tereza Rachel, uma nova abordagem do texto de Maria Clara Machado, coreografado e adaptado por Vera Aragão, se adequa, perfeitamente, a afirmativa de Joseph Mankiewicz. Encenado pelo grupo de bailarinas da Abominável Cia, o espetáculo estabelece uma fronteira marcante entre a dança e a representação, onde a última é a mais prejudicada. Com texto gravado em estúdio e dublado no palco pelo elenco de bailarinas, a história acaba por grande parte de seu entendimento.

Sob o comando de Belzebu III, as novas bruxinhas prestam exame final para conseguirem a cobiçada vassoura a jato. A bruxinha Ângela, incapaz de cometer alguma maldade destoa tanto do grupo que acaba por ser confinada a uma torre, e de lá só será libertada por Pedrinho, o lenhador a quem salvou das garras de suas companheiras de bruxaria.

Joyce Oliveira, que além de emprestar sua marcante voz à bruxinha instrutora, é responsável pela direção teatral, não consegue ultrapassar as dificuldades impostas pela adaptação que prioriza a coreografia do espetáculo. Dessa maneira, sua atuação fica restrita à orientação de entonações e intenções das vozes gravadas na fita. A necessidade dos complementos de texto é notada quando o elenco, num esforço de se fazer entender, faz interferências com suas próprias vozes, mesmo que elas destoem da gravação original.

Apesar dos contratempos, o espetáculo tem a seu favor excelente trilha sonora de compositores clássicos como Lizt, Prokofiev, Rachmaninof, cenários adequados de Heli Celano, figurinos e iluminação de Fernando Pamplona. Mas do que isso, a Abominável Cia conseguiu através da dança uma empatia com seu público, que deixa o teatro bastante satisfeito com a performance.

Cotação: 1 estrela (Regular)